Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi
“Crepúsculos, alvoradas
Vivendo o sonho, observando as folhas
Mudando as estações
Algumas noites eu penso em você
Revivendo o passado, desejando que tivesse durado
Desejando e sonhando.
Estações, elas vão mudar
A vida vai fazer você crescer
Os sonhos vai fazer você chorar, chorar, chorar
Tudo é temporário
Tudo vai passar
O amor nunca morrerá, morrerá, morrerá.”
Imagine Dragons – Birds
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Levou ainda alguns segundos para que Cláudio digerisse a informação que lhe fora dada. Um filme parecia passar em sua cabeça. Perguntas e mais perguntas pairavam sobre o ar, mas um grande incômodo se instalara quando se deu conta de que havia apenas uma resposta para todas aquelas indagações, e o pior: a resposta era ainda mais dura do que ele podia esperar.
— Estevão San Roman, María? – Perguntou calmo, mas não menos indignado. – Você tá me dizendo que o pai do Miguel é Estevão San Roman?
— Eu sei o que você deve tá pensando, mas... – Ela fora interrompida por ele ao sair de cima da cama, antes mesmo de se aproximar.
— Esse imbecil esteve o tempo todo do nosso lado, e só agora você me diz que é ele? – Gritou, apontando em direção à antiga casa do sócio.
— Deixa eu me explicar! – Foi a vez dela falar alto.
— Não tem explicação pra o que você fez, Maria! Você tem noção disso? – Revoltado, Cláudio deu as costas para ela, caminhou até a porta , mas logo voltou. – Como você foi capaz? Você não me traiu apenas com o meu sócio, amigo e marido da sua irmã, você me traiu com o canalha que desgraçou a sua vida!
— Eu sei! Tudo que você vai falar, eu já sei de cor e decorado. Como você acha que eu me sinto diante disso?
— Ah, como eu vou saber? Talvez como sendo a vítima da história, né. – Debochou. – Que decepção, viu. Se eu fosse listar agora todos os nomes que você mereceria ouvir, Maria...
— Vamos lá, diga. – Ela abriu os braços, pronta para receber qualquer palavra dura da parte dele. – E se te fizer sentir melhor também, pode me bater, juro que não vou reagir, você está no seu direito.
— Nem se eu te matasse, aqui e agora, seria o bastante diante do que você fez, Maria.
Ignorando as palavras irrelevantes da esposa, Cláudio simplesmente maneou a cabeça, como em negação, e a deixou sozinha no quarto, ela, porém, não se deu por vencida, e o seguiu, chamando por seu nome.
— Cláudio, me espera!
Maria o seguia quase correndo, chamando-o num tom ameno, para não atrair a atenção das filhas e de quem mais pudesse estar ouvindo-a, mas foi em vão, já que Cláudio não estava para asunto, pelo contrato, só queria se distanciar o máximo dela. E enfim, os dois pararam na cozinha.
— Será que dá pra você parar, e me escutar? – Exigiu.
— Escutar o quê? Suas desculpas não vão tornar a sua mal caratisse aceitável, Maria!
— Eu não quero me justificar, eu quero conversar com você.
— Você teve o tempo todo pra abrir o jogo, e agora vai querer esclarecer as coisas? Não tá meio tarde? – Perguntou enquanto enchia um copo com água.
— Eu sei que nada que eu disser vai amenizar isso, mas me deixa falar, por favor! Eu não mereço um voto de confiança?
— Na verdade, não. – Bateu a porta da geladeira com certa força. – Se você me traísse com qualquer homem que fosse, talvez eu até relevaria, mas com ele? É muito difícil aceitar. As suas mentiras, sua falta de confiança me leva a crer que eu não sei quem é a mulher que está na minha frente.
— Eu continuo sendo a mesma Maria de sempre.
— Ah Maria – riu – não seja ingênua. Maldita hora que eu resolvi voltar pra esse país, maldita hora! Se eu tivesse te dado ouvidos, hoje não estaria nessa situação.
— A culpa não é sua.
— Em parte, é sim. Eu deveria ter suspeitado. A sua antipatia por Estevão no início, não poderia ser boa coisa. Eu lutei tanto tempo por você, Maria, tanto, mais tanto tempo, e mesmo depois de casados, continuei lutando, pra te perder... Pro mesmo idiota.
— Você acha que eu simplesmente me joguei nos braços dele? Eu não queria, Cláudio, eu juro, mas você é minha maior testemunha do quanto eu o amei. Você sabe muito bem quanto tempo demorou pra que eu esquecesse tudo o que aconteceu e finalmente seguisse minha vida, mas não foi fácil esquecer ele, esquecer o que ele significou na minha vida.
