Sete dias de natal escrita por Lily


Capítulo 6
Last christmas


Notas iniciais do capítulo

Casal: Robin Scherbatsky e Barney Stinson (Swarkles)
Série: How i met your mother (2005 - 2014)
Música: "No último natal, eu te dei meu coração."



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Dezembro de 2012

Barney observou o anel de diamante que repousava sobre a almofada de veludo preto, seu brilho era intenso demonstrando discretamente o quanto ele havia sido excessivamente caro. Barney ainda não conseguia entender o que havia acontecido, quer dizer, ele compreendia muito bem a escolha de Ted, compreendia que a natureza humana estava em constante mudança, mas ele simplesmente não conseguia aceitar aquilo. 

Ted era seu melhor amigo. Mas também era um romântico incurável, ele adorava grandes e desnecessários gesto. E finalmente quando ele, Barney Stinson, havia feito algo grande, estupidamente complicado e desnecessário, Ted havia decidido que não desistiria de Robin. Talvez aquilo fosse o destino ou quem quer que estivesse no controle da situação dizendo que ele havia se livrado de algo pior. Porque sendo sincero, Barney Stinson e casamentos não são palavras que se colocariam na mesma frases, porém estariam juntas se na frase incluísse "madrinhas safadas" e "bebida liberada". 

Ele fechou a caixinha e a colocou de volta no bolso. Olhou para sua cerveja já quente e então se levantou da mesa habitual. Seu celular vibrou muito provavelmente com uma mensagem de Ted perguntando se tudo havia dado certo na noite passada. Barney ignorou a mensagem e seguiu direto para o balcão, Wendy sorriu para ele.

—Mais uma para esperar a turma? - ela indagou já se preparando para abrir outra cerveja. Mas Barney rapidamente negou.

—Na verdade já estou fechando a conta.

—Tão cedo? 

—Tenho que ajeitar minhas malas, tenho uma viagem de negócios. 

—Ah! Quanto tempo você vai ficar fora? 

Barney franziu a testa pensando na conversa que havia tido com seu chefe. São Francisco não era sua primeira opção, porém era a que ficava mais distante de New York, e de Robin. E quanto tempo ele iria ficar fora? Bem, quanto tempo levava para curar um coração estilhaçado?

—O tempo que for necessário.

 

Dezembro de 2017

Estava congelando do lado de fora do MacLaren's quando Robin desceu do táxi. Era um dos invernos mais rigorosos de toda a história de New York, mas mesmo assim não era nada comparado ao dias de tormenta no Canadá. Ela havia marcado de se encontrar com a galera uma hora atrás, mas tinha ficado presa no trabalho mesmo sendo véspera de Natal. Já estava se preparando para ouvir todo sermão de Lily quando ouviu algo, uma voz familiar que ela não escutava há muitos anos.

—Scherbatsky.

Robin virou-se e por um segundo o mundo inteiro parou, não literalmente, mas era como se as pessoas ao seu redor congelassem e as conversas cessassem. Ela piscou lentamente sentindo seu coração acelerar e aqueles malditos esquilos canadenses brincarem em seu estômago, fazia anos desde a última vez que ela havia sentido algo parecido com aquilo e estranhamente tinha sido apenas por ele. Barney a encarou com um sorriso no rosto enquanto se aproximava dela.

—Barney? Oh céus! O que faz aqui? - ela indagou e sem se conter o envolveu em um abraço. Barney pareceu hesitante em devolver o gesto, mas mesmo assim envolveu os braços ao redor dela e a segurou contra si. 

—O trabalho me trouxe a New York. - ele disse empurrando-a gentilmente para se afastarem.

—O trabalho ou as mulheres burras? Porque sendo sincera, parece que elas se multiplicaram depois que você foi embora.

Barney riu desviando o olhar, Robin também desviou o olhar e observou a escada que levava ao MacLaren's, as pessoas se acotovelando para entrar e buscar um pouco de calor e álcool, coisa que ela deveria estar fazendo. Então se voltou para Barney, havia algo em seu olhar, uma certa ansiedade e inquietação, algo tão atípico dele. Mas mesmo com toda aquela agitação ao seu redor, as vozes altas, os gritos, ela não poderia negar o quanto estava calma apenas por olhar para ele.

—Então, por que você foi? - Robin indagou deixando sair a pergunta que estava na ponta de sua língua durante os últimos anos.

