Coração Pirata escrita por Catelyn Hudson


Capítulo 2
Linda, só você me fascina...




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Na mesma noite, Ladybug e Chat Noir se encontraram para a patrulha.

— Você quer falar disso? – ele lhe perguntou quando sentaram num telhado qualquer.

— Talvez? Não sei o que dizer além de que seu segredo está seguro comigo, o que é meio óbvio. – Ela se virou para ele. – Você quer falar alguma coisa?

Ele mordeu o lábio.

— Você está… decepcionada?

Seus olhos se arregalaram.

— Quê? Por que estaria?

— Bem – ele disse em voz baixa, olhos focados no colo. – Sou Adrien Agreste, modelo mega famiso. Você certamente me vê todo dia nos outdoors da cidade, e deve ter uma ideia de mim que… não é o Chat Noir.

— Melhor você parar por aí – ela o interrompeu bruscamente. Ele a encarou com os olhos arregalados, mas ela ignorou. – Você é um ótimo garoto, Chat. Meu melhor amigo, incluindo os do meu dia-a-dia. O fato de você ser tão divertido e gentil e altruísta mesmo sendo uma celebridade… É melhor que qualquer expectativa que eu poderia ter de ti. – Ela desviou o olhar dele por um instante. – Não que eu tivesse. Não fico pensando sobre como celebridades são na vida real.

Ele acabou rindo àquelas palavras.

— Obrigado, My Lady – disse baixinho.

Ela tornou o olhar a ele.

— De nada. Agora vamos retomar a patrulha!

Ela se levantou, pegou seu ioiô e saltou para o próximo prédio. Sorrindo estupidamente, Adrien a seguiu.

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Naquela noite, Marinette estava empolgada demais para dormir

— Ah, Tikki! Adrien é Chat Noir! Como pude ter tanta sorte?

A kwami riu.

— Marinette, sou a personificação da sorte!

— Mesmo assim, é surreal! Os dois garotos de quem gosto são o mesmo, e ele gosta de mim!

Bom, ele gostava da Ladybug, mas era só um detalhe. Ela só precisava se revelar a ele e deixá-lo se acostumar à ideia. Com sorte, Marinette e Adrien eram próximos o bastante para ele aceitá-la como Ladybug.

Não deveria ser difícil. Agora que sabia que seus crushes eram a mesma pessoa, juntá-los na sua mente era tão fácil que ela se sentia uma idiota por não ter notado antes (ok, havia o encantamento, mas mesmo assim). Adrien certamente sentiria o mesmo. Imaginou vários cenários onde ela se revelava a ele, todos terminando em beijos… até se lembrar por que nunca o fez.

— Tikki, ainda seria perigoso Chat Noir saber quem sou, né? – perguntou baixinho.

— Bom, ele é quem mais cai vítima dos akumatizados…

— As Ladybug e os Chats do passado… ele se revelaram um para o outro?

Tikki assentiu, mas logo acrescentou:

— Mas cada geração enfrentou perigos diferentes, Marinette, e cada uma lidou da sua própria maneira. Às vezes se revelavam logo de cara, às vezes nunca o faziam. Essa decisão é sua e deve levar a sua situação em conta, não o passado alheio que você nunca viveu nem viverá.

Marinette assentiu e ficou quieta, refletindo sobre o que sua kwami disse. Adormeceu uma hora depois, ainda dividida entre contar sua identidade a Chat e proteger-se.

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Enquanto isso, Adrien estava surtando.

— Ela sabe ela sabe ela sabe ela sabe…

— Cala a boca Adrien, estou tentando dormir!

— Mas Plagg, ela sabe! Sabe quem sou! Não era exatamente isso que queríamos evitar? E agora ela sabe que Adrien Agreste não passa de um abestado e solta piadas ruins e…

Plagg deu uma cabeçada no nariz dele.

— Adrien, cala a boca! – quase gritou. – Não vou passar a noite acordado ouvindo suas lamúrias. Ladybug acabou de te falar que não está decepcionada. E ela ri da suas piadas, por piores que sejam. Então pode parar de se odiar e ir dormir?

— E a nossa segurança?

— Tarde demais para pensar nisso. Não, não vou te substituir, e não, você não vai morrer só porque sua identidade foi revelada. Agora vai dormir. Você não tem prova amanhã?

Com isso, Adrien caiu no sono em minutos.