— E eu não significo nada pra você, né?
— Não diga isso! Eu aprendi a amar você, você esteve do meu lado nos momentos mais difíceis pra mim, você cuidou de mim quando eu não tinha mais ninguém, e o principal, você cuidou do Miguel como um pai de verdade, sem se importar se ele era mesmo seu, ou não. Você me fez a mulher mais feliz do mundo, quando me fez mãe de duas meninas lindas. Cláudio, você me salvou, e você não sabe o quão grata a você eu sou.
— Gratidão. Depois de tudo o que fiz, eu só mereço gratidão. Por muito tempo eu te amei por mim e por você, por inúmeras vezes quis jogar tudo por alto e desistir, achando que nunca teria seu amor, mas permaneci no nosso casamento por Miguel, que era um inocente, e por ter esperança que chegaria o dia em que toda essa angústia valeria a pena.
— Valeu. Nós fomos uma família feliz. Tivemos nossos contratempos, mas fomos muito felizes. Mas...
— Mas não sou eu quem você ama, não é do meu lado que você quer estar.
Um silêncio pairou no ar. Um silêncio tão doloroso, que fazia questão de ferir os dois, sem a mínima compaixão.
— Me perdoa.
— Eu não sei posso, Maria. Eu não sei se consigo digerir o que você fez. – Suspirou com pesar, lutando para não dizer aquela bendita frase, mas no fim, sabia que era necessário, não queria se machucar ainda mais: – Se era isso que você queria, se ver livre de mim, você conseguiu. Se considere livre.
— Cláudio, por favor, vamos resolver isso.
— Não tem mais o que resolver, já tá tudo resolvido. Eu não vou mais remar contra a maré. Amanhã eu não volto mais pra casa. – Após a última golada em seu copo d’água, ele começou a caminhar em direção ao andar de cima, mas antes que cruzasse a porta, voltou para dizer-lhe umas últimas palavras: – Já pensou como vai contar isso a ele? Espero que ele não te rejeite como fez anos atrás.
...
Minutos antes do casal sair do quarto em direção à cozinha, as gêmeas, tomadas por curiosidade e angustia por verem os pais numa discussão interminável, confabulavam sobre o porquê da troca de farpas entre os mesmos.
— Ai Giovana, eles não param de brigar, eu nunca os vi assim! – A menina dizia aflita, enquanto se mexia inquieta, na cama da irmã.
— É, eu também nunca vi esses dois assim. Sei não, Juliana, mas acho que isso não vai terminar bem.
— Ah, cala a boca, Giovana! É só uma DR, daqui a pouco eles voltam as boas. Não é o que dizem? O melhor das brigas, são as pazes. – Ela sorriu confiante, enquanto a irmã revirava os olhos diante de tal ingenuidade.
— Escuta, eles saíram do quarto! – Num salto, ela correu até a porta, e a entreabriu. – Ainda estão discutindo, mas não dá pra entender nada.
— Minha mãe disse que é feio escutar atrás da porta. – Falou, também tentando ver algo.
— Então vai lá, e fala pra ela parar de gritar. – Giovana saiu do quarto, e indo até o corredor, pôs-se a tentar escutar o diálogo nada controlado dos pais. – Merda, não dá pra ouvir direito!
— Giovana, entra! – Juliana tentava puxar a irmã de volta para o quarto, mas falhou. – Se eles voltarem, e nos pegarem aqui, estamos ferradas.
— Ai, você é muito medrosa, Juliana, cruzes! – Após olhar a irmã com desdém, Giovana caminhou passo por passo rumo ao quarto dos pais.
— O que você pensa que tá fazendo? – Indagou em desespero.
— Vou dar um jeito de descobrir porque eles estão em pé de guerra, e talvez o motivo daquele chororô.
— Giovana, não faz isso, volta! – Implorou, ainda na porta do quarto da irmã.
— Faz o seguinte, Juliana – a fitou, já perdendo a paciência – fica aí, tá. Se não vai ajudar, não atrapalha. – Uma pequena batida na porta, foi o suficiente para separar as duas de cômodo. – Meu Deus, que garota fresca! – Ela dizia para si mesmo, andando pelo cômodo. – Como é que pode ser tão igual a mim, e tão diferente. Aff.
