Por você, eu vou... escrita por Giuliana


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Eita ferros, e agora Maria, José e burrinho?



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‘’Demos umas trocentas voltas no parque mas por alguma razão eu estava afim de dar mais mil...’’

 

 

—Você está ficando maluco? – Acho que não tinha como eu gritar mais alto

—Meu Deus, mas que goela. - Ele tampou os próprios ouvidos

—Como você consegue ser tão idiota? -

—Do mesmo jeito que consigo fazer todas as meninas gostarem de mim. -

—QUASE todas, eu odeio você. - Com todas as entranhas do meu ser

—Ainda- Como é? –Que foi? Foi só um beijo, qualquer outra morreria por isso. - Convencido? I M A G I N A

— Qualquer outra que fosse igual a vagabunda da sua namorada, eu não e se você tentar fazer isso de novo eu juro que eu vou...-

—Namorada? - além de convencido é mal educado e fica interrompendo as pessoas.

—É, a tarântula, digo Beatriz, ela não é sua namorada? Ou você paga pra dormir com ela? - Sim, eu já estava sendo impulsionada pela força do ódio

—Ah sim. – Ele sentou no sofá todo espaçoso, alguém tem uma dose de semancol pra dar pra esse menino? -É mais ou menos, não é nem um, NEM OUTRO. - enfatizou a última parte.

—Não me interessa que tipo de relação que você tem com ela, só não chega perto de mim de novo. – Eu nem esperei uma resposta, simplesmente fui pro meu quarto e tranquei a porta.

      QUEM ESSE IDIOTA PENSA QUE É?

Deitei na minha cama e fiquei assistindo uns filmes no computador torcendo para o tempo passar logo mas acabei pegando no sono sem querer.

Quando acordei fui até a sala. Graças ao bom Deus nossos convidados já tinham ido embora, olhei no relógio e já eram 18h 28min.

  FRUTA QUE CAIU ESQUECI DO MENINO DIEGO

Voei para o banheiro e tomei um banho super rápidão –de 40 minutos- e enquanto esperava o cabelo secar com a toalha fui escolher a roupa: como estava quente, escolhi um vestidinho florido que era justo ate a cintura e depois abria em uma saia rodada e uma sandália rasteirinha.

Depois de escolhida a roupa, corri secar meu cabelo. Era 19h 54min quando terminei de ficar pronta, passei uma maquiagem bem básica fiz duas trancinhas nos lados do cabelo que se juntavam atrás.

Oito horas certinho recebo uma ligação da portaria avisando a chegada de um garoto –criatura pontual- me despedi da minha mãe e desci correndo as escadas. Na minha total empolgação para meu primeiro encontro na cidade não percebi a movimentação subindo as escadas e esbarrei em alguém, E NÃO PODIA SER MAIS NINGUÉM ALÉM daquela merda daquele loiro que estava sempre no meu caminho.

—Mas o que você ta fazendo aqui de novo? - Esse garoto vai acampar no meu prédio pra me irritar, por acaso?

—Bom ver você também- Tomei um soco de ironia na cara -Vai aonde? -

—Nenhum lugar que te interesse. - Eu sou super educada mesmo- O que você quer? -

—Vim trazer essa papelada urgente para seu pai. Você pode entregar para ele? - Esticou a mão com os papeis achando por um momento que eu realmente ia fazer o que ele pede.

—Você já está aqui, entrega você- Não me julgue, sou só mal-educada com ele.

Pela porta de vidro vi Diego chegando, dei um sorrisão e ele me retribuiu

— Você já sabe onde é a casa, pode ir. – Não consegui evitar o último olhar de vitória para aquele infeliz.

— Posso entregar depois, eu vou é para minha casa. - Pera ai, que?

—SEU IMBECIL! – Ele achou mesmo que eu não ia me tocar? -Você não veio entregar nada pro meu pai, você veio ver se eu realmente ia sair com alguém. - O desgraçado é um gênio.

