Miraculous Evolution - Primeira Temporada escrita por Bardo Maldito


Capítulo 2
Episódio 1 - Rakshasa (Segunda Parte)


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma fanfic sem fins lucrativos, que imagina um futuro em que Hawk Moth já foi derrotado, e surgem novos desafios e novos aliados para Ladybug e Chat Noir. Essa fanfic considera como canon os episódios até o fim da terceira temporada, que é o ponto que a série estava quando a fanfic foi feita: eventuais semelhanças com episódios da série que forem lançados após os capítulos da fanfic são apenas coincidência. Teremos dois tipos de episódios: episódios no "presente", que contam a história de Ladybug e Chat Noir com 19 anos, e episódios "flashback", que se passam durante a época do desenho original, dando minha própria versão para pontos que a terceira temporada não explicou.



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Rúguǒ nín rènshì zìjǐ hé dírén, jiù bùyào hàipà yībǎi chǎng zhàndòu de jiéguǒ!— disse Marinette, com voz imponente

— “Se você conhece a si mesmo e a seu inimigo, não deve temer o resultado de cem batalhas!” – traduziu Adrien, ao mesmo tempo que sinalizava para Raju – É uma frase de Sun Tzu.

— Olha lá! Além da língua chinesa, aprendeu filosofia também? – Alya comentou, rindo

— Só um pouquinho. E costura também, claro. Mas enfim, gente. – Marinette respirou fundo, decidindo mudar de assunto pra não ter mais que se esforçar pra esconder a verdade – Me falem, como estão as coisas aqui? Tudo calmo?

— Tudo calmo. – disse Alya – Depois que o Hawk Moth foi derrotado, nunca mais tivemos problemas graves. Nem lembro a última vez que vi a Ladybug circulando pela cidade, embora de vez em quando eu veja o Chat Noir pulando por aí.

— Ah, é, é? – Marinette suou frio, torcendo pra que ninguém percebesse que a Ladybug parou de aparecer justamente quando ela saiu pro “intercâmbio”

— A gente ouvia falar muito dos heróis de Paris em Portugal. Todo mundo admirava Ladybug, Chat Noir, Rena Rouge, Carapace… e você era a Queen Bee, não era? – Lúcia perguntou diretamente para Chloé

— Hmph! Era, não sou mais! E era muito melhor do que essazinha que entrou no meu lugar! – comentou Chloé, com desprezo

— Eh… então, tá. – Lúcia soou meio embaraçada – Não imagino como devia ser morar aqui enquanto o Hawk Moth estava na ativa.

— Nem me fala. Todo mundo aqui já foi akumatizado pelo menos uma vez. – comentou Nino

— Akumatizado?

— Transformado em vilão com o poder do Hawk Moth. – explicou Mylène – Ele lançava umas borboletas com energia negativa chamadas akuma, elas transformavam pessoas que estavam tendo sentimentos de tristeza ou raiva em vilões.

— É, é… mas agora acabou né? – disse Marinette, novamente querendo mudar de assunto – Enfim, vocês estão estudando na Université de Paris também, né? Que curso estão fazendo?

— Jornalismo, claro. – disse Alya

— Música! – exclamaram Nino e Juleka ao mesmo tempo

— Eu também estou no curso de Música, mas me formo no fim desse ano já. – disse Luka

— Relações Internacionais! – exclamou Rose, animada

— Administração. Curso pra elite, para me preparar para meu futuro, comandando um grande conglomerado comercial! – entoou Chloé, orgulhosa

— Artes Visuais. – disse Alix

— Jogos Digitais, obviamente! – disse Max, ao mesmo tempo que seu amigo robô, Markov, reproduzia um Pac–Man pixelizado em sua telinha

— Pedagogia! – exclamou Mylène

— Uh… Educação Física. – disse Ivan, aparentemente desconfortável em falar na frente de todos

— Eu também! Ivan é meu bro nas aulas! – Kim estendeu o punho fechado pra Ivan, que retribuiu o bro fist, desajeitado

— Eu e o Raju, bem… você sabe. – disse Adrien

— Psicologia. – sinalizou Raju

— Bacana! Mas… tem gente faltando aqui, não? – perguntou Marinette, que já tinha notado a falta de alguns amigos há um tempinho

— O Nathaniel e o Marc estão nos Estados Unidos, estudando quadrinhos. – disse Alya

— A Kagami foi pro Japão. – disse Adrien – Está se aprofundando na esgrima e no kendô, e acho que vai começar o curso de Administração também.

