Zoro nunca foi o tipo de cara que gostava de contato físico, então dormir com alguém grudado em suas costas era irritante. Ele odiava.

Namorar Sanji, um cara extremamente grudento e afetivo, definitivamente não era a melhor escolha, levando em consideração que ele odiava todo aquele carinho exagerado. Era vergonhoso, algo com que jamais conseguiria lidar.

No começo do relacionamento, era sufocante aquele tratamento. Por que o cozinheiro sempre tinha que ser tão carinhoso? Por que depois do sexo ele simplesmente não podia se levantar e ir embora, deixando Zoro sozinho com seus pensamentos? E por que ele mesmo não se levantava e ia embora, deixando Sanji sozinho? Não é como se ele sentisse alguma necessidade daquele calor o envolvendo, dos braços o acolhendo, da mão forte segurando a sua, da respiração calma próxima de sua nuca... Tudo aquilo era patético e deixava as pessoas fracas, Zoro poderia ser qualquer coisa, menos fraco.

Ele só não sabia quando começou a fingir que dormia apenas para ser acolhido por aquele homem.

Muitas vezes nem estavam juntos antes de dormir, ou haviam se relacionado sexualmente, e Sanji aparecia no ninho do corvo e no momento que o sentia próximo, Zoro fingia estar dormindo, porque era muito orgulhoso para pedir pelos braços daquele homem, mas também desejava ter o calor de seu amado.

O vício do loiro muitas vezes o fez tossir quando não esperava sentir tal cheiro, aquele maldito cigarro fedido o incomodava e o atraía ao mesmo tempo, não havia uma explicação real. Algumas vezes, o fazia sentir medo. Zoro não deveria sentir medo, mas em certos momentos ele sentia em silêncio. Cada vez que a mão do cozinheiro se afastava de seu corpo para procurar pelo vício, havia um medo de perdê-lo por uma noite, um medo idiota e sem sentido, Sanji sempre retornava segundos depois.

Houve noites em que seu homem começara a tremer durante o sono, tendo pesadelos ou lembranças ruins de uma infância dolorosa, e era a vez de Zoro acolhê-lo. Confortá-lo. Sabia do passado difícil que Sanji teve que aguentar, dos maus tratos recebidos pelos irmãos e pelo homem que o colocou no mundo, da fome, da dor... Por mais que soubesse, jamais conseguiria imaginar o quão sofrido tudo aquilo foi para seu namorado e o máximo que poderia fazer nos momentos que memórias ruins voltassem à tona era abraçar seu precioso o mais forte possível e dizer que estava tudo bem, que  já havia passado, que ele estava ali e não deixaria mais nada de ruim acontecer com ele, mesmo sabendo que Sanji era forte o suficiente para se proteger. Zoro possuía um instinto protetor e desejava proteger quem mais amava, não era crime.

Não demorou muito para o maldito fumante notar que, na realidade, ele sempre fingia estar dormindo. Ainda assim, diariamente, Sanji retornava ao ninho do corvo e o acolhia por trás, aconchegando-o em si, dizendo palavras que Zoro sempre iria odiar, assim como ele odiava aquele homem.

Como começou a amar aquilo.