Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 16
Nothing is real 'til it's gone


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou mais dramática que nunca!
Título do capítulo é o título da história, só que em inglês (que roubei de uma música do Goo Goo Dolls)
Nem sei muito o que dizer sobre o capítulo, só que: lá vem drama.
Até as notas finais! ;)



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All I do is sit and drink without you
If I choose then I lose
Distract my brain from the terrible news
It's not living if it's not with you.”

“Tudo o que eu faço é sentar e beber sem você

Se eu escolher então eu perco

Distraia meu cérebro das notícias terríveis

Não é viver se não é com você”

 

“Naruto lavou as mãos pela terceira vez só naquela manhã. Não parava de suar. Seu nervosismo deixava seus dedos escorregadios, manchando a tinta da caneta sobre o papel. Chegara o dia da colação de grau. Escreveu seu discurso há dias, alterando uma coisa ou outra de última hora. Ele tinha que fazer uma boa impressão, tinha que acabar seu ano escolar sem decepcionar mais ninguém. Ele tinha que remediar sua relação com Hinata.

Respirou fundo. Iruka iria chamá-lo em algum momento. Estava preparado. Porém, o sorriso que surgira em seu rosto logo morreu. Sakura correu até ele, segurando os lados da beca para não arrastar pelo chão. Sua expressão não era boa.

— Naruto. – Ela disse, segurando seu antebraço, respirando fundo. – Ela não virá.

O finco de sua testa denunciava seu descontentamento.

— O quê?

— Escuta, é uma longa história. Depois conversamos com calma, tudo bem?

Ele queria dizer alguma coisa. Queria dizer a Sakura que aquilo era injusto, era cruel. Que ele estava tentando se remedir. Mas seu nome foi chamado. Naruto tinha que ir até o palco. Caminhou até o púlpito, aos sons de palma. Olhou para o público, procurando por ela. Buscando uma última esperança. Foi em vão.

O discurso correu mais rápido do que imaginava. Viu Shion o olhando, impaciente, de braços cruzados. Todos seus colegas que o haviam acompanhado até aquele momento. Toneri também o encarava, parecendo estar desconfortável. Todos estavam ali – até os que não gostavam dele – mas Hinata não. Pulou as últimas linhas do papel, finalizando sua fala. Ouviu as palmas e os assobios para ele. Forçou um sorriso, que convenceu, mesmo que por dentro se sentisse vazio.

Encontrou com Sakura depois dos abraços e cumprimentos dos professores e colegas. Assim que seus olhos se encontraram, Naruto pôde ver nela a mesma expressão de antes.

— Por que ela não está aqui? – Suas palavras saíram antes que Sakura pudesse dizer alguma coisa. Naruto não conseguia esconder sua insatisfação.

Sakura respirou fundo, tirando o capelo.

— Hinata vai embora de Konoha. A escola já enviou o documento dela de conclusão.

— O quê? Embora pra onde? – Seu tom era mais alto que o normal. Sakura se aproximou.

— Ela passou na Universidade de Kumo e vai se mudar para lá com Neji.

Naruto olhou uma última vez para sua amiga. Um sentimento começou a se apertar em seu peito. Saiu a passos largos dali, sem responder aos chamados de Sakura.

—/-

O seu dia havia virado um grande borrão. As bebidas não paravam de chegar e ele tratava de engolir os líquidos, de uma vez. Lembrava apenas de quando uns colegas do time de futebol o chamaram para uma festa para comemorar o fim das aulas, regada a muita bebida. Por que se sentia daquele jeito? Oco, com apenas o sentimento de raiva lhe enchendo por dentro. Sua cabeça doía e os goles de álcool lhe davam a falsa e rápida sensação de estar relaxado. Mas logo os pensamentos voltavam. Hinata não o queria mais por perto. Ela iria embora. Respirou fundo antes de dar mais um gole e tomar uma decisão: ele iria até ela. Iria fazer as pazes com a Hyuuga e não mediria esforços para que ela o ouvisse. Levantou, e cambaleando, foi até um de seus colegas.

— Ei, cara. – Sua língua se enrolava entre as sílabas. – Me empresta seu carroporqueeutenhoqueres-

— Calma aí, não tô entendendo nada do que você tá falando. – Chouji disse, vendo Naruto gesticulando sem parar. – Você quer meu carro?

— É, caralho! – Respondeu, nervoso. Chouji apenas riu, vendo a situação deprimente de seu amigo. – Eu tenho um negócioimportantepraresolver.

— Tá, eu entendi que você tem um negócio pra resolver. – Chouji suspirou, alto. – Vem, eu levo você. Não quero te ver causando nenhum acidente por aí. – Abraçou o amigo pelos ombros. – Pra onde você quer que eu te leve?

