Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 23
Capítulo 23




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“Crepúsculos, alvoradas
Vivendo o sonho, observando as folhas
Mudando as estações
Algumas noites eu penso em você
Revivendo o passado, desejando que tivesse durado
Desejando e sonhando.

Estações, elas vão mudar
A vida vai fazer você crescer
Os sonhos vai fazer você chorar, chorar, chorar
Tudo é temporário
Tudo vai passar
O amor nunca morrerá, morrerá, morrerá.”

Imagine Dragons – Birds

****

Levou ainda alguns segundos para que Cláudio digerisse a informação que lhe fora dada. Um filme parecia passar em sua cabeça. Perguntas e mais perguntas pairavam sobre o ar, mas um grande incômodo se instalara quando se deu conta de que havia apenas uma resposta para todas aquelas indagações, e o pior: a resposta era ainda mais dura do que ele podia esperar.

— Estevão San Roman, María? – Perguntou calmo, mas não menos indignado. – Você tá me dizendo que o pai do Miguel é Estevão San Roman?

— Eu sei o que você deve tá pensando, mas... – Ela fora interrompida por ele ao sair de cima da cama, antes mesmo de se aproximar.

— Esse imbecil esteve o tempo todo do nosso lado, e só agora você me diz que é ele? – Gritou, apontando em direção à antiga casa do sócio.

— Deixa eu me explicar! – Foi a vez dela falar alto.

— Não tem explicação pra o que você fez, Maria! Você tem noção disso? – Revoltado, Cláudio deu as costas para ela, caminhou até a porta , mas logo voltou. – Como você foi capaz? Você não me traiu apenas com o meu sócio, amigo e marido da sua irmã, você me traiu com o canalha que desgraçou a sua vida!

— Eu sei! Tudo que você vai falar, eu já sei de cor e decorado. Como você acha que eu me sinto diante disso?

— Ah, como eu vou saber? Talvez como sendo a vítima da história, né. – Debochou. – Que decepção, viu. Se eu fosse listar agora todos os nomes que você mereceria ouvir, Maria...

— Vamos lá, diga. – Ela abriu os braços, pronta para receber qualquer palavra dura da parte dele. – E se te fizer sentir melhor também, pode me bater, juro que não vou reagir, você está no seu direito.

— Nem se eu te matasse, aqui e agora, seria o bastante diante do que você fez, Maria.

Ignorando as palavras irrelevantes da esposa, Cláudio simplesmente maneou a cabeça, como em negação, e a deixou sozinha no quarto, ela, porém, não se deu por vencida, e o seguiu, chamando por seu nome.

— Cláudio, me espera!

Maria o seguia quase correndo, chamando-o num tom ameno, para não atrair a atenção das filhas e de quem mais pudesse estar ouvindo-a, mas foi em vão, já que Cláudio não estava para asunto, pelo contrato, só queria se distanciar o máximo dela. E enfim, os dois pararam na cozinha.

— Será que dá pra você parar, e me escutar? – Exigiu.

— Escutar o quê? Suas desculpas não vão tornar a sua mal caratisse aceitável, Maria!

— Eu não quero me justificar, eu quero conversar com você.

— Você teve o tempo todo pra abrir o jogo, e agora vai querer esclarecer as coisas? Não tá meio tarde? – Perguntou enquanto enchia um copo com água.

— Eu sei que nada que eu disser vai amenizar isso, mas me deixa falar, por favor! Eu não mereço um voto de confiança?

— Na verdade, não. – Bateu a porta da geladeira com certa força. – Se você me traísse com qualquer homem que fosse, talvez eu até relevaria, mas com ele? É muito difícil aceitar. As suas mentiras, sua falta de confiança me leva a crer que eu não sei quem é a mulher que está na minha frente.

— Eu continuo sendo a mesma Maria de sempre.

— Ah Maria – riu – não seja ingênua. Maldita hora que eu resolvi voltar pra esse país, maldita hora! Se eu tivesse te dado ouvidos, hoje não estaria nessa situação.

— A culpa não é sua.

— Em parte, é sim. Eu deveria ter suspeitado. A sua antipatia por Estevão no início, não poderia ser boa coisa. Eu lutei tanto tempo por você, Maria, tanto, mais tanto tempo, e mesmo depois de casados, continuei lutando, pra te perder... Pro mesmo idiota.

