Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 34
Capítulo 34




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“Eu, você, o sol, o mar
E mais de mil paisagens pra testemunhar
Que eu seguiria muito bem a vida inteira
Sem me preocupar com a felicidade
Toda paisagem fica cinza sem você
Qualquer declaração de amor tão sem porque
Hoje é por isso que agradeço ao céu
Estar com você, estar com você
Hoje é por isso que agradeço ao céu
A felicidade."


Roberta Campos – Minha Felicidade

 

****

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe.

Não importa quanto tempo passe, não importa os rumos que a vida siga, não importa quantas vezes a palavra “adeus” seja dita durante o percurso, ou quantas vezes se é jurado um “nunca mais”, pois se duas almas se pertencem, elas são destinadas a ficarem juntas, mesmo que os caminhos se separem, uma hora eles se cruzam novamente, isso é certo.

Os caminhos de Estêvão e Maria se interligaram depois de muito tempo, mesmo quando achavam que aquela história já não teria mais um belo final, como tantas outras que os mesmo presenciaram, mas naquele dia, ambos estavam em êxtase, diante de Deus e dos homens, por fim, realizando algo que almejaram há muito tempo.

O rancor, o remorso, a dor rodearam aqueles corações durante um longo tempo, fazendo-os reféns. Esses sentimentos tornaram-se seus sentimentos de estimação, e por um período, o medo de livrar-se das coisas negativas que insistiam em fazer morada existia, e gritava para todos que estavam ali. Mas então, eles se deram conta que, para se livrarem desses invasores, era necessário se lançarem numa corrida, e então, o amor seria a recompensa.

Mas não foi fácil, nunca é. Os impasses eram constantes, os calos surgiram, o cansaço veio, e junto com ele a vontade de desistir e jogar tudo para o alto. Mas quando a vontade de vencer existe, ela trás consigo forças, até mesmo quando essas parecem ilusórias. E enfim, a linha de chegada.

O processo foi doloroso, cruel e pesado, mas a recompensa valia a pena, e agora, por fim, Estêvão e Maria poderiam voltar para casa.

Marido e mulher. Finalmente, eram um só. Estêvão a olhava sorrindo, como se dissesse “obrigado por não desistir de nós” e Maria devolvia o sorriso na mesma intensidade, como se dissesse “vou continuar lutando todos os dias por você”.

— Meu coração parece que não vai aguentar de tanta alegria.

Ela disse sem conseguir conter o sorriso. Olhava-o no fundo dos olhos, enquanto compartilhavam àquela dança.

— Ah, vai sim! Isso é só o começo, meu amor. Hoje é só o primeiro dia de muitos dias de felicidade que estão por vir.

— Ah, Estêvão, não tenho mais lágrimas pra chorar.

— Vou te fazer a mulher mais feliz desse mundo. Quero que você se apaixone por mim um pouco mais a cada manhã. Não vou deixar essa alegria acabar. – Foi solene.

— Será que é possível? Eu já te amo um tanto.

— Se é possível, eu não sei, só sei que enquanto eu existir, vou fazer o possível e impossível pra que você deseje estar ao meu lado.

O casal recém casado era o centro das atenções, literalmente. Os convidados os olhavam encantandos enquanto os dois se exibiam numa bela dança no centro do salão. Quiçá se perguntavam o que tanto eles falavam, ou talvez deduziam que eram juras de amor infindáveis, seja como for, eles estavam certos.

Estêvão e Maria findaram a dança selando aquele momento com um beijo coberto de ternura e amor. Aplausos desmedidos seguiram após o ato, deixando os dois sem reação.

O casal bem que tentou fugir da vista dos convidados para aproveitarem a sós seus primeiros momentos como casados, mas eram muitas pessoas que queriam felicitá-los, e mesmo tentando, a fulga se tornou impossível.

...

O sol já dava mostras de que iria se pôr em breve para que a noite caísse, e os primeiros convidados já começavam a se despedir. Com poucas pessoas compondo o salão, Maria se sentia mais a vontade, porém o maxilar ainda doía de tanto sorrir, mas estava mais que satisfeita. E como não estaria?