—/-

A casa de Chouji não era longe da dos Hyuuga. Poucos quarteirões e eles estavam na porta da casa de Hinata. Ele se lembrava bem daquele caminho, mesmo estando completamente bêbado. Lembrava das vezes que acompanhava Hinata depois das aulas extras. Os dois vinham conversando, sorrindo, de leve. Mas leve não era como se sentia naquele momento. Agradeceu a Chouji assim que o carro parou e abriu a porta abruptamente. Chouji o vira descer do carro e parar no meio do jardim da casa. Depois de alguns segundos ele reconheceu onde estava. Era dos Hyuuga. Arrependeu-se de ter levado Naruto até lá.

O horário já avançava às onze, porém aquilo não era importante para ele. Estava determinado. Respirou fundo, tentando se manter de pé, com as duas mãos abertas ao redor de sua boca.

— HINAAATA! HINATA!

Seu berro era alto o suficiente para acordar o quarteirão inteiro.

Chouji colocou a cabeça para fora da janela do carro, envergonhado, tentando não falar alto.

— Naruto, você tá louco? Volta para o carro!

— HINATA! EU PRECISO FALAR COM VOCÊ! – Ele continuava aos berros. – HINATAAAA! HINATA! EU SEI QUE VOCÊ TÁ AÍ, FALA COMIGO! HINATAAAA! VOCÊ NÃO PODE IR EMBORA! HINATAA!

Chouji e Naruto viram quando a luz do hall da casa se acendeu. Assim que a porta foi aberta, viram que quem caminhava até Naruto era Neji, com um olhar raivoso.

Chouji saiu rapidamente do carro, indo até Naruto. Puxou pelo braço para que voltassem ao carro.

— Me deixa, Chouji! Eu vou falar com ela e ninguém vai impedir!

Neji se aproximou.

— O que fazem aqui?

— Desculpa Neji, o Naruto me pediu-

— HINATA! HINATA! – Naruto berrou.

Neji enrugou a testa, encarando o loiro.

— Você está bêbado. – O moreno o encarou com desdém. – Leve-o daqui, Chouji.

— HINATA! – Naruto continuava gritando. Puxou seu braço, soltando-se de Chouji. – Sai da frente Neji, eu quero falar com a Hinata.

— Continue. – Neji cruzou os braços, falando baixo. – Berre o quanto você quiser, ela não está aqui.

Naruto sentia seu coração bater, descompassado. Suas palavras já saíam com mais clareza.

— Onde ela tá?

— Você quer ir até ela fedendo a bebida desse jeito? Quer espantá-la ainda mais?

— Me deixa Neji, você não tem nada a ver com essa história!

O Hyuuga se aproximou ainda mais de Naruto, olhando profundamente nos olhos do loiro.

— Olhe para você. Olhe para sua situação. – Naruto o olhava de volta. – Você está se humilhando e humilhando a Hinata também. Você já fez mal a ela o suficiente.

— Eu só quero conversar com ela. Eu só quero... Quero...- Sentiu o gosto de bile subir. O vômito lhe encheu a boca, que ele tapou com a mão. Virou-se rapidamente, correndo até a beira da calçada. Vomitou em seguida. Sentiu Chouji o segurar. Vomitou mais duas vezes e sua cabeça começou a pesar e doer.

Ao seu lado, a uma certa distância, Neji se abaixou.

— É para isso que você veio até aqui? – Naruto fechou os olhos com força. – Você não tem nada a oferecer, Naruto. Vá embora e não volte mais.

Ver Neji se afastando de volta a casa era a última lembrança de Naruto sobre aquela noite.”

—/-

Separou os copos sobre a mesa, organizando os pratos para que ficassem a um alcance fácil. As pessoas começavam a chegar e Kiba estava ansioso andando de um lado para o outro.

— Já pode colocar isso aí? – O Inuzuka disse, mostrando a Hinata uma porção de sushis.

— Acho que sim. – Hinata esticou o braço, pegando a bandeja. – Eu arrumo aqui.

Kiba bagunçou os cabelos de Hinata, sorrindo.

— Eu não sei o que faria se você não estivesse aqui. – Disse, abraçando-a. – E falando nisso.... Acho que você nem devia voltar mais a Kumo.

A Hyuuga o olhou, sorrindo, mas com as mãos na cintura.

— Mas não é verdade? Por que voltar pra Kumo? Seus amigos estão aqui, sua família, seu namorado-

— Kiba! – Hinata o repreendeu. Sentiu uma mão em seu ombro e, ao olhar, viu Shino ao seu lado, sorrindo.

