Havia se passado semanas e Sirius não havia dormido. O ódio que preenchia seu coração era o que fazia com que ele seguisse em frente. Tudo o que eles haviam construído, havia sido derrubado pela traição daquele em eles mais confiaram na vida. 

Ele sabia que estava sendo procurado pelo assassinato de seus melhores amigos. Mas ele tinha apenas um objetivo: encontrar Peter Pettigrew. Ele tinha que entender. Sirius não conseguia entender o porquê de Peter ter feito o que fez. Sirius jamais trairia seus amigos. Como ele não viu que Peter havia se tornado um Comensal? Por que ele havia feito aquilo?

Sirius vagava por Londres todos os dias e noites. Havia prometido a si mesmo que só voltaria a forma humana novamente quando descobrisse onde Peter Pettigrew estava. E, então, iria para Azkaban por um crime que ele realmente havia cometido.

Às vezes, Sirius uivava para aliviar a dor. Não era tão intensa quando estava na forma de cachorro. Mas ainda assim doía. Doía ainda mais por saber que Peter havia feito aquilo. 

Então, em uma manhã, Sirius o avistou enquanto andava como um cachorro de rua. Finalmente aquele traidor havia dado as caras na rua! Sirius riu. Ele sabia que o medroso que existia dentro de Peter não havia sumido como naquela noite em que decidira que ele seria o Fiel do Segredo. 

Sirius correu, atravessou a rua cheia de trouxas e pulou em cima de Rabicho. Ele não se importava que havia uma multidão olhando. Sirius estava cego pelo ódio. Rabicho caiu no chão e começou a gritar. Sirius o arrastou pela perna, dando a mínima para os trouxas que começaram a notar um cachorro de tamanho anormal puxar um homem.

Tentaram tirar ele de cima de Peter. Mas Sirius se transformou em humano na frente de todos. Ele segurou Peter antes que ele fugisse.

— POR QUÊ? — berrou Sirius, lançando um feitiço em Peter, que caiu novamente no chão. A raiva de Sirius irradiava por todo local.

Peter, ainda no chão gemeu como um covarde que ele era.

— EU PERGUNTEI POR QUÊ, PETER?!

Ele se levantou.

— Eu não tive outra escolha! Se eu não fizesse aquilo, se eu não os entregasse... eu morreria! — gritou ele. 

— Nós confiamos em você, Rabicho! E tudo o que você fez foi passar para o outro lado! Sempre um covarde!

— É justamente por isso que eu fui para o lado do Lord das Trevas! — disse Peter e Sirius lançou outro feitiço. Ele foi derrubado novamente. — Em todo o tempo em que eu passei com vocês eu nunca fui devidamente reconhecido! Vocês nunca confiaram em mim totalmente.

— É a maior mentira que eu já ouvi! — gritou Sirius. — Você os matou! Você tirou a vida deles, Rabicho! Eu nunca perdoarei o que você fez.  — Sirius fez uma pausa. — Levante. Levante e lute comigo, Peter Pettigrew. Mas lute como se fosse um Comensal! E não um covarde que você é!

Peter se levantou e deu um sorriso. Ver aquilo fez Sirius se descontrolar, ao mesmo que Peter lançava um feitiço. E tudo explodiu. Sirius foi jogado para trás e, quando a fumaça havia passado e tudo voltava a ficar em foco, ele não viu Pettigrew.

Uma cratera havia se formado no meio da rua de Londres, apinhada de gente. E, tudo o que havia sobrado de Peter Pettigrew, tinha sido o seu dedo mindinho. Ao perceber que Peter havia morrido, Sirius caiu de joelhos pela segunda vez e gritou. Gritou sem se importar que os aurores haviam chegado e obliviavam todos os trouxas que tinha presenciado aquela batalha.

Sirius Black foi levado para Azkaban. Ele sabia que iria para lá mais cedo ou mais tarde, já que todos achavam que ele havia matado James e Lily Potter. 

Ele havia achado que, matando um de seus melhores amigos, tudo passaria. Enquanto na forma de cachorro e rodeado de dementadores em Azkaban, Sirius percebeu que não passava. A consciência dele estava limpa. Mas seu coração permanecia escuro.

Sirius tinha perdido tudo. Sua liberdade, sua vontade de viver e seus melhores amigos. Mas o que mais o matava aos poucos era perceber que seu afilhado e Remus acreditariam que ele havia traído seus pais.