—Uma proposta irrecusável em São Francisco. - ele disse tentando soar natural. Mas Robin sabia que algo estava errado. Ela podia pressioná-lo, tentar extrair o que estivesse escondido ali, porém ela o conhecia bem o suficiente para saber que isso apenas o afastaria. Ele se esconderia em um sorriso idiota e contaria alguma história sobre ficar com alguma garoto ingênua. Então Robin decidiu deixar isso para lá. 

—Que bom que voltou. Já estava indo ver o grupo, quer entrar comigo? 

Barney se inclinou para trás demonstrando sua hesitação. 

—Tenho apenas essa noite na cidade antes de voltar. - ele disse e Robin não precisou de muito para saber o que ele realmente queria falar. 

—Que tal darmos uma volta? - ela sugeriu. Fazia cinco anos que ele não tinha estado na cidade e na última vez que ela o viu seus sentimentos eram caóticos e seus atos inconsequentes. - New York é linda no natal. 

—Será um prazer. - ele afirmou já acenando para um táxi. Robin sorriu e entrou no táxi quando ele abriu a porta. 

—Para onde? - o taxista indagou. Robin e Barney se entreolharam.

—Qual o melhor lugar para se passar a véspera de natal? - Barney questionou. 

—Times Square. 

—Então vamos para lá. Viver o natal como verdadeiros nova-iorquinos. - ele disse com seu tom de brincadeira, Robin riu observando pelo canto do olho motorista murmurar algo. O táxi partiu e a medida que se afastava do MacLaren's e de seus amigos, por algum motivo Robin se sentia mais e mais confusa.  

(...)

Robin mordeu o lábio sem tirar os olhos de Barney, por muito tempo, principalmente depois que ele partiu, ela havia tentado muito esquecê-lo. Esquecer o que sentia por ele.

Ela havia até voltado a namorar Ted depois da noite do baile de inauguração do prédio da GNB, eles até iam se casar se ela não tivesse desistido no último minuto. Robin não se lembrava bem dos motivos que a fizeram desistir de subir ao altar com Ted, talvez fosse aquele grande buraco de incerteza que habitava seu estômago. Ela não poderia dizer que não amava Ted, ela o amava, mas não do jeito que ele queria. 

Mas Robin gostava de dizer que se não fosse por sua desistência, Ted e Tracy nunca teriam se encontrado. Então a garota do guarda-chuva amarelo nunca teria conhecido o idiota apaixonado na estação de trem. Ela sorriu minimamente com aquele pensamento.

—Você está com  fome? - Barney indagou, Robin assentiu saindo de seus devaneios. Eles estavam no meio da Times Square, turistas animados circulavam ao redor deles tirando fotos ou apenas observando os telões brilhantes das propagandas. - Tem um restaurante japonês muito bom perto daqui. Quer tentar?

—Da última vez que você falou isso, eu tive uma intoxicação alimentar que me deixou na cama por três dias. - Robin lembrou soltando uma leve risada.

—Não foi minha culpa se refrigerador decidiu quebrar justo naquele dia. - ele disse erguendo as mãos na defensiva. Robin riu novamente e o socou no ombro.

Robin encarou Barney pelo canto do olho, ele estava tagarelando sobre algum restaurante tailandês em São Francisco que ele havia sem querer incendiado. Ela sorriu minimamente assentindo com a cabeça a cada palavra dele, seu coração batia apressado, como se estivesse tentando sair de seu próprio corpo. Robin queria que ele se acalma-se. Por Deus! Era apenas Barney. Seu velho amigo e antigo namorado… e o cara que dominou sua mente por muitos anos. 

Foco, Scherbatsky, foco! 

—Você gosta de São Francisco? Não sente falta de New York? 

—Não exatamente. Eu amo essa cidade, mas sinto que já fiz tudo o que podia fazer aqui. 

—Estava na hora de encontrar um lugar novo para usar o Playbook?

—Sim. Acho que estava na hora. - ele afirmou em sussurrou. Robin pensou em dizer algo, mas acabou desistindo. Um cara gordo usando um chapéu de cowboy passou por ela empurrando-a, Barney a segurou antes que ela caísse. A proximidade fez os castores em seu estômago pararem de tentar construir aquela represa que impedia seus sentimentos de lhe inundaram. Barney sorriu para ela, seus dedos envoltos nas luvas tocando sua cintura, ela sorriu de volta e se afastou sussurrando um obrigada. 

—Vamos. - Barney a puxou pela mão enquanto desviava das pessoas abobalhadas pelas luzes de New York. 

