- C-Como disse? – perguntei absolutamente certa de que havia compreendido de forma errada as palavras ditas por Jacob.

- Vamos fugir! – disse ainda mais convicto do que antes, aproximando-se e segurando minhas mãos nas suas.

- F-fugir? – repeti quase que gaguejando. Sorri descrente, maneando a cabeça levemente para os lados. – Está brincando, não está? – Jacob permaneceu sério e negou com um aceno rápido. Meu sorriso murchou. – Jacob, por Deus, é loucura! Não posso... Digo, não... É insano! – falei por fim, levantando-me e indo até a janela, fitando a noite estrelada que fazia hoje.

- Claro... Porque tudo o mais o quê estamos fazendo não é insano. – ouvi Jacob murmurar com desdém atrás de mim. – Eu só não... Não sou capaz de agüentar... – ele estava relutante. - Agüentar em saber que em uma semana você irá ser de outro, irá se entregar a ele. – sua voz estava tremula e eu sentia meu rosto franzir-se de desagrado ao ouvir aquelas palavras. – Só de imaginar ele tocando em seu corpo... – eu não havia ouvido-o levantar-se, e muito menos aproximar-se de mim, contudo o toque da sua mão grande em quente em minha cintura fez com que eu suspirasse involuntariamente. – Dói só de imaginar. – sussurrou em meu ouvido, beijando meu ombro em seguida.

- Sei disso! – virei-me para fitá-lo. Ele encarava-me com tristeza nítida. – É só que... Fugir Jake? – mordi o lábio relutante. - E vamos para onde? Viveremos de quê? 

- Vamos para longe daqui. – segurou meu rosto com as duas mãos, impedindo-me de desviar o olhar do seu. – Onde ninguém nos achará. – seus olhos brilhavam estranhamente. – E quando ao dinheiro, bem, eu sempre tive uma pequena quantidade guardada e com a venda das espadas... Acredito que seja o suficiente, pelo menos para começar. – deu de ombros.

- Mas... – Jacob colocou um dedo em minha boca, calando-me.

- É claro que não poderei lhe oferecer todo esse luxo a qual está acostumada. – ele suspirou, mantendo aquele semblante triste que fazia meu coração doer. – E muito menos a vida repleta de mimos que com absoluta certeza Nahuel pode lhe dar. – sua voz tremeu. Ele prosseguiu antes mesmo que eu tivesse tempo de responder aquele comentário insano. – Contudo, estou lhe oferecendo meu amor. E prometo passar todos os dias de nossas vidas tentando lhe fazer a mulher mais feliz do mundo.

Ele permaneceu ali, fitando-me intensamente e aguardando algum pronunciamento de minha parte.

Aquela proposta era demasiadamente tentadora, contudo, praticamente suicida. Viver para sempre com meu amor, era meu maior sonho, com toda certeza. Entrementes, seria capaz de abandonar minha família? Meus entes queridos que sempre deram-me tudo do bom e do melhor. E meus pais? Eu os envergonharia! Traria desonra para o nome da minha família, manchá-lo-ia para sempre. Seria certa ingratidão de minha parte, não seria?

A resposta mais apropriada para aquela pergunta absolutamente seria não, correto?

Mordi o lábio inferior, fitando aqueles olhos negros que transbordavam expectativa.

- Sim. – peguei-me falando de repente.

Jacob arregalou os olhos, parecendo não acreditar no que havia ouvido.

- Como?

Sorri.

– Sim, meu amor. Fugirei com você! – repeti.

O sorriso que surgiu na face de Jacob fora suficiente para que qualquer dúvida ou relutância que ainda houvesse dentro de mim, simplesmente evaporasse.

Nossos lábios encontraram-se em um segundo, enquanto eu rodeava o pescoço de Jake com meus braços. Ele apertou-me delicadamente na cintura, levantando-me ligeiramente do chão.

Não era um beijo quente como das últimas vezes.

Não.

Era um beijo doce, mesclado com toda a paixão que ambos sentiam um pelo outro. Era o beijo que demonstrava, sem necessitar de uma única palavra, que a partir daquele momento nem um dos dois mediriam esforços para viver a linda historia de amor que estava por vir.