The Monter Inside Me escrita por Alyta


Capítulo 1
O Início da Loucura


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado, mas pode ter escapado algum erro, se encontrarem algum avisem.
Espero que gostem, boa leitura.



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Portmarnock, Irlanda, 21 de junho de 2125

Nunca gostei do dia do meu aniversário. Como todos sabem no dia do nosso aniversário é aquele dia em que até o Homem Invisível se torna visível, ou seja, é o dia em que todo o mundo surpreendentemente parece se lembrar da tua existência, desde a tua tia-avó solteirona que vive onde Judas perdeu as botas, ao teu colega do secundário por quem tinhas uma paixoneta não correspondida e para quem só te tornavas visível quando ele precisava de saber informações sobre a tua melhor amiga que ficava sempre em primeiro lugar no Miss & Mister da tua escola, passando pelo mendigo que um dia foi tenente e esteve em guerras/conflitos armados que hoje fazem parte do programa da disciplina de História, mas que fritaram a pipoca e resolveram o que o melhor era irem viver para a rua. Por outras palavras, associado ao dia do nosso aniversário está o dia mundial da falsidade e das aparências e, talvez, mas só talvez seja por isso que eu detesto o dia do meu aniversário.

Hoje completo 17 anos e, pela primeira vez na minha vida, tanto os meus pais como os meus irmãos vão estar a trabalhar. A minha mãe, Naryssa DeAngelo, é licenciada em design de moda e há 20 anos que possui o seu próprio atelier, o Beautiful Dream, o qual é bastante procurada pelas senhoras da alta sociedade e pelas noivas perfeccionistas e controladoras que preferem um vestido original feito à sua medida.

O meu pai, Marcus Deangelo, é geneticista e trabalha no Portmarnock Genetic Research Lab. desde que terminou o seu estágio profissional, chefiando uma das equipas de pesquisa.

Lucian é o primogénito, tem 27 anos e terminou o mestrado em DNA Profiling, tendo-se licenciado em ciências forenses e criminais. Luke, como foi apelidado carinhosamente pela nossa avó materna, é o típico irmão mais velho protetor, excelente ouvinte e confidente, bastante prestativo, devendo ser a pessoa mais realista e centrada que conheço, possui uma mente brilhante, que os seus colegas de profissão têm alguma dificuldade em acompanhar.

Dastan é o típico filho do meio, que durante a adolescência fez trinta por uma linha, incluindo várias detenções escolares e três idas à esquadra, as quais os meus pais nunca chegaram a ter conhecimento, porque por obra do destino, ou não, os telefonemas foram sempre atendidos por Lucian que rapidamente resolvia o assunto. Hoje, com 22 anos, Dastan continua com a sua rebeldia, embora mais moderada, o que juntamente com o seu porte atlético, profundos olhos azuis e simpatia o tornam o sonho de consumo de grande parte da população feminina de Portmarnock. Terminou o quarto ano da licenciatura em Engenharia Física e Tecnológica e possui um part-time como ilustrador digital, numa empresa de videojogos, não é por ser meu irmão, mas ele possui um dom incrível para o desenho.

Agora que apresentei minimamente os meus familiares, retomemos o assunto principal, o facto de ter de ficar trancada em casa no meu aniversário completamente só. Não estou a exagerar quando me refiro a ficar trancada. Há cerca de um mês um meteorito entrou na orbita do planeta Terra, tendo-se fragmentado em vários pedaços e, por esse motivo tudo continua igual ao que era antes do meteorito, ou quase igual, afinal o ártico, os Estados Unidos e o deserto do Saara ganharam algumas crateras de impacto, nada que fosse muito grave, nenhuma espécie foi dizimada, nem extinta como aconteceu à milhares de anos atrás quando o meteorito embateu conta a Terra e os dinossauros foram extintos, contudo fenómenos estranhos começaram a acontecer algumas semanas depois deste episódio e por segurança os líderes mundiais resolveram implementar um toque de recolher obrigatório e adotar todo um conjunto de novas  medidas que visam a segurança da população, no meu caso isso implica também trancar todas as portas e janelas quando me encontro sozinha em casa por possuir pais paranoicos e que acreditam que o perigo está à espreita atrás da árvore de frutos do nosso quintal.

Quando me refiro a fenómenos estranhos não me refiro às rochas andantes do Death Valley, Califórnia, que durante décadas foi um autêntico mistério, até a ciência provar que o fenómeno se deve à conjugação de alguns fatores ambientais, ou ao avistamento de uma cidade flutuante nas nuvens na China, que não passou de uma ilusão de ótica, refiro-me a desaparecimentos de pessoas, a seres humanos a agirem como se fossem comandados por uma entidade superior, outros que acreditavam que eram capazes de se transformar em animais, como se fossem um personagem dos livros de Stephenie Meyer, o que me levava a pensar sobre que tipo de droga andaram a fumar, para que de um minuto para o outro alegassem ser criaturas que só existem nos livros e no cinema.

— Dastan, tens a certeza de que não podes mesmo ficar em casa com a tua irmã? – perguntava a minha mãe pela milésima vez, enquanto eu apenas revirava novamente os olhos.

— Eu posso ficar perfeitamente sozinha em casa, não é como se fosse uma pobre moribunda a precisar de cuidados e, para além disso é praticamente impossível o Dastan conseguir trocar o turno tão encima da hora.

— A Lex tem razão! – ok, é a primeira vez que o meu querido irmão concorda comigo sem ser necessário aliciá-lo com alguma coisa – não é faltando meia hora antes do turno que vou conseguir trocar, mas se o problema é ela ficar em casa sozinha só porque faz anos, tu ou o pai bem a poderiam levar com convosco. – sugeriu Dastan.

