Eu estava atordoado.

Reneé estava bem, apesar de ter sido agredida, Charlie havia colocado algumas viaturas atrás de Esmee enquanto aguardávamos por Afonso que havia chegado em Seattle algumas horas antes, Charlie havia deduzido que Esme sabia que ele estaria na cidade e por isso sequestrou Nessie, se fizesse isso enquanto ele estivesse em Nova Yorque ele poderia acionar uma força policial muito maior contra ela.

Tudo havia sido planejado.

Andava de um lado para o outro na pequena sala de Charlie enquanto Sue servia café aos dois policias que preparavam o telefone de Charlie com localizadores, minha atenção se voltou para a porta, Afonso entrava acompanhado de dois homem com um semblante de desespero.

— Ela entrou em contato? Ele perguntou assim que passou pela porta.

— Ainda não! Charlie respondeu passando ambas as mãos no rosto – Estamos nos preparando caso ela ligue, precisamos do seu Telefone! Completou Charlie.

Imediatamente, Afonso retirou o aparelho do bolso e entregou a Charlie que repassou aos dois policiais, um aparelho era conectado ao de Afonso, em seguida Charlie devolveu a ele.

Eu precisava procura-la.

Olhei para a janela e observei o balançar das samambaias na floresta, disfarçadamente eu caminhei até a cozinha e então sai pela porta dos fundos, meu olhar se fixou na floresta onde Sam e Owen apareciam.

— Sue ligou para Leah e ela nos avisou, ambas as matilhas estão vasculhando toda a região! Sam falou ao se aproximar.

— Obrigado Sam, logo me juntarei a matilha, só preciso saber se ela está bem.

—Jake, eu acho que você deve ficar aqui – Owen falava – Estamos procurando uma agulha no palheiro, talvez se ela entrar em contato você possa ter uma pista e possamos procura-la em um único ponto.

 - Owen tem razão Jacob! Sam concordava com ele.

Respirei fundo e passei ambas as mãos no rosto.

—Jake entendemos seu desespero, mas agora você precisa ser racional!

Concordei com a cabeça ao ouvir Owen, Sam apertou meu ombro e ambos correram novamente em direção a floresta, fechei os olhos lembrando da imagem de Nessie dormindo pela manhã em seguida entrei novamente na casa.

Ao chegar na sala Afonso estava ao celular e pelo seu tom de voz Esmee havia ligado.

— EU SÓ FAREI ISSO SE VER RENESMEE! Afonso falou exaltado.

—É ela? Perguntei me aproximando rapidamente.

—ESME! Afonso gritou jogando o celular sobre o sofá – DESGRAÇADA DESLIGOU!

— E a Nessie? Perguntei aflito.

—Não a vimos! Charlie respondeu.

O desespero me dominou novamente, sentei no sofá e levei ambas as mãos a nuca.

— Jake querido, seja confiante ela está bem! Sue falava tentando em acalmar.

— Como posso ter certeza disso? Mas uma vez eu a deixei sozinha e agora ela...

— Querido é claro que não é sua culpa.

— Preciso salvar minha mulher e meus filhos!

Sue me puxou para um abraço e eu apenas fechei os olhos, eu sempre havia me achado um azarado e parece que continuava sendo e quem sempre sofria com isso era a Nessie.

Sue levantou do sofá indo até Charlie enquanto Afonso conversava com alguém ao celular, levantei do sofá e me encostei próximo a janela, Renee descia as escadas com um olhar de tristeza sendo amparada por Sue que a levou para a cozinha.

Três horas se passaram quando o celular de Afonso novamente tocou.

Afonso atendeu o celular enquanto os policiais ficavam atentos a localização da chamada, ao me aproximar pude finalmente vê-la, impulsivamente tirei o aparelho das mãos de Afonso.

—Ness...

— Jake! Ela respondeu, eu reconheci em sua voz que ela estava com medo.

—Vai ficar tudo bem entendeu? Eu vou buscar você.

Ela concordou com a cabeça, mas Esmee a tirava da ligação – Desgraçada! Murmurei.

— Como podem ver ela está bem, vão receber a mensagem com o local da entrega e não levem a polícia, se algo acontecer ao homem que está a espera de vocês não vou me importar com o que os amigos dele podem fazer a ela

— Você esta louca, ela é nossa filha! Afonso falou exaltado.

—Não encosta nela! Gritei.

—Aguardem a mensagem, assim que eu receber o que quero a liberto.

Ela encerrava a chamada.

— Droga! Falei exaltado e caminhei até a janela.

— Então conseguiram localizar? Charlie perguntava aos policias.

—Não, eles sabem exatamente o tempo que precisamos e sempre desligam antes.

—Droga! Charlie murmurou.

Os policias repetiram a mensagem e um ruído enquanto Esme falava chamou minha atenção – Podem repetir a primeira frase? Falei me aproximando.

— O que foi Jacob? Afonso perguntou me olhando.

O policial repetiu a gravação e todos ficavam em silêncio na sala – Estão ouvindo? Murmurei – É o som de um motor de barco.

— Repita! Charlie falou e assim o policial fez.

— Realmente é um som, mas não consigo identificar! Charlie falou.

—Motor, de barco! Repeti olhando para Reneé – Você disse que eles pararam vocês na metade do caminho certo?

—Sim! Reneé respondeu.

—Não daria tempo de irem muito longe, Esme ligou duas horas depois que sequestrou Nessie! Afonso falou.

—E não foram, estão em Port Angeles!

Afonso olhava o celular – Ela mandou uma mensagem com o valor e o local.

—Peça para o seu homem demorar o tempo necessário Afonso, estamos indo atrás da Nessie!

—Jacob espera! Charlie falou me seguindo, passei pela porta dos fundos e caminhei em direção a floresta – Jacob!

— Charlie, Port Angeles, provavelmente nas docas, existem balcões abandonados por lá eu ligo.

—Jacob espere!

O ignorei e corri em direção a floresta tomando minha forma de lobo enquanto os pensamentos da matilha invadiam os meus.

—Port Angeles galera! Owen falou na mente de todos.

— Eu estou perto! Leah falou.

—Certo, mas se encontrar algo nos espere entendeu?  Falei indo ao encontro de Leah – Não podemos por a Nessie em risco.

—Jake tem razão galera, vamos ter cautela.

Todos concordaram enquanto seguiam em direção a Port Angeles – Estou indo Ness, estou indo buscar você! Repeti em meus pensamentos enquanto corria pela floresta.

— Jacob eu acho que você acaba de passar por nós! Dakota falou – Como fez isso, não faz nem quinze minutos que saiu da casa de Charlie.

Não respondi Dakota e um silêncio se fez quando os pensamentos de Leah invadiram nossa mente...