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As duas semanas seguintes foram loucura. Entre akumas e provas finais, nem Marinette nem Adrien tinham tempo (ou energia) para pensar melhor na sua situação. Havia momentos em que Marinette até esquecia que sabia da identidade de Chat.

No penúltimo dia de aula, porém, ao ver Adrien esperar seu motorista com uma expressão triste e cansada, ela não poderia simplesmente passar por ele com apenas um “tchau”. Ele era seu parceiro, e estava sofrendo. Aproximou-se e tocou seu ombro.

— Adrien, você está bem?

Ele piscou e se virou para ele, pego de surpresa. Logo deu seu sorriso de modelo, para sua frustração.

— Tudo bem, Mari, só cansado de tantas provas. E você?

Ela ignorou sua pergunta educada.

— Você parece triste, Adrien… triste demais para culpar só as provas. – Suspiro. – Sou sua amiga. Diz pra mim o que houve, por favor, para eu te ajudar.

Ele não respondeu de imediato. Por alguns instantes, ele só a fitou nos olhos, fazendo-a esquecer-se de como respirar. Ela a olhava com tanta intensidade…

— Como você consegue ser tão… carinhosa? – ele murmurou, como se quisesse que ela ouvisse. Sem esperar resposta, ele desviou o olhar brevemente para a rua antes de fitá-la novamente. – Uma… amiga minha descobriu algo sobre mim, algo que concordamos em não contar. E mesmo que ela aparentemente esteja de boa com isso, tenho medo de que tenha afetado nossa amizade.

Ela sorriu-lhe e passou a mão no seu cabelo. Ele estava falando deles— Ladybug e Chat Noir. Queria tanto lhe dizer, naquele momento, que ela era Ladybug, que ele não prejudicou nada – pelo contrário, que ela o amava profundamente. Mas seus medos vieram à tona naquele mesmo segundo. Ouviu um Chat Noir possuído gritando seu nome para toda Paris ouvir. Em vez disso, disse, quase sussurrando:

— Adrien… se sua amiga realmente gosta de ti, ela não vai se afastar. Acredite no que ela disse, ok? Você não vai perdê-la.

Ela esperava que ele só sorrissse e agradecesse; talvez dizer que ela era uma boa amiga. Em vez disso, abraçou-a com força. Novamente, parou de respirar.

— O que fiz para te merecer na minha vida? – ele perguntou, num tom de intimidade. Ela o abraçou de volta.

— Só sendo você mesmo. – Por pouco não o chamou de “chaton”.

Permaneceram abraçados até o motorista chegar. Ele sussurrou um “tchau” na mesma voz intimista e sorriu – um sorriso verdadeiro, não o de modelo – e foi embora. Marinette só seguiu seu caminho quando não mais conseguia ver a limusine.

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Um consenso na sala era que, desde que Chloe saíra do armário, tudo melhorou. Ainda estavam se acostumando às boas mudanças, então se surpreenderam quando ela anunciou que faria uma festa de fim de ano letivo na sua casa.

— Que foi? – ela perguntou. – Não chamei vocês todos a um baile, já?

— Porque Adrien ameaçou romper a amizade – Alya respondeu de imediato. – Agora não há motivo.

— Talvez a ameaça veio da Sabrina dessa vez – Alix sugeriu.

— Ninguém me ameaçou de nada – Chloe replicou em tom seco. – Só não tenho nada melhor pra fazer. Então, como estava dizendo, a festa começa às 21h. Vistam-se bem, estão indo à casa do prefeito. Não façam eu me arrepender.

Max levantou a mão.

— Precisamos ir de casal?

— Ah, Max, boa pergunta, obrigada por me lembrar. – Todos ficaram chocados com o fato de ela ter agradecido Max, mas ela continuou a falar: – Não é obrigado, mas quase todo mundo aqui está ou namorando ou ficando, então coloquei umas coisinhas de casal. Então sim, ir de casal seria bom. – Uma pausa breve. – Claro, sua roupa vai ter que combinar com a da Sabrina. Não deixarei minha melhor amiga ficar nada menos que maravilhosa, nem você estragar tudo com suas roupas estranhas.

Sabrina corou intensamente e Max se engasgou com a saliva. Chloe só lhe deu um cartão e lhe disse para encontrar-se com ela para fazer compras. Ninguém ousou avisar que Max e Sabrina não estavam namorando… ainda.

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Nem Marinette nem Adrien precisaram chamar um ou outro para a festa; Alya o fez pelos dois. As energias de Marinette foi direcionado, em vez disso, em empurrar Alix na direção de Kim. Literalmente.

