The Monter Inside Me escrita por Alyta


Capítulo 2
Monstro




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Portmarnock, Irlanda, 9 de setembro de 2132

Desde que me lembro que escuto histórias sobre vampiros, bruxas, lobisomens e todo o tipo de criaturas sobrenaturais e tenho a certeza de que todos nós em algum momento das nossas vidas as ouvimos, sendo bem provável que mais tarde ou mais cedo as contemos a alguém. Não acreditam nas minhas palavras? Ora então pensem comigo, se tivermos uma filha, sobrinha, irmã mais nova, não importa o grau de parentesco, o mais certo é lhe contarmos a história da Bela Adormecida e que personagens temos na história? Isso mesmo fadas, bruxas, um príncipe encantado que salva Aurora do seu sono de cem anos, mas voltando ao ponto da questão temos criaturas sobrenaturais. Tudo bem que não são os seres sobrenaturais que surgem nas lendas urbanas, mas ainda assim pertencem ao sobrenatural. A história da Bela e do Monstro é o outro exemplo do que vos digo. Aqui temos um príncipe egoísta e arrogante que é transformado num monstro por uma bruxa, monstro esses que pelo menos para mim se assemelha a um lobo bípede, por outras palavras, a um lobisomem.

 Ok, podem dizer-me que os exemplos dados são histórias de princesas da Disney que todas as crianças conhecem, no entanto tenho a certeza que todos nós já ouvimos falar, pelo menos, no Conde Drácula de Bram Stoker, que em algum momento da nossa adolescência ficamos indecisas entre o team Jacob Black e team Eduard Cullen, acompanhamos Sam e Dean Winchester e a sua caçada ao sobrenatural, tivemos um fraquinho por Damon Salvatore, embora ele fosse um pouco sádico e psicótico no inicio da série, e podem confessar que muitos de vocês leram o “Diário de um Vampiro Banana”.

Posto isto, o que estou a tentar dizer é que todos nós, de alguma forma, já ouvimos falar no sobrenatural e os que disserem que nunca ouviram/falaram/leram algo sobre o assunto e que são céticos, meus caros amigos tenho a dizer-vos que até aos dois anos, no mínimo, o bicho papão era a entidade sobrenatural que os nossos pais e avós usavam para nos assustar e manter sob controle.

Provavelmente, neste preciso momento estão a pensar em duas coisas: em primeiro lugar, quem é este/a que nos resolveu melgar com este assunto e, em segundo o lugar, que raio de interesse é que isto tem.

Respondendo a estas duas questões, chamo-me Alexis DeAngelo, tenho vinte e quatro anos e há sete anos descobri que as entidades sobrenaturais que acreditávamos fazer apenas parte do nosso folclore e da nossa imaginação são reais o que responde à segunda pergunta, e, contrariamente ao possam pensar, nem sempre é fácil identificá-las, o que torna tudo mais perigoso.

Em tempos, já fui cética, não acreditava ou não queria acreditar em nada disto, afinal vampiros, lobisomens, demónios, fadas, bruxas… não passavam de personagens de histórias infantojuvenis ou de séries e filmes.

Lembram-se daquela série em que um raio cai durante uma tempestade e um grupo de jovens desenvolve poderes sobrenaturais?

Na história que vos vou contar não foi um raio que deu vida às personagens dos nossos contos de fada e das nossas lendas urbanas e sim um corpo celeste que ao entrar na órbita terrestre se fragmentou e caiu em vários locais do nosso planeta. Até aqui tudo bem, novas crateras de impacto, novos fragmentos rochosos para os cientistas analisarem e os museus lucrarem com a sua exposição, grupos de expedição à procura dos tais fragmentos pelo mundo, tudo dentro da normalidade, à exceção de alguns fenómenos que se vieram a verificar algum tempo depois.

Por todo o mundo começaram a surgir relatos de pessoas que de um dia para o outro desapareceram sem deixar rasto, outras que começar a agir como se tivessem sofrido uma lavagem cerebral e já não fossem mais que um corpo sem consciência, algumas começar a sofrer transmutações e ainda houve quem desenvolvesse sede por sangue e fotossensibilidade de um momento para o outro. Desta forma, foi criada uma força especial para identificar e controlar estes novos seres, sendo que muitos destes espécimes acabaram por ser enjaulados em laboratórios para serem estudados, tendo sido num destes laboratórios que contactei pela primeira vez com uma destas criaturas, pois ninguém podia prever, quer dizer talvez uma das criatura pudesse, que um dos espécimes aspirante a vampiro se soltasse e resolve-se atacar a minha jugular, dando inicio à minha louca vida e a esta história, no dia em que acompanhei o meu pai no seu trabalho no laboratório para não ficar sozinha em casa no dia do meu aniversário.   

