Era mais um dia comum na Fenda do Biquíni, tudo estava em paz e em perfeita harmonia, podia se notar as crianças brincando nos parques ou até mesmo em rodas com seus amigos e suas típicas bolas coloridas, os idosos passeando com seus parceiros ou sozinhos conversando sobre o que comeram no café da manhã ou até mesmo sobre o dia ensolarado que estava fazendo, as donas de casas sorridentes levando os seus filhos pequenos para a creche, emfim estava um dia extraordinário, todos estavam muito felizes logo de manhã exceto uma pessoa que parece não estar feliz em dia algum, algo que puxou de seu próprio pai o frio e mal-humorado Christian Tentáculos que andava em passos lentos até o restaurante onde trabalhava, não se preocupava com nada e nem com ninguém, apenas olhava a todos com um olhar de deboche e frieza parecendo que tinha chupado um limão azedo no café da manhã. Por sorte não chegou atrasado ao trabalho coisa que sempre acontecia por ele dormir demais. Ao colocar os pés dentro do estabelecimento foi imediatamente bater o ponto, e foi se sentar ao balcão onde estava a caixa registradora. Estava com sono era evidente em seus olhos que a todo instante pareciam pesar sobre suas pálpebras. Odiava trabalhar naquele lugar, de todos os empregos possíveis nunca imaginou ter escolhido para ser um atendente, ainda mais do Siri Cascudo, um lugar que só faltava ter remendos no próprio dono. Um lugar tão prestigiado como esse deveria ser impecável, porém o dono Senhor Sirigueijo que coloca o dinheiro acima de tudo até mesmo de sua filha Pérola e é considerado avarento e mão de vaca, mas que sabe ser divertido e gente boa na maioria das vezes. 

Estava sentado ali há tanto tempo que seu bumbum já estava começando a doer, ficar ali só esperando alguém se levantar para pagar a sua conta era horrível e tedioso para o rapaz mas fazer o que era isso ou arrumar um outro empego num lugar mais medíocre que esse. 

Estava tão pensativo que nem percebeu um cliente parado em sua frente. Um homem loiro, forte de olhos azuis o encarou seriamente. Christian pareceu sair de seu mundinho paralelo quando focou seus olhos no homem. Constrangido por estar pensando demais e não atendendo os clientes se recompôs como pode e tentou prestar atenção no que o homem iria dizer.

— Olá meu bom rapaz. - O homem se aproximou mais do balcão por estar um pouco afastado quando chegará próximo do móvel, Christian o olhou friamente. - Eu percebi que esse hambúrguer de Siri está sem picles, você poderia levar o lanche até a cozinha e pedir pra ser colocado o alimento em cima da carne?

— Não. - Ele respondeu tedioso.

— Como assim não? 

— Não do verbo não estou afim. 

— Pelo menos poderia chamar a mocinha que faz os hamburguês? - O cliente estava um ponto de estrangular Christian ali na frente de todo mundo.

— Não. 

— Já chega, eu vou te... 

— Me desculpe senhor... Uma voz doce chegou até o ouvido das pessoas que estavam presentes no ambiente, até mesmo as mais distantes. - Me de o seu lanche vou agora mesmo providenciar o picles que está faltando, me perdoe, devo ter esquecido de colocar. - A menina pegou o alimento que estava nas mãos do homem e foi rapidamente até a cozinha o arrumar, assim não teria reclamações do cliente ao seu patrão. - Aqui está senhor.- A garota voltou com o lanche na mão e entregou ao homem que sorriu amavelmente para ela e saiu de lá, mas antes esbarrou seu ombro com o de Christian em sinal de raiva por ele não ter o atendido como se devia. 

Ali estava a garota mais irritante que Christian já havia conhecido, uma pessoa que mesmo parecendo ser tão meiga conseguia ser tão chata quando estava perto de si. Falava mais que os cotovelos e nunca se cansava de elogiar as pessoas e de falar. Poderia ser considerado uma pessoa fofa para alguns mas para o rapaz ela era insuportável. Adorava brincar, ajudar e estar paparicando o seu chefe. Uma adolescente que não parecia ter a idade que tinha. 

— Bom dia Christian! - Disse docemente fazendo o estômago de Christian se revirar lá dentro. 

— O que há de bom...

— Já com esse mal-humor de manhã, não pega bem em alguém tão bonito como você. - Sorriu meio envergonhada. A última palavra fez o rapaz sentir suas bochechas esquentarem. O ato fez Susan sorrir de lado e se aproximar mais do balcão. Christian tentou afastar o corpo da menina para longe de si e o calor que estava em suas maçãs do rosto. 