— Invejosa… – resmungou Chloé – E a Sabrina nos abandonou. Me abandonou.

— O quê?! – perguntou Marinette, confusa

— É só drama da Chloé. Claro que não nos abandonou. – disse Alya, ignorando a expressão indignada de Chloé – Mas ela tá namorando agora. Você ainda vai conhecer ele, é um garoto ótimo. Mas ela costuma ficar mais com ele, é mais raro ela sair com a gente. E tá cursando Arquitetura.

— Abandonou, sim! Só anda com aquele… aquele… urgh, é ridículo, totalmente ridículo! Não se abandona as amigas desse jeito! – esbravejou Chloé, furiosa – Ela devia ficar comigo, e fazer Administração comigo, pra me serv… pra me ajudar, ser meu braço direito, quando eu gerenciar o Le Grand Paris, no futuro!

— Calma aí, Chloé. Você tratou ela que nem uma criada durante anos. É justo que ela tire um tempo pra si mesma agora. – comentou Juleka

— E ela tá se dando bem no curso de Arquitetura. Tá gostando tanto, que estuda de manhã e à tarde, quando não está com o namorado. Acho isso demais! – exclamou Alix

— Ugh. Isso é ridículo! – Chloé se levantou e pegou sua bolsa, pra ir embora. Nesse instante, Raju, que estava do lado dela, também se levantou de leve e tocou em seu ombro sorrindo, como que querendo convencê–la a ficar. Mas Chloé reagiu de maneira estranha: tirou a mão dele só com a ponta dos dedos, como se tivesse medo de se contaminar, e saiu a passos duros. Marinette também percebeu que Chloé ficou vermelhíssima enquanto saía, e não achou que fosse por ter vergonha de ter dado chilique na frente de todos.

Raju pareceu confuso por um instante também. Então, se sentou novamente, meio amuado.

— Ela é assim mesmo. – sinalizou Adrien – Não foi culpa sua, dá um tempo pra ela.

— Ah, Marinette… – disse Lúcia, também se levantando – Eu também vou agora. Tenho uma encomenda de chocolates pra fazer.

— Você faz chocolates? Que legal! – exclamou Rose

— Na próxima vez, eu trago meus cartões, pro caso de algum de vocês querer encomendar. Adorei conhecer vocês. – Lúcia sorriu – Mas sobre o trabalho, Marinette…

— Ah, o trabalho. – realmente, a Université de Paris era rígida, havia passado um trabalho já no primeiro dia de aula – Bom, eu vou me mudar amanhã, mas já está tudo arrumado, então… passa lá em casa mais tarde, que eu te empresto aquele meu livro!

— Pode deixar! – Lúcia saiu correndo apressada, como se tivesse que fazer chocolates pra Páscoa inteira

Raju também se levantou, e pegou sua mala.

— Não vai embora, Raju. Não deixa a Chloé te chatear. – sinalizou Marinette – Quero te conhecer melhor.

— Obrigado, Marinette. O Adrien falou muito de você, e também quero conhecer você melhor. – sinalizou Raju, respondendo – Mas eu tenho mesmo que ir. Até mais!

Raju sinalizou um adeus rápido pra todos, e saiu andando. Enquanto Raju se afastava, Marinette reparou melhor em suas roupas, e entendeu parte do motivo pelo qual Chloé pareceu desconfortável perto dele: com uma camisa rosa larga e amarrotada, uma calça larga azul e estampada de margaridas, usando um colar de contas marrons e brancas, e chinelo de dedo, Raju parecia um hippie de 1960. Embora Marinette não julgasse as pessoas por seu visual, aquilo era o ápice do brega, um golpe de kung fu em qualquer um que se interessasse por moda. Nada contra se ele gostava de se vestir assim, mas imaginava que Chloé tinha que se esforçar pra não fazer um comentário maldoso enquanto estava perto dele…

— Em todo caso. – disse Alix, aparentemente querendo acabar com o clima ruim na mesa e mudando de assunto – Semana passada foi o aniversário da Miss Bustier, e você não imagina o que aconteceu!

