A garota olhou para ele em choque. Como ela poderia ter vivido tudo aquilo, se tinha apenas dezoito anos? Ele era louco, certeza. Ele ia prendê-la naquela casa, com seus delírios doentios, e jamais a deixaria sair.

— Katherine. Você morreu nos meus braços. Diversas vezes. Oras por idade, oras por acidente. Mas você viveu tudo comigo, pelo menos a maior parte. Na primeira vez que nos conhecemos, chamava-se Emily. Tínhamos sido transformados em vampiros pelo mesmo mestre. Ele nos treinou para que vivêssemos escondidos da sociedade, e a convivência fez com que nos  apaixonássemos. Foi nesta encarnação também que tu vivestes mais.

“A primeira vez que morreu, foi no fim do mundo. Estávamos distantes, quando aconteceu. Eu estava numa viagem a negócios, e você em nossa casa, numa cidade grande, e a bomba a matou. Eu fiquei desolado, até encontrar-te de novo. Em sua segunda encarnação, tu eras Beatrice. Tinha memórias de sua primeira vida, em seus sonhos. Me reconheceu, e pediu para que eu lhe transformasse. Viveu muito tempo comigo, porém foi morta por um padre que acreditava que tu tinhas um demônio no corpo. Aos meus braços, me explicou como encontrar-te novamente, e assim o fiz. De vida em vida, eu te procurei. Suri, Anami, Rosa, Gabriel, Alex… Eu te encontrei todas as vezes, e vivemos juntos. Todas as vezes, eu expliquei-lhe isso, e entendeu. 

Mas fazia tempo que eu não encontrava… Até agora, Kath. Você me encontrou. No dia que trombou em mim, e eu vi em seus olhos… Era tu. A razão do meu viver, estava nessa Terra novamente. E aqui está, frente a mim!”

— James… Isso é verdade? — Ela disse, com receio. O homem tinha deixado escorrer uma lágrima, e a moça, ao perceber, secou com as mãos, ao se aproximar. — Porque… Eu acredito. Acredito em você, James. E ainda te amo, apesar dos pesares.

James sorriu. E chorou. Ele realmente achava que a tinha perdido para sempre. A garota parecia tão assustada… Mas ela o amava!

O vampiro aproximou-se de sua amada, para abraçá-la. Ela era tão linda…

E então, a dor.

Algo que James não sentia à muito tempo.

O punhal da garota atravessava diretamente por seu coração, que por mais forte que fosse, não aguentaria tamanho golpe. “Por que?”, ele só podia pensar.

—- Porque… James… Vampiros merecem a morte. E eles jamais me enganarão.

A garota disse, respondendo-o aos pensamentos. Ele podia ouvir os outros membros da casa Dortaam invadindo, matando seus refugiados. 

Enfim, éons de sangue acabavam numa pequena poça ao chão.