Christian quando conseguiu afastar Susan de perto de si após várias tentativas suspirou aliviado. 

— Você sabe que odeio que fique tão perto assim de mim. - Disse o mais alto irritado, tentando esconder de si mesmo a vergonha que teve a alguns instantes atrás.

— Eu sei, me desculpe... Só queria que você soubesse que não deveria trabalhar assim de cara fechada o Sr. Sirigueijo não iria gostar de ver um funcionário como você não estando sorrindo. - Disse por um momento triste. - Já sei por que está tão irritado hoje, como não tinha percebido antes. - A loirinha deu um tapa em sua própria testa. - Você está assim porque não está usando o chapéu do Siri Cascudo, deve ter esquecido em casa e ficou com raiva por isso. 

— O QUEEE?! NÃO É ISSO SUSA... — Christian tentou falar mas foi interrompido por Susan. Iria dizer que não queria mas a garota ficaria insistindo que ele deveria usar por que era normas da lanchonete. Então acabou se calando. 

— Espere aqui que eu já volto vou arranjar um pra você - Sue foi correndo até o estoque de chapéus do seu chefe, pegando um para seu colega de trabalho e voltando rapidamente até o mesmo colocando o chapéu em sua cabeça. 

Christian revirou os olhos, detestava aquele chapéu, o achava ridículo por isso não o usava. Ajustou o chapéu em sua cabeça mas furioso por ter que usar aquela coisa e por não ter conseguido dito a loirinha irritante que não queria usar aquilo. 

— Acho melhor eu voltar para a cozinha, tenta não esquecer ou perder esse chapéu. - Sue disse após reinar um silêncio entre os dois colegas e foi andando até a cozinha em passos rápidos para continuar a preparar os lanches assim que informados pelo Christian. 

O rapaz apenas observou a garota voltar a cozinha em silêncio. Após ela sumir de sua vista pode revirar os olhos em sinal de ironia. 

— Vejo que está com o seu chapéu senhor Tentáculos. - Uma voz grave se fez presente perto de Christian. O fazendo deduzir que era seu chefe. E realmente era. 

— Senhor Sirigueijo..

— Tenta ir com calma com a pequena só está querendo sua amizade. - O dono do estabelecimento disse.

Christian bufou.

— Seria melhor ela parar de ser tão doce comigo.

— Apenas tente ser legal com ela, a pobre menina já sofreu tanto.

— Vou pensar...

Sr. Sirigueijo sorriu e foi conferir o estoque de alimentos para ver se precisava ser abastecido ou não. 

—--

Já estava anoitecendo, todos os clientes haviam ido embora. Sr. Sirigueijo estava em seu escritório provavelmente contando seu dinheiro, Susan estava limpando o chão com um esfregão enquanto Christian retirava os chicletes grudados nas mesas e cadeiras. 

— Está uma linda noite hoje. - Disse a loirinha olhando de longe pela janela imensa do lugar enquanto limpava o chão. - Não acha Christian? - Voltou sua atenção para o rapaz que estava em silêncio e que ao ouvir o seu nome olhou para a garota. 

— Pra mim todas as noites são iguais Susan. - Christian disse friamente voltando sua atenção ao que estava fazendo. 

— Ah não diga isso, cada noite tem sua essência. 

— Só se for pra você. - Resmungou o rapaz. 

Depois de algum tempo os dois terminaram o seus respectivos serviços e foram embora. Christian assim que acabou saiu em passos rápidos até a sua casa não queria ter que aguentar nem mas um segundo com aquela menina tagarelando. Sue ficou ainda mais alguns minutos para se despedir do seu patrão e para conferir se estava tudo certo. 

Assim que viu que tudo estava bem Sue caminhou para fora do estabelecimento indo finalmente para sua casa, avistou Christian quase correndo no caminho, até pensou em ir até ele mas sabia que seria desprezada completamente pelo mesmo então resolveu dar uma colher de chá para o rapaz, o deixou ir na frente e foi logo atrás em passos lentos. Christian foi andando depressa, Sue o acompanhou com o olhar até o ver desaparecer de sua vista.  Continuou a caminhar. 

Quando passou em frente a uma loja de animais sentiu felicidade. Amava qualquer tipo de bicho, sendo ele grande ou pequeno. Por isso parou em frente e admirou os animaizinhos dormindo ou até mesmo brincando com seus rabos ou com seus acessórios. Estava tão perdida olhando para o vidro da loja que nem percebeu uma figura alta e forte se posicionar ao seu lado. Assustada com a sombra da pessoa se virou imediatamente dando de cara com um homem estranho e com olhar malicioso. 