— Foi uma bonita festa. – Cláudio se aproximou dos dois, assim como Juliana, os dois sorriam simpáticos. – Maria, Estêvão, meus parabéns, desejo toda felicidade ao casal.

— Obrigada, Cláudio. Fiquei muito feliz por ter podido vir. – A noiva agradeceu com o mesmo sorriso.

— Não faria essa desfeita. Bom, nós já vamos, ainda temos algumas coisas pra resolver antes da viagem. – Ele fitou a filha ao seu lado.

— Vocês vão amanhã cedo, certo? Ah, eu nem acredito que vou ficar tão longe da minha filhinha, é a primeira vez que isso acontece! – Maria envolveu Juliana nos braços, não queria acreditar que em breve ela não estaria mais ali.

— Mãe, eu sei me cuidar, ok? Além do mais, meu pai vai estar comigo.

— Fica tranquila, Maria, cuidar da Juliana é mais simples do que cuidar da Giovana. Vocês ficaram com a gêmea mais... Espirituosa.

— Daremos conta. – Estêvão brincou.

— Juliana, me promete que vai ligar todos os dias? – Pediu chorosa.

— Mãe, e o fuso horário?

— A hora que você ligar, eu paro o que estiver fazendo pra te atender, meu anjo.

— Ah, mãe... – Juliana quase chorou com as palavras da mãe.

— Já estão se despedindo? – Giovana apareceu de supetão, sendo seguida por Lucas, Miguel e Henrique. – Vi vocês duas chorando de longe.

— Sim. Vamos sair amanhã bem cedo, e acho que vocês não vão madrugar pra nos ver partindo, não é? – Cláudio deduziu.

— É, não mesmo. – A menina confirmou, rindo.

— Giovana, quero que você se comporte, e não dê trabalho à sua mãe. E você rapaz – encarou Lucas com aquele ar de pai autoritário –  cuida da minha filha.

— Pode deixar, senhor. – Lucas quase prestou uma continência.

— Miguel, Estêvão, cuide delas por mim, essas duas são de extrema importância pra mim, quero ir sabendo que elas vão ficar bem.

— Fica tranquilo, pai, elas estão em boas mãos. – Miguel deu um sorriso singelo.

— Reforço o que Miguel disse, Cláudio, pode ir tranquilo. – Estêvão salientou.

— Juliana, vê se fica bem, tá. Liga, manda notícias, não se esqueça que eu vou saber se você não estiver bem, temos esse negócio de gêmeas.

— Pode deixar. E você, vê se toma juízo, já tá na hora, né.

As irmãs se olharam cúmplices, e um filme se passou na mente delas. Elas não haviam se separado, era a primeira vez que ficariam tão longe, mas tinham certeza que cada uma ficaria com uma parte do coração da outra.

— Então, acho que é hora de irmos. – Cláudio disse após um suspiro tristonho.

Havia chegado o momento que Maria queria ao máximo se distanciar. Ela até que tentou evitar, mas não era possível segurar mais. A mãe coruja segurou a filha nos braços, e em meio a lágrimas, declarou todo seu amor, e o quanto estava orgulhosa da grande mulher que elas estava se tornando.

Maria sabia que a partida era para o bem dela, só não imaginava que doeria tanto em seu peito. Quanto a Cláudio, um abraço amigo, singelo e sem ressentimentos foi trocado entre eles. Eles aprenderam a se respeitar acima de tudo, e no fundo, tudo o que eles queriam era apenas o melhor um para o outro.

A sessão de abraços foi demorada, mas se findou. Com os olhos marejados, eles se olhavam, querendo somente que tempo parasse, para que pudessem desfrutar daquela presença pelo menos mais um minuto que fosse.

— Podemos ir, Juliana? – Cláudio indagou.

— Podemos. Mãe, irmãos, Estêvão, até mais. – Ela sorriu com os olhos molhados.

— Seja feliz, meu amor. – Maria pediu, também chorando.

— Talvez a gente sinta saudades de você, Juliana. – Giovana comentou, sem conseguir esconder o quanto o momento estava sendo difícil.

