Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 8
Capítulo 8




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“Mas não o beije como a mim

Mas nunca o toque como assim

Pois eu nunca beijo como beijo a ti

Quando tropeço por aí.

Mas não o olhe como a mim

Nunca o acaricie assim

Pelo seu bem te digo, se o fizeres

Se lembrará de mim.”

Río Roma – No Lo Beses

****

 

Um certo dia, Maria estava passando pelo quarto de Giovana, e ouviu a menina conversando com uma amiga por ligação áudio visual, e estavam num papo meio suspeito. A porta do quarto da estava entreaberta, e Maria parou para escutar sobre o que falavam.

— Eu não acredito que você tá apaixonada, Gi, eu pensei que você nunca me falaria isso! — A voz do outro lado ria animada.

— Pra você ver que as coisas mudam, as pessoas mudam. – Ria.

— Pois é, Brasil tá te mudando muito. Posso saber quem é o bonitão que roubou o coração da minha amiga?

— Bom, ele é um pouco mais velho que eu, mas é gato Evelyn, nossa, acho que eu nunca vi um homem tão lindo quanto ele. O nome dele é Estêvão San Roman!

Naquele exato momento, parecia que uma flecha tinha ido de encontro ao peito de Maria, pois a mesma ficara sem ar diante da revelação da filha. Mil hipóteses haviam passado na cabeça dela sobre o tal amor da filha, mas em nenhum momento o nome de Estêvão San Roman estava lá

— Meu Deus, não é possível! Giovana não pode estar apaixonada por ele, não por ele. – Ela disse para si mesma, ainda parada na porta do quarto da filha.

Maria ainda ficou ali escutando sobre o assunto, e ainda mais perturbada quando ouvia a filha dizendo para a amiga que estava fazendo de tudo para o conquistar. Só não sabia se estava atormentada por saber que era errado se meter com um homem casado, ou por ciúmes.

Sem esperar mais, e sem pensar muito, Maria entrou no cômodo, deixando a menina com olhos arregalados.

— Então é dele que você tá gostando, Giovana?

— Mãe?! – Num golpe, a menina abaixou a tela do seu notebook, sem ao menos se despedir da amiga.

— Você ficou louca? O sol corroeu seu cérebro? – Maria fechou a porta do quarto, para que os demais não as ouvissem.

— Não é isso que você tá pensando, mãe. – Giovana estava visivelmente nervosa.

— Ah, não? E eu sou surda, não é?

— Você já não disse que é feio ficar escutando conversa dos outros, mãe? – Ela se levantou junto com seu argumento, tantando despistar.

— Não tenta mudar de assunto. – Sua voz tinha um tom mais brando. – Você tem noção da loucura que tá cometendo? Estêvão é um homem casado, e com a sua tia. Por que você tem que ir sempre pelo lado errado?

— Mãe, ele não é feliz com ela, eu posso fazê-lo feliz.

— Você não tem o direito de acabar com o casamento de ninguém! – A frase fez marteladas em sua cabeça.

— Mas mãe...

— Não tem mais, Giovana. Eu acho muito bom você esquecer essa ideia infame. Ele é proibido pra você. Espero não ter que voltar nesse assunto.

Maria saiu do quarto batendo a porta, deixando Giovana pensativa.

Giovana sabia que sua mãe estava certa, mas ela era obstinada demais para desistir dos seus propósitos. Agora que sua mãe estava ciente dos seus sentimentos pelo seu chefe, estava disposta mais que nunca lutar pelo seu amor.

— Bom dia Estêvão. – Ela o saudou assim que entrou em sua sala, encontrando-o na sua mesa, concentrado.

— Bom dia Giovana. – Respondeu sem olhar para ela.

— Queria te mostrar uma coisa.

Ele a ditou com um olhar meio desentendido.

— O quê?

— Ham – ela se aproximou da cadeira que ele estava sentado, e com uma voz manhosa, começou – eu comprei um perfume ontem, queria saber sua opinião sobre ele.

Antes que ele desse qualquer resposta a ela, ela aproximou seu pescoço do seu nariz. No momento em que sentiu a respiração quente contra sua pele, todos seus pêlos se eriçaram.

— É, hum, tem um cheiro muito bom. – Respondeu muito sem graça, torcendo em seu íntimo para que ela se afastasse logo dali.

— Pensei mesmo que você gostaria. – Ela o olhou nos olhos. A proximidade entre ambos estava deixando-o sem graça. – Tá vendo como você me deixou toda arrepiada? – Tinha um sorriso maldoso.

— Não foi minha intenção, me desculpe.

— Não precisa se desculpar. Eu gostei. – Ela mordeu seu lábio, colocando sua mãe sobre a perna dele.

Estêvão engoliu o pouco de saliva que tinha em sua boca. Não esperava tal atitude de sua assistente, e não fazia a mínima de ideia de como sair daquela situação. Mas para sua sorte, entrou alguém, seu anjo naquele momento, e o livrou da situação embaraçosa.

— Senhor Estêvão, estão esperando o senhor para a reunião.

— Obrigado Ana, já estou indo.

Giovana espraguejou a secretária assim que ela saiu acompanhada por Estêvão, mas não seria a última vez que tentaria alguma coisa, tinha deixado isso bem claro.

...