— Olá gracinha. - Disse o homem sorrindo maldosamente. 

— O-Olá se-senhor. - Ela disse gaguejando o que fez o homem sorrir. 

— O que uma gracinha como você faz essa hora parada aqui e ainda mais sozinha. - Se aproximou da menina a fazendo dar passos para trás.

— Eu est-estava olhando os anim-animais. - Sue disse sentindo suas pernas tremerem e seu coração bater acelerado.

— Ora, mas um docinho como você não deveria estar só aqui, tem muitos caras ruins nesse pedaço. 

— E-Eu tenho que i-ir para ca-casa. - Sua voz estava ficando mais gaguejante ainda, fazendo o homem morder os lábios olhando para o seu corpo. 

— Tá cedo ainda docinho, fica mais um pouco. - O homem se aproxima e pega firmemente no braço da loirinha. 

— Me solta mo-moço por fa-favor. - A menina disse sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.

— Ah que isso meu docinho eu só quero me divertir com você depois te deixarei ir para casa. - O homem pegou no outro braço da menina e trouxe seu corpo para mais perto dele. 

Susan estava desesperada, aquele homem iria fazer alguma coisa de errada com ela e o pior não tinha ninguém que pudesse a socorrer, estava tudo escuro. O medo daquele ser só aumentava. 

O homem estava perto de a beijar a força quando desmaiou após sentir um soco fortemente direcionado em seu rosto o fazendo soltar a menina e cair no chão desorientado. Quando Sue achou que tudo estava perdido alguém apareceu e a salvou e aquela pessoa era ninguém mas que Stefano filho do Plankton o arqui-inimigo de seu chefe. Susan se surpreendeu, nunca podia imaginar que Stefano iria a salvar, pensou que fosse Christian o garoto que morava em seus sonhos. 

Stefano se aproximou de Susan após nocautear o homem e sorriu docemente. 

— Você está bem Susan? - O rapaz perguntou fingindo uma preocupação com a mais nova.

— Agora estou, graças a você. - Disse sorrindo. - Obrigada Stefano, você apareceu na hora certa, não sei o que faria se aquele homem nojento tivesse me beijado. - Se aproximou do rapaz com uma certa timidez. 

— Aquele desgraçado, eu vou... 

— Não, por favor, não suje suas mãos com o sangue desse homem. - Sue impediu Stefano de matar o homem apenas pegando em sua mão. 

— Tem razão. - O rapaz a olhou nos olhos sorrindo fazendo a menina corar e se afastar dele. 

— Obrigada mais uma vez Stefano. 

— Não precisa agradecer Sue, mas me chame de Stefan por favor. - Sorriu coçando a nuca. 

— Ah sim tudo bem. Esse apelido combina com você. - Disse a loira forçando um riso. O rapaz mordeu o lábio inferior. - Eu tenho que ir para casa é tarde. - Disse caminhando a passos rápidos. Stefano foi atrás dela. 

— Espera Sue, eu posso te acompanhar até em casa? 

— Claro Stefan seria uma honra ser acompanhada pelo cara que acabou de salvar a minha vida. - Disse o olhando de lado. 

Os dois foram andando até a casa da menina enquanto conversavam animados. Sue ria das piadas de Stefano esquecendo aos poucos do ocorrido até alguns instantes atrás. 

Quando chegaram na frente da mesma, Sue disse:

— Obrigada por me acompanhar, foi muita gentileza sua. - Diz se aproximando do rapaz e lhe dando um beijo demorado na bochecha. 

— Você salvou minha vida hoje. 

— Sempre vou te salvar Sue, conte comigo. - Stefano sorriu galante fazendo a menina corar.

— Ótimo boa noite então nobre cavalheiro. - Sue disse indo até a sua casa. 

— Boa noite donzela. - Stefano diz vendo a menina sorrir e entrar para sua casa. 

Assim que a menina entrou em sua residência, Stefano revirou os olhos. 

— Bom a primeira parte do plano já foi executada, amanhã eu só vou ter que dar um jeito no Liam que não fez a parte dele direito. - Diz sarcasticamente saindo de perto da casa da loira e indo até a sua casa. 

Mal sabia ele que uma pessoa tinha ouvido tudo o que ele disse. E essa pessoa era simplesmente Christian.