— Ela vai ser a que mais vai chorar. – Miguel brincou, arrancando algumas risadas.

— Eu sei disso. Bom, acho melhor irmos, senão, não sairemos daqui. – Juliana se apressou.

Os cinco que ficaram, iam observando-os enquanto se distanciaram.

— Hei, Henrique, você também vai? – Giovana gritou.

— Você acha mesmo que não vou curtir os últimos momentos de minha namorada no Brasil?

— Acho que hoje a Juliana perde a virgindade. – A gêmea falou mais baixo, para os que ficaram.

— Giovana! – Maria a repreendeu.

...

As despedidas não foram suficientes para fazerem Estêvão e Maria perderem o anseio por aquela noite.

Mil e uma carícias foram trocadas no caminho até o hotel onde passariam a primeira noite como casados, e por fim, os dois estavam ali naquele hotel, ardendo em desejo, com satisfação desenfreada que todo aquele momento lhes trazia.

— Enfim, sós.

Ele sussurrou em seu ouvido por detrás. Um arrepio percorreu todo o corpo de Maria somente ao ouvir aquela simples frase.

O mundo deixara de existir lá fora, e dentro daquele quarto, Estêvão já não sentia muito coisa, apenas seu perfume deliciosamente tóxico e o calor excitante da pele dela em contato com seus lábios. E queria mais, desejava muito mais de Maria.

Ele a olhou nos olhos antes de beijá-la. Sua mão corria sobre seu corpo com velocidade, como se o amanhã não viesse a existir, como se tivessem apenas aquele ínfimo segundo a favor.

Estêvão a beijava tão ferozmente que a fez perder o ar. Seus beijos eram como ondas impetuosas, ele a beijava como um animal faminto, devorando sua presa sem a menor piedade.

Maria era recíproca a cada movimento seu. Ela o conhecia, sabia cada detalhe, sabia o que gostava e como gostava, mas naquele momento estava tão perdida diante dos seus beijos e toques, que deixou-se ser levada, o único que necessitava, era ter mais e mais de Estêvão.

Ele a tocou com as mãos, até encontrar as amarrações por detrás do seu vestido branco, e enquanto buscava afrouxar as amarrações, sua boca percoria a parte nua do seu ombro, deixando marcas por onde passava. Sua intenção era enlouquecê-la, mas no fim, era ele quem havia perdido a sanidade, a única coisa de que tinha certeza era que estava cego de desejo.

Entre carícias cálidas e tórridas, Estêvão percebeu que o vestido não era mais um incômodo para ele, e ali estava sua esposa à sua frente como viera ao mundo.

Era maravilhosa! Um sorriso bobo se formou enquanto admirava aquela obra de arte bem ali, na sua frente, e sentiu-se o homem mais sortudo do mundo por poder chamar aquele mulher de sua.

— Por que me olha assim? – Ela perguntou.

— Você é perfeita!

Maria riu. E com um sorriso astucioso, ela deu dois passos até ele. Primeiro, tirou smoking, depois, vagarosamente foi desaboatoando a camisa, sempre mantendo o olhar fixo ao dele, naquele jogo de sedução que amavam. Não demorou muito tempo, e então, ambos estavam nus.

A cama estava a poucos passos deles, mas Estêvão fez questão de tomá-la em seus braços, e a levou aonde fariam amor pela primeira vez como marido e mulher.

Estêvão se permitiu admirar Maria por mais alguns segundos antes de beijá-la mais uma vez. Suas mãos impetuosas passeavam por todo o corpo de Maria. Debaixo dele, ela se contorcia, querendo ainda mais.

Ele abocanhou seu seio rijo, enquanto apalpava o outro. O corpo pequeno de Maria denunciava a cada manobra dele, se arqueando, implorando por mais, mais e mais. Ela já não podia pensar, e nem queria.

Estêvão sorria orgulhoso, vendo o tamanho poder que exercia sobre Maria. Ele a torturava, e ela se deliciava. Ele a apertava, fazendo-a sentir que ele estava no comando, e ela gemia seu nome sem medidas.