Caminhar ao lado de Barney significava ouvir suas histórias exageradas e surreais, mas por alguns minutos parecia que ela tinha voltado no tempo, para época em que eles se encontravam no MacLaren's e compartilhavam as novidades do dia. Robin sempre havia gostado de ouvir Barney narrar suas "aventuras", seu jeito exagerado deixava tudo mais divertido e mesmo não acreditando em metade das palavras que saiam de sua boca, ela ficava feliz em ver os olhos dele brilharem e um sorriso crescer em sua boca por saber que alguém estava disposto a ouvi-lo.

Eles chegaram ao restaurante poucos minutos depois. Não estava lotado como os outros estabelecimentos, mas havia o mesmo frenesi natalino que todos compartilhavam naquela noite.

—Mesa para dois, por favor. - Barney pediu lançando um sorriso para a recepcionista daquela velha maneira que Robin conhecia. A mulher de feições asiáticas sorriu de volta e os guiou até uma mesa perto do que parecia ser um palco de karaokê. - Uhh! Vamos cantar! 

—Não. - Robin disse se sentando na mesa.  

—Vamos lá, Robin. Eu tenho uma voz angelical e você é Robin Sparkles. Não tem como isso dar errado. - ele insistiu juntando as mãos à frente do corpo e fazendo beicinho. 

—Não, Barney. Eu não vou pagar esse mico na frente de todos esses desconhecidos.

—Ora, como se cantar em dezenas de shoppings não fosse vergonhoso. 

—Cala a boca. - ela grunhiu fazendo Barney rir. - Se quiser ir, vá sozinho, porque eu não vou. 

—Ok, Scherbatsky. Eu estou indo impressionar algumas garotas. - Barney falou enquanto ajeitava sua gravata e se levantava da mesa. Robin balançou a cabeça observando ele se afastar, então pensou como havia certas coisas que não pareciam mudar e a fascínio de Barney por se exibir era uma delas. Robin observou quando as luzes do palco se acenderam e então Barney subiu com aquele seu jeito prepotente que apenas a fez sorrir. 

—Idiota. - ela murmurou sem deixar o sorriso de lado.

A melodia familiar denúncia a música que se seguiria. Robin riu baixinho ao lembrar de uma certa vez que Barney havia cantado aquela música para ela. Um tanto alto e exagerado, mas ainda assim doce e encantador. 

—Have yourself a merry little christmas. Let your heart be light. - Barney cantou o primeiro trecho sem olhar para ninguém em particular, mas por alguma razão ele parecia cantar somente para ela. Robin havia ficado surpresa quando o escutou pela primeira vez, sua voz era surpreendente. E se ela fechasse os olhos ainda podia sentir suas mãos em sua cintura enquanto eles rodavam pela sala do apartamento dele, seus pés descalços tocando o piso frio e o hálito quente dele contra seu pescoço. - From now on our troubles will be miles away

Enquanto cantava Barney se moviam pelo palco fazendo gestos exagerados e desnecessários, mas que fazia as poucas mulheres que estavam ali rirem animadas.  

Barney desceu do palco à medida que a música se aproximava de seu refrão. Ele não tinha os olhos fixos em ninguém, até porque aquele era seu pequeno espetáculo, os clientes haviam parado de comer apenas para vê-lo cantar, porque como sempre, para Barney nada podia ser menos do que legendário. 

—Here we are as in olden days. Happy golden days of yore.

Robin riu movendo o rosto para observar Barney passar entre as mesas. Era impressionante como ele conseguia colocar a situação a seu favor, independente do que estivesse acontecendo, Barney sempre saia por cima. 

Ele então se aproximou dela, puxou uma cadeira e se sentou ao seu lado, Robin sentiu os olhares sobre ela e duas bochechas instintivamente queimarem, mas ignorou a sensações para focar apenas em Barney.

—Through the years we all will be together if the fates allow. - ele cantou como uma promessa. Seu coração apertou e um nó se formou em sua garganta, até os castores em sua barriga suspiraram. - So hang a shining star upon the highest bough and have yourself a merry little christmas now.

Cada palavra que ele cantava parecia soar como um declaração de amor. Robin sorriu minimamente se inclinando um pouco mais para perto dele, Barney também se aproximou dela, ela podia sentir a mão dele escorregar por sua coxa e um sorriso crescente se estender pela  sua boca. Mas ele então subitamente se afastou se levantando da cadeira e seguindo para o palco, Robin recuou deixando a sensação de nostalgia se dissipar.

