Nada é real até que se acabe escrita por asthenia


Capítulo 11
Mensagens e Oportunidades Perdidas


Notas iniciais do capítulo

Quase DOIS MESES sem atualizar esse que é meu trabalho mais querido no momento! QUE VERGONHA. Peço milhares de desculpas. Estava trabalhando feito louca até que o Corona Vírus decidiu nos colocar em quarentena e eu aproveitei para atualizar. Espero que gostem do capítulo!



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 “And I should just tell you to leave 'cause I
Know exactly where it leads but I
Watch it go round and round each time

“E eu deveria te dizer para ir embora porque eu

Sei exatamente para onde isso vai, mas eu

Fico assistindo isso dar voltas e voltas toda vez”

 

“Os papéis, com todas as suas anotações, não eram distrações suficiente para que a sua mente fugisse do encontro que teve mais cedo com Naruto. Não sabia explicar de onde havia vindo aquela coragem em ser tão assertiva com ele, distanciando-se de qualquer oportunidade que os dois tivessem para manter uma conversa.

Ela precisava disso. Precisava estar distante. Precisava esquecer dele por completo, mesmo que cada parte de seu corpo a lembrasse que o amava há tempo demais para se desintoxicar assim, tão rápido. Voltou seus olhos a suas mãos, tentando de distrair com as anotações da aula de matemática.

— Hinata-sama.

A sua frente estava Neji. Seu primo – praticamente irmão – com um envelope e apostilas em mãos. Ela sorriu a ele, dando espaço para que se aproximasse. Os dois se conheciam a tanto tempo que eram capazes de se entenderem apenas com uma troca de olhares. Neji se sentou à mesa, do outro lado. Sorriu a Hinata.

— Como está?

— Melhor. – Mentiu. Sem qualquer questionamento, o Hyuuga ofereceu o envelope pardo a Hinata, que sem entender, pegou, mas não abriu.

— Este envelope chegou para mim hoje. É o resultado que recebi depois de aplicar para um programa de especialização na área de direito na universidade de Kumo. Eu consegui.

Hinata ficou surpresa. Ela nem mesmo sabia que seu primo havia aplicado para estudar fora de Konoha.

— Eu fico feliz por você, Neji, meus parabéns! – Ela sorriu sincera. – Eu não sabia que planejava deixar Konoha.

O mais velho retribuiu o sorriso.

— Ninguém sabe. Nem mesmo seu pai. Você é a primeira pessoa a quem eu estou contando. Pretendo ir para Kumo daqui há algumas semanas, perto do final de seu ano escolar. – Ele mudou sua postura e passou a encarar sua prima com mais seriedade. – Sei que você está com ótimas notas e pretende seguir a carreira acadêmica.

Hinata ficou cabisbaixa, encarando os papéis sobre a mesa.

— Você sabe que papai quer que eu trabalhe na empresa, mas eu não quero. Não tem muito a ver comigo.

Neji entregou a Hinata a apostila.

— Kumo tem um programa para estudantes de literatura, oferecendo até oportunidades para mestrado e doutorado. Não é uma universidade fácil de entrar, porém suas notas sempre foram excepcionais. O apartamento do qual pretendo alugar tem um espaço razoável, com dois quartos e é próximo a universidade.

 O espanto em Hinata a deixou muda. Os seus olhos foram até a apostila que ele lhe entregara, nele o curso de literatura era apresentado. Voltou os olhos a ele.

— Konoha não está sendo um lar para você. Essa é uma ótima oportunidade. Pense e depois conversamos, tudo bem?

Neji sorriu mais uma vez a sua prima, antes de deixar o cômodo. Hinata voltou sua atenção a apostila, curiosa."

Toneri havia sido criado em uma mansão de quartos incontáveis e corredores infinitos. Seus pais faleceram ainda quando era apenas uma criança, sendo criado pela governanta de confiança, enquanto seus dois irmãos estudavam fora do país. Ele aprendera cedo a viver por conta própria e administrar os bens da família, auxiliado por uma tia extremamente próxima. No entanto, para Hinata, a família e a vida do Otsutsuki eram misteriosas. As informações que tinha acerca dele eram poucas e todas se resumiam a fatos supérfluos: ele era rico, elegante e bonito.

O restaurante em que se encontravam era realmente sofisticado, de reservas disputadas. Estavam sentados, os dois, um de frente para o outro, próximo a uma vidraça gigantesca em que podiam ver o lado enriquecido de Konoha. A mesa, o lugar, tudo escolhido por Toneri, que sorria, vestindo um terno que parecia ser de algum estilista da alta sociedade. Ao devolver a cartela de champanhes ao garçom e fazer o pedido, seus olhos se voltaram a Hyuuga.