Como quem não queria nada, Estêvão foi descendo pelo corpo de Maria, até chegar em seu quadril,  e ali deixou beijos molhados, e então desceu um pouco mais, até o meio das coxas, em sua intimidade, onde se instalou, e ali aprofundou seu rosto deixando os mais penetrantes beijos.

— Estêvão! – Disse ofegante, agarrando o lençol.

Ele agia com total competência, sabia o que fazia, e amava vê-la se contorcendo, amava seu sabor, amava cada detalhe seu, amava levá-la ao infinito céu.

E então, a penetrou, e de novo se tornaram-se um. Aquele vai e vem envolvente fazia Maria perder a linha. Entre quatro paredes, ela não fazia questão exibir sua postura recatada, ali ela só desejava se sentir mulher, livre.

A cada estocada ficava nítido onde ambos chegariam em breve, e Estêvão fez questão de aumentar ainda mais a pressão, até que seus corpos entraram em convulsão. Maria se derramou na cama  quando aquele gozo invadiu seu corpo. Estêvão explodiu dentro dela, e seu sorriso não disfarçava o quanto tinha adoração por aquela mulher.

Levou algum tempo para que suas respirações voltassem ao normal, e ali abraçados, eles ainda trocavam juras de amor sem fim.

— Será que é possível eu amar você ainda mais? – Perguntou enquanto brincanva com seu cabelo bagunçado.

— Era exatamente o que eu estava pensando. – Ela o olhou. – Você me viciou, Estêvão San Roman. – Sorriu.

— Tá me chamando de droga?

— Sim, e acredite, quero ter uma overdose de você.

...

O casal desceu um pouco cedo para o café da manhã naquela segunda feira, já que teriam muito trabalho para fazerem antes da tão esperada lua de mel. Mas ao chegarem à sala, tomaram um leve susto ao se depararem com Miguel, Giovana, Lucas e Henrique à mesa, já que ainda era um pouco cedo para o pequeno grupo estar tão bem humorado.

— Bom dia! – Estêvão os saudou sorridente, e se acomodou.

— Bom dia! – Maria os saudou um pouco mais séria, e se acomodou também. – Lucas, não sabia que tinha passado a noite aqui.

— Senhora, Giovana disse que a senhora não iria se importar. – O jovem rapaz respondeu tenso.

— Lucas, minha irmã faz as próprias regras, se eu fosse você, não acreditava em tudo o que ela diz. – Miguel comentou enquanto comia.

— Não liga pra ele, minha mãe realmente não se importa, não é, mãe? – Giovana perguntou exibindo os dentes de forma exagerada à mãe.

— Só gostaria de ser comunicada, mas não precisa ficar com medo, Lucas, sou o tipo de sogra boazinha. – Finalmente ela sorriu como costumeiro.

— Creio que não vai encontrar sogra melhor que essa. – Estêvão afirmou, segurando a mão da esposa sobre a mesa.

— Viu, Lucas, assim que nós vamos ficar. – Giovana demonstrou sua emoção ao ver os dois juntos, felizes.

— Se ele te aguentar. – Miguel comentou, rindo.

— Não faz assim, Miguel. Vocês têm falado com Juliana? – A matriarca indagou.

— Conversamos ontem. – Foi Giovana quem respondeu. – Ela mandou um beijo pra todos, e disse que tá morrendo de saiu, mas que tá muito feliz no trabalho novo.

— Ai que saudade que eu tô dela. – Maria murmurou chorosa.

— Ela disse que tá com raiva do seu pai? – Henrique destinou sua pergunta à cunhada.

— Não.

— E por que estaria? – Maria perguntou, curiosa.

— Porque Cláldio conheceu uma francesa, um pouco mais velha que as duas, e eles estão se entendendo bem. – Henrique esclareceu.

— E mais uma vez a história se repete. – Disse Miguel num suspiro.

— Coitado do meu pai, vai sofrer com ela. – Giovana riu.

— Daqui a pouco ela aceita. Vocês sabem como ela é, no fundo, só quer ver suas pessoas felizes. – Maria deu de ombros.

— Ainda vem que não sou nem pai nem mãe dela. – Giovana revirou os olhos.