— Você acha que eu simplesmente me joguei nos braços dele? Eu não queria, Cláudio, eu juro, mas você é minha maior testemunha do quanto eu o amei. Você sabe muito bem quanto tempo demorou pra que eu esquecesse tudo o que aconteceu e finalmente seguisse minha vida, mas não foi fácil esquecer ele, esquecer o que ele significou na minha vida.

— E eu não significo nada pra você, né?

— Não diga isso! Eu aprendi a amar você, você esteve do meu lado nos momentos mais difíceis pra mim, você cuidou de mim quando eu não tinha mais ninguém, e o principal, você cuidou do Miguel como um pai de verdade, sem se importar se ele era mesmo seu, ou não. Você me fez a mulher mais feliz do mundo, quando me fez mãe de duas meninas lindas. Cláudio, você me salvou, e você não sabe o quão grata a você eu sou.

— Gratidão. Depois de tudo o que fiz, eu só mereço gratidão. Por muito tempo eu te amei por mim e por você, por inúmeras vezes quis jogar tudo por alto e desistir, achando que nunca teria seu amor, mas permaneci no nosso casamento por Miguel, que era um inocente, e por ter esperança que chegaria o dia em que toda essa angústia valeria a pena.

— Valeu. Nós fomos uma família feliz. Tivemos nossos contratempos, mas fomos muito felizes. Mas...

— Mas não sou eu quem você ama, não é do meu lado que você quer estar.

Um silêncio pairou no ar. Um silêncio tão doloroso, que fazia questão de ferir os dois, sem a mínima compaixão.

— Me perdoa.

— Eu não sei posso, Maria. Eu não sei se consigo digerir o que você fez. – Suspirou com pesar, lutando para não dizer aquela bendita frase, mas no fim, sabia que era necessário, não queria se machucar ainda mais: – Se era isso que você queria, se ver livre de mim, você conseguiu. Se considere livre.

— Cláudio, por favor, vamos resolver isso.

— Não tem mais o que resolver, já tá tudo resolvido. Eu não vou mais remar contra a maré. Amanhã eu não volto mais pra casa. – Após a última golada em seu copo d’água, ele começou a caminhar em direção ao andar de cima, mas antes que cruzasse a porta, voltou para dizer-lhe umas últimas palavras: – Já pensou como vai contar isso a ele? Espero que ele não te rejeite como fez anos atrás.

...

Minutos antes do casal sair do quarto em direção à cozinha, as gêmeas, tomadas por curiosidade e angustia por verem os pais numa discussão interminável, confabulavam sobre o porquê da troca de farpas entre os mesmos.

— Ai Giovana, eles não param de brigar, eu nunca os vi assim! – A menina dizia aflita, enquanto se mexia inquieta, na cama da irmã.

— É, eu também nunca vi esses dois assim. Sei não, Juliana, mas acho que isso não vai terminar bem.

— Ah, cala a boca, Giovana! É só uma DR, daqui a pouco eles voltam as boas. Não é o que dizem? O melhor das brigas, são as pazes. – Ela sorriu confiante, enquanto a irmã revirava os olhos diante de tal ingenuidade.

— Escuta, eles saíram do quarto! – Num salto, ela correu até a porta, e a entreabriu. – Ainda estão discutindo, mas não dá pra entender nada.

— Minha mãe disse que é feio escutar atrás da porta. – Falou, também tentando ver algo.

— Então vai lá, e fala pra ela parar de gritar. – Giovana saiu do quarto, e indo até o corredor, pôs-se a tentar escutar o diálogo nada controlado dos pais. – Merda, não dá pra ouvir direito!

— Giovana, entra! – Juliana tentava puxar a irmã de volta para o quarto, mas falhou. – Se eles voltarem, e nos pegarem aqui, estamos ferradas.

— Ai, você é muito medrosa, Juliana, cruzes! – Após olhar a irmã com desdém, Giovana caminhou passo por passo rumo ao quarto dos pais.

— O que você pensa que tá fazendo? – Indagou em desespero.

— Vou dar um jeito de descobrir porque eles estão em pé de guerra, e talvez o motivo daquele chororô.

— Giovana, não faz isso, volta! – Implorou, ainda na porta do quarto da irmã.

— Faz o seguinte, Juliana – a fitou, já perdendo a paciência – fica aí, tá. Se não vai ajudar, não atrapalha. – Uma pequena batida na porta, foi o suficiente para separar as duas de cômodo. – Meu Deus, que garota fresca! – Ela dizia para si mesmo, andando pelo cômodo. – Como é que pode ser tão igual a mim, e tão diferente. Aff.