— É um prazer estar aqui com você, Hinata.

Ela retribuiu o sorriso, amigavelmente.

— O prazer é meu. – Ela tomou um gole de água. – O que recomenda para comermos?

— Já fiz nosso pedido. O chef daqui é meu amigo de longa data. Tenho certeza que vai adorar.

A Hyuuga o olhou, sem entender, mas sorriu em retribuição.

Prestou atenção ao local, ao atendimento que beirava ao extremo do cordial, as pessoas a sua volta. No entanto, o que mais atraía seu olhar era Toneri, parecendo estar sempre alinhado, em perfeita sintonia nas vestes e no discurso. Combinava perfeitamente com o cenário. Diferente dela, que por mais que tivesse crescido no mesmo ambiente, nunca havia, de fato, se encaixado naqueles parâmetros tão bem colocados.

Tomou um gole do champanhe francês, enquanto a voz do Otsutsuki se fazia presente.

— Imagino que você esteja com saudades de Kumo.

— Sim, estou. Mas estar em Konoha também é ótimo.

O riso mudo dele a surpreendeu.

— Você é sempre boa demais, Hinata. Mas eu não consigo acreditar que esteja feliz em tudo no que diz respeito a Konoha. – Ele se inclinou para trás, mais relaxado. – Principalmente quando falamos das pessoas.

O olhar indagador de Hinata o fez continuar.

— Naruto Uzumaki. – Toneri riu. – O cara continua achando que está no ensino médio, em treinamento para um desses campeonatos medíocres de futebol.

A Hyuuga se mexeu incomodada ao ouvir o nome do loiro ser dito com tanto desdém.

— Não diga isso sobre Naruto, por favor.

O sorriso de deboche dele parecia a atingir de forma desafiadora.

— É como eu disse, você é boa demais.

Antes que pudesse respondê-lo, o garçom aproximou colocando os pratos na mesa. As porções eram pequenas, de cores vibrantes que enchiam os olhos. Um dos pratos Hinata pode identificar: era Fugu, carne do peixe baiacu. Era um dos pratos mais refinados que conhecia, lembrava-se dos jantares luxuosos que frequentava quando era mais jovem com seu pai e sua irmã. Mas ela sempre teve apreço aos pratos mais simples, além de que não apreciava tanto frutos do mar.

— Este Fugu é simplesmente maravilhoso. Tenho certeza que vai amar.

Hinata sorriu a Toneri e se arriscou a mordiscar o peixe, logo o recusando em seguida.

A noite seguiu assim, sem qualquer grande surpresa. O jantar não havia sido seu preferido, porém tentou aproveitar ao máximo a companhia e a noite. Toneri articulava bem nos assuntos de seu conhecimento – negócios, visão de mercado, economia. A morena respondia em curtas frases, enquanto o discurso dele era sempre cheio de certezas. Percebeu que as suas frases não faziam tanta diferença no falatório dele.

Percebeu, também, que de alguma forma pretensiosa, ele sempre voltava ao tópico Naruto, com indiferença e desconsideração.

— Eu duvido que ele ganhe como Hokage.

O garçom servia as dois de mais champanhe. Hinata olhou ao jovem rapaz que sorria educadamente, agradecendo ao serviço, enquanto o outro continuava falando.

— Ele não tem uma boa base política em Konoha. Se baseia, principalmente, em debates sobre questões sociais.

— Essas questões são importantes.

— Não tanto quanto economia. – Toneri a olhava, sorrindo. – Sei que pode ser difícil entender, mas Konoha precisa de mais investimentos.

— Eu entendo sobre economia e investimentos. Sei que parece não levar minha opinião a sério sobre esse assunto, mas acredite, eu sei o que falo.

Ele a olhou, profundamente.

— É claro que levo a sério o que pensa.

Toneri esticou o braço sobre a mesa, tocando a mão de Hinata, que se envergonhou em seguida.

— Mas eu sei que seu julgamento pode ser parcial em relação a ele.

Hinata puxou sua mão para perto de si, ainda encarando Toneri, esperando que continuasse.

— Eu reparei em como fica quando ele está próximo. Esse cara tem efeito sobre você.

A morena o encarou, surpresa.

— Com todo o respeito Toneri, eu não quero discutir isso com você.

Ele cruzou os braços. Por um momento, Hinata via que a postura perfeita dele não parecia estar tão inquebrável como antes.

— Eu tenho receio que você acredite nele. Nas falsas intenções dele. Pode não parecer, e ele deve estar disfarçando bem, mas nem um título de Hokage é capaz de esconder que ele ainda se comporta como um moleque.

