Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 25
Capítulo 25




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“Entenda que ainda que
Queira perdoar-te
Não posso, já não sirvo
Para amar-te
Me golpeastes, me
Jogastes e no chão
Me deixastes e agora
Pede que volte
A ser como antes.

Não me sobram forças para te odiar
Minha alma já não pode ser reparada
Já não sinto, já não vejo
E ainda que tente não acredito, não peça
Que já não posso te querer.”


Reik – Voy A Olvidarte

 

****

Um silêncio tão estrondoso se criou dentro daquela sala, que a mesma se tornara minúscula, quase incapaz de conter aquela verdade, que fora exposta de maneira tão brusca e tão violenta.

— Avisa seu ex marido que ele tá apelando demais. – Entre risos, Estêvão olhava Maria, que não sabia como se portar.

— Eu estou apelando. – Cláudio afirmou, num tom natural, enquanto voltava à sua mesa. – Eu estou apelando, Maria? – Perguntou irônico.

— Por que você fez isso, Cláudio? – Via-se de longe que Maria queria chorar, mas, mais forte que nunca, segurou as lágrimas que insistiam em querer sair, afinal, aquele não era o momento adequado. – Você não tinha esse direito.

— Então quer dizer que... – Estêvão começou, mas foi interrompido por Maria.

— Que o que ele disse é verdade, Miguel... – Respirou fundo. – É seu filho, Estêvão.

O mundo parecia ter sumido do lado de fora, deixando somente aqueles três ali. O silêncio que se formou foi mais curto que o anterior, porém muito mais carregado e tenso. O peso das palavras de Maria pairavam, tirando o ar, já que o mesmo parecia sumir a cada segundo.

— Isso não poder ser verdade – riu, incrédulo – você não pode estar falando sério.

— É – Cláudio jogou as pernas sobre a mesa, numa atitude repleta de sarcasmo – é difícil acreditar, ninguém esperava isso da Santa Maria.

— Estêvão, me deixa explicar. – A mulher, trêmula, foi até seu amado. Em sua voz havia súplica, mas ele não quis saber, a repeliu, sem piedade.

— Explicar o quê? Que você me enganou esse tempo todo? – A voz se encontrava mais alta que o habitual.

— É Maria, acho que ele tá certo.

— Cala a boca, Cláudio! – Berrou, olhando-o com repúdio. – Vamos conversar, Estêvão, vamos resolver isso civilizadamente.

— Eu não quero conversar, não tem o que conversar! Tá mais que claro as coisas aqui. – Ele andava impaciente pela sala, mas voltou até ela, e a olhou dentro dos olhos. – E se ele não falasse – apontou para o rival – quando eu iria ficar sabendo?

— Eu ia te contar, eu só estava esperando o momento certo.

— Que só Deus sabe quando iria acontecer. – Cláudio disse, fingindo roer o canto da unha.

— Dá pra você parar? – Maria o olhou com ira.

— Ele tá certo. Se esse maldito não tivesse dito, eu continuaria sendo enganado. Eu não esperava isso de você, Maria, não mesmo. Me dá licença. – Depois de quase empurrá-la, ele saiu da sala, irritado, batendo a porta com toda a força.

— Estêvão, espera!

Gritou, em vão, já que Estêvão bateu a porta em sua cara antes mesmo dela terminar a frase. As lágrimas que escorriam pelos olhos desesperados de Maria já não eram mais lágrimas de arrependimento, também tinha raiva, ódio.

Cláudio pôde sentir sua fúria, quando ela se aproximou, segurando a gola e encarando-o com sangue nos olhos.

— Satisfeito o que você fez? – Maria o olhava tão de perto, que seu hálito pôde ser sentido.

— Eu só queria ajudar – ele tirou as mãos leves dela de sua vestimenta, e os pés de sobre a mesa – adiantar o processo. Você não teria coragem suficiente pra falar a verdade, por medo da reação que acabou de ver. – Riu, quase gargalhou.

— Seu desgraçado, cretino! – Maria, tomada por tamanha cólera, começou a estapeá-lo no peito enquanto dizia palavras, que até então, não era muito costumeiro de sua parte. – Você não tinha o direito, não tinha!