Giovana começou de pronto a sua investigação, afinal, não tinha muito tempo. Minuciosamente e discretamente, analisou tudo o que seus olhos podiam alcançar, nem mesmo o closet ou o banheiro escaparam da sua busca. Derrotada, a menina voltara para o quarto, sem saber mais onde procurar. Na verdade, ela não sabia o que exatamente estava procurando.

— Minha mãe não seria tão idiota pra deixar alguma coisa comprometedora no próprio quarto. – Declarou, vencida, já no centro do cômodo. – É Giovana, não foi dessa vez, você não vai encontrar nada que você quer achar aqui. A não ser – seu entusiasmo voltara ao avistar o celular da mãe aceso sobre a cama – que por mero acaso, eu encontre uma conversa perigosa no telefone da minha mamãe.

Enquanto a confusão ainda rolava no andar debaixo, Giovana, astuta como sempre, pôs-se a averiguar o celular da mãe, em busca de mais algum segredo, ou de algo que fosse realmente revelador.

— Vamos lá, vamos lá. – Deitada na cama, Giovana começou a fuçar o aparelho com maestria, como se o mesmo fosse seu. – Primeiro, vamos à conversa de Estêvão. Hum – logo encontrou o contato, e abriu a conversa – nossa, a última mensagem é de dois dias atrás, até eu converso mais com meus ficantes.

Estêvão 21:37

Queria ver vc, tô com saudades.

Maria 21:49

Hj não dá. Tô com uns problemas aqui em casa. Eu te ligo quando der. Bjs, amo vc ♥️

— Caramba, mais seco que isso, só a empada que a Juliana faz, pelo menos colocou um coração. – Voltando para a tela principal do aplicativo, ela continuou sua busca por respostas. – Nada de mais aqui, vamos ver a conversa com meu pai. Hum – repetindo o ato anterior, entrou na conversa com o pai – última conversa há uma semana. Assim não dá, né!

Cláudio 17:28

Vou chegar tarde, reunião de última hora. Não me espere pra dormir.

Maria 17:30

Ok. Toma cuidado ao voltar.

— Só faltou pedir pra trazer um leite ou um pão. – Revirou os olhos. – Quem mais pode me dar alguma informação? Ah, Fabíola! Vamos ver. – Logo encontrou a tia nos contatos da mãe. – Cinco semanas. Entendo que minha mãe não tenha assunto com essa cobra, mas vai que...

Fabíola 11:14

Daqui a pouco vamos ter reunião sobre o próximo lançamento.

Maria 11:41

Não precisa me avisar, sei dos meus compromissos.

— Toma! Ai, eu amo minha mãe, sempre colocando essa mal amada no lugar dela. - Após uma curta sessão de risos, tornou-se séria, e mais uma vez, vencida. – E mais uma vez, nada. Ninguém quer me ajudar, e Miguel não para de mandar mensagens! – Falou mais alto, irada com o irmão, por atrapalhá-la.

Sem mais opções, Giovana permaneceu ali por alguns segundos, enquanto seu irmão ainda mandava mensagens para o celular que estava na sua mão. Foi então, que sua mente voltou a funcionar.

— Vamos ver se eu acho pelo menos o motivo da briga daquele dia. – Com cuidado, para não responder nada, ela passou a rolar a conversa, encontrando diversos assuntos. – Nossa, como esses dois são frescos. Vídeos fofos, mensagens bonitinhas, carinhas. Affs, eu mereço, viu. – Revirou os olhos. – Espera, parece que os ânimos estão alterados por aqui. Não vai dar tempo de ler tudo isso. Deixa eu enviar pro meu e-mail antes que eles voltem. Enviando... Prontinho, agora é só ler e saborear.

Giovana ainda ouvia algum som vindo do primeiro andar, porém um pouco mais controlado. Ao entrar em seu quarto, encontrou a irmã em sua cama, inquieta, provavelmente, aguardando seu retorno.

— Até que enfim! – Foi ao seu encontro. – Descobriu alguma coisa?

— Não, e já pode sair do meu quarto, né.

— Espera aí, Giovana!

— Tchau, Juliana!

Antes mesmo que Juliana pudesse falar mais alguma coisa, Giovana bateu a porta, deixando-a resmungando qualquer coisa do lado de fora.

Já na sua cama, a menina rebelde e curiosa, abriu seu e-mail, e sem demora, começou a procurar algo que a deixasse, sobremaneira, boquiaberta.

— Por favor Miguel, não me decepcione, você é minha última esperança. Vamos lá.