Hinata apertou o próprio punho e o sorriso de escárnio nos lábios de Toneri a deixaram mais incomodada do que deveria. Os olhos dele, fixados nela, mal piscavam. Não conseguia raciocinar bem. Lembrou apenas em fazer a pergunta que fechava sua garganta com seus próprios questionamentos.

— Por que está se preocupando tanto com Naruto? Foi para isso que me chamou para jantar?

Toneri descruzou os braços.

— Eu não vou mentir. Foi para isso também. – Engoliu o resto do champanhe que estava em sua taça, com violência. – Não consigo entender como você é capaz de falar com ele depois de tudo. Ele não a merece, Hinata. Não merece um único pingo de sua consideração.

— Eu agradeço por se preocupar comigo, mas deveria confiar mais no meu julgamento.

— Mulheres são emocionais. Nem sempre o julgamento é justo. – Ele disse, com a taça de champanhe entre seus dedos.

Hinata apenas o olhou, sem o responder. O clima do jantar, após o desentendimento, não era mais o mesmo. Ela não se sentia mais confortável estando ali.

Não demorou para que o jantar acabasse e Toneri levasse Hinata para casa. O caminho foi todo feito em silêncio, sem que ela tivesse a mínima vontade em falar alguma coisa. Agradeceu a ele pelo jantar.

— Me desculpe por hoje esta noite. – Toneri disse, com os olhos no painel do carro. – Eu não queria que tivesse sido assim.

— Está tudo bem, Toneri.

Por um momento, os dois ficaram em silêncio, em seus próprios pensamentos.

— Naruto não é para você. Eu sei disso. – O som da respiração profunda de Toneri chamou a atenção de Hinata. – Ele sempre foi rodeado dessas mulheres sem classe, que enfeitam capas de revistas .... Você não é assim.

A Hyuuga olhou para os olhos de Toneri e, viu, rapidamente a expressão dele mudar, assim que os olhos se encontraram.

— O que você quer dizer?

— Isso é interesse dele. Já imaginou a campanha dele como Hokage, saindo com a herdeira Hyuuga? Isso aumenta o prestígio dele como candidato!

O insulto era implícito, porém ela era inteligente o bastante para entender o que Toneri queria dizer. Ela não era o estilo de mulher que o Uzumaki saía. Não era capa de revista. Não era o padrão de beleza usado para desfilar por aí. Ela era bela – mas não o suficiente.

Constatar isso a deixou sem ar, forçando-a a segurar as lágrimas, sem deixar que caíssem na frente daquele que a ofendia. Hinata abriu a porta do carro, abruptamente, indo em direção a casa. Ouviu seu nome ser chamado mais de uma vez. Ignorou. Apenas parou por um momento quando a voz do Otsutsuki pareceu mais alta e clara.

— Me desculpe Hinata, mas entenda o que eu quis dizer! Eu só quero o seu bem!

Ela se virou, furiosa.

— Você não quer se desculpar, quer apenas se justificar.

Ele deu a volta no carro e se aproximou dela.

— Você sabe o que ele é. Você sabe o mal que ele te fez. Você sabe que eu nunca faria algo para te machucar.

Hinata fechou os olhos e cruzou os braços, ainda lutando contra as lágrimas.

— Eu não sei mais.

Ele, inquieto, olhou para trás, como se estivesse checando se estavam realmente sozinhos. A morena não entendia as atitudes dele. Toneri se aproximou mais dela e seu tom de voz abaixara alguns decibéis.

— Eu não queria te dizer isso. – Soltou o ar com força. – Mas você já se perguntou por que Naruto nunca foi até Kumo para falar com você?

Hinata descruzou os braços, observando o homem a sua frente, atônita.

— Por que ele só está fazendo isso agora, sendo candidato a Hokage? Porque agora ele pode mostrar para todos que a família Hyuuga, uma das mais prestigiadas de Konoha, apoia a sua candidatura.

Tentando não mostrar de forma alguma a sua insegurança, Hinata deu alguns passos para trás, alcançando a maçaneta da porta. Abriu a porta e disse, quase vacilando nas próprias palavras, um “obrigada e boa noite”, entrando na casa em seguida, sem olhar para trás.

Assim que fechou as portas não impediu mais as próprias lágrimas.

Subiu as escadas e foi em direção a seu quarto. Tudo parecia um borrão, sentia-se sufocar. Em sua cabeça as imagens se repetiam: as redes sociais de Naruto, a humilhação que sofrera na escola, as mulheres pagando bebidas a ele, os “amassos” entre ele e Shion no estacionamento da escola.