— Vocês ainda falam com ela?! Nossa, que saudades! – exclamou Marinette

E assim, logo voltaram a colocar o papo em dia. Marinette riu e se sentiu em paz e feliz, pela primeira vez em um ano inteiro.

Mas, enquanto isso, mais coisas aconteciam.

Uma vez livre, o akuma voou de um lado pra outro. Era bem maior que um akuma comum, mas parecia inchado e desajeitado, como se tivesse ficado defeituoso por ter ficado tanto tempo preso, carregando a energia negativa.

Até que distinguiu o coração cheio de emoções negativas no meio da multidão.

Raju estava andando. Embora um pouco triste, não estava exatamente deprimido, estava indo cedo porque precisava pegar a irmã mais nova na escola. Só meio desanimado, porque embora estivesse acostumado a ser julgado pela aparência, era chato que isso acontecesse quando ia tentar manifestar amizade e apoio a alguém.

Mas, aparentemente, até esse sentimento leve era suficiente pro akuma.

Grande como era, pessoas ao redor de Raju gritaram e apontaram. Mas Raju não viu as expressões das pessoas, estava distraído demais.

O akuma entrou diretamente no colar de Raju.

Não havia Hawk Moth pra falar diretamente com ele. Então, apenas seus sentimentos negativos se multiplicaram. Por mil, por um milhão.

E Raju rosnou, um rosnado que pôde ser ouvido mesmo em meio à confusão da multidão assustada, enquanto seu corpo se metamorfoseava.

 

*

 

— ME ACALMAR?! EU ESTOU CALMO! AO CONTRÁRIO DESSE PRESUNTO, QUE ESTÁ CHEIO DE NERVOS! EU FALEI PRA ESCOLHER MELHOR, MAS NÃÃÃÃO, PEGA O PRIMEIRO QUE VÊ PELA FRENTE!

— Algum dia, o chef Barton vai ter um ataque do coração. – comentou Marinette quando Angelo voltou da cozinha com os pratos da turma, aparentemente depois de ter levado uma bronca do chef

— Vai nada. Pelo contrário, se ele parasse de gritar que eu acharia que tem algo de errado. – Angelo riu – E, de qualquer jeito, tem muita gente que vem pra cá só pra ouvir os gritos dele. Mesmo que ele não trabalhe mais na TV, ainda é famoso.

— Bom, se esse croissant continuar maravilhoso desse jeito, ele pode gritar à vontade. – disse Alya, puxando o celular – Junta pra uma selfie, pessoal! Essa vai pro Instagram!

— Legal! – disse Rose, puxando Juleka pra ficar bem evidente na foto – Marca a gente quando postar!

— Exceto o Nino. Já que o Nino… – começou Alix

— É, é, eu não tenho um Instagram, e nem pretendo fazer. Ok? – comentou Nino, meio irritado, meio brincalhão

— Ok, gente! Sorriam! – exclamou Alya

Marinette sorriu. Enfim, estava em paz.

Ou não.

A porta de vidro do Tártaro foi derrubada, e uma criatura bizarra entrou na lanchonete, no mesmo instante que Alya tirava a foto. Todos exclamaram, surpresos. Afinal, fazia muito tempo a última vez que tinham visto algo assim.

Parecia um homem, bem magro, mas com uma cabeça de tigre. Porém, não um tigre comum: tinha os olhos arregalados, e as listras brilhavam, parecendo se mexer como em uma pintura. Usava um colar de contas preto e branco, gigante, que também brilhava. As mãos possuíam garras compridas e metálicas, que pareciam manoplas, mas isso era o menos bizarro: além as mãos eram invertidas, com a palma pra cima e as costas pra baixo.