Ignorando algumas mensagens que, segundo ela, eram bobas, finalmente seus olhos se chocaram com alguns escritos que chamaram muito a sua atenção.

Maria 19:22

Miguel, precisamos conversar.

19:26

Miguel! Me responde, eu vi que vc visualizou.

19:28

Miguel!

19:30

Miguel!!!

Miguel 19:31

O que vc quer? Continuar inventando desculpas, se fazendo de vítima?

Maria 19:32

Por favor, filho, tenta me entender, eu tive medo dessa sua reação.

Miguel 19:33

Não, Maria. O seu medo era que eu te julgasse por ter se envolvido de novo com um homem que só te fez mal.

Maria 19:35

O que vc pretende? Ficar nessa birra pra sempre? Eu sabia que quando vc soubesse a verdade sobre Estêvão, essa seria sua reação. Essa vai ser a reação de todos: do seu pai, das suas irmãs e até mesmo dele. No fim da história, eu vou continua sendo a mal vista.

Miguel 19:37

Eu não tenho nada a ver com a reação de terceiros, eu só queria que a minha mãe fosse sincera, como sempre foi. Se vc tivesse dito desde o início que Estêvão é o meu verdadeiro pai, não precisaríamos chegar a esse ponto.

19:40

Maria?

19:44

Maria????

19:50

Maria, cadê vc? Eu tô vendo que vc tá on line!!

19:53

Será que dá pra responder???

— Não – riu, sem acreditar no que acabara de ler – não, isso não é verdade. Miguel... Filho do Estêvão?  Isso só pode ser brincadeira. – Ela fixou seus olhos no celular. – Eles não parecem estar brincando. Meu Deus! Eu não acredito nisso. Miguel é filho do Estêvão.

...

A noite havia passado lentamente para todos. Os moradores da mansão mal conseguiram pregar os olhos, cada um tinha um motivo específico. Não houve um segundo sequer em que o arrependimento parasse de rondar a mente de Giovana. Tanto quis, e finalmente havia descoberto o maior segredo de sua mãe. A menina estava se sentindo a pior das espécies.

— Bom dia Estêvão – como costumeiro, ela entrou em sua sala, mas dessa vez, era a formalidade em pessoa – trouxe esses papéis pra você dar uma olhada, e vim pegar os que meu pai pediu.

— Bom dia, Giovana. Tá tudo bem? – A olhou, estranhando sua forma de agir.

— Sim, tudo bem. Por quê?

— Você tá diferente. Não fez nenhuma das suas brincadeiras.

— Estou normal, você que tá vendo coisas. Pode me passar os papéis.

— Aqui estão.

— Obrigada. Com licença.

Uma pulga se instalou atrás da orelha de Estêvão, e assim que a meninas saiu, ele pegou seu celular, a fim de ligar para Maria, para saber se realmente estava tudo bem.

— Oi Maria, espero não estar te atrapalhando, mas é que aconteceu algo estranho aqui na empresa nesse exato momento.

— Oi Estêvão, pode falar, você nunca atrapalha, meu amor. Mas tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou com uma leve preocupação na voz.

— Tudo bem, tirando a saudade, tá tudo bem. Escuta, aconteceu alguma coisa com a Giovana? Ela entrou na minha sala, séria, não fez nenhuma brincadeira, não deu em cima de mim.

— Com a Giovana? Não que eu saiba. Ela estava aparentemente normal hoje de manhã.

— Ela não estava com a cara muito boa. Parecia estar meio triste, parecia que tinha chorado, até.

— Só se for por ontem. Cláudio e eu tivemos uma briga daquelas, e provavelmente as duas ouviram alguma coisa, mas vir a chorar? Isso combina mais com Juliana, mas vou ficar de olho. Esses últimos dias mal tenho dado atenção a elas.

— Faça isso, ela deve tá precisando do carinho da mãe.

— Pode ser que seja isso. Giovana não é do tipo que frágil, que quer ser abraçada o tempo todo, mas eu sei que ela precisa de atenção. Vou conversar com ela quando chegar em casa. Obrigada por me comunicar.

— É meu papel como futuro padrasto, zelar pelo bem estar dos meus enteados. Quero ter um bom relacionamento com os três. – Riu.

— Eu espero muito que vocês quatro se dêem bem. – Falou um pouco mais séria, ao se lembrar da conversa da noite anterior. – Eu vou ser a mulher mais feliz do mundo se vir harmonia na minha casa.

— E vai ter, você vai ver. Bom, vou deixar você trabalhar, e vou trabalhar também. Tô morrendo de saudades, quero muito te ver. Te amo!