Sentou-se a cama e chorou. Talvez Toneri não estivesse errado. Talvez ela nunca deveria ter se colocado em risco, voltando a falar com ele, tornando-se tão frágil, um alvo para se ferir de novo. Enxugou as lágrimas e respirou fundo. Abriu a bolsa, procurando impaciente por seu próprio celular. Viu que Sakura e Toneri haviam lhe mandado mensagem, mas não abriu essas janelas de conversas. Buscou pelo contato no alfabeto, até chegar ao N. Abriu a janela de conversa com uma última mensagem dele. Havia se decidido. Tinha que se afastar dele. Totalmente. Voltaria a Kumo em poucos dias. A distância era necessária.

Me desculpe. Eu não vou po|

Apagou a mensagem. Começou de novo.

Eu terei que voltar a Kumo entre amanhã e depois de amanhã, por isso vou ter que cancelar amanhã com voc|

Apagou mais uma vez. Não queria mentir a ele.

Obrigada, mas eu não consigo|

Apagou de novo. Bloqueou o celular e deitou suas costas a cama, e passou a encarar o teto. Não conseguia escrever a mensagem naquele momento. Seus pensamentos estavam confusos e seu coração pesava e doía.

Sentiu ao seu lado seu celular vibrar. Estranhou. Já era mais de meia noite. Pegou o aparelho e seus olhos arregalaram quando viu quem havia mandado a mensagem. O nome “Naruto Uzumaki” brilhava na tela. Sentou-se, passando as costas da mão em seus olhos, tirando o rastro das lágrimas. Desbloqueou o celular e abriu a mensagem dele.

Naruto Uzumaki: Hey, isso não é hora de estar acordada!

Digitando...

Naruto Uzumaki: Mas eu vi que vc tava digitando pra mim

Naruto Uzumaki: Agora eu tô curioso

Naruto Uzumaki: E eu só vou conseguir dormir se matar a minha curiosidade

Ela sorriu, involuntariamente. As frases dele sempre terminavam com algum emoji.

Hinata: Você é muito curioso hahaha

Hinata: O que você tá fazendo acordado?

Naruto Uzumaki: Sou nada xD

Naruto Uzumaki: Tô esperando pra ver o que vc ia me mandar

Naruto Uzumaki: E sonhando com o lámem que a gente vai comer amanhã

Hinata: Normalmente a gente sonha dormindo...

Hinata se questionou se estava sendo rude com ele. Aparecia “Digitando...” na tela por vários segundos, porém a resposta demorou um pouco para chegar.

Naruto Uzumaki: Isso não é hora de fazer piada kkk

Naruto Uzumaki: Tenho habilidades pra sonhar dormindo e acordado

Naruto Uzumaki: Vc não?

Ele estava puxando assunto.

Hinata: Não tanto quanto gostaria

Hinata: Mas eu amo dormir

Naruto Uzumaki: Dormir e comer lámem: ♥

Digitando...

Digitando...

Naruto Uzumaki: Eu acho que eu sei o que vc queria me falar

Hinata gelou por um instante.

Naruto Uzumaki: Eu esqueci de te falar que amanhã tem que ir de traje esporte fino, sabe? Umas roupas mais chiques

Naruto Uzumaki: A Sakura-chan já me mandou uma mensagem me xingando pq não tinha te avisado

Naruto Uzumaki: Mil desculpas, eu esqueci mesmo :(

A Hyuuga respirou fundo. Não tinha mais coragem de desmarcar com ele – tampouco queria.

Hinata: Isso aí, só ia confirmar com você

Hinata: Por causa disso acho que você deveria não só pagar o lámem, mas também rolinhos de canela!

Ele mandou um GIF, fingindo estar ofendido. Ela sorriu.

Naruto Uzumaki: Combinado!

Naruto Uzumaki: Nada de me dar prejuízo, senhorita Hyuuga!

Hinata: Não prometo nada

Hinata: Vou dormir. Boa noite e durma bem!

Hinata: Zzzzzzzzzz

Naruto Uzumaki: Dorme bem!

Naruto Uzumaki: Tá liberado sonhar em me deixar pobre amanhã kkkkk

Naruto Uzumaki: Boa noite :)

Ela bloqueou o celular e se amaldiçoou pelo sorriso que surgira em seus lábios. Naruto a deixava cada vez menos racional. 


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Notas finais do capítulo

Sério, como não se apaixonar pelo Naruto? Escrevendo esse capítulo concluo que também amo esse cara. A música do capítulo é Style da Taylor Swift.
Muito obrigada pelas reviews maravilhosas (que serão respondidas) fiquem em casa, se alimentem direitinho e se higienizem. Farei o possível para não demorar com o próximo capítulo ♥



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