— Ei! O que ele fez com a droga da minha porta?! – o chef Barton Russell saiu da porta da cozinha, irado – Esses desgraçados de akumatizados não aprendem a não entrar no meu restaurante?!?!

— Chef Barton, não! – exclamou Angelo, tentando segurá–lo, mas tarde demais: sem aviso, a criatura atacou com suas garras, fazendo um corte superficial no braço do chef Barton

— É só isso que você pode fazer? Isso não me… ! – mas antes sequer que conseguisse completar sua frase, chef Barton caiu desmaiado em cima de Angelo, derrubando o rapaz no chão

— Todo mundo, corre! – gritou Alya, embora não fosse necessário: todos correram pra fora do restaurante o quanto podiam. Porém, a criatura atingia alguns com suas garras, que imediatamente caíam desmaiados no chão, assim como aconteceu com o chef Barton

No meio da confusão, não foi difícil para Marinette e Adrien se esgueirarem e encontrarem um beco no qual não podia ser percebidos.

— Um akumatizado? Mas isso não é possível! O Nooroo está na caixa dos Miraculous, na minha casa! – exclamou Marinette

— E meu pai… bem, ele prometeu que não ia mais fazer isso. – Adrien parecia estar tentando convencer a si mesmo, mas sua expressão era de medo

— Eu tenho certeza que não foi o seu pai. – disse Marinette, tocando o rosto de Adrien com as mãos – Mas se não foi o seu pai, e não foi o Nooroo… bom, vamos descobrir depois o que aconteceu. Primeiro, vamos dar um jeito nele. Ok?

— Como nos velhos tempos! – exclamou Tikki, saindo do bolso de Marinette, animada

— Eh, os últimos tempos têm sido tão melhores, em que eu posso só comer queijo o dia inteiro… – comentou Plagg, saindo do bolso de Adrien

— Mas agora, temos que agir. Prontos? – perguntou Marinette

— Com você, estou sempre pronto. – respondeu Adrien, sorrindo

— Tikki, transformar!

— Plagg, mostrar as garras!

Os kwamis entraram em seus Miraculous. E embora não se transformasse há muito tempo, Marinette sentiu a mágica percorrer seu corpo, quando se transformou em Ladybug. Um uniforme um tanto diferente, verdade, com mais detalhes em preto que lembravam botas e luvas, e até mesmo uma carapaça de joaninha nas costas. Mas ainda assim… essa era ela, Ladybug!

Adrien também se transformou, embora tenha mudado pouco: o cabelo, que estava em um coquezinho samurai, agora estava em um rabo de cavalo comum, e a roupa de couro estava aberta, revelando parte de seu peito magro e forte (mas, claro, com o sininho preso em seu pescoço, na forma de um choker).

Enquanto isso, a criatura continuava atacando todos os que via pela frente. Pelo menos metade de todos os clientes do restaurantes haviam sido vítimas de suas garras, e estavam caídos no chão. Ladybug e Chat Noir invadiram o local pela porta dos fundos, esperando pegar a criatura de surpresa saindo da cozinha num ataque inesperado.

— Ahá! – exclamaram os dois, mas era tarde: nesses segundos preciosos, a criatura havia saído dali, e estava procurando mais vítimas na rua

— Você está enferrujada, Milady. – disse Chat Noir, rindo

— Mas meu cérebro ainda funciona. – Ladybug estava agachada, examinando o chef Barton, que estava desmaiado em cima de Angelo

— Ladybug, tira ele de cima de mim? – pediu Angelo, com um fio de voz

— Ué. Você não foi pego pelo vilão? – perguntou Ladybug, enquanto tirava o chef de cima dele

— Não. Ele caiu em cima de mim, e não consegui me levantar. Acho que ele tem comido muitas trufas. – Angelo deu uma risadinha – Acho que aquele Rakshasa pensou que tinha me atingido, já que eu tava no chão.

