Sete dias de natal escrita por Lily


Capítulo 7
Santa come for us


Notas iniciais do capítulo

Casal: Amy Santiago e Jake Peralta (Peraltiago)
Série: Brooklyn nine-nine (2013 - presente)
Música: "Cante para a lua, liberte
Você é o anjo no topo da minha árvore."



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Amy amava o natal. 

Amava o cheiro dos pinheiros e a neve caindo, cobrindo as ruas como um cobertor branco e macio. Amava selecionar os presentes (obviamente com meses de antecedência) e embrulhá-los com papéis coloridos. Ela sabia exatamente o que cada um dos seus amigos gostaria de ganhar porque havia passado o ano inteiro em uma preparação secreta, Jake sabia sobre o fichário que ela escondia no armário, mas como sempre ele havia respeitado seus limites e até comprado marcadores coloridos para ela. 

Entretanto naquele ano, a véspera de natal estava tinha mais expectativa no ar do que nos anos anteriores. Amy nunca havia se sentido tão ansiosa como naquele momento, era como se seu coração fosse sair pela boca e pular em seu colo. Jake não parecia nervoso como ela, o que era uma surpresa já que geralmente era ele quem acabava estrag1ando tudo por sua boca grande e necessidade de atenção, coisa que os dois pareciam compartilhar. 

Elena estava no sofá brincando com seus carrinhos e bonecas esperando pacientemente que eles terminassem de se arrumar, Amy observou a filha em seu vestido verde e a tiara com galhas de rena que havia comprado com Jake no início do dia. Elena havia puxado o gosto por roupas de Jake, se Amy deixasse sua filha só sairia com blusas xadrez e casaco de moletom. O que era fofo no início, mas havia se tornando insuportável depois que ela percebeu que estava enjoando de xadrez, embora nas últimas semanas ela estivesse enjoando de tudo e todos.

—Mamãe, o papai já vem? Vamos nos atrasar. - Elena resmungou olhando agitada para ela. Amy sempre percebeu que Elena havia puxado algumas manias suas e a principal delas era tentar manter Jake dentro do horário, porque horários tinham que ser mantidos. 

—Não se atrasa a perfeição. - Jake disse entrando na sala com seu sorriso arrogante. Amy revirou os olhos antes de seguir até o sofá e pegar seu casaco, ela não podia negar que ele estava extremamente elegante e ridiculamente bonito, típico de Jake.

—Papai, você está lindo. - Elena disse sorrindo para ele. - Como um boneco de neve. 

—E você está tão linda como um anjo. - ele afirmou fazendo-a rir. - Por isso que você é o anjo do topo da minha árvore. 

—Você tem nosso roteiro? - Amy indagou vestindo o casaco de cor caramelo e interromper aquela sessão de elogios que duraria o resto da noite. Jake assentiu e recitou em voz alta a lista que ela havia feito semanas antes.

—Primeiro passamos na casa de Gina porque será mais fácil sair se dissermos que ainda temos que ir para casa de Terry, então vamos a casa de Terry, entregamos os presentes das crianças, eu tiro uma foto com Ava e partimos para casa de Charles, evitamos comer dizendo que havíamos comido na casa de Terry e depois de negar educadamente todas as ofertas de comida nos despedimos e partimos para casa de seus pais já famintos e ansiando por comida de verdade. 

Amy riu balançando de leve a cabeça diante da fala de Jake que ainda exibia seu sorriso presunçoso. 

—Vamos Elena, temos um horário já estamos atrasados por culpa do papai. 

—Eu já disse que não se atrasa a perfeição. - Jake resmungou erguendo Elena do sofá e caminhando até a porta. 

—Sr. Atlas! - Elena exclamou apontando para o coelho de pelúcia que estava no sofá, seu brinquedo favorito desde que era um bebê recém-nascido. 

—Eu pego. - Amy avisou voltando para pegar o coelho, mas quando estava perto da porta as luzes subitamente se apagaram deixando-os no breu. Amy rapidamente pegou o celular e ligou a lanterna iluminando a sala e o rosto confuso de Jake. 

—Mas que merda! - alguém gritou no andar de cima. Amy ouviu passos agitados vindo de todos os lados atravessando corredores e descendo as escadas, Jake a entregou Elena e pegou o próprio celular. 

—Vou ver o que está acontecendo, fique aqui dentro. - ele ordenou saindo pela porta e fechando-a. Amy colocou Elena no chão e girou a tranca para a sua segurança. 

—Mamãe, a gente não vai mais para casa da vovó? 

—Claro que sim. Logo a luz vai voltar e iremos para casa da vovó. - Amy assegurou passando a mão pelo cabelo ondulado de Elena. - Mas que tal irmos procurar algumas lanternas e velas para manter o apartamento iluminando, em? 

Elena assentiu e segurou a mão de Amy enquanto elas caminhavam até a estante vasculhando gavetas atrás de alguma lanterna ou vela sobressalente. Acho duas semanas lanternas e velas aromáticas que tinha ganhado de sua cunhada no último natal, um presente que pela primeira vez teve utilidade. A luz que as velas produziam eram o suficiente para mantê-la mais calma. 

