Aniquilação Escarlate escrita por Drafter, Myara, Ocarina


Capítulo 1
Político


Notas iniciais do capítulo

Escrito por Drafter

Olá, pessoal. Faz séculos que não posto nada por aqui! Inclusive, se você era meu leitor, eu peço desculpas pelas fics inacabadas (saudades Queda Livre e Visceral). Infelizmente tempo é algo que a gente não controla e long fic custa tempo pra caramba!

Por isso estou voltando com um projeto curtinho junto com duas grandes amigas e excelentes escritoras! =) Cada uma escreverá 4 capítulos cada, e eu tenho a honra de abrir a coletânea.

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784175/chapter/1

Kurapika sentiu o tempo parar por um instante. Seu coração afundou dentro do peito, pesado como chumbo, para em seguida voltar com batimentos dez vezes mais acelerados. Durante aqueles breves segundos, era como se o mundo inteiro estivesse inerte. Uma sensação que ele não conseguia evitar.

Havia sentido o mesmo quando viu o primeiro par de olhos escarlates naquele leilão de York Shin.

— Hum-hum — o homem a sua frente pigarreou. Kurapika voltou sua atenção para ele. Sentado a uma mesa de mogno, um homem engravatado que mal cabia na cadeira o olhava aborrecido — Você ouviu o que eu falei?

— Sim, compreendido — Kurapika respondeu — Vou repassar as instruções para o restante da equipe.

— Ótimo. Agora pode sair.

Kurapika acatou. Respirou aliviado, ao mesmo tempo em que os pensamentos começavam a correr acelerados novamente. Andou decidido pelo corredor, impedindo que suas reações o traíssem. 

Aquela era a confirmação que precisava.

(...)

A maior vantagem em integrar uma das famílias da Máfia eram suas conexões. O submundo do crime organizado era uma rede emaranhada de todo tipo de pessoa — e Kurapika sabia usar isso a seu favor. Bastou a indicação de alguém de confiança e ele estava dentro do gabinete de Han Inagaki, subsecretário de um dos maiores distritos da cidade. E dono, conforme Kurapika havia confirmado, de um par de olhos escarlates.

Como membro, ainda que temporário, da guarda pessoal do subsecretário, ele possuía livre acesso ao esquema de segurança da casa. Sabia como desativar o alarme, conhecia a posição de cada câmera e havia decorado a rotina de cada sentinela.

Havia apenas um entrave: o próprio gabinete.

Suas portas eram protegidas por senha, mas apenas o subsecretário conhecia a combinação e fazia questão de trancá-lo sempre que se ausentava. Forçar sua entrada estava fora de cogitação. Kurapika tinha certeza que a sala estaria conectada a um sistema externo de alarme, e qualquer atividade fora do comum poderia colocar tudo a perder.

A solução mais segura era também a que ele menos gostava. Ele havia a remoído por horas a fio nos três dias inteiros que se passaram desde a primeira vez que entrara naquela sala. Desde quando havia se visto tão perto do par de olhos que buscava. Olhos que podiam ser de sua mãe, seu pai, Pairo.

Qualquer outro sentimento seria insignificante perto da possibilidade de resgatá-los.

No entanto, estaria mentindo se negasse o dissabor que cada passo dado em direção àquele gabinete o causava. Mas a decisão estava tomada. E, respirando fundo, entrou no escritório. Foi recebido pelo olhar astuto do político. Um cheiro pungente de fumo o atingiu.

— Obrigado por me receber.

— Vamos direto ao ponto — Inagaki falou, tragando o charuto que acabava de acender — Eu sei quem você é, então podemos pular as apresentações. O que os Nostrade querem comigo?

— Não venho pela família Nostrade. Meus negócios aqui são particulares.

O subsecretário permaneceu em silêncio, se demorando com o charuto e deixando a fumaça escapar pelas frestas da boca. O olhar, quase escondido debaixo das pálpebras, continuava pregado em Kurapika.

— Os olhos da estante. Quanto quer por eles?

Inagaki virou o rosto alguns centímetros, apenas o suficiente para confirmar do que aquilo se tratava.

— Esse artefato foi um presente dado por um superior. Por que acha que está a venda?

— Eu pago o preço que for.

— Isso é tão importante assim pra você?

Kurapika sentiu seus punhos fechando involuntariamente. Era como se as mãos fechadas conseguissem encapsular a raiva que estava sentindo por se prestar àquela negociação — principalmente porque sabia muito bem para onde ela iria se encaminhar.

— Apenas me diga seu preço.

— Muito bem — Inagaki deixou o charuto de lado — Vamos negociar.

Kurapika assentiu e puxou do bolso interno do paletó um talão de cheques. Inagaki o interrompeu antes mesmo que pudesse baixá-lo à mesa.

— Não estou falando de dinheiro — disse, começando a esboçar um sorriso afetado. As mãos estavam entrelaçadas sobre a mesa, o rosto parcialmente encoberto pela fumaça do charuto que repousava no cinzeiro de cristal.

— O que quer dizer?

— Eu acho que você sabe perfeitamente o que eu quero dizer.

Ele levou o corpo para trás, tocando as costas da cadeira e voltando a fumar. Inagaki estava certo: Kurapika sabia onde ele estava querendo chegar. Tinha uma certa esperança que estivesse errado, mas desde o momento em que havia tomado a decisão de negociar com o político, trabalhou com a possibilidade do preço a pagar ser alto demais.

— O que me impede de simplesmente tomar os olhos a força? 

— Se você é competente como acha que é, sabe o que te impede — O sorriso afetado voltou aos lábios do político — Eu não seria burro de colocar alguém da Máfia aqui dentro sem antes fazer meu dever de casa. Eu sei quem você é e do que é capaz. Mas encoste um dedo em mim e não volta vivo para casa.

— É um risco que eu posso correr.

— Eu sei que pode, por isso tomei outras providências. Desde que você foi indicado para substituir um dos meus seguranças, eu fiz uma pequena pesquisa. Sei onde mora, onde trabalha, com quem você se relaciona, com quem você se importa. Como você vê — ele falou tragando mais uma vez o charuto — eu também tenho minhas conexões.

Os músculos de Kurapika se contraíram novamente. Se pudesse, socaria aquele homem. O político podia estar blefando, mas esse sim era um risco que ele não podia correr. 

— Muito bem — Sentiu o desgosto tomar conta de si. Odiou cada palavra dita dentro daquela sala — Quem você quer que eu elimine?

O sorriso se expandiu no rosto do subsecretário. Os olhos diminutos brilhavam como os de uma criança que ganha um presente dos pais.

O coração de Kurapika afundou no peito mais uma vez. Pesado como chumbo.

Aquele era um caminho sem volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aniquilação Escarlate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.