— Rak… quê? – perguntou Chat Noir

— Rakshasa, ou pelo menos parecia muito com um. – disse Angelo – Eu sou estudante de História, e vi algo assim num livro sobre mitologia indiana. São criaturas do mal no hinduísmo e no budismo, e são exatamente assim. Cabeça de tigre, mãos invertidas com garras.

— Então, você tá fazendo História, Angelo? Que legal! – exclamou Ladybug

— … nossa, você lembrou de mim, Ladybug? Fico lisonjeado!

— Ahn, bem… – isso foi um descuido de Marinette: Angelo já tinha sido akumatizado uma vez, mas fora isso, nunca mais tinha falado com ele diretamente como Ladybug – Em todo caso, qual é o poder desses Rakshasa?

— Então… os Rakshasa tem garras e presas afiadas, e podem se transformar em humanos normais pra se disfarçar. E comem carne humana. – Angelo engoliu em seco, olhando para a porta estilhaçada pela qual o “Rakshasa” tinha saído

— Mas esse aqui só atacou eles, e então foi embora… não comer carne humana, ainda bem. E não se disfarçou de ninguém. Então… é mais provável que seja um akumatizado, mesmo.

— Milady! Eles estão cheios de febre! – exclamou Chat Noir, que estava examinando os caídos no chão

— Ai, ai… – Ladybug estava realmente aflita com a situação – Angelo, obrigada pela ajuda, mas agora vá e se esconda.

— Eu vou cuidar do chef, e de todo mundo. – respondeu Angelo – O Rakshasa não vai voltar aqui, se ele acha que já pegou todo mundo.

Ladybug hesitou por um instante, mas então, assentiu com a cabeça. Mesmo que tudo fosse ser ajeitado quando ela usasse o Talismã, não fazia mal que alguém ficasse cuidando deles ali.

— Chat Noir, vamos! – exclamou ela

Mais tarde, no telhado…

— Eu não sei como ele acabou akumatizado. Mas… você já sacou, né? – perguntou Ladybug, ao que Chat Noir assentiu

— O Raju. – disse Chat Noir – Não só tem a forma de uma criatura indiana, mas também, não falou nada. Então, é claro que é o Raju. Ele estava chateado pelo jeito que a Chloé tratou ele, e aí…

— Eu não entendo como ele acabou akumatizado. Mas… se o seu pai tivesse voltado a ser o Hawk Moth, esse Rakshasa teria vindo atrás da gente, pra pegar nossos Miraculous. Já é uma coisa boa, já sabemos que não é ele. – Ladybug sorriu, tentando encorajar Chat Noir

— É… mas isso a gente vê depois. O akuma, se é que é mesmo um akumatizado, deve estar nas garras?

— Ou no colar. Ele estava brilhando.

— Certo. Acha que só nós dois damos conta?

— Claro que sim. Como nos velhos tempos. – Ladybug não pôde deixar de sorrir, por mais que a situação fosse grave: depois que um sabia a identidade secreta do outro, parece que combater o mal tinha se tornado uma coisa mais especial para os dois do que nunca

Rakshasa estava no shopping center, atacando pessoas a torto e a direito, que caíam doentes e febris. Não parecia ter método ou objetivo, só atacava quem estava ao alcance, e então partia pra próxima vítima. E embora não falasse nada, por Raju não ser oralizado, o rosnado era alto e de dar medo em qualquer um.

Após mais uma pessoa cair, Rakshasa pulou e barrou a saída do shopping. As pessoas começaram a correr pra outra direção, algumas correram para os banheiros. Rakshasa pulou novamente, para derrubar a porta do banheiro que as pessoas fecharam com violência, mas… subitamente, um iô–iô se enrolou em sua perna, puxando–o e fazendo–o cair no chão.

— Ora, ora. – disse Chat Noir, se aproximando junto de Ladybug – Espere sua vez de ir ao banheEEEEE….!

Rakshasa pulou nos dois sem hesitação, e Chat Noir teve que fazer várias acrobacias pra evitar os golpes rápidos de suas garras. Ladybug tentou se distanciar para puxar Rakshasa pela cordinha do iô–iô presa no pé, mas um movimento fez com que o iô–iô se desenganchasse.