— Também te amo! Também quero ver você!

...

Carregada por uma enorme tensão, Giovana entrou na sala do pai abatida, deprimida e um tanto melancólica. Por mais que quisesse demonstrar que era forte, existia algo dentro dela que a impedia, e mais cedo ou mais tarde, acabaria desabando.

— Aqui estão os papéis que você pediu que eu pegasse na sala do Estevão, pai. – Disse com a voz chorosa, sem conseguir olhar nos olhos dele.

— Giovana, aconteceu alguma coisa filha? – Preocupado por ver uma Giovana tão incomum na sua frente, Cláudio saiu do seu lugar, e foi até ela.

— Pai...

E foi nesse momento que ela desmoronou em lágrimas. Se jogando em cima do pai, Giovana pôs-se a chorar inconsolável. Cláudio, sem entender, somente abraçou a filha, sem enchê-la de perguntas, só queria ser presente nos momentos ruins das filhas, como sempre fora .

— Eu sou uma idiota, estúpida, pai! – Ela tentava conter o choro.

— Não fala isso, você não é uma idiota.

— Eu sou sim. Eu me meti no meio da minha mãe e do Estevão, sem saber o que um representava para o outro.

— Como assim, Giovana?

— Eu sou apaixonada por ele, e quis me meter no meio dos dois pra tentar separá-los.

— Que história mais sem pé e sem cabeça é essa, Giovana? Eu vou matar essa canalha! Não bastou ter seduzido minha esposa, foi na minha filha também! – Já em posição, Cláudio estava prestes a sair da sala, mas foi impedido pela filha.

— Espera pai! Ele não tem culpa nenhuma, a culpa é toda minha. Fui eu que me apaixonei por ele, mas ele só tinha, tem olhos pra minha mãe. Eu atormentei ele, e agora que eu descobri o que ele significa na vida da minha mãe, tô me sentindo muito mal.

— Será que você pode ser mais clara?

— Eu sei de tudo. Quer dizer, quase tudo, mas sei o mais importante: Miguel não é seu filho.

Nesse momento Cláudio ficara branco como um papel, e sem ter noção do que falar.

— Eu sabia que estávamos falando alto demais. Sabia que vocês iam acabar descobrindo alguma coisa.

— Como eu descobri, não importa. O que foi ele fez pra ele ter se casado com você, pai?

— Como assim, Giovana? – Ele estava totalmente sem jeito, não sabia ao certo como conduzir a conversa.

— Você e minha mãe se casaram porque ele fez algo muito horrível, vocês não se casaram porque se amavam, como eu pensei a minha vida inteira.

Sem ter para onde correr, Cláudio tomou coragem e começou a contar a história para a filha. Não houve muita surpresa na expressão de Giovana, já que ela sabia de quase toda história. Sua fisionomia só mudou mesmo quando ouviu os motivos pelo qual Estêvão pedia perdão a mãe mas cartas. Agora, tudo fazia sentido.

— E essa é a história desse triângulo amoroso. – Concluiu.

— Vocês deviam ter contado isso pra mim e pra Juliana. Nós crescemos pensando uma coisa, e agora descubro que o passado minha família está baseado em mentiras.

— Essa não é a história preferida da sua mãe. Até ontem eu não fazia ideia de quem era Estêvão San Roman, agora, do nada,  descubro que ele não só roubou a minha esposa, ele também é pai do filho que eu criei.

— Você sabe que não tem chances, né? - Comentou, já estabilizada.

— Eu sei, e nem vou lutar. Amo sua mãe com todas as forças, mas não adianta, é como dar murro em ponta de faca. E não sei se consigo perdoá-la.

— Estêvão sabe do Miguel?

— Não, e não sei quando sua mãe pretende contar, se é que ela vai contar.

— Entendo. Pai, será que eu poderia dar uma saidinha.

— Claro.

— Te amo, tá.

— Eu te amo mais, meu amor.

...

Maria havia chegado há alguns segundos na casa, e a encontrou vazia, mas foi até a sala de jantar, já que tinha sido convocada para um almoço naquela tarde. Não se passou dez minutos, e Giovana também havia chegado, e então, fazia companhia para a mãe à mesa.

— Fiquei assustada quando recebi sua ligação. O que houve? Estevão também te achou estranha.

— Por que não contou a verdade desde o início? – Foi direta.

— Tá falando das cartas que você roubou do Estevão?

— Tô falando do Estevão ser o verdadeiro pai do Miguel.



 


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