Amy observou Elena brincar com seus blocos e carrinhos, em pouco tempo aquela rotina eles tinham seria alterada e reorganizada para atender as necessidades que logo estariam por vir. 

—Elle, vem cá. - ela pediu estendendo a mão para que a filha se juntasse a ela no sofá. Elena se sentou ao seu lado olhando-a atentamente. - Você entende que ano que vem as coisas vão ser um pouco diferentes para nós.

—Por causa da sementinha que você engoliu? - Elena indagou com sua inocência que cativava Amy, ela queria desejar que Elena fosse assim para sempre. 

—Sim. Por causa dessa pequena sementinha que está crescendo dentro de mim. Ainda não contamos a ninguém, então quando formos para casa de seus avós e seus tios, não conte nada, esse é o nosso segredinho. Ok? 

Elena afirmou com a cabeça olhando séria para ela, como se Amy tivesse lhe contado o segredo do universo. Amy sorriu beijando a cabeça de sua filha, então as batidas na porta chamaram a sua atenção. Ela se levantou com cuidado deixando Elena no sofá e caminhou até a porta.

—Quem é? - indagou sem abrir a porta. 

—Sou eu, detetive. - a voz doce de Myrte, sua vizinha de baixo, a faz abrir a porta. Amy sorrir para a senhora de cabelo branco e olhos saudosos. 

—Em que posso ajudar Myrte? 

—Frankie perdeu algumas pilhas e eu queria saber se você não tem ajudar umas reservas para me emprestar?

—Oh, claro! Espere um momento. - Amy se afastou da porta para pegar a caixa de pilhas, voltou já estendendo a caixa para a senhora. - Aqui. Pegue quantas quiser, sempre deixamos reservas. 

—Você é sempre tão gentil, detetive. - Myrte deu um sorriso doce para ela antes de agradecer e seguir pelo corredor. Amy observou que havia muitas pessoas do lado de fora dos apartamentos, havia passos no andar de cima e você vindo do andar de baixo. A maior parte dos seus vizinhos já estavam vestindo suas melhores roupas, provavelmente indo passar o natal com a família. 

—Acho que não vamos sair daqui tão cedo. - Amy se virou vendo Jake parado ao seu lado. Ela nem havia notado que ele tinha chegado. - Alguém jogou o carro contra um dos postes de energia e acabou deixando o bairro todo sem energia elétrica. Está um caos nas ruas, é mais seguro ficarmos aqui dentro até a energia voltar.

Amy assentiu mordendo o lábio inferior e voltou para dentro do apartamento. 

—Por que está cheirando a pinheiro? - Jake indagou trancando a porta atrás de si.  

—Achei uma utilidade para as velas que Tracy me deu. - Amy disse apontando para os pontos luminosos em cima das mesas. Elena pulou do sofá e correu até Jake com a agilidade de um gatinho.

—Papai estou com fome. - ela colocou a mão sobre a barriga para enfatizar a afirmação. Amy também se sentia faminta, naquela momento eles deveriam estar na casa de Gina comendo algo enquanto Elena brincava com Iggy. 

—Vou cozinhar algo para nós. - Amy falou já seguindo para a cozinha.

—Não mamãe, eu quero sobreviver para mais um natal. - Elena alegou fazendo Jake rir e Amy a olhar perplexa. 

—Deixa que eu cuido disso, amor. - Jake disse passando por ela e indo em direção a geladeira. Amy sabia que se a energia não voltasse logo a maior parte dos alimentos irá estragar. 

—O que você vai fazer? - ela indagou ajudando Elena a se sentar no balcão, Jake analisou a geladeira observando o que eles tinham. 

—Talvez algo rápido com muito queijo. 

Elena gritou animada com a menção de seu alimento favorito, Amy riu quando a pequenina começou a cantar a música que Jake havia inventado para celebrar a existência do queijo, Jake a acompanhou fazendo os sons dos instrumentos e a segunda voz. Amy sabia, antes mesmo de Elena nascer, que ela seria como Jake em todos os sentidos, o sorriso doce, a animação pelas coisas pequenas da vida, a mania de achar que sempre tem razão… não, isso vinha dela. Elena era uma mini versão de Jake e isso deixava Amy extremamente feliz. 

Ela imaginava como seria a pequena sementinha em sua barriga quando nascesse, uma mini versão sua ou Jake não importava, ela amaria qualquer pessoa que tornasse. Colocou a mão sobre a barriga imaginando como em poucos meses ela estaria grande o suficiente para equilibrar uma tigela de pipoca, Jake adorava fazer aquilo para provar vários pontos. No natal do ano seguinte não seria apenas eles três. 

Amy respirou fundo sentindo a ansiedade tomar conta de seu corpo. Aquele mesmo sentimento de dúvida que havia tido durante a gravidez de Elena, Amy odiava não saber o que estava por vir, não estar no controle da situação, principalmente quando envolvia alguém que ela amava. 

—Amy, alguém está na porta. - Jake alertou tirando-a dos seus devaneios. Amy rapidamente abriu a porta e franziu a testa ao se deparar com sua vizinha da frente. 