Maria estava no trabalho, porém não conseguia criar, ou pensar em algo útil, pois estava preocupada demais com a filha. Assim como ela mesma, Giovana também estava entrando numa enrascada, afinal, mexer com homem comprometido jamais era a melhor opção.

Maria estava tão inerte com seus pensamentos, que nem notou a entrada da irmã, que mais parecia o diabo em pessoa. Logo ela saiu da sua viagem, e voltou num estalo para o chão firme. Sua preocupação logo virou ira.

— Eu não já te disse que não quero você entrando na minha sala desse jeito? – Esbravejou contra sua irmã.

— Você voltou pra se vingar, não foi?

— Quê? Claro que não, Fabíola. De onde você tirou isso?

— Não seja sonsa, Maria. Das duas, uma: ou você voltou pra se vingar, ou pra reconquistar o Estêvão.

Maria não resistiu, e caiu na gargalhada.

— Você é hilária, Fabíola. Pra começo de conversa, eu não queria voltar pra cá, e só vim por insistência de Cláudio, e outra eu não me rebaixaria ao nível de vocês, me prestando a uma vingança. Eu não me esqueci do que me fizeram, mas prefiro pensar que serviu para meu crescimento.

— Blá, blá, blá, um monte de frases ensaiadas. – Revirou os olhos. – Por favor, Maria, não precisa fingir pra mim.

— Eu pensei que você se garantisse mais, não é a tal?

— Eu sei que ele ainda é louco por você.

Maria não esperava por aquela frase, e ela lhe causou uma estranha satisfação por dentro.

— Aí não é problema meu. Agora me dê licença, eu não aguento mais discutir com você sempre pelo menos assunto.

— Ok, eu vou, mas te digo uma coisa: eu não vou deixar você destruir algo que eu demorei muito pra construir.

Fabíola deu as costas para a irmã, e saiu batendo a porta. Maria apenas riu do papel que a irmã estava se prestando, era a única coisa que podia fazer.

...

Na manhã seguinte, Maria saiu às pressas de casa deixando os outros encucados pela sua ausência no café. Precisara ter um conversa séria com Estêvão, e não podia esperar nem mais dia.

— Eu quero que você demita a Giovana. – Ela saiu entrando na sala afoita, sem ao menos dar um bom dia.

— O que é isso? – Se surpreendeu com a entreda inesperada dela. – Como assim, você quer que eu a demita?

— É isso mesmo, não quero que ela fique mais um dia aqui!

— E sem mais? Ela é ótima no que faz Maria, não tem porque eu demiti-la!

— Será que você não vê que ela está apaixonada por você Estêvão?

Estêvão arregalou os olhos com a afirmação de Maria. Suas teorias estavam fazendo sentido, e agora sabia que não era coisa da sua cabeça as intenções de Giovana por ele.

—Você tem certeza do que tá falando? – Ele foi até ela.

— Não tenho porque inventar isso. Eu a ouvi dizendo que está apaixonada por você. Eu quero que se afaste dela! – Ordenou.

— Com o que você tá preocupada? – Perguntou calmo. – Que eu acabe cedendo aos encantos da sua filha? Está com ciúmes Maria?

— Claro que não – se virou contra ele – eu só não quero que minha filha sinta nada por você.

Ele a puxou pelo braço e a trouxe para si.

— Giovana pra mim não passa de uma criança, eu nunca me interessaria por ela como mulher! Será que você não entende que eu não quero, e nunca vou querer nada com ela? Quem eu quero mesmo é com a mãe dela!

O coração dela começou a bater com mais força.

— Mas a mãe dela não quer nada com você. – Seus olhos vagavam por qualquer parte, menos nele.

— Tem certeza? Porque eu sinto que a mãe dela também tem interesse em mim.

— A mãe dela é casada.

— É o único motivo? Pensei que diria que é porque ela ama seu marido.

Maria se calou.

— Seu silêncio é a resposta que eu precisava.

— Por que você teve que reaparecer na minha vida hein? – Ela tornou a olha-lo. – Eu estava muito bem até você aparecer.

— Só que você não entende que a sua vida nunca vai ser tão boa se eu não estiver presente.

— Você não se cansa de ser presunçoso, não é mesmo?

— Não é isso, eu só percebo o quão perturbada você fica na minha presença. Se eu não significasse nada, você seria indiferente a mim.

Novamente ela se calou, talvez confirmando sua afirmação.

— Você até pode gostar dele, mas você nunca vai beija-lo como me beija, nunca vai olha-lo como me olha e nunca vai tocá-lo como toca a mim.

Ele encerrou todo o assunto a beijando. Mais uma vez, ela não esboçou a mínima resistência, e se jogou nos seus braços sem se importar com as consequências. Havia fúria, intensidade, desejo, paixão, tesão, tudo em um único beijo.

A grande mão de Estêvão percorria toda a lateral direita do seu corpo, arrancando pequenos gemidos. Aquilo era como música para seus ouvidos, aquela mulher, naquela condição, era extraordinário.

Apesar de sua consciência estar sempre a acusando, Maria não podia negar o quanto ela se sentia um êxtase por estar nos braços daquele homem, e mais, desejava estar, sentia a necessidade de estar.

O clima entre eles só esquentava, os dois só não sabiam que alguém os via.


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