Giovana começou de pronto a sua investigação, afinal, não tinha muito tempo. Minuciosamente e discretamente, analisou tudo o que seus olhos podiam alcançar, nem mesmo o closet ou o banheiro escaparam da sua busca. Derrotada, a menina voltara para o quarto, sem saber mais onde procurar. Na verdade, ela não sabia o que exatamente estava procurando.
— Minha mãe não seria tão idiota pra deixar alguma coisa comprometedora no próprio quarto. – Declarou, vencida, já no centro do cômodo. – É Giovana, não foi dessa vez, você não vai encontrar nada que você quer achar aqui. A não ser – seu entusiasmo voltara ao avistar o celular da mãe aceso sobre a cama – que por mero acaso, eu encontre uma conversa perigosa no telefone da minha mamãe.
Enquanto a confusão ainda rolava no andar debaixo, Giovana, astuta como sempre, pôs-se a averiguar o celular da mãe, em busca de mais algum segredo, ou de algo que fosse realmente revelador.
— Vamos lá, vamos lá. – Deitada na cama, Giovana começou a fuçar o aparelho com maestria, como se o mesmo fosse seu. – Primeiro, vamos à conversa de Estêvão. Hum – logo encontrou o contato, e abriu a conversa – nossa, a última mensagem é de dois dias atrás, até eu converso mais com meus ficantes.
Estêvão 21:37
Queria ver vc, tô com saudades.
Maria 21:49
Hj não dá. Tô com uns problemas aqui em casa. Eu te ligo quando der. Bjs, amo vc ♥️
— Caramba, mais seco que isso, só a empada que a Juliana faz, pelo menos colocou um coração. – Voltando para a tela principal do aplicativo, ela continuou sua busca por respostas. – Nada de mais aqui, vamos ver a conversa com meu pai. Hum – repetindo o ato anterior, entrou na conversa com o pai – última conversa há uma semana. Assim não dá, né!
Cláudio 17:28
Vou chegar tarde, reunião de última hora. Não me espere pra dormir.
Maria 17:30
Ok. Toma cuidado ao voltar.
— Só faltou pedir pra trazer um leite ou um pão. – Revirou os olhos. – Quem mais pode me dar alguma informação? Ah, Fabíola! Vamos ver. – Logo encontrou a tia nos contatos da mãe. – Cinco semanas. Entendo que minha mãe não tenha assunto com essa cobra, mas vai que...
Fabíola 11:14
Daqui a pouco vamos ter reunião sobre o próximo lançamento.
Maria 11:41
Não precisa me avisar, sei dos meus compromissos.
— Toma! Ai, eu amo minha mãe, sempre colocando essa mal amada no lugar dela. - Após uma curta sessão de risos, tornou-se séria, e mais uma vez, vencida. – E mais uma vez, nada. Ninguém quer me ajudar, e Miguel não para de mandar mensagens! – Falou mais alto, irada com o irmão, por atrapalhá-la.
Sem mais opções, Giovana permaneceu ali por alguns segundos, enquanto seu irmão ainda mandava mensagens para o celular que estava na sua mão. Foi então, que sua mente voltou a funcionar.
— Vamos ver se eu acho pelo menos o motivo da briga daquele dia. – Com cuidado, para não responder nada, ela passou a rolar a conversa, encontrando diversos assuntos. – Nossa, como esses dois são frescos. Vídeos fofos, mensagens bonitinhas, carinhas. Affs, eu mereço, viu. – Revirou os olhos. – Espera, parece que os ânimos estão alterados por aqui. Não vai dar tempo de ler tudo isso. Deixa eu enviar pro meu e-mail antes que eles voltem. Enviando... Prontinho, agora é só ler e saborear.
Giovana ainda ouvia algum som vindo do primeiro andar, porém um pouco mais controlado. Ao entrar em seu quarto, encontrou a irmã em sua cama, inquieta, provavelmente, aguardando seu retorno.
— Até que enfim! – Foi ao seu encontro. – Descobriu alguma coisa?
— Não, e já pode sair do meu quarto, né.
— Espera aí, Giovana!
— Tchau, Juliana!
Antes mesmo que Juliana pudesse falar mais alguma coisa, Giovana bateu a porta, deixando-a resmungando qualquer coisa do lado de fora.
Já na sua cama, a menina rebelde e curiosa, abriu seu e-mail, e sem demora, começou a procurar algo que a deixasse, sobremaneira, boquiaberta.
— Por favor Miguel, não me decepcione, você é minha última esperança. Vamos lá.
