Ladybug adentrou a janela do quarto de Adrien, surpreendendo o namorado que estava concentrado fazendo os deveres deixados por Nathalie. Por mais que o colégio ainda estivesse em férias, nessa linha do tempo Adrien não chegou a frequentá-lo, por isso tinha tarefa quase todos os dias.

— Precisa de ajuda com a lição de física? – Marinette ironizou, se aproximando dele.

— Adoraria! Por acaso trouxe a Alya com você? – fingiu estar procurando atrás dela, fazendo Marinette dar um soco fraco em seu braço. – Brincadeira, brincadeira, my lady! – os dois se abraçaram com um sorriso. – Sinto falta de estar na escola, de sair com os amigos e ficar mais tempo com você.

— Mas você ainda pode fazer isso. – o loiro suspirou.

— Posso, mas sempre cuidando os meus passos. Por exemplo, agora você está aqui e ao invés de eu ficar apenas feliz, também fico preocupado de a minha mãe entrar há qualquer momento.

— Você acha melhor que eu vá embora? – a última coisa que Marinette queria era causar mais problemas para Adrien, afinal, os dois tinham muito mais coisas para se preocuparem.

— Não, claro que não! – Adrien guiou Marinette até o seu sofá e os dois sentaram ali. A garota notou que Plagg dormia calmamente em cima de uma almofada no canto do sofá. – Me conta, sobre o que você queria conversar? – foi a vez dela de suspirar.

— Tikki, spots off! – Marinette estendeu a mão e alcançou um biscoito para a kwami, que foi deitar perto de Plagg. – Bem, por onde eu começo?

Marinette contou para Adrien o motivo de ela ter ido até Terra-65, contou que ela, Luka, Max, Lady Noire e Mister Bug, ficaram horas discutindo teorias sobre como amenizar as mudanças da linha do tempo, sem precisarem mexer com ela novamente. Enquanto isso, Adrien se sentia ainda mais culpado por sua interferência, no entanto deixou a namorada continuar. Por fim, Marinette contou sobre a possível solução de Lady Noire.

— Isso é... Você acha mesmo uma boa ideia? – ela deu de ombros.

— Eu não sei, Adrien. Ao menos é uma ideia. O fato é, precisamos fazer alguma coisa sobre isso. Mas também não podemos arriscar causar um acontecimento ainda mais significativo.

— Entendi. Mas como derrotaríamos Hawk Moth sem os Miraculous? Mal conseguimos com eles da primeira vez.

— De novo, eu não sei. São muitas questões a serem consideradas. Antes de falar com a equipe, eu preciso debater um pouco mais o assunto com a Lady Noire. – Marinette já considerava a ideia como uma possível solução e falaria com os heróis à respeito, no entanto, antes precisava de um pouco mais de informações.

— Então você pretende visitar a Terra-65 mais vezes? – ela assentiu. – Mas o que vamos fazer se aparecer um akuma? Precisamos de você para purificá-lo. – a ideia de destruir o akuma com o Cataclysm tinha funcionado, mas não queria arriscar precisar fazer isso mais vezes.

— Era exatamente sobre isso que eu queria falar. Eu pensei de a gente trocar os Miraculous novamente. Assim você fica sempre disponível, na medida do possível, e eu posso estar na Terra-65 sem precisar me preocupar em voltar depressa. – Adrien encarou os kwamis dormindo. – Não precisa ser definitivo. Só até eu não precisar ir mais lá.

— Entendi. – o loiro então encarou seu anel. Não gostava da ideia, mas tudo que Marinette estava fazendo era por conta do seu comportamento irracional de voltar no tempo e causar essas mudanças. Adrien precisaria ceder se quisesse que as questões fossem resolvidas. – Tudo bem, my lady. Você quem manda. – entregou o anel para Marinette, que tirou os brincos e colocou na mão dele.

— Prometo que vou consertar isso, tá bem? – ele assentiu com um sorriso fraco. Não precisaria consertar nada, se ele não tivesse quebrado.

Marinette encostou os lábios sobre os de Adrien, na intenção de iniciar um beijo carinhoso e reconfortante, no entanto foram interrompidos por batidas na porta. Os kwamis saltaram, encarando os portadores com uma certa confusão.

— Adrien, querido, posso entrar? – Emilie não esperou uma resposta e foi abrindo a porta. Marinette então correu e deslizou no chão entrando no banheiro de Adrien. Plagg e Tikki a seguiram e Adrien colocou os brincos no bolso e permaneceu parado no mesmo lugar. O garoto pegou uma revista que estava na mesa de centro e fingiu que estava lendo. – O que você está fazendo?

— Lendo uma revista. O que foi, mãe? – a mulher andou até a mesa da escrivaninha e olhou por cima.

— Por que você não terminou suas tarefas?

— Eu parei um pouco para descansar. – largou a revista e foi até a mãe – Mas já estou voltando, não se preocupe.

— Está bem, eu... – Adrien fez menção de sentar, porém Emilie segurou o seu ombro – Eu pensei ter escutado algum barulho... Você está bem? – questionou enquanto olhava ao redor. Por alguns instantes, Adrien teve medo que ela encontrasse Marinette. Esperava então que sua namorada já tivesse ido embora a essa altura.

— Estou. Deve ter ouvido o controle da televisão, caiu quando peguei a revista. – mentiu e tentou permanecer calmo, torcendo para que sua mãe não o questionasse mais. Mentir para Gabriel era uma coisa, agora mentir para Emilie era muito mais difícil. Tinha que calcular cada palavra, cada passo, cada reação. Era desgastante.

— É, deve ser isso. – por fim, Emilie olhou para o filho e sorriu – Vim chamá-lo para almoçar comigo. Desça em alguns minutos, certo?

— Certo. – a mulher beijou o topo da cabeça de Adrien e olhou para o rosto do garoto por alguns segundos, lembrando de que todos os seus objetivos eram para manter a família unida. Tudo valeria a pena no final.

Emilie saiu e os ombros de Adrien caíram, aliviando a tensão do seu corpo. O loiro foi até o banheiro e notou que Marinette já tinha ido embora com Plagg, apenas Tikki estava parada ali comendo o resto do biscoito.

— Parece que somos eu você agora. – ele disse e a kwami sorriu.

— Parece que sim, Mister Bug.

***

Marinette corria entre os prédios, transformada com o Miraculous de Adrien. Por mais que não quisesse abrir mão de Tikki, ser a Lady Noire não era tão ruim. Só precisava se acostumar com os novos poderes e bem, era por uma boa causa. A necessidade de resolver os seus problemas pessoais, não deveria ficar acima da segurança de Paris.

A heroína estava indo até a casa de Alya, conversar com a melhor amiga e pedir alguns conselhos. Afinal, ninguém melhor do que Alya para enxergar a situação de maneira prática.

Enquanto corria, pensava no que tinha presenciado na casa de Adrien. Mesmo escondida no banheiro, foi possível perceber a tensão do ambiente quando Emilie adentrou o quarto e o jeito que suas palavras soavam quando falava com o filho. Aquela mulher tinha um certo efeito sobre o Adrien, igual ou pior do que o efeito que Gabriel Agreste tinha.

Marinette precisava fazer alguma coisa para libertar o seu namorado da prisão que chamava de vida. De novo.