Para alguns, a frase "se brigarmos hoje, vamos acordar sozinhos no outro dia" poderia ser verdade. Para Zoro e Sanji, entretanto, era o completo oposto. Sanji sabia que se ele provocasse o espadachim do jeitinho certo eles iriam acabar discutindo, e discutir geralmente levava a brigar fisicamente, e brigar fisicamente levava a sexo e acordar juntos. E o sexo violento e desesperado depois das brigas era o melhor de todos. Ele jurava que era justamente apenas a parte do sexo que o interessava, como ótimo pervertido que era. Mas, se fosse esse o caso, não seria sempre tão amoroso com a alga. Se levantaria da cama. Não continuaria ali tão romanticamente e melosamente próximo de Zoro mesmo depois de seu estado inebriado ter se esvaído e seu cigarro pós-sexo ter virado uma bituca fria amassada na madeira do chão do Ninho do Corvo.

Ele ficou observando o chão e torcendo para Franky não notar a mácula em seu precioso navio. Sentiu vontade de fumar outro e esquivou-se cuidadosamente na cama retrátil de solteiro, embora realmente não precisasse já que algo assim tão sutil não acordaria o idiota de qualquer forma. Sem levantar da cama, tateou o chão com o braço livre no escuro procurando pelo paletó igualmente escuro. Já que a única iluminação do ambiente era uma tenra lua minguante não conseguia enxergar muita coisa, mas sabia que definitivamente iria precisar passar, quiçá remendar, a peça de roupa quando acordasse no outro dia, haviam se empolgado em demasiado hoje. Achou o isqueiro e o maço de cigarros e acendeu um deles. Reclinou novamente no travesseiro e encheu o pulmão com a doce nicotina. Precisava alimentar seu vício e acalmar os nervos antes de dormir, assim evitaria sonhos ruins durante à noite. Embora certamente não quisesse evitar a reação que Zoro tinha quando tais pesadelos aconteciam. Quando o neandertal finalmente parava de fazer de conta que estava dormindo e o abraçava sinceramente, a mão quente dele fazendo movimentos circulares carinhosamente em suas costas. Sem nenhum pudor, completamente transparente e entregue. Como se consolá-lo fosse mais importante que fingir. Os lábios de Sanji formaram um sorriso apaixonado enquanto seguravam o cilindro venenoso em sua boca.

Não havia fumado nem metade dele quando ouviu a alga que antes ressonava tranquilamente começar tossir. Tsc. Havia tomado o cuidado de soprar a fumaça para fora da cama, mas o vento devia estar trazendo-a de volta e também não ajudava muito que o espadachim dormisse com a boca escancarada e respirasse por ela. Sanji relutantemente esquivou-se e apagou o cigarro ao lado da mancha anterior na madeira. Odiava deixar um cigarro pela metade, mas não podia sair da cama. Quer dizer, poder ele podia...mas sua mão encontrava-se presa. Confortavelmente presa atrelada a outra calejada e quente. Zoro havia colocado ela ali, acidentalmente claro, depois de se virar para dormir imediatamente após o sexo, como sempre fazia.  Sanji não podia sair da cama porque deixaria a mão de Zoro para trás.

Como ele havia se tornado brega.