—Jessica, posso ajudar? - ela indagou olhando para a mulher ruiva que usava um vestido verde estonteante. 

—Eu e Julius íamos a um jantar beneficente para o museu, mas sem luz não podemos sair. Então eu senti esse maravilhoso vindo daqui e eu não comi nada ainda e é véspera de Natal e eu não quero passar e não tenho nada na geladeira e eles não entregam nada nessa noite e…

—Você quer entrar e comer com a gente? - Amy interrompeu a mulher que soltou um suspiro de alívio e entrou na casa. 

—Aí meu Deus, Obrigada! Eu não quero que meu filho passe fome. 

Amy olhou para barriga lisa de Jessica, ninguém em sã consciência poderia dizer que aquela mulher estava grávida de quatro meses, mesmo com o vestido justo ao corpo a barriga não passava de uma mera saliência ao contrário dela que com apenas dois meses mal cabia em certos vestidos.

—Tem certeza que eu não vou incomodar? - Jessica indagou olhando para o molho que Jake fazia na panela. 

—Acho que temos comida suficiente para seis. - Jake afirmou, Amy o lançou um olhar de alerta e ele rapidamente completou. - Por que Julius vem, não é?

—Não. Ele está em uma dieta a base de batatas, então ele está comendo tudo o que tem batatas. O que é praticamente nossa geladeira toda! - Amy e Elena riram, embora Elena estivesse rindo mais pela cara de desespero de Jessica, ela era nova demais para entender o desespero da mulher. - Graças ao céus, vocês são seres humanos normais que tem comida de verdade em casa. 

—Acho que está faltando queijo. - Jake disse olhando para o prato vazio e então para Elena que tentava esconder o último pedaço de queijo atrás das costas. - Tem algo a dizer em sua defesa, Elena?

—Eu quero o meu advogado. - ela afirmou mantendo o olhar sério no rosto. Amy riu balançando a cabeça diante daquilo sabendo que Elena apenas repetia o que ouvia das histórias da delegacia. 

—Não estamos em um interrogatório. - Jake a lembrou.

—Então não me acuse. - Elena retrucou. 

—Oh Deus! Eu quero essa crianças. - Jessica murmurou passando a mão pelo cabelo de Elena, Amy observou sua filha sorrir um tanto convencida. 

—Ainda precisamos de queijo. - Jake disse olhando para o macarrão e para o molho. 

—Acho que Kimmy tem. Eu a vi chegando com as compras hoje de manhã, podemos fazer uma troca, um pouco de queijo por essa maravilhosa comida. - Jessica sugeriu olhando hipnotizada para a comida. 

—O que você acha? - Amy notou que a pergunta de Jake era direcionada a ela, então apenas deu de ombros e disse.

—O que de mal pode acontecer?

(...)

Havia muita gente no corredor. Pessoas amontoadas ao redor das mesas servindo-se de comidas e bebidas, Amy achava impressionante como as mesas retangulares haviam encaixado perfeitamente no meio do corredor.

—Não foi isso que eu pensei quando disse que para mamãe que passaríamos o natal em casa. - Amy ouviu Jake rir ao seu lado enquanto passava o braço ao redor da cintura dela. 

—Mas isso ainda é bom. - ele disse sem tirar os olhos de Elena que brincava com as outras crianças do prédio. Alguma música antiga de natal tocava em um velho rádio a pilha de algum vizinho, velas iluminavam o corredor e o sorriso das pessoas. 

—Rockin' around the Christmas tree, let the Christmas spirit ring. — Jessica cantou cantou enquanto passava por eles erguendo o prato com os mais diversos tipos de comida, Julius a seguiu pegando apenas o que tinha batata, como a salada de Myrte. 

—Por que essa cara triste? - Jake indagou, Amy olhou para ele deu um leve sorriso entristecido.

—Ano que vem não estaremos aqui. O apartamento é pequeno demais para nós. 

—Eu sei. Mas teremos boas memórias daqui. 

Amy assentiu se aproximando para dar um leve beijo nele. 

—Mamãe! Papai! - Elena correu até eles com lindo sorriso brilhante. - A gente ainda vai para casa do vovô? 

Amy se agachou e a pegou em seu colo. 

—Não, meu amor. Esse ano vamos ficar aqui mesmo. - disse mostrando uma cara triste, mas Elena sorriu ainda mais.

—Oba! Eu gosto disso. 

Jake riu beijando a bochecha dela com carinho. 

—E isso se chama? - Jake indagou olhando de Elena para seus vizinhos que compartilhavam comida e histórias sobre a vida. Era tão algo tão simples e tão mágico. 

—Natal! - Elena exclamou erguendo os braços para cima. 

Amy riu balançando levemente a cabeça enquanto Jake as puxava para um abraço. Amy fechou os olhos se aconchegando contra seu marido e sua filha, ela se sentia a mulher mais sortuda do mundo cercada pelas pessoas que ela amava apenas existirem. Aquele era o melhor tipo de amor. O amor que se dá, mas não pede nada em troca pois sabe que receberá sem precisar implorar. O amor que dura para toda a vida. 

 


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