Sentada no pequeno sofá da sala de Billy, eu tentava assimilar as informações que eles me davam, como tudo podia mudar em poucas horas, como segundos poderiam ser o suficiente para definir o presente e o futuro.

— Não sabemos qual o efeito do veneno de um vampiro no sangue de um lobo! Carlisle falou um pouco mais distante do sofá, Leah estava ao meu lado e sua mão quente aquecia as minhas.

— Por favor fale alguma coisa Nessie! O tom de aflição na voz de Billy fez com quem meu olhar se direcionasse a ele, o som da sua cadeira de rodas foi o único barulho que saiu depois de suas palavras, assim que o velho Billy se aproximou de mim Leah soltou minhas mãos e então foram as mãos dele que eu senti tocando a minha – Eu avise Charlie e ele está a caminho.

Segundo o que eles haviam me dito, Irina e um outro vampiro que segundo Edward era irmão de Laurent haviam feito um ataque surpresa, a vampira não havia planejado isso, pois como se encontraria com Edward ele saberia invadindo sua mente, todo o plano havia sido elaborado pelo vampiro que encontrou Irina somente naquele dia, os lobos haviam sido pegos desprevenidos e como estavam em sua forma humana foi mais fácil para o casal de vampiros.

Após ser mordido o veneno tinha sido retirado do corpo de Jake por Bela, e se ele ainda estava vivo ou não tinha virado uma aberração como Sam se referiu ele não teria uma chance.

Mas estava em coma, tudo que Edward conseguia ver em sua mente era escuridão.

As palavras haviam fugido, como se minha voz tivesse sido tragada pela notícia, mesmo com todo o calor das mãos de Billy, o olhar de conforto de nossos amigos lobos não era o suficiente para diminuir a minha dor, ela era infernal.

Eu precisava entender porque tudo aquilo estava acontecendo com nós dois, eu fechei o olhos e arfei repetidamente tentando me concentrar, haviam dois pequenos seres dentro de mim que precisavam sobreviver a tudo isso, mesmo diante das interrogações eu precisava ter esperança que ele acordaria, afinal ele havia me prometido e Jake sempre cumpria as suas promessas.

— Jake é o Alfa, neto de Ephraim, sucessor direto da tribo Quileute – Eu murmurei quebrando o silêncio – Jake é um guerreiro, ele vai voltar.

Meus olhos se abriram novamente novamente e todos olhavam para mim, Billy deu um sorriso fraco e eu pude ver o quanto o velho na cadeira de rodas estava sofrendo, seria egoísta da minha parte acreditar que a dor era apenas minha – “ Seja forte Nessie, seja adulta.” Repeti em minha mente e então levantei lentamente do sofá e segui em direção ao quarto.

A cama de Jake era pequena, como não sabíamos por quanto tempo ele ficaria desacordado eu respirei fundo engolindo a imensa vontade de chorar, novamente me aproximei e carinhosamente selei seus lábios.

—Por favor, volte para nós três, nós precisamos de você!

Ele não estava mais tão frio como no momento antes de ser tirada daquele quarto carregada por Carlisle.

— Filha.

Charlie sussurrou tocando meu ombro, eu virei meu corpo e minha única reação foi abraça-lo, meu amor por Charlie era tão grande que seus braços foram os únicos capazes de fazer com que eu relaxasse, quando percebi eu engasgava nos soluços de minhas lagrimas.

— Ele vai ficar bem, vocês vão ficar bem! Era tudo o que Charlie conseguia falar.

Após muitas insistências Charlie conseguiu me tirar daquele quarto, ele tentou me levar para sua casa, mas eu não aceitei, eu ficaria na nossa casa, assim seria mais fácil eu cuidar de Jake até ele acordar, Charlie não ficou satisfeito com a minha decisão, mas aceitou.

Quando eu entrei novamente em nossa casa a tristeza e a dor me venceram, eu subi as escadas lentamente e ao entrar no quarto a primeira coisa capturada por meus olhos foram a camiseta jogada sobre a nossa cama, eu a peguei e a abracei deitando na cama e sentindo aquele cheiro, e apenas chorei até o sono me vencer.

Eu acordei no dia seguinte como som insistente da campainha, e esperava que tudo não tivesse passado de um terrível pesadelo, mas me dei conta da difícil realidade ao ver o lado vazio naquela imensa cama, olhei para o relógio e já passavam das onze horas da manhã, levantei caminhando pelo pequeno corredor e desci as escadas com cuidado indo em direção a porta a abrindo.

—Graças a Deus, eu já ia arrombar essa porta se não atendesse! Leah falou aliviada.

— O que achou que eu havia feito? Pendurado uma corda no teto e me enforcado? Respondi caminhando até a cozinha.

—Nossa! Ela respondeu surpresa – O anjo Renesmee tem respostas tortas?

— Me desculpe! Eu respondi suspirando profundamente – É que...

— Ei está tudo bem! Nessie nós entendemos você, não precisa tentar demonstrar forças nós sabemos que você está mal!

— Eu vou tomar um banho e vou para a casa de Billy!

—Nessie...

—Leah eu estou bem! Falei olhando em seus olhos – Algo no meu coração me diz que ele vai acordar, e enquanto ele não acorda eu preciso ser forte, eu preciso cuidar da nossa casa, dos nossos filhos, não vou ficar chorando pelos cantos mostrando a todos o quanto estou sofrendo.

Leah deu um sorriso fraco e acariciou meu braço – Você cresceu criança!

Não respondi nada, apenas sorri fraco e então voltei para o quarto, passei alguns minutos no banheiro e após me arrumar eu voltei a sala onde Leah me aguardava acompanhada de Charlie e Afonso que assim que me viu se aproximou me dando um forte abraço e beijou minha testa.

— Como você está? Charlie me contou o ocorrido com Jacob, que ele caiu de um local muito alto e está em coma.

Olhei para Leah que ergueu as sobrancelhas, só então soube a mentira da vez que haviam inventado para Charlie já que ele só conhecia parte da verdade.

— Eu estou bem pai! Respondi.

— Quero que saiba que posso levar seu marido para os melhores hospitais, falar com os melhores especialistas, posso fazer isso hoje mesmo...

—Pai, eu sei, obrigada – Eu sorri timidamente para ele – Mas eu confio no Carlisle.

— Está bem! Ele respondeu beijando minha testa – Mas sabe que se precisar de qualquer coisa eu estou aqui.

— Obrigada pai! Respondi – Mas agora eu preciso ir ver o Jake, tenho que cuidar dele.

— Mas antes precisa comer alguma coisa! Leah falou cruzando os braços.

Eu respirei fundo e mesmo louca para ver Jake eu aceitei tomar o café que ela havia preparado antes de sair de casa, precisava me alimentar e me manter forte pelos meus bebês e para cuidar de Jake, não era momento de fraquejar e nem de perder o controle, eu seria forte, minha família dependia de mim, eu cuidaria deles.