Cláudio permitiu que ela estravasse um pouco, deixando que ela acertasse seu peito com tapas, e lhe dissesse aquelas palavras tão baixas, mas vendo que ela já passava dos limites, segurou seus pulsos sem a menor dificuldade, se levantou e a colocou sentada no seu lugar.

— Se o seu intuito e me separar dele ou causar intrigas, pode esquecendo, você não vai conseguir. – Berrou enquanto o olhava de pé.

— Não? O que foi que eu acabei de ver aqui? Seu amado Estêvão nunca vai te perdoar por ter escondido isso dele. – Disse, ajeitando a roupa que ela havia bagunçado. – Ele declarou naquele jantar que tinha o sonho de ser pai, e hoje descobre que você o privou de o realizar.

— Seu jogo baixo não vai dar em nada. Estêvão e eu nos amamos, nós vamos nos acertar, mesmo que você esteja se roendo por dentro. – Ainda revoltada com os acontecimentos, Maria se levantou, e praticamente empurrando o futuro ex marido, foi para o centro da sala. – E outra: – o encarou com os olhos marejados – não tenta colocar minhas filhas contra mim, se fiquei furiosa por ter se metido entre mim e ele, você não imagina como vou ficar se você ousar me jogar contra elas.

— Elas não são cegas, sabem bem o que a mãe se tornou. – Tornou ao seu lugar.

— Seja adulto Cláudio, haja como homem e não meta nossas filhas nisso, ou eu não respondo por mim.

Marchando, e com os ânimos acirradoas, Maria saiu da sala com sede de sangue, do sangue de Cláudio. Jamais esperava tal atitude dele, pensava que eles se divorciaram como adultos, mas ele acabara de provar que as coisas não seriam como ela queria. Ok, ela fizera por onde, mas ele estava descendo baixo demais.

— Eu preciso falar com você. – Maria disse, entrando de supetão na sala de Estêvão.

— Não temos nada pra conversar. – Ele mal a olhou quando respondeu. – Você tem noção do tava fazendo? Escondendo meu filho de mim!

— Tem certeza que você e a vítima da história? – Se aproximou da mesa, e o olhou por cima, já que ele estava sentado. – Eu tentei te contar inúmeras vezes, assim que descobri a gravidez, mas você acabava me cortando, e eu não conseguia contar.

— Isso não é desculpa, você tinha que ter falado! – Falou alto, finalmente a olhando.

— Você queria o quê? Que eu batesse a sua porta depois ter me humilhado na frente de todo mundo? Você acha mesmo que devia fazer isso? – Falou tão alto quanto ele.

— Sim! Eu tinha o direito de saber!

— Não me faça rir, Estêvão – riu – diante das suas atitudes, você não tinha direito nenhum. Por sorte, Cláudio decidiu me assumir, e assumir o seu filho – foi enfática – fez o que eu aposto que você não faria.

— Você não sabe.

— Eu não sei? Olhando pra todos aqueles acontecimentos, sabendo que você foi um capacho na mão dos seus amigos, você acha mesmo que me assumiria grávida?

Estêvão nada respondeu, e sobre seu silêncio, Maria continuou:

— Nós dois sabemos que não, Estêvão, então, não me culpe por não ter dito a verdade a você. – Foi firme.

— Talvez você esteja certa – se convenceu – mas você poderia ter aberto o jogo agora, e por que não fez? Qual é a desculpa.

— Eu ia falar, Estêvão.

— Quando Maria? Você ia levar essa história até onde? – Tornou a elevar sua voz.

— Eu estava com medo da sua reação, de como você me detestaria, assim como está fazendo agora. Por favor, Estêvão, tenta me entender.

— Te entender Maria? Você não escondeu de mim a receita de um bolo, você escondeu um filho, um filho! Seu medo não torna sua culpa menor.

— Eu juro que tava procurando o melhor momento, eu já estava decidida a te contar, só estava com medo de como você reagiria, da mesma forma que fiquei com medo de contar a Miguel. Entende meu lado, por Deus! Você acha mesmo que é simples botar uma informação dessa pra fora?

— Miguel já sabe?

— Ele sempre soube que não era filho do Cláudio, e de toda a história. Por isso ele saiu daquele jeito do apartamento, incontrolável, porque tinha acabado de descobrir quem é o pai.