—Estou com papéis na mão, acho que essa sua teoria esta furada. –

— Ah é? Mas você não disse que era urgente? Se realmente fosse uma coisa que não pudesse esperar até amanhã para seu pai mesmo entregar, você deveria já estar subindo as escadas. - Vi que ele parou um minuto, provavelmente tentando achar resposta para minha brilhante dedução e eu não contive meu sorriso de triunfo - Bom, sinto muito, mas se fodeu. – Mandei um beijo no ar carregado de ironia.

Corri e dei um abraço apertado em Diego que fez ele ficar até um pouco surpreso.

—Nossa, quanto carinho. -

— É que eu estou feliz. - Nada renova minhas energias como a cara de derrota do Becker.

Ele pegou minha mão - coisa que eu nem me importei, que estranho - e fomos caminhando, olhei para trás e vi que Bernardo nos observava, pisquei zombando dele, ele bufou mais uma vez e foi em direção contrária da nossa, sorri e continuei andando faceira.

Já tínhamos andado umas duas ou três quadras e percebi duas coisas: Eu estava realmente fora de forma e, principalmente, que aquela rasteirinha já estava começando a torturar meus pés. Para piorar pisei em uma pedra e gemi baixinho de dor.

—O que aconteceu? -  Ta, acho que não foi tão baixinho assim.

—Nada, chutei o chão. – Sou muito boa em disfarces, vai dizer.

—Não se preocupe, já estamos chegando. – Quando finalmente consegui ignorar a dor latente do meu pé vi para onde Diego estava apontando, era um parque.

Nunca tinha visto coisa mais linda na minha vida. Era um parque relativamente simples, tinha gente caminhando, crianças brincando, gente sentada conversando, uma barraca de cachorro quente e as arvores eram enfeitadas com luzinhas. Eu me apaixonei por aquele lugar e não ficava a tanto tempo da minha casa -claro, não seria tão sofrido se eu fosse com tênis na próxima vez.

—Olha, eu geralmente não trago garotas aqui, mas aqui é um lugar muito importante pra mim e por alguma razão achei que você gostaria, não é chique nem nada, mas... -

—Você ta brincando com a minha cara? - Ele me olhou preocupado- eu amei. - Vi a expressão de alivio no rosto dele.

— Já disse que você é demais? - Aí pare, são seus olhos!

—Pode dizer de novo se quiser. – Ele sorriu e me guiou para uma caminhada.

Diego era o tipo de pessoa que fazia eu me sentir bem ao seu lado, demos umas trocentas voltas no parque, mas por alguma razão eu estava afim de dar mais mil se fossem necessárias, eu me divertia com os assuntos dele e ficava encantada com as crianças que de vez em quando nos rodeavam brincando de pega-pega. 

Mas é claro que uma hora aquela caminhada mágica tinha que acabar e é mais claro ainda que tinha que ser meu estômago que acabaria com a farra, ele deu um grunido tão alto, mas tão alto, que instintivamente coloquei a mão em cima dele pra ver se ele entendia que era pra calar a boca, Diego percebeu e acho que o diverti com a situação.

—Está com fome? - super educado achei, considerando o grito que meu estomago tinha dado antes.

Assenti com a cabeça e ele colocou a mão em minha cintura me guiando até a barraca de cachorro quente, ele pediu dois e eu quase –literalmente- pulei de alegria. Porém, ignorando minha urgência em devorar aquele cachorro quente, ele parou na minha frente encarando meus pés: estavam roxos! Por isso a dor tinha passado, eles estavam amortecidos, rapidamente tirei sandália e senti um alivio que não podia ser comparado com nada no mundo.

— Quer ir ao hospital?- Ele puxou meu pé pra examinar e quase cai de cabeça no chão.

—Não, tudo bem, já esta muito melhor. – Ignore a aparência de que está se decompondo.

Ele me olhou meio desconfiado, mas decidiu acreditar, levantou-se, pegou o cachorro quente em cima da mesa e me entregou. Uma mordida naquele cachorro foi o suficiente pra eu esquecer tudo na minha volta. Curiosidade sobre mim: amo cachorro-quente.

—Sabe, você é a primeira pessoa que eu trouxe que gostou daqui. - Eu fui despertada bruscamente do meu delicioso transe.