— Você não consegue deixar de se gabar, não é? – disse Ladybug, um pouco exasperada, mas não surpresa – Ele é surdo, não ia entender nada do que você estava falando.

— É, foi bobagem minha. Quem sabe se eu falar em Língua dos Sin… – um golpe de garras passou bem pertinho – Quer saber? Chega de bancar o gato bonzinho! – Chat apontou o bastão para Rakshasa e o esticou, de modo que golpeou–o bem no estômago, jogando–o a uma certa distância

— Tem alguma coisa de muito errada com ele. – disse Ladybug, quando Chat Noir se aproximou

— Sério? O que denunciou ele, a cabeça de tigre ou as mãos bizarras? – perguntou Chat Noir, ironicamente

— Não é só isso. – Ladybug estava realmente séria – Os akumatizados normalmente tem alguma motivação, geralmente ligada aos sentimentos dele. Algum objetivo. Até quando eles não faziam um acordo com o Hawk Moth, eles tentavam cumprir alguma meta pessoal. Tipo quando a mãe do Max virou a Startrain. Mas… o Raju não tem motivos pra atacar ninguém. No máximo, iria atrás da Chloé. E ele não parece estar tentando fazer nada para encontrá–la. Só está atacando quem está mais perto.

— É. – concordou Chat Noir – Você tem mesmo razão. Eu joguei ele pra longe da gente, e em vez de nos atacar de novo, está tentando forçar a porta do banheiro, onde tem mais gente.

— Então, agora que ele parou de prestar atenção na gente, é hora do TALISMÃ! – Ladybug usou o poder de seu Miraculous, que invocou…

— Uma joaninha gigante de pelúcia? Ah, eu sentia falta dessas coisas! – Chat Noir riu

— Hmm… – Ladybug começou a pensar

Observando tudo ao seu redor, prestou atenção nas garras de Rakshasa. Então, no uniforme de Chat Noir. Então, na joaninha de pelúcia. Então, no colar de contas de Rakshasa.

— Já sei! – Ladybug exclamou – Chat, vamos precisar achar outro banheiro, precisamos te preparar!

— Você que manda. Vamos no banheiro do cinema!

— E rápido, antes que o Rakshasa consiga arrombar a porta desse banheiro!

Rakshasa estava arrancando pedaços da porta com suas garras. As pessoas lá dentro do banheiro gritavam de medo. Mais um pouco, e finalmente conseguiria.

Então, pela segunda vez, o iô–iô de Ladybug se enrolou em seu tornozelo e puxou, fazendo–o cair.

— Eu sei que você não vai me ouvir, mas hora do show! – Chat Noir pulou para atacar Rakshasa com seu bastão, enquanto Ladybug recolhia o iô–iô

Rakshasa se recuperou em um salto, e atacou Chat Noir ferozmente. Após uma sequência de golpes que Chat Noir aparou com o bastão, finalmente o bastão voou de suas mãos. Rakshasa, sem se abalar, aplicou um novo golpe, que rasgou o peito de Chat Noir.

Ou, é o que parecia a princípio.

Porque Ladybug havia rasgado a pelúcia de joaninha, e forrado a roupa de Chat Noir com o enchimento, de modo que as garras de Rakshasa não haviam tocado a pele de Chat Noir!

Rakshasa pareceu ficar muito surpreso, levando um segundo pra entender o que havia acontecido.

Tempo suficiente.

— CATACLISMO! – Chat Noir invocou o poder de seu Miraculous, e aproveitou a distância para encostar no colar de Rakshasa, fazendo–o ser destruído e a borboleta negra e bizarra sair voando – Uau. Essa é das grandes.