— Bom, o assunto tá ótimo, mas tenho muita coisa pra resolver hoje na Casa de Modas. – Maria limpou a boca, encerrando o assunto, prestes a se levantar.

— Eu te levo, meu amor. – Estêvão repetiu seu ato.

— Esperem! Tenho que falar uma coisa muito importante pra vocês! – Giovana quase gritou, fazendo todos os olhos voltarem para si.

— Acho que já sei: você assinou algum documento indevidamente, e faliu a empresa do meu pai.

Todos riram.

— Ha, ha, ha, muito engraçado, Miguel. – Ela o olhou com os olhos semicerrados. – Não é nada disso. Bom – ela fitou o namorado antes de voltar a olhar o restante da mesa, tomou coragem e lançou a bomba de uma vez – Lucas e eu vamos ter um bebê, estou grávida!

Todos à mesa se abismaram com a notícia.

— Grávida, Giovana? Como assim? - Maria arregalou os olhos, e sua voz subiu em alguns tons.

— Ah, mãe, você sabe exatamente como são feito os bebês.

— Eu não estou falando disso. Onde você estava com a cabeça? Voce ainda é muito nova! – Só a voz de Maria era ouvida, ninguém mais se atreveu a falar.

— Eu sei, mãe. Não foi planejado, nos pegou de surpresa, mas não me arrependo. Eu já amo essa criaturinha. – Ela acariciou a barriga com um sorriso sincero.

— Senhora, pode ter certeza que não vou abandonar sua filha. Vou agir como homem e cuidar dos dois, não só por obrigação, mas porque os amo. – Lucas tomou a palavra, tomando para si toda a responsabilidade da situação.

— Meu amor, não fique brava, é uma bênção. – Estêvão interveio. – Espero que eu possa ser o avô postiço, Giovana.

— Claro que sim, Estêvão.

— Caramba, eu vou ser tio. Nunca imaginei que Giovana me daria um sobrinho. – Com o clima voltando ao normal, Miguel percebeu que já podia voltar a falar.

— Eu também vou ser tio! – Henrique concordou com o cunhado.

— Mãe?! Por favor, do alguma coisa. – Pediu nervosa.

— Eu não tô acreditando que vou ser avó!

Sair um pouco mais cedo da cama não foi suficiente para não se atrasar. Maria pouco se importou com seus compromissos, só queria curtir o momento tão maravilhoso que estava vivendo, ainda não acreditava que sua filhinha teria um bebê!

Maria ainda tinha um mundo de coisas para resolver no trabalho, mas suas obrigações não a impediram de passar no shopping e comprar os primeiros presentes do neto, que em breve estaria ali, enchendo todos de alegria.

Ela sentia como se estivesse grávida de novo, como se novamente recebesse essa dádiva divina, mas a sensação era ainda melhor, afinal, era sua filha que traria alguém ao mundo.

Naquela noite, Maria tratou de mimar Giovana o máximo que podia, pois aquela seria a última noite juntas antes da viagem. A filha estava carente, e a mãe, que não era nem um pouco boba, fez questão de aproveitar cada segundo ao seu lado, até que a menina pegou no sono.

...

Tudo foi bem corrido na manhã seguinte, mas quando se deram conta, Estêvão e Maria já estavam no avião com destino a Fernando de Noronha. O casal escolheu junto o lugar onde passariam um mês. Inicialmente, Estêvão sugeriu algum país do continente velho, mas no fim, ele acabou dando ouvido a esposa quando disse que seria mais proveitoso se explorassem a beleza natural do país onde viviam, e então, o único obstáculo seria decidir para onde iriam.

Correram todo o mapa, indo de norte a sul, levando tudo em consideração: clima, pratos típicos, pontos turísticos, e por fim, Fernando de Noronha foi o lugar escolhido por ambos, e pelas fotos e comentários na internet, tinham acertado n amor a decisão.

Durante toda a manhã e parte da tarde, eles ficaram trancados no quarto do luxuoso hotel em que estavam hospedados. Estêvão e Maria passaram a maior parte do tempo desfrutando da presença um do outro, destilando declarações e se amando, como se o mundo fosse acabar.