—Claro que gostei, por que não gostaria? É tão lindo. - Eu tava igual uma criança numa loja de doces-Da próxima vez de tênis, de preferência. – Ou eu posso amputar meus pés, quem precisa deles não é mesmo?

—Já está marcando a segunda vez? - Eita, me incriminei sem querer

—Então, você disse que era um lugar importante pra você, por quê? - Percebi na hora que foi a pior pergunta que eu podia ter feito, eu realmente tenho que aprender a ficar quieta- Diego, eu sinto muito, não devia ter perguntado, não é da minha conta. -

—Não, tudo bem, não tem problema. - Ele colocou a mão em cima da minha – É que meu pai me trazia aqui quando eu era moleque- falou ele relembrando. -Toda vez que eu estava chateado com alguma coisa, qualquer que seja, ele me trazia aqui, me dava um sorvete e ficamos caminhando pelo parque. - Fiquei imaginando como deve ser o pai de Diego, um homem que deve valer a pena conhecer e, será que um dia eu o conheceria? -  Ele morreu ano passado. - Pera, que?! Parecia que um elefante grávido tinha me atropelado e não consegui segurar uma lágrima de compaixão - Ei, não é pra você chorar. - ele limpou minha lágrima e sorriu, que cara incrível. A única coisa que eu queria fazer agora era abraçar ele o mais forte que eu conseguisse e nem pensei duas vezes, envolvi ele em um abraço que eu senti que estava precisando mais que ele.

—Obrigado por estar comigo. - ele sussurrou no meu ouvido
—Eu sempre vou estar. -

Ele se desvencilhou do meu abraço e eu fiquei me perguntando se tinha falado alguma besteira. Mas não, ele me olhou com os olhos marejados e me beijou. Sim, ele me beijou.

Foi um beijo calmo, romântico, sem pressa e eu não desejaria estar em outro lugar naquele momento. Ficamos mais um tempão sentados conversando e quando olhei no relógio dele já eram 01h 15min da manhã, decidimos que era hora de voltar pra casa, me abaixei pra pegar minha sandália mas ele foi mais rápido e pegou-a primeiro.

—Nada disso! - Que? Endoidou o menino foi?

—O que? -

— Que ficar com o pé roxo e me matar do coração de novo? -

—E você quer que eu vá descalça? -

—Você quer ir no colo? - Tentador, muito tentador.

—Não obrigada, prefiro ir andando. -

Peguei a mão dele e fomos andando, ele levou minha rasteirinha e eu tentei fazer a Cleópatra enquanto todo mundo me olhava na rua como se eu fosse doida.

— Chegamos. -

— Pois é- fui pegar minha rasteirinha e ele esticou o braço para cima, rindo me vendo tentar pular para alcança-las. Mas que diabos!

—Um beijo por sandália. -

Revirei os olhos pra ele ver o quanto aquilo era infantil, o que não funcionou muito. Beijei ele duas vezes rápidas para pagar o resgate das minhas rasteirinhas, mas ele me deu só uma.

—Ué, eu beijei duas vezes. -

—Aquilo? Só valeu por uma, tenho certeza que você faz muito melhor. -

É O QUE? Ele vai ver só. Fui lentamente para perto dele até nossos corpos estarem a menos de dois dedos de distância, envolvi meus braços envolta de seu pescoço e o puxei lentamente em direção a minha boca, mantendo viva a tentação e a ânsia pelo beijo. Ele cedeu e colocou suas mãos em minha cintura, entrando no jogo provocante que eu havia começado. Mas não era isso minha real intenção, agarrei minha sandália e deixei ele com uma cara de –mãe de quem?

—Boa noite. – Levantei a sandália e lancei meu famoso olhar vitorioso.

 Assim que ele percebeu que tinha sido enganado soltou uma gargalhada e me puxou para ele, tentei até escapar, mas de fato estou muito fora de forma.

—Vai ter volta. - Ele mordeu a ponta da minha orelha o que me fez gelar toda a espinha e me soltou, quase corri para o prédio, ele esperou eu entrar e depois saiu, voltei correndo para a porta de vidro para vê-lo, lindo, indo embora.

 


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