Recordo-me de ouvir a Dra. Lewis gritar para o meu pai administrar um fármaco qualquer naquele ser, enquanto ela acionava um alarme. Lembro-me de ouvir o meu pai mandar-me fugir. Lembro-me de sentir a minha pele ser rasgada e os meus músculos serem perfurados por algo e após isso na minha memória não existe mais nada a não ser um vazio e escuridão.

Sei que acordei milagrosamente, como se nada tivesse acontecido, após cinco dias nos cuidados intensivos entre a vida e a morte. As memórias dos recentes acontecimentos passavam na minha mente continuamente, em especial aquelas fascinantes iris vermelhas e a voz rouca da criatura a sussurrar a palavra “anjo”.

Não faço a mínima ideia do que aconteceu ao espécime que me atacou, mas sei que o vírus que o infetou me foi transmitido. Este é um vírus totalmente diferente do que se conhece, em alguns casos a pessoa infetada sofre mutações no seu ADN, o que lhe dá novas capacidades.

Novas capacidades como assim? De certo que todos conhecem os mutantes dos X-Men, certo? Pois então essas novas capacidades desenvolvidas consistem em algumas capacidades exploradas em filmes de ficção: velocidade, telepatia, telecinesia, autorregeneração e por aí fora.   

 Em outros casos é como se houvesse dois seres num mesmo corpo numa relação simbiótica, por outras palavras, é como se alguém, um parasita, tivesse invadido o nosso corpo e resolvesse viver harmoniosamente connosco enquanto beneficiasse disso e, depois resolvesse assumir o controlo do corpo. Lembram-se de vos falar das pessoas que agiam como se fossem meio zombis, que pareciam ter sofrido uma lavagem cerebral e fritado a massa cinzenta a que chamamos de cérebro e, por isso agiam como se fossem apenas um corpo oco? Digamos que esses indivíduos perderam a luta pela liderança do seu corpo para o parasita.  

Em qual destes se encaixa o dito cujo que me infetou? Confesso que durante algum tempo tive algumas dúvidas, já que assumi estas duas hipóteses como únicas, contudo o meu pai e a sua equipa catalogaram um total de cinco “mutações” provocadas  pelo vírus “Monster – 25”:

Mutantes – os tais que desenvolvem capacidades especiais;

Parasitas – os que possuem duas “almas” num só corpo;

Vampiros – os que desenvolvem características e capacidades semelhantes às dos vampiros descritos em vários romances adolescentes e livros/séries/filmes de ficção e/ou sobrenatural;

Lobisomens – desenvolvem um gene específico que os permite transmutar entre a forma de Homem e de Lobo, desenvolvendo sentidos mais apurados, tronando-os mais rápidos e forte, tendo este gene sido designado por gene “Lincan”.

Zeros - embora tenham sido infetados não apresentam qualquer mutação no ADN, nem novas capacidades, sendo que cargas virais acabam por se tornar indetectáveis, alguns meses depois de serem contaminados, o que torna o vírus nessas pessoas é intransmissível.

O paciente 19, como o apelidei, encaixa-se na mutação número 3 e, segundo o que percebi, naquela época fora o primeiro a desenvolver este tipo de mutação após contrair a infeção pelo Monster-25.

Embora tenha sido ele o veiculo de transmissão do vírus no meu caso, eu não desenvolvi o vampirismo, aliás durante meses não tive qualquer manifestação da presença do vírus no meu organismo, o que de certa forma permitiu à minha família respirar de alívio, no entanto como um azar nunca vem só, 8 meses depois comecei a apresentar sintomas. Dores de cabeça lancinantes, sentidos apurados, lapsos de memória, maior resistência física foram apenas alguns, durante dois meses fui submetida a testes e avaliações periódicas por não me encaixar em nenhuma das categorias já descritas.

Um dia, ao olhar-me no espelho, após mais um episódio de dor de cabeça, percebi algo errado no meu reflexo, os meus olhos azuis estavam agora dourados.

Não contei a ninguém sobre a minha descoberta, já não me restavam dúvidas sobre o que me tinha tornado, eu era agora um parasita, havia um monstro dentro de mim, um monstro que eu tinha de manter sob controlo caso quisesse continuar a ser eu própria.