— Eu concordo com Kiba. Até porquê é muito trabalho ter que aguentá-lo sozinho.

A morena sorriu aos amigos.

— Vamos ver, está bem?

O sorriso de seus amigos em resposta a deixou ainda mais feliz.

Em menos de uma hora o local já estava cheio de colegas, amigos, familiares e até os antigos professores de Konoha Gakuen. Todos os amigos de longa data – Sakura, Sasuke, Ino, Rock Lee, Chouji, Shikamaru, Shino e Kiba – haviam se juntado num círculo, naquela que seria a sala de espera da clínica. Mesmo que o local fosse espaçado, todos estavam próximos, engajados em uma conversa. Hinata se aproximou.

— Não vi Tenten.

— Ela está fora de Konoha. O time dela de judô está concorrendo a um campeonato. – Rock Lee respondeu, aos sorrisos. – E onde está Naruto?

Hinata o olhou, estranhando que aquela pergunta tinha sido justamente a ela. Pelo jeito até Rock Lee já estava sabendo do envolvimento dos dois. Não pôde evitar o corado de sua face.

— Ele deve estar chegando. Estava trabalhando.

— Nós estamos tão felizes por você, Hina! – Ouviu Ino falar alto, chamando a atenção de todos. – Acho que devíamos fazer um brinde em comemoração a volta da Hinata à Konoha!

Todos riram em animação e levantaram seus copos, deixando-a sem saída, que apenas sorriu em retribuição e participou do brinde. Ela se sentia feliz, amada. Como há muito não se sentia. Os risos em comemoração foram interrompidos com a voz de Sakura chamando Sasuke. De repente, ele ficara sério, olhando para a porta de entrada. Ao olhar para a mesma direção do Uchiha, o sorriso dela morreu.

Toneri, parecendo estar saindo de uma reunião de negócios, segurando um envelope pardo, aproximava-se.

Sasuke encarou Kiba.

— Você chamou esse cara?

— Não, eu nem era muito amigo dele na escola. – Kiba tomou um gole de seu saquê. – Mas o evento é público, eu não posso proibir ele de participar.

Hinata sentiu suas mãos suarem. O Otsutsuki sorria, retribuindo o olhar a Sasuke sem qualquer intimidação. A Hyuuga deu seu copo a Ino e foi em direção a Toneri, decidida a não o deixar estragar a comemoração de seus amigos.

— Toneri. – Ele parou de caminhar assim que ela parou a sua frente. – O que faz aqui?

Ele enfiou uma das mãos no bolso.

— Eu vim prestigiar a nova clínica de Kiba. – Ele sorriu, sem conseguir convencê-la.

Hinata soltou o ar.

— Eu não acho que veio por isso.

Ele a olhou, analisando-a, concordando em seguida.

— Eu vim falar com você. Parou de responder minhas mensagens. Podemos conversar?

—/-

Uma das salas de atendimento, ao fundo, estava vazia apenas com os móveis. Hinata escolheu o local para conversarem e, assim, Toneri poderia ir finalmente embora, sem causar nenhuma cena e nenhum clima desconfortável – que, na verdade, já havia causado.

Hinata se sentou em uma das cadeiras confortáveis, forçando uma distância entre os dois, enquanto Toneri continuava na entrada.

— O que precisa falar comigo?

Toneri se virou para ela.

— Está sendo genérica comigo. Fria.

— Acho que depois das nossas últimas conversas não haveria como ser diferente.

Ele riu, soltando o ar e balançando a cabeça. A forma altiva que ele agia incomodava Hinata. Ela apenas queria terminar aquela conversa o mais rápido possível.

— Eu sempre quis o seu bem, Hinata. Estou aqui para isso. – Toneri se sentou, a menos de um metro da Hyuuga. – Eu sei do que estou falando. Esse seu relacionamento com Naruto é o que-

— Eu não vou discutir isso com você.

O olhar dela era impassível. Estava surpreso pela forma defensiva que Hinata se encontrava. Porém, sabia que aquilo duraria pouco.

— Você acha mesmo que Naruto está sendo sincero? – Toneri riu, sarcástico.

Hinata respirou fundo, impaciente.

— Me diga de uma vez o que quer me dizer.

Toneri relaxou na cadeira, com o envelope em uma de suas mãos.

— Neji sempre se preocupou com você. Quando vocês estavam em Kumo, ele sempre fez questão de cuidar do seu bem-estar. – Hinata o olhava, estranhando Toneri ter citado seu primo. – Era claro que você era uma das prioridades dele. Mas Neji não foi totalmente franco com você. Afinal, ele não te disse que Naruto esteve em Kumo, não é?