— Só estou retribuindo o favor – disse com um sorriso quase malvado. Alix a encarou, mas acabou falando com Kim e o chamando para a festa.

Ele corou. Piscou. E disse algo que nem Max conseguiu entender.

— Kim, pelo menos responda à Alix numa língua compreensível a humanos…

— SIM! – ele exclamou. – S-sim, vou para a festa contigo.

Marinette riu e se virou para Adrien, que a esperava. Ela o cumprimentou com o sorriso, o qual ele retribuiu.

— Ei, Mari. – Vinha usando o apelido para ela há um tempo. – Estava pensando se você tinha alguma ideia pra a gente vestir… já que você é estilista e tal.

Ela riu com o fato de ele já considerá-la uma estilista. Uma ideia lhe veio à mente.

— O que acha de irmos de Ladybug e Chat Noir?

Ele quase se engasgou no ar.

— Os superheróis de P-Paris? Ah, ó-ótimo! Ótima ideia! O que… em que você estava pensando?

— Fiz um vestido de Ladybug para mim mesma mês passado, e ainda não usei. Não tenho tempo de fazer algo para você, mas você só precisa de roupa preta e gravata verde.

— Ué – perguntou com sorriso maroto. – E o sino?

— Se quiser – disse aos risos. – Ou pode pegar um cinto para usar como rabo. Acho o rabo dele… sexy, até. – Ele corou. – Quer que eu vá comprar contigo?

— Não, já tenho tudo que você listou. Pego você às 20:30?

Ela assentiu empolgadamente.

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Devido à festa, Chat pediu a Ladybug para patrulharem mais cedo.

— Claro! – ela disse. – Também tenho evento hoje à noite.

Ele se surpreendeu com a informação. Ah, se ele soubesse…

Encontraram-se atrás de Notre Dame às 18h. Às 20h, haviam terminado.

— My Lady, receio que tenho que ir agora – ele disse, beijando-lhe a mão. – Preciso ir buscar meu par para a festa.

— Par? Quem é a sortuda, gatinho?

Ele corou e coçou a nuca.

— Acho que eu sou o sortudo na verdade. – Os músculos dela tensionaram ao ouvir aquilo, mas ele não notou. – Marinette, ela… é uma garota maravilhosa, sério. Tivemos um começo conturvado, mas somos muito bons amigos e sou muito grato por tê-la na minha vida…

Apesar de chocada, estava curiosa. Sua frase soou incompleta. “Mas?”

— Eu… queria que fôssemos mais que amigos, sabe. Gosto muito dela. Meu crush nela já dura bem um ano, mas nunca tive coragem de agir. – Uma pausa. – Você que eu deveria?

Ela demorou a responder. Como dar dicas sobre você mesma sem que o outro saiba que é você? Meu Deus, identidades secretas eram confusas demais.

— Acho… que sim. Se ela não ver o quão bom você é, ela não vale a pena.

Ela virou de costas para ele, preparando-se para ir embora, mas virou a cabeça na sua direção.

— Chat, Adrien… talvez você já saiba, mas eu amo você. De verdade. Quero que seja feliz, você merece mais que qualquer outra pessoa. Espero que essa… Marinette te faça feliz. É o mínimo que ela deveria fazer.

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Adrien deixou a transformação cair num telhado qualquer, emocionado demais para esperar chegar em casa; precisava desabafar com Plagg.

— Você ouviu? Ladybug me ama! Ela sabe que sou Adrien e me ama mesmo assim! Ai… estou muito confuso. – Plagg nada disse, pegando um pedaço de queijo do seu bolso. – Como posso chamar Marinette para sair sabendo que Ladybug me ama?

Foi aí que seu kwami falou:

— Como você se sente em relação a Marinette?

Silêncio. Adrien fitou o nada por alguns minutos antes de responder:

— Eu disse a Ladybug que gostava da Marinette, mas não é verdade. Não toda a verdade, pelo menos. Eu… eu estou apaixonado por ela. Não é sou um crush… Mas estou apaixonado por Ladybug há dois anos, Plagg.

— É, mas você não pode namorá-la sem ela se revelar a você. – Uma mordida no queijo. – Tenta com a Marinette, menino. Se ela disser não, investe na Ladybug. Não foi ela mesma que te disse para fazer isso?

Adrien assentiu.

— Tem razão. Maaas tenho que ir para casa primeiro. Plagg, transformar!


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