Estêvão se levantou de pronto do seu assento, pegando um molho de chaves, indicando que estava se saída. Seu olhar duro e impenetrável causava arrepios em Maria, era a primeira vez que o via tão abalado, e tão perturbado.

— Aonde você está indo? – Com sua pouca força, tentou evitar que ele passasse pela porta, mas ele simplesmente se virou, e a olhou de soslaio.

— Eu vou falar com o meu filho, e não tenta me impedir.

Maria nem se atreveu a tentar parar aquele homem, simplesmente o deixou ir, mesmo sabendo que o que encontraria não seria um filho ansioso, querendo gozar da presença do pai, mas um homem ressentido pelo que a vida lhe causou.

O caminho que ele havia feito algumas vezes, tornou-se longo, pesado, carregado. Seu nervosismo era aparente. Um turbilhão de emoções tomava conta do seu ser. Durante o percurso, ensaiou diversas vezes o que dizer, já tinha pensado em vários programas para fazer com ele, o seu filho. Naquele momento, Estêvão só queria gritar e agradecer ao mundo aquela oportunidade que lhe era dada.

— Estêvão. Eu não esperava você aqui. – Miguel não tinha emoção na voz, o tratava formalmente. – Entra, só não vou poder te dar muita atenção, daqui a pouco vou para o hospital.

Não demoraria muito para que Estêvão desabasse em lágrimas. Enquanto encarava Miguel, muitas coisas se passaram em sua cabeça. Aquele era o momento em que diria tudo o que havia ensaiando, mas vendo-o ali, se deu conta que todas as suas mais belas frases sumiram como num estalar de dedos. Por fim, a única coisa que lhe restara, foi um pedido.

— Eu posso te dar um abraço... Meu filho?

Miguel não ficara surpreso, mas ainda assim, tinha um semblante sério, impenetrável, que contrastava com o Estêvão comovido à sua frente.

— Não. – Ele respondeu sério, dando as costas ao visitante. Estêvão entrou no apartamento, e fechando a porta, o seguiu cético.

— Espera aí, Miguel, nós acabamos de descobrir que somos pai e filho, eu pensei que...

— Não espere nada de mim, Estêvão. – O cortou. – Sei que tínhamos uma boa relação, mas era antes de saber que você era meu progenitor, antes de saber que foi você quem deixou minha mãe em cacos.

Estêvão suspirou com pesar. Seu conto se fadas tinha ido por água abaixo.

— Eu não esperava essa reação sua.

— Esperava o quê? Que eu corresse pros seus braços te chamando de papai? Eu estar chateado com Maria, não faz com que eu te veja com bons olhos, Estêvão. Eu fiquei magoado com ela por ela ter me ocultado essa história, somente isso, amanhã ou depois, voltaremos ao normal, agora você, eu não sei qual sentimento eu tenho a seu respeito.

— Sua mãe já me perdoou, será que você não pode fazer o mesmo?

— Não! Você não entende, porque não a viu sofrer. Durante anos eu percebia que ela chorava escondida, via que ela não era feliz, Maria só se libertou do seu fantasma quando as gêmeas nasceram, parece que ela resolveu esquecer o desgraçado que tanto mal lhe fez e deu prosseguimento a sua vida. Mas mesmo estando no seu pior momento, ela nunca deixou de ser uma mãe exemplar.

— Meu objetivo nunca foi fazer sua mãe sofrer.

— Ah, não vem com essa Estêvão, apesar da pressão, você podia muito bem ter negado participar daquela palhaçada, mas não fez. Minha mãe te perdoou, mas eu não sei se consigo.

— Eu te entendo. – Engoliu o choro. Ele ficou em silêncio enquanto observava Miguel organizando algumas coisas em uma mochila. – Há quanto tempo você sabe dessa história? Ela te contou quando chegaram ao Brasil?

— Maria decidiu que eu devia saber quem era meu pai muito cedo, pouco depois do nascimento das gêmeas. Ela me contou tudo, todos os detalhes. Eu fiquei meio perdido, sem entender ao certo o quê ela dizia, mas fiquei feliz em saber a verdade, e triste por saber que Cláudio não era meu pai. Naquele dia, ela me jurou que se um dia voltasse pra cá, me diria logo quem era o dito cujo, e eu assenti.

— Ela foi muito corajosa.