Ignorando algumas mensagens que, segundo ela, eram bobas, finalmente seus olhos se chocaram com alguns escritos que chamaram muito a sua atenção.
Maria 19:22
Miguel, precisamos conversar.
19:26
Miguel! Me responde, eu vi que vc visualizou.
19:28
Miguel!
19:30
Miguel!!!
Miguel 19:31
O que vc quer? Continuar inventando desculpas, se fazendo de vítima?
Maria 19:32
Por favor, filho, tenta me entender, eu tive medo dessa sua reação.
Miguel 19:33
Não, Maria. O seu medo era que eu te julgasse por ter se envolvido de novo com um homem que só te fez mal.
Maria 19:35
O que vc pretende? Ficar nessa birra pra sempre? Eu sabia que quando vc soubesse a verdade sobre Estêvão, essa seria sua reação. Essa vai ser a reação de todos: do seu pai, das suas irmãs e até mesmo dele. No fim da história, eu vou continua sendo a mal vista.
Miguel 19:37
Eu não tenho nada a ver com a reação de terceiros, eu só queria que a minha mãe fosse sincera, como sempre foi. Se vc tivesse dito desde o início que Estêvão é o meu verdadeiro pai, não precisaríamos chegar a esse ponto.
19:40
Maria?
19:44
Maria????
19:50
Maria, cadê vc? Eu tô vendo que vc tá on line!!
19:53
Será que dá pra responder???
— Não – riu, sem acreditar no que acabara de ler – não, isso não é verdade. Miguel... Filho do Estêvão? Isso só pode ser brincadeira. – Ela fixou seus olhos no celular. – Eles não parecem estar brincando. Meu Deus! Eu não acredito nisso. Miguel é filho do Estêvão.
...
A noite havia passado lentamente para todos. Os moradores da mansão mal conseguiram pregar os olhos, cada um tinha um motivo específico. Não houve um segundo sequer em que o arrependimento parasse de rondar a mente de Giovana. Tanto quis, e finalmente havia descoberto o maior segredo de sua mãe. A menina estava se sentindo a pior das espécies.
— Bom dia Estêvão – como costumeiro, ela entrou em sua sala, mas dessa vez, era a formalidade em pessoa – trouxe esses papéis pra você dar uma olhada, e vim pegar os que meu pai pediu.
— Bom dia, Giovana. Tá tudo bem? – A olhou, estranhando sua forma de agir.
— Sim, tudo bem. Por quê?
— Você tá diferente. Não fez nenhuma das suas brincadeiras.
— Estou normal, você que tá vendo coisas. Pode me passar os papéis.
— Aqui estão.
— Obrigada. Com licença.
Uma pulga se instalou atrás da orelha de Estêvão, e assim que a meninas saiu, ele pegou seu celular, a fim de ligar para Maria, para saber se realmente estava tudo bem.
— Oi Maria, espero não estar te atrapalhando, mas é que aconteceu algo estranho aqui na empresa nesse exato momento.
— Oi Estêvão, pode falar, você nunca atrapalha, meu amor. Mas tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou com uma leve preocupação na voz.
— Tudo bem, tirando a saudade, tá tudo bem. Escuta, aconteceu alguma coisa com a Giovana? Ela entrou na minha sala, séria, não fez nenhuma brincadeira, não deu em cima de mim.
— Com a Giovana? Não que eu saiba. Ela estava aparentemente normal hoje de manhã.
— Ela não estava com a cara muito boa. Parecia estar meio triste, parecia que tinha chorado, até.
— Só se for por ontem. Cláudio e eu tivemos uma briga daquelas, e provavelmente as duas ouviram alguma coisa, mas vir a chorar? Isso combina mais com Juliana, mas vou ficar de olho. Esses últimos dias mal tenho dado atenção a elas.
— Faça isso, ela deve tá precisando do carinho da mãe.
— Pode ser que seja isso. Giovana não é do tipo que frágil, que quer ser abraçada o tempo todo, mas eu sei que ela precisa de atenção. Vou conversar com ela quando chegar em casa. Obrigada por me comunicar.
— É meu papel como futuro padrasto, zelar pelo bem estar dos meus enteados. Quero ter um bom relacionamento com os três. – Riu.
— Eu espero muito que vocês quatro se dêem bem. – Falou um pouco mais séria, ao se lembrar da conversa da noite anterior. – Eu vou ser a mulher mais feliz do mundo se vir harmonia na minha casa.
— E vai ter, você vai ver. Bom, vou deixar você trabalhar, e vou trabalhar também. Tô morrendo de saudades, quero muito te ver. Te amo!