Hinata se mexeu, incomodada. Toneri estava vendo a reação que esperava. Continuou, sem disfarçar o sorriso de vitória.

— Ele nunca te diria e eu entendo totalmente o porquê. Eu também não queria que chegássemos a esse ponto. – Olhou para a morena, que agora mal se movia. – Ele foi até lá atrás de você. Há uns quatro anos. Teve uma conversa com seu primo que foi um desastre. Naruto sempre foi um desastre.

Hinata engoliu em seco.

— O que aconteceu?

— Neji disse a ele algumas verdades. Sobre o que havia feito, sobre a imaturidade dele. Mesmo passados dois anos após você vir a Kumo, ele não havia evoluído. E era exatamente isso que seu primo esperava dele. – Toneri abriu o envelope pardo, tirando o que parecia ser fotografias de dentro. – Neji falou aquilo a ele, esperando que fosse para o bem dele e Naruto não reagiu bem. Saiu do escritório de seu primo revoltado por não conseguir ir até você. Mas ele tinha que se sentir bem de novo, não é? E todas as vezes que ele se sente bem é se comportando feito um cafajeste.

Toneri entregou as fotografias a Hinata.

Ao olhar as fotografias, ela sentiu o chão sumir sob seus pés. As fotos estavam escurecidas, mas ainda sim podia ver graças aos flashes do momento que as fotos foram tiradas. O local das fotos era um clube com poucas luzes. No centro da imagem havia Naruto sorrindo a câmera, enquanto uma mulher seminua estava sentava em seu colo, com os seios praticamente na cara dele, e Naruto a abraçando pela cintura. Em outra fotografia, outras duas belas mulheres, apenas com a parte debaixo do lingerie, em volta dele, que abraçava as duas pelos quadris.

Hinata sentiu as mãos tremerem e o ar sumir.

— Este é um clube em Kumo. - Toneri a olhou sério. – Neji sempre soube que ele não era para você, mas ele não havia proibido que vocês se vissem. Ele só queria que Naruto não a deixasse mais confusa quando fosse até você. Mas em vez de ouvir Neji, ele escolheu ir se aliviar de outra forma a lutar por você. Isso deixa bem claro as prioridades dele, não é?

Seus olhos se encheram de lágrimas.

—/-

Ao trancar o carro e caminhar em direção a nova clínica de Kiba, viu Sasuke e Sakura logo na entrada. Assim que caminhou em direção a eles percebeu que algo parecia ter acontecido. Sakura estava inquieta e Sasuke apenas o encarou, parecendo bravo.

— Por que você não atende a porcaria do celular? – Sakura bravejou, segurando seu aparelho nas mãos.

— Calma aí, eu tava dirigindo, vindo pra cá. – Naruto se defendeu, sem entender. – O que foi?

Sasuke se aproximou, falando mais baixo que o comum:

— Toneri está aqui. – Naruto o olhou, surpreso. – Está com Hinata em uma das salas do fundo já faz alguns minutos. Ele veio para falar com ela.

A surpresa na face do Uzumaki fez Sakura agir rápido.

— Vem, eu te levo até lá.

—/-

Quando o viu entrar e seus olhos se encontrarem, sentiu se despedaçar ainda mais. Não lutava mais com as lágrimas, deixando-as escorrer pelo rosto. Naruto logo percebeu que ela chorava. Encarou Toneri.

— O que você fez?

— Eu? – Ele se levantou. – Quem fez alguma coisa aqui foi você.

Forçou uma voz firme, mesmo estando naquele estado.

— Saia, Toneri, por favor. – Ele a encarou. – Naruto e eu precisamos conversar.

— Ele vai te encher de mais mentiras e você vai-

Hinata se levantou, encarando-o.

— Eu sei que você está tentando tirar vantagem da minha insegurança. – Ela limpou as lágrimas de seu rosto. – Obrigada pelo que fez, mas isso não tem nada a ver com você. Por favor.

O Otsutsuki a olhou.

— Eu não vou embora. Vou esperar lá fora.

Quando a porta se fechou, Naruto caminhou até ela que mal o olhava. Antes que pudesse falar alguma coisa, Hinata levantou as mãos, mostrando as fotografias a ele. O loiro parou, estático. Seus olhos encontraram os dela.

— Isso é verdade?

Seu coração parecia bater na garganta. O olhar dela era desolador.

— Eu... – Naruto respirou fundo. – O que Toneri te disse?

— Não importa o que ele disse. – As lágrimas continuavam molhando seu rosto. – Eu quero saber se isso é verdade.

Naruto se aproximou dela, sentindo suas mãos tremerem e seu coração bater rápido demais.