—Droga, Barney. - ela resmungou sem conseguir tirar os olhos dele. - Mil vezes droga. 

Barney voltou ao palco para a última parte da música, quando ele terminou os aplausos eram altos, mas ela não importou, sua mente girava como um disco de hóquei sendo jogado de um lado para outro. 

Robin gostaria de ter o poder de parar de pensar, já estava ficando cansativo tentar achar algo que a fizesse perceber que aquilo não estava certo, que aqueles malditos esquilos canadenses que brincavam em sua barriga, eram apenas esquilos americanos gordos e preguiçosos. Ela, não podia de maneira alguma, ainda ter poderia sentimentos por ele. Porque, por Deus, fazia cinco anos! Ele tinha feito sua escolha, havia se sumido sem dizer tchau e de uma maneira ridícula conseguiu quebrar ainda mais o coração dela. 

Barney havia sido importante em sua vida, o tempo que haviam passado juntos, mesmo curto, ainda eram uma das melhores lembranças que ela tinha. Seus jogos e piadas sem graça, sua mania de cantar quando estava no chuveiro ou de fazer desenhos com a massa de panqueca, até o jeito como ele parecia ter pequenos ataques de pânico quando percebia que estava preso a uma mulher só, era estranhamente fofo. Robin estava em uma posição privilegiada, pois ela era a primeira mulher que Barney namorou sério depois de Shannon, e talvez uma das poucas que viu realmente todas as versões dele. 

—Você não gostou da comida? - Barney indagou fazendo sair de seus devaneios. Robin o encarou pensando em o quanto estava avoada naquele dia.

Robin olhou para Barney por alguns segundos, ela sabia que por baixo da pose de playboy insensível, ele podia ser a pessoa mais doce e gentil do mundo. Barney sempre fez tudo o que podia pelos amigos sem se importar com as consequências. Essa era uma das qualidades que ela mais admirava nele. 

—Estava ótima. Só espero que não acorde com uma infecção intestinal, não posso passar o vôo inteiro no banheiro. 

—Você vai viajar amanhã? - ele indagou surpreso.

—Vou para Madri. Cobertura de um evento importante. - ela disse sem dar muitas informações. - Mas que tal sairmos daqui? 

—Para onde iríamos? 

—Para os turistas vão? 

Barney sorriu e ergueu a mão chamando o garçom. Logo um jovem garoto asiático apareceu com a conta e dois biscoitos da sorte, Robin pegou um dele e o esmigalhou para encontrar sua mensagem. 

—Deixe de lado as preocupações e seja feliz. - ela leu rindo no final. Aquelas frases de biscoito da sorte sempre eram clichês e previsíveis. - Qual é a sua?

Barney abriu seu biscoito deixando os pedaços no prato, ele leu rapidamente antes de falar.

—O céu ajuda àqueles que se ajudam. 

—O que isso significa? 

—Que meu acordo com o bro-God ainda está de pé. Eu ajudo as mulheres mais necessitadas e ele leva os créditos. 

Robin grunhiu em desgosto revirando os olhos.

—Você é nojento, Barney. 

—Como se você não soubesse disso. Por favor, você se apaixonou por isso. 

—Ainda não sei como. - ela sussurrou deixando um sorriso cruzar seus lábios.

Eles saíram do restaurante e pegaram um táxi até Rockefeller Center. Robin observou os prédios de New York passarem por ela enquanto o táxi se moviam pelas ruas agitadas. Durante muitos anos tudo isso que ela queria era se afastar da cidade e de seus habitantes, mas depois de viajar quase todo o mundo ela havia percebido que aquela frase clichê "O lar é onde o coração está" não podia ser mais verdadeira. Mas atualmente, Robin não sabia ao certo onde estava seu coração.

A pista de gelo estava lotada como previsto, mas mesmo com a enorme fila de visitantes, Barney conseguiu colocá-los para dentro. Robin podia ver as expressões irritadas nos rostos das pessoas que ainda estavam na fila. 

—Você realmente não sente falta de New York? - ela indagou depois de alguns segundos patinando em silêncio. 

—Um pouco. 

—Do que mais você sente falta?

—De você. 

Robin não se virou para ele, mas sentiu as bochechas queimarem e culpou o frio por isso. Mas então a barragem que os esquilinhos estavam fazendo se desfez e ela se viu afogando-se em si mesma. 