— Também te amo! Também quero ver você!
...
Carregada por uma enorme tensão, Giovana entrou na sala do pai abatida, deprimida e um tanto melancólica. Por mais que quisesse demonstrar que era forte, existia algo dentro dela que a impedia, e mais cedo ou mais tarde, acabaria desabando.
— Aqui estão os papéis que você pediu que eu pegasse na sala do Estevão, pai. – Disse com a voz chorosa, sem conseguir olhar nos olhos dele.
— Giovana, aconteceu alguma coisa filha? – Preocupado por ver uma Giovana tão incomum na sua frente, Cláudio saiu do seu lugar, e foi até ela.
— Pai...
E foi nesse momento que ela desmoronou em lágrimas. Se jogando em cima do pai, Giovana pôs-se a chorar inconsolável. Cláudio, sem entender, somente abraçou a filha, sem enchê-la de perguntas, só queria ser presente nos momentos ruins das filhas, como sempre fora .
— Eu sou uma idiota, estúpida, pai! – Ela tentava conter o choro.
— Não fala isso, você não é uma idiota.
— Eu sou sim. Eu me meti no meio da minha mãe e do Estevão, sem saber o que um representava para o outro.
— Como assim, Giovana?
— Eu sou apaixonada por ele, e quis me meter no meio dos dois pra tentar separá-los.
— Que história mais sem pé e sem cabeça é essa, Giovana? Eu vou matar essa canalha! Não bastou ter seduzido minha esposa, foi na minha filha também! – Já em posição, Cláudio estava prestes a sair da sala, mas foi impedido pela filha.
— Espera pai! Ele não tem culpa nenhuma, a culpa é toda minha. Fui eu que me apaixonei por ele, mas ele só tinha, tem olhos pra minha mãe. Eu atormentei ele, e agora que eu descobri o que ele significa na vida da minha mãe, tô me sentindo muito mal.
— Será que você pode ser mais clara?
— Eu sei de tudo. Quer dizer, quase tudo, mas sei o mais importante: Miguel não é seu filho.
Nesse momento Cláudio ficara branco como um papel, e sem ter noção do que falar.
— Eu sabia que estávamos falando alto demais. Sabia que vocês iam acabar descobrindo alguma coisa.
— Como eu descobri, não importa. O que foi ele fez pra ele ter se casado com você, pai?
— Como assim, Giovana? – Ele estava totalmente sem jeito, não sabia ao certo como conduzir a conversa.
— Você e minha mãe se casaram porque ele fez algo muito horrível, vocês não se casaram porque se amavam, como eu pensei a minha vida inteira.
Sem ter para onde correr, Cláudio tomou coragem e começou a contar a história para a filha. Não houve muita surpresa na expressão de Giovana, já que ela sabia de quase toda história. Sua fisionomia só mudou mesmo quando ouviu os motivos pelo qual Estêvão pedia perdão a mãe mas cartas. Agora, tudo fazia sentido.
— E essa é a história desse triângulo amoroso. – Concluiu.
— Vocês deviam ter contado isso pra mim e pra Juliana. Nós crescemos pensando uma coisa, e agora descubro que o passado minha família está baseado em mentiras.
— Essa não é a história preferida da sua mãe. Até ontem eu não fazia ideia de quem era Estêvão San Roman, agora, do nada, descubro que ele não só roubou a minha esposa, ele também é pai do filho que eu criei.
— Você sabe que não tem chances, né? - Comentou, já estabilizada.
— Eu sei, e nem vou lutar. Amo sua mãe com todas as forças, mas não adianta, é como dar murro em ponta de faca. E não sei se consigo perdoá-la.
— Estêvão sabe do Miguel?
— Não, e não sei quando sua mãe pretende contar, se é que ela vai contar.
— Entendo. Pai, será que eu poderia dar uma saidinha.
— Claro.
— Te amo, tá.
— Eu te amo mais, meu amor.
...
Maria havia chegado há alguns segundos na casa, e a encontrou vazia, mas foi até a sala de jantar, já que tinha sido convocada para um almoço naquela tarde. Não se passou dez minutos, e Giovana também havia chegado, e então, fazia companhia para a mãe à mesa.
— Fiquei assustada quando recebi sua ligação. O que houve? Estevão também te achou estranha.
— Por que não contou a verdade desde o início? – Foi direta.
— Tá falando das cartas que você roubou do Estevão?
— Tô falando do Estevão ser o verdadeiro pai do Miguel.
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