— Eu estive em Kumo... Mas eu não fui pra isso, e-eu tava mal e... Eu ia te contar, mas eu tava com medo-

Hinata se afastou, aos prantos. Tudo doía. O olhar dele nela, olhar para as fotografias, estar ali. Sentia seu peito pesado, como se estivesse carregando um peso maior que seu próprio corpo. Como podia ter se enganado até aquele momento? Depois de anos lutando para construir sua própria segurança, seu bem emocional, ela ainda se sentia como a adolescente facilmente descartada por outra mulher, outro motivo. Colocada para trás. Naruto falava sem parar, aproximando-se dela que apenas afastava.

— ...Medo de você se afastar de novo de mim. Hina, me escuta. – Ele se abaixou, ficando de joelhos a sua frente quando ela voltou a se sentar. – Eu fui até lá por sua causa. Ninguém aqui queria me dizer aonde você morava. Eu achei o escritório onde Neji trabalhava, eu falei com ele, mas ele... Ele começou a me dizer que eu não devia ter ido até lá, que... – Naruto respirou fundo. - Que eu não tinha evoluído em nada. Ele me tratou mal e eu... Eu fiquei mal, fiquei puto com as coisas que ele me disse e como me tratou. Neji sempre me destratou e-

— Não fale do meu primo. Tudo o que ele fez foi para o meu bem.

Ele a encarou. Os olhos dela eram frios.

— Você não sabe o que ele me disse.

— E por que isso é importante? Neji te obrigou a ir em um bordel e se exibir para uma câmera?

Naruto pegou em uma das mãos dela.

— Eu não tava me exibindo. Eu tinha bebido demais, eu fiquei desnorteado quando ele me colocou pra fora do escritório... E aí... – Naruto puxava o ar para seus pulmões. – Um cara do próprio escritório viu que eu tinha ficado mal e me levou pra esse lugar. Ele disse que era pra eu relaxar, esquecer o que tinha acontecido.

Hinata puxou sua mão, desvencilhando de Naruto.

— Me perdoa Hina. Eu.... Eu ia te contar. Isso foi há quatro anos já.... Não importa mais.

— Você mentiu para mim. Mentiu. – Ela o encarou. – É claro que isso importa. – O choro vinha com mais força. – Porque nós voltamos para o ponto em que eu não entendo como eu ainda posso me envolver com você quando.... Quando eu só me machuco. Foram seis anos. Seis anos fazendo o possível para que eu ficasse bem de novo e em questão de dias eu vejo tudo desmoronar.

Ela se levantou, puxando o ar, esforçando-se para se acalmar.

— Me perdoa, Hinata. Me perdoa. – Naruto a puxou, fechando os olhos com força, segurando seu rosto. – Tudo é diferente agora, eu juro. Eu não sou o mesmo cara que te fez sofrer antes.

— Você está me fazendo sofrer agora.

— Não, não, não, por favor. – Ele a olhou nos olhos. – Agora é diferente. A gente tem algo a lutar juntos. – Naruto a beijou rapidamente nos lábios, segurando as próprias lágrimas. – Eu amo você. A gente tem essa certeza, a gente se ama. Nós podemos consertar isso.

Foi, então, que a verdade pareceu límpida a sua mente. De seus autoquestionamentos, depois de seus encontros. Ela não havia dito que o amava de volta. Por mais que o sentimento estivesse vivo dentro dela, por mais que fosse feliz com ele. Hinata havia enterrado as suas emoções para que se sentisse segura consigo mesma e já não sabia se queria se aprofundar naquilo mais uma vez e derrubar o forte que a protegia de se machucar de novo. Ela não conseguia o olhar nos olhos.

— Eu não tenho tanta certeza assim, Naruto. Não tenho certeza desse amor.

Naruto tirou as mãos do rosto dela. Sua cabeça começou a doer. Parecia que havia acabado de levar um soco no peito.

— Hinata, do que está falando? – Sua pele se arrepiava. – E a noite que tivemos juntos? Eu disse que te amava, você-

A Hyuuga balançava a cabeça, negando, chorando sem parar.

— Eu não disse que te amava de volta. – Respirou fundo. – E eu realmente não sei se amo.

O chão sob seus pés parecia ter sumido. Agora era ele quem queria sumir.


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Notas finais do capítulo

Não me matem, pleaaase!
Tive que acabar o capítulo assim porque ele tava ficando gigantesco, sorry. Mas prometo que o próximo capítulo não vai demorar tanto quanto esse demorou.
A música citada é It's Not Living If It's Not With You, do 1975.
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Obrigada por acompanharem ♥



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