— Mas nossa missão ainda é a mesma. Chega de maldade, akuma! – disse Ladybug, enquanto ativava seu iô–iô – HORA DE ANIQUILAR A MALDADE! – Ladybug jogou o iô–iô, que capturou a borboleta, apesar de seu tamanho avantajado – Te peguei! Tchau–tchau, borboletinha! MIRACULOUS LADYBUG! – Ladybug jogou o resto da joaninha de pelúcia no ar, o que fez com que toda a destruição fosse instantaneamente reparada, e Rakshasa voltasse a ser Raju

— Zerou! – exclamaram Ladybug e Chat Noir ao mesmo tempo, batendo com os punhos

Raju se levantou, meio zonzo e confuso.

— Ah, você tá bem? – perguntou Chat Noir para Raju, em Língua dos Sinais

— Estou, eu acho… – respondeu Raju, sinalizando com as mãos meio trêmulas – Então, é assim que é ser akumatizado? Achei que isso não acontecia mais.

— Não é pra acontecer mais. Você estava bem chateado, né? – perguntou Ladybug, ainda sinalizando

— Nem tanto, na verdade. – sinalizou Raju, em resposta – A amiga do Adrien parecia incomodada, e eu estranhei, mas não fiquei tão chateado. Saí porque precisava cuidar da minha irmã na escola.

— Ah, é? – Ladybug olhou preocupada para Chat Noir – Bom, o importante é que você está bem. Até mais!

Então, Ladybug e Chat Noir saíram do shopping.

 

*

 

— Adrien! Marinette! É tão bom ver vocês, eu… – começou Gabriel Agreste, meio desajeitado, com os dois praticamente invadindo seu quarto de estudos por uma janela

— Foi você? – perguntou Chat Noir, com uma certa frieza

— Eu… não, Adrien, claro que não! – exclamou Gabriel

— Tem certeza?

— Eu juro, filho. – respondeu Gabriel, sério e firme – Eu fiz tudo que fiz pela sua mãe, e você sabe… ela está viva, mas nosso casamento acabou. E eu aprendi a minha lição. Além disso, o Nooroo não está com vocês?

— Está. – respondeu Ladybug – E isso que eu não entendo. Como é possível que alguém tenha sido akumatizado, sem usar o poder do Miraculous da Borboleta?

— Pelo que passou na TV, ele parecia bem descontrolado, né? Então… – Gabriel pensou por uns instantes – Talvez… fosse um akuma antigo. Que, bem… que eu incrementei com energia negativa no passado. E que alguém conseguiu pegar e guardar.

— Mas já faz quase dois anos que nós tiramos o Nooroo de você! – exclamou Ladybug

— E talvez por isso ele estava tão descontrolado, sem método. A energia negativa em um akuma tende a crescer e ficar mais instável com o tempo. Se alguém guardou ele durante dois anos, então estava num nível crítico. O suficiente pra pegar qualquer emoçãozinha e transformar num impulso negativo descontrolado.

— Acho que você sabe demais sobre isso, pai. Tem certeza que não foi você? – perguntou Chat Noir, novamente

— Não fui eu. Eu juro. – disse Gabriel – Eu já errei demais, já fiz você sofrer demais, mas nunca mais quero decepcionar você, meu filho.

Chat Noir olhou para o pai. Ladybug o conhecia bem demais pra saber o que ele estava sentindo. Estava agindo com frieza, mas se segurando pra não começar a chorar. Ainda amava muito o pai, mas justamente por isso a mágoa era tão grande. Queria, mais que tudo, poder perdoar ele, mas não era um sentimento que simplesmente sumia. Aparentemente, ainda ia levar um tempo pra que as coisas melhorassem.

— Vocês vão ficar pra jantar? – perguntou Gabriel, esperançoso

— Desculpe, mas não, sr. Agreste. – respondeu Ladybug – Nós temos que ir agora.

— Tchau, pai. – disse Chat Noir, já se retirando

— Tchau, filho… – disse Gabriel, melancólico

 

*

 

— Droga!

Lila assistiu pela TV as notícias sobre o akumatizado. O akuma que guardara durante tanto tempo, pra usar na hora certa, acabou sendo uma decepção total. Atingiu um imigrantezinho qualquer, fez ele atacar algumas pessoas, mas Ladybug e Chat Noir cuidaram dele como cuidaram de tantos outros. Não precisaram nem convocar outros heróis. Não chegou nem perto de ser útil, ou de ajudar Lila a se vingar.