—Então por que você foi?

—Porque você me fez ir. 

Ela queria retrucar e gritar para ele dizendo que aquilo era culpa dele. Ele era quem havia decidido ficar com Patrice e a deixado jeito primeiro, mas Robin não conseguia, as palavras simplesmente sumiram em sua boca, porque ela temia que se falasse algo ele sairia de novo.

—Então me conte, como é o seu trabalho. - ela pediu tentando amenizar o clima. 

—Por favor, meu trabalho é um tédio. Me fale sobre o seu. Me fale sobre os lugares que conheceu. 

Ignorando o fato de ainda estar se afogando com todos os seus sentimentos, Robin começou a falar. 

Era quase meia-noite quando eles saíram da pista de patinação. Barney segurou a mão dela durante todo o caminho até o Radio city music hall, não haveria espetáculo para ela, Robin já não sentia no clima de comemorar, havia algo que lhe rasgava o coração e talvez fosse culpa de Barney. 

—É meia-noite. - Barney disse olhando para o relógio de pulso. Robin assentiu apertando a mão dele.

—Acho que esse é o primeiro natal que eu realmente não me sinto no clima para comemorar. 

—Pois esse é o primeiro natal que eu realmente tenho algo para comemorar. 

Robin o encarou e sem hesitar o beijou, Barney rapidamente retribui segurando-a pela cintura. E de repente ela não estava mais se afogando, ela apenas deixou a correnteza a levar. Tão suave, tão doce. Era mágico e especial como a noite de natal. 

—Feliz natal, Sparkles. - Barney sussurrou com a testa contra a dela. Tão perto e tão distante.

—Feliz natal, Swarley. - ela sorriu minimamente. Barney se afastou ainda segurando a cintura dela, mas então ele pegou algo do bolso do casaco e estendeu para ela. Um envelope vermelho. 

—Espero que você tenha um ano maravilhoso. - ele disse. Robin sentiu a garganta apertar e seus olhos lacrimejarem.

—Você também. - ela pegou o envelope e o guardou. - Até mais, Barney.

Robin o observou se afastar e se lembrou do dia em que em ele partiu. Ela não teve a chance de se despedir, Barney apenas ligou para Lily de dentro do avião dizendo que estava indo para São Francisco, frio e distante. Robin sempre o odiou por isso, mas não tanto quanto se odiava naquele momento. 

(...)

—Robin! - ela ergueu a cabeça quando observou Lily lhe se aproximar. Toda a gangue havia combinado de se encontrar no MacLaren's, quer dizer, quase todos. - Onde diabos você estava ontem à noite? Liguei umas vinte vezes e você não me atendeu. 

—Vinte vezes cem. - Tracy murmurou rindo baixinho. 

—Lily, me desculpa. Eu fiquei presa em algo e acabei me enrolando. 

—Em algo ou alguém? - Marshall indagou arqueando as sobrancelhas. 

Robin pensou em responder, mas algo a parou. Os pensamentos em sua cabeça pareciam se encaixar para formar a pergunta que lhe causou dor de cabeça durante toda a noite.

—Ted, por que você liberou o Barney? 

—Como?

—No dia da inauguração do seu prédio quando pegamos o Barney, vocês foram quatro foram até a universidade, mas você liberou o Barney. Por que?

—Bem. Por que você quer voltar a isso? Fazem anos, Robin. - ele disse parecendo visivelmente nervoso. 

—Ted. Apenas me diga o porquê. - ela implorou. Robin sabia que o motivo estava naquele dia, ela apenas precisa saber…

—Ele iria pedir Patrice em casamento. - foi Lily quem disse. Robin a encarou surpresa e confusa. 

—O quê?

—Ele iria pedir Patrice em casamento no topo do prédio da World Wide News porque era o lugar favorito dela na cidade. 

—Droga, Patrice, esse é o meu lugar favorito na cidade! - Robin gritou sem pensar. 

—Nossa. - Ted sussurrou olhando perplexo para ela. 

—E por que vocês não contaram para mim?

—Porque concordamos que seria melhor para você evitar isso. Você estava enlouquecendo, Robin. - Lily disse com o olhar de mãe. 

—Eu não estava.

—Então por que você surtou ao saber que Barney estava noivando no topo do World Wide News? - Tracy questionou.

—Eu não surtei. É só um pouquinho, bem pouco irritante que fui eu que mostrou aquele telhado para começar! Droga, Patrice! 