Cada minuto era único, cada momento vivido entre quatro paredes ficariam guardados eternamente em cada memória.

Certamente, passariam ainda muito mais tempo juntos no cômodo, mas eles acabaram se dando conta que não era muito sensato saírem de tão longe para ficaremos enfurnados, quando se tinha um mundo de perfeições do lado de fora.

Tudo era ainda mais lindo do que as fotos mostravam. O sol, as pedras, as ondas quebrando, as gaivotas, o som do mar fazia tudo parecer mágico. Por sorte, ainda aproveitariam o pôr do sol, admirariam o astro rei saindo de cena e dando lugar a uma linda noite de lua cheia.

A praia estava vazia, parecia ter sido reservada para os dois.

— Caramba, não acredito que esse paraíso é só nosso! – Maria admirou o lugar, com uma feição deslumbrada.

— Paguei os banhistas pra deixarem a praia vazia só pra nós. – Ele segurou a mão da esposa, e juntos, começaram uma caminhada pela areia quente.

— Ah Estêvão, muito engraçado. – Riram. – Esse lugar é tão lindo. Nem acredito que estávamos perdendo tudo isso.

— Ainda bem que demos conta a tempo. Está feliz, meu amor? – A olhou de relance.

— Muito. Nunca fui tão feliz em toda minha vida. Tô meio preocupada com Giovana, início de gravidez é bem esquisito, mas tô feliz, nem acredito que vou ser avó. – O brilho no olhar de Maria era muito perceptível.

— Já imagino você mimando essa criança como coruja que é.

— Claro que sim. Queria mesmo era convencer ela e Lucas a virem morar conosco. Henrique já disse que vai voltar a morar sozinho, Miguel nem adianta tentar convencê-lo, agora, só resta nós dois naquela casa gigante.

— Podíamos nos mudar pra um lugar menor. A gente compra uma casa no interior, com galinhas, porcos, vacas. Vai ser ótimo.

Maria quase o fulminou.

— Estou brincando com você. – Ele caiu na gargalhada. – Não precisa ser no interior, e nem ter bichos. A gente compra uma casa na cidade mesmo, grande, mas menor que a nossa. Tem que ter um quintalzão, com árvores pra fazer um balanço bem legal para o neném, e um escorrega também, crianças adoram. E alguns quartos extras, pra quando eles quiserem passar a noite, até mesmo pra Juliana, quando vier ao Brasil.

— Eu prefiro essa ideia. – Sorriu satisfeita.

— Gostou? Bom, a outra a gente vende, ou não, deixa ela lá, ah, você que sabe, a casa é sua!

— Se eu morasse numa casinha minúscula, mas tivesse vocês, pra mim já valeria a pena.

— Faço das suas as minhas palavras. Eu não preciso de luxo, tenho a maior riqueza que um homem pode querer. Tenho filhos maravilhosos, e tô contando com Giovana e Juliana, apesar da Juliana ainda não ir muito com a minha cara, e tenho a mulher mais espetacular do meu lado, o motivo que me faz levantar todos os dias. O que mais eu iria querer?

— Eu te amo um tanto. Obrigada, obrigada por tudo.

Eles pararam a caminhada e ficaram a se olhar. Enquanto isso, as ondas vinham e beijavam seus pés descalços.

— Eu que tenho que te agradecer. Sem você, Maria, eu seria como uma folha seca no vendo, como um desses grãozinhos de areia, eu estaria perdido. Eu te amo, meu amor. Eu te amo com toda minha alma, com todo meu ser, com tudo o que há em mim.

— Eu amo você, Estêvão. Mais do que poderia imaginar, mais do que eu poderia entender, mais do que a mim mesma.

Ele a beijou. Foi o mais suave dos beijos, sem pressa, sem urgência, um beijo como devoção. Ele adorava aquela mulher, viveria todos seus dias para seu bel prazer. Mas havia mutualidade entre eles, Maria viveria da mesma forma, então juntos, viveriam uma intensa felicidade, e seriam eternamente um para o outro.





 


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