— Droga! Droga! Aqueles dois… – Lila rangeu os dentes, e sentiu lágrimas virem aos olhos, de tão furiosa que estava – Eu tenho que fazer eles pagarem! Mas… como? Eu não tenho poder… e nunca vou ter…

A raiva deu lugar à mágoa. Lila começou a chorar, sentida.

— Ei. O que você quer é poder? – perguntou uma vozinha fina

Lila se assustou.

— Quem está aí?! – perguntou Lila, rispidamente

— Calma, não sou seu inimigo. Bem o contrário. Você quer acabar com aqueles dois. E eu também tenho uns assuntos pra resolver com eles, e com o que dá poder a eles…

— Quem está falando?!

— Aqui, na janela.

Lila levou um susto. Algo que parecia uma pequena bola de fogo estava em sua janela. Parecia arregar um círculo dourado enfeitado de pedrinhas multicoloridas, que lembrava uma coroa ou uma tiara.

— Você… você…

— Sou como o que dá poder a Ladybug e Chat Noir. – disse a bola de fogo – E posso dar poder a você também. Você pode acabar com o poder deles. É só querer.

Lila sentiu medo. Mas também… uma oportunidade dessas não vinha todos os dias. Então… por que não?

— Me fala mais sobre isso. – disse Lila, levantando o vidro da janela, deixando a criaturinha entrar

— Meu nome é Huanggdi. E eu acho que vamos nos dar muito bem.

 

*

 

— Então, alguém conseguiu guardar um akuma. – disse Ladybug, pulando pelos telhados com Chat Noir – Vamos precisar conversar com seu pai outra hora, saber exatamente qual akuma que ele soltou, e que não akumatizou ninguém.

— Eu espero que ele não esteja mentindo. – disse Chat Noir, ainda com jeito triste, enquanto pousavam no terraço da casa dos pais de Marinette

— Ei. Vai dar tudo certo, ok? – Ladybug tocou o rosto de Chat Noir com as mãos, e o beijou – Amanhã de manhã, tudo vai ser mais fácil, ok? Vamos estar juntos.

— É. Não dá pra ficar triste quando penso nisso acontecendo. – Chat Noir deu um sorriso fraquinho

— Você passa aqui às dez?

— Passo. Eu, o Nino e o Kim vamos vir com a caminhonete do pai do Kim, pra levar suas coisas. Está tudo embalado já, né?

— Está. Boa noite. – Ladybug o beijou novamente

— Boa noite, Milady. – Chat Noir tomou sua mão e deu um beijo antes de sair

Como nos velhos tempos, Ladybug entrou pelo sótão, descendo a escada até o seu quarto.

— Tikki, transformar! – comandou Ladybug, voltando a ser Marinette Dupain–Cheng e se espreguiçando – Ai, ai. Eu acho que vou ter dor muscular amanhã, fazia um tempo que eu não fazia isso…

— É, mas foi bom voltar a… a… – Tikki perdeu as palavras e arregalou os olhos

— Eu ainda estou curiosa com isso. Vamos ter que conversar com o Nooroo sobre isso. Talvez ele saiba de onde veio aquele akuma. Mas…

— Marinette… – murmurou Tikki

— O que foi, Tikki? – perguntou Marinette, se virando também, e arregalando os olhos ao ver o que Tikki viu

Lúcia estava sentada em sua cama, olhando para as duas com os olhos tão arregalados quanto os dela, como se mal conseguisse acreditar no que estava vendo. No colo, vários livros sobre moda, corte e costura.

Mais de mil desculpas vieram à cabeça de Marinette. Nenhuma delas parecia que ia colar. Marinette escolheu a primeira que veio à cabeça.

— Você sabia que agora vendem fantasias de Ladybug no eBay? Com holograma e tudo, e acompanhando uma boneca de joaninha que fala e voa! – exclamou Marinette, sorrindo e tentando disfarçar

Mas sabia que não ia colar. E agora?


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Notas finais do capítulo

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