— Olha só quem resolveu pôs a massa cinzenta a trabalhar logo de manhã cedo. – cheguei a comentar que o Lucian, embora seja um tipo bastante certinho, de vez em quando sabe usar a ironia e de alfinetar o nosso irmão? Não? Pois é, ele não perde uma oportunidade para fazê-lo.

— Rapazes não vamos começar com as implicâncias, já são adultos o suficiente para pararem com isso, mudando de assunto, tenho de reconhecer que foi uma boa sugestão, Dastan. – falou a voz da experiência, vulgo o meu pai. – E então Lex – Lex, a forma carinhosa pela qual a minha família e amigos mais próximos me chamam – queres passar o dia com a tua a mãe no atelier de moda, ou queres vir comigo para o laboratório? Tu é que sabes, mas na minha humilde opinião não te ias aborrecer tanto no laboratório.

Apesar de o meu pai ter acertado na mosca, no que diz respeito a me aborrecer no atelier, não o posso dizer em voz alta na presença da minha mãe por duas simples razões: primeiro a minha mãe ia ficar triste e desiludida e, em segundo, ia me obrigar a ir com ela só para me provar que o atelier é divertido. Pois sim, como se aturar as clientes comichosas, histéricas, com vozes irritantes e esganiçadas fosse divertido, é que nem aqui, nem na China.

— Mãe, se não te importares, prefiro ir com o pai. – disse após fingir durante alguns minutos ponderar as minhas opções.

— Muito bem, questão resolvida. Querido, não te esqueças de alimentar a nossa filha. – Parece que não dei a resposta certa, pois a dona Narissa pegou na sua mala e chaves e saiu de casa como se fosse um relâmpago a resmungar algo que não consegui compreender.

— Vamos lá, Lex, não podemos chegar atrasados. Lucian, Dastan, algum de vocês precisa de boleia?

— Não, obrigada. – responderam os dois em uníssono.

Mal cheguei ao laboratório, senti que tinha tomado a decisão certa, que este ano o meu aniversário ia ser totalmente diferente e, pela primeira vez em 17 anos, não ia ter a típica festa de aniversário surpresa, que nunca era tão surpresa assim, visto que Dastan é péssimo a mentir e a subtileza é algo que não faz parte do seu ser, pelo que todas as vezes que ficava responsável pelo design do meu bolo acabava por pôr os pés pelas mãos ao tentar perguntar-me “subtilmente” como é que eu gostava que fosse. Também não ia ter convidados indesejados (refiro-me aqueles colegas de turma de que tu não gostas, mas como é a tua mãe a enviar os convites, para a tua alegada festa surpresa, acaba por incluí-los na lista), nem aqueles familiares que não querem saber de ti durante a maior parte do ano, mas para serem convidados para as festividades são os primeiros a perguntarem por ti.

Nenhum dos colegas do meu pai se importou com a minha presença no laboratório, na realidade todos eles foram bastantes cordiais e afáveis, desejaram-me um feliz aniversário e tentaram colocar-me o mais à vontade possível, a Doutora Lewis até me ofereceu uma caixinha de bombons e me explicou os princípios das mutações genéticas. Meio dia de trabalho depois, cheguei a conclusão de que as pesquisas e investigações levadas a cabo pela equipa do meu pai são bastantes interessantes e poderão ter um grande impacto no campo da medicina.

Perto do fim do expediente, a Dra. Lewis pediu ao meu pai que a acompanhasse para ela poder colher amostras de sangue a um paciente, perguntei os podia acompanhar, tendo obtido uma resposta afirmativa. Descemos até ao andar -1, percorremos um longo corredor até pararmos em frente à sala número 19.

— O paciente encontra-se sedado, no entanto não sei como poderá reagir a um estímulo doloroso, Alexis, querida, o melhor é ficares junto da porta, o mais afastada possível do paciente, Dr. DeAngelo esteja preparado para o caso de ser necessário recorrer à contenção química. – instruiu a Dra. Lewis.

Não nego que nesse momento me comecei a sentir um pouco nervosa, insegura e com receio de quem, ou do quê que estivesse dentro da sala após ouvir as palavras da doutora e assistir a uma mudança no semblante da mesma, a face anteriormente serena, apresentava agora sinais de preocupação e arrisco a dizer de algum pavor. Antes que tivesse tempo de concluir o meu raciocínio sobre que tipo de paciente se escondia atrás da porta com o número 19 entalhado, a mesma foi aberta pela colega do meu pai, enquanto o mesmo reunia o material de que iriam necessitar para o procedimento planeado. Surpreendida é dizer pouco, perante ao que senti quando ao olhar para o interior da sala me deparei com um homem que não deveria ter mais de 30 anos, que possuía um bom físico, embora estivesse um pouco emagrecido, pálido, já para não dizer transparente, contudo a sua característica física mais surpreendente era os olhos, que mesmo sem foco exalavam perigo, íris vermelhas, com pupilas ovais, davam-lhe um ar animalesco.

 Ainda estava a observá-lo, quando numa questão de segundo, após termos estabelecido um rápido contacto visual, o homem deu um grito animalesco, deixando visíveis as suas presas, rompeu as correntes que mantinham os seus movimentos limitados e numa velocidade anormal aproximou-se de mim, ignorando a presença dos dois investigadores, cravando as suas presas no meu pescoço, antes que tivesse a chance de dar um único passo.


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Notas finais do capítulo

Até ao próximo, bjs!



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