Não segui os passos da minha mãe no mundo da moda, nem segui os passos do meu pai como geneticista, optei por seguir uma carreira militar, e há dois anos fui convidada a me juntar às forças especiais, Ghosts, responsáveis por manter o equilíbrio entre os seres humanos e as novas criaturas, mantendo as últimas sob controlo, estando autorizados a capturar e até mesmo eliminar, caso seja necessário, os mutantes fora de controlo que constituam um perigo para outros mutantes e/ou para a humanidade.

O Presidente Gordon decretou a identificação obrigatória e a categorização de todos aqueles que estejam ou venham a ser infetados com o vírus Monster -25, pede-se a colaboração voluntária dos infetados, devendo os mesmos dirigir-se aos locais de recolha assinalados, tais como o Portmarnock Genetic Research Lab. e  Saint James Hospital, todos aqueles que não o fizerem de forma voluntária serão obrigados pelas autoridades a…

 

— Ei! Lex, eu estava a ver isso. – queixou-se Dastan, após eu ter mudado de canal.

— Lamento maninho, mas já estou farta ver as mesmas notícias, não sei se reparaste, mas volta e meia esse comunicado torna a passar em todos os santos canais de notícias e ainda durante os intervalos dos outros programas.

— Tu não devias estar a trabalhar? Não tens uma patrulha ou algo do género para fazer?

— Por acaso até estou de folga, por isso querendo ou não vais ter de me aturar. – disse enquanto me sentava ao lado de Dastan no sofá e percorria com o comando os canais de televisão. – E tu, não devias estar a fazer caricaturas de pessoas ?

— Para ficares em casa sozinha?

— E não posso ficar sozinha em casa porque? – um facto sobre o Dastan, desde que o Luke se casou e se mudou para o fim da rua, há 4 anos, ele resolveu assumir o lugar de irmão ciumento e altamente protetor que lhe pertencia.

— Eu sabia! Queres ficar sozinha para que o teu namorado possa vir cá sem ninguém o ver.

— Podes ir parando por aí Dastan, de que raio estás tu a falar? Eu nem sequer tenho namorado.

— Olha que o teu amigo loiro está bem interessado em assumir esse posto.

— O quê? O que raio andaste a beber, estás a alucinar só pode.

— Onde vais? – perguntou ao ver-me levantar do sofá e dirigir-me à porta da rua.

— Não te interessa – peguei nas chaves de casa e nas do carro e sai sem lhe dar uma resposta em concreto.

Gostei! Mas se fosse eu, tinha-lhe dito que ia ter com o meu amigo loiro, queria ver a cara que ele ia fazer, é uma pena ele ser nosso irmão... –manifestou-se Kira.

Quieta!

Oh, vá-la! Não me digas que queres ficar solteira para o resto da tua vida, ou melhor estas à espera de resolver a nossa situação para, finalmente, encontrares o amor da tua vida, é que se for isso, tenho más notícias, não vou desaparecer nos próximos tempos.

Sei perfeitamente que vieste para ficar, não te preocupes.

Não preocupo. Não podes é negar que não consegues esquecer o vampiro, afinal consigo ver perfeitamente o olhos dele todos os dias nas tuas memórias…

O que achas de irmos treinar um pouco? Quem sabe não te deixas de ideias descabidas.

Só me estás a dar razão, ao desviares o assunto. 

Quem é Kira? Kira é o monstro dentro de mim, é a minha outra “alma” parasita que tem a mania de assumir o controlo do meu, bem, do nosso corpo em situações extremas, sendo que me refiro especificamente às situações em que é necessário eliminar alguém, segundo ela, o melhor é deixar o trabalho difícil para o monstro sem sentimentos, do que passar a vida a culpar-me por ter matado alguém que se não tivesse tido o azar de ser infetado pelo Monster-25, poderia disfrutar de uma vida normal. É fácil saber quem está no comando, Alexis tem olhos azuis e Kira tem olhos dourados, posso descrever a minha relação simbiótica como pacífica e harmoniosa, por enquanto, não sei quando a Kira se vai cansar de ser apenas uma espetadora e vai querer se a consciência principal, até esse dia chegar ajudamo-nos uma à outra.

Tendo em conta o último decreto do nosso ilustre Presidente, note-se a ironia, porque o homem não passa de um ser desprezível e abominável, que pretende subjugar todos os infetados que desenvolveram mutações e, por essa razão decretou como obrigatória a identificação de todos esses seres, o que me incluiria, se o meu pai não me tivesse catalogado como uma Zero.

Depois do meu curto diálogo mental com Kira dirigi-me até ao meu carro, resolvendo ir até à sede do Ghosts, para treinar um pouco, uma vez que o meu plano de ficar em casa a mofar no sofá foi pelo ralo a baixo devido à presença do meu querido irmão.    


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