— Uma coragem que você não teve. – Acusou sem pena. – Naquele momento, eu passei a te desprezar, Estêvão, mesmo não tento ideia do que você tinha feito, por ser criança. Foi então que parei de chamar Cláudio e Maria de pai e mãe, e disse que só voltaria quando me dissessem que era meu verdadeiro pai.

— Então é por isso.

— É. Eu vi que você ficou curioso. Bom, agora você sabe. Eu espero que tenha terminado, porque eu preciso sair.

— Espera Miguel, me dá uma chance de ...

— Eu preciso sair agora, Estêvão.

— Tudo bem. Eu só espero que me perdoe, e saiba que você é um sonho realizado pra mim.

Estêvão não esperou mas nenhuma resposta, apenas o encarou mais um pouco e saiu do apartamento com os olhos marejados.

...

O clima na empresa seguiu um pouco tenso. A situação só ficou ligeiramente amena com a ausência de Estêvão, que desde que saira, não deu mais as caras naquele dia.

Pelos corredores, pouco se ouvia: barulho de telefone tocando, o ploc do teclado, alguns passos. O que movimentou mesmo o ambiente, foi quando dois corpos, que seguiam em direções contrárias, se chocaram. De um lado Giovana, que já tinha ódio nos olhos contra o dito cujo, do outro, um rosto nada conhecido.

— Ei, dá pra olhar por onde anda! – Esbravejou, enquanto o encarava.

— Me desculpe, eu não vi você. – O homem estava visivelmente sem graça.

— É, eu percebi, com o celular grudado na cara, pouca coisa podia se ver. – Sem muita paciência com o desconhecido, Giovana ia se retirando de sua presença, mas ele o impediu, quase gritando.

— Espera! – Ela o fitou. – Você trabalha aqui?

Lentamente, Giovana baixou seu rosto ao crachá que tinha na blusa. Ele repetia seus movimentos.

— Pelo que parece, sim.

— Eu estou procurando Estêvão San Román, ou Cláudio Scarpa, sabe onde posso os encontrar?

— Bom, Estêvão não está na empresa, e meu pai está na sala dele.

— Você é filha de Cláudio Scarpa?

— Se eu disse meu pai, talvez ele seja sim meu pai. Eu não falaria isso, se não fosse, né.

— Você é uma pessoa muito difícil – ele olhou fixamente para seu crachá – Giovana Fernandes.

— Eu não me importo com a sua opinião, senhor desconhecido. – Sorriu com certo deboche.

— Bom, pode me informar onde encontro seu pai? Já rodei esse andar inteiro, e não encontrei a sala.

— A sala do meu pai é no andar de cima.

— Me disseram que era no sétimo.

— É, mais é no oitavo.

— Não acredito, acho que me enganaram.

— Pelo visto – o olhou de cima a baixo com desdém – não é muito difícil. Eu já vou indo, tá, tenho coisas melhores a fazer, do que servir de babá pra marmanjo perdido.

— Tchau pra você também, Giovana. – Enfatizou o nome, enquanto a menina ia se distanciando.

...

Depois de um dia cheio de emoções, e frustrações também, Maria só precisava de um pouco de trabalho para espairecer, e ocupar a mente, embora fosse quase impossível manter o foco em qualquer coisa, por menor que fosse.

A bela dama tentou algum contato com a filha no ambiente de trabalho, mas a mesma fora ríspida, e tratou a mãe como se fossem apenas colegas de trabalho, aquela atitude atingiu em cheio seu coração, mas devia ter esperado, afinal, Juliana era a fiel escudeira do pai.

— Minha rainha – Jacques apareceu com a cabeça na porta, e entrou assim que Maria o autorizou – há horas que você tá nessa sala, não vai sair nem pra almoçar?

— Eu vim trabalhar pra ver se esquecia os problemas, mas parece que os problemas fazem questão se fazerem presentes.

— Você não deveria se pensar tanto nisso – ele se acomodou frente a Maria – pode dar rugas, eu sei que você continuaria perfeita mesmo tendo rugas, mas podemos evitar, né. – O comentário a fez rir.

— Sabe Jacques, apesar de quase todas as pessoas que eu amo estarem contra mim, eu não tô me sentindo tão culpada, pelo contrário, parece que um peso tá saindo de cima das minhas costas.