Robin respirou fundo tentando acalmar-se. A noite passada e tudo o que aconteceu. O maldito pedido e todos os natais passados. Ela apenas queria… ela não sabia o que queria.

—Eu preciso… - Robin se levantou em direção ao banheiro. Ela fechou a porta e rapidamente abriu o envelope, dentro havia apenas uma folha amarelada, ela a desdobrou com cuidado e leu o que estava escrito em letras cursivas. A Robin.

"Passo um: admitir para si mesmo que ainda sente algo por ela."

Então as últimas peças do quebra-cabeça pareceram se encaixar. Aqueles meses anos atrás quando tudo parecia desmoronar, todas as ações dele eram apenas parte de um plano ridículo para conquistá-la novamente. Um tanto irritada e perplexa ela não hesitou em pegar o celular e ligar para Barney, ela tinha apenas o número antigo dele e torceu para que ele atendesse.

—Stinson falando. 

—Eu passei a noite inteira desejando ardentemente apenas um motivo para me fazer acordar e perceber que isso não valeria a pena. Eu estava procurando por sinais. Algo que me mostrasse que eu não deveria me sentir assim por você. E então eu recebi essa página e esse foi o meu sinal. Um sinal que indica que eu não posso querer você. Porque até você, até alguém tão louco quanto você, deveria saber que isso foi longe demais. Você mentiu e me manipulou por semanas. Você realmente achou mesmo que eu ficaria com você depois disso? Você achou que eu confiaria em você depois disso? Essa é a prova do porquê não funcionamos. Porquê nós nunca funcionaremos. Então obrigada! Você me libertou. Porque como eu poderia ficar com um cara que acha que esse truque, essa grande mentira, poderia fazer eu ficar com ele novamente. 

—Vire a página. - ele apenas disse. Robin virou a folha em sua mão.

"Passo dezesseis: torcer para que ela diga sim."

—Eu te odeio tanto. - ela sussurrou. - Mas odeio principalmente o fato de que tudo isso me fez perceber o quanto eu ainda estou estúpida e completamente apaixonada por você. 

—Eu te amo, Robin. Nunca deixei de te amar. 

Desta vez ela não conseguiu manter as lágrimas. Era como estar em pleno mar sem ter no que se segurar. 

—Ted deveria ter me contado. Como ele pode ser tão egoísta?

—Ele ainda amava você, Robin. Eu não o culpo por ser egoísta. 

Mas eu sim! Ela queria gritar, ir até o bar e espancar Ted ao estilo Scherbatsky. 

—Mas não importa mais. Você é uma grande jornalista, viaja ao redor do mundo em busca das matérias mais grandiosas. Eu tenho tanto orgulho de você, Robin. 

Do que adiantava ser a melhor se não havia ninguém para ela no final do dia? 

—Você não tem um vôo para pegar? - ele indagou trazendo-a de seus pensamentos. 

—Sim. Sim. Mas Barney, nós temos que conversar sobre isso. 

—Eu sei. Não se preocupe, teremos tempo. - ele afirmou antes de desligar. Robin respirou fundo ainda sentindo seu corpo tremer e as lágrimas escorrerem. Ela tinha um vôo para pegar, mas tudo o que ela queria fazer era entrar debaixo das cobertas e chorar como se os dias fossem acabar. 

(...)

—Senhora, deseja alguma coisa? - a comissária indagou com seu tom prestativo. 

—Não, obrigada. Estou bem. - Robin afirmou sem olhar para a mulher e fixando seus olhos e sua mente na tarefa de analisar sua agenda. Rabiscando e apagando, ela ocupou seu tempo durante toda a espera no aeroporto e a entrada no avião. Robin nunca havia sentido aquela ansiedade avassaladora que lhe apertava o coração, era diferente da sensação de que sua vida era um máximo. 

—O lugar está vazio? - uma voz indagou. Robin virou a cabeça encarando o dono da voz, seus lábios inconscientemente se ergueram em um sorriso idiota. 

—Sim. - ela afirmou e questionou ele se sentava. - Para onde você vai?

—Vou atrás de uma garota. A deixei escapar uma vez, mas isso não vai acontecer novamente. 

—E como você pode ter tanta certeza? - Robin indagou sentindo que seu peito iria explodir de tanta emoção. Barney sorriu para ela e a encarou com seus olhos azuis que a diziam silenciosamente que ela já estava em casa. Então ele disse:

—Porque eu a seguiria até o fim do mundo.

 


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