— A verdade pode ser dolorosa, mas sempre é a melhor saída.

— É, tô aprendendo isso. Eu tantei fugir do meu passado a vida toda, e agora, do nada, tudo veio à tona de uma vez só, e confesso que fiquei meio perdida, mas tô um pouco mais tranquila. Na verdade, o que ainda me angustia é Juliana não saber quem realmente é a mãe.

— E você pretende contar a ela, minha deusa? – Perguntou se reclinando na cadeira e cruzando as pernas.

— Sim, só tô tomando coragem. Não vai ser uma conversa fácil, ainda mais no estado em que ela se encontra.

— Vou te dar um conselho, maravideusa: acaba logo com isso, vai ser melhor pra vocês duas, e só assim você vai finalmente deitar a cabeça no travesseiro em paz.

— Você tem razão. Vou dar um jeito de resolver isso de uma vez por todas.

...

Após pensar e repensar, Maria acabou concordando com Jacques, e decidiu que era hora de e jogar limpo com a filha. Apesar da dificuldade de convencer a menina, no fim, Juliana acabou aceitando se encontrar com a mãe fora da Casa de Modas.

Seu coração batia descompassado, o medo tomava conta de todo seu corpo, mas não tinha a opção de voltar atrás, agora era ir em frente, e mostrar a filha que não era o monstro que acreditava ser, e não havia acabado com um casamento tão duradouro apenas por um capricho.

— Por que me chamou aqui? – Juliana se acomodou na mesa, ao ar livre, de um restaurante fino. Ela se mostrava um tanto insatisfeita por estar na presença da mãe.

— Acho que temos que conversar. Você deve tá pensando que eu sou um monstro, não é mesmo?

— Se você veio tentar fazer a minha cabeça contra meu pai, pode ir tirando o cavalinho da chuva, e não pensa que vai conseguir me convencer em voltar pra casa, eu não vou.

— Eu não vim fazer nada disso, eu só quero conversar, Juliana.

— Então vai, fala.

— Você deve tá achando que eu sou uma qualquer, que me envolvi com Estêvão somente pra satisfazer minha carne, ou porque enjoei da cara do seu pai, mas não, não é por aí. Como você sabe, eu conheço Estêvão desde muito jovem, e minha relação amorosa com ele surgiu desde então.

— O quê?! Quer dizer então que você traí meu pai com esse canalha desde aquele tempo?

— Claro que não, Juliana! Eu conheci Estêvão muito antes de conhecer seu pai. Estêvão não se meteu no meu relacionamento com ele, se é o que tá pensando. Mas vou te contar desde o início.

O coração ainda palpitava quando Maria começou a contar cada minúcia de sua vida passada. Palavra por palavra, detalhe por detalhe, tudo lhe fora revelado, nada fora esquecido, como se aquela conversa fosse planejada há tempos.

Juliana encarava com o semblante pálido, indicando que choraria a qualquer momento, diante daquelas verdades que julgava sórdida, mas em nenhum momento interrompeu a mãe, apenas ouvia atentamente, temerosa com o desfecho que aquela história tomaria.

— E é isso. – Maria concluiu. Apesar de tentar transmitir paz, e controle, só mesmo ela sabia como estava. – Essa é minha história. Dê seu veredito.

— Como você tem coragem de se envolver de novo com um cara que te arruinou, mãe? – Proferiu suas palavras de forma dura.

— Eu sei que você deve estar me achando uma completa idiota, eu me achei por muito tempo, e creio que seus irmãos, seu pai acharam a mesma coisa.

— Entao eu sou a última a saber. Claro, deixa a bobinha de lado, ela é infantil demais pra ficar sabendo dessas coisas.

— Claro que não Juliana, não é assim! Giovana acabou sabendo por conta própria, Miguel ficou sabendo da boca de Estêvão, eu só disse a verdade mesmo a seu pai. Eu não escolhi ocultar as coisas de você filha, por favor, não me leve a mal.

— Como não te levar a mal, mãe? Tem mais alguma coisa que eu preciso saber? Sei la, Giovana e eu não somos gêmeas? – Debochou.

— Na verdade, tem sim, a coisa mais importante de todas.

— E qual é?

— Miguel é somente meio irmão de vocês, ele não é filho do seu pai, ele é filho do Estêvão.

 


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