NICO

Os dias de Nico após o Beco Diagonal foram resumidos em treinar seus poderes, aproveitando que os mesmos sempre ficavam mais fortes no mundo inferior, e lendo os livros de Hogwarts. Quando primeiro de setembro finalmente chegou suas malas já estavam prontas e na sua mão estava a passagem para Hogwarts que Hagrid o dera. Espero que dê tudo certo, pensa, quando sente suas células começarem a derreter nas sombras.

Grã-Bretanha, Inglaterra, Londres, Estação King’s Cross. Concentra-se nas palavras, tentando imaginar o movimento da estação. Crianças correndo entre plataformas, brincando com os carrinhos e os pais tentando controlá-las enquanto impacientemente esperam pelos seus trens.

Então se lembra que não tem para onde ir.

O corpo de Nico cai sobre o pavimento duro, seus ossos doem pela tensão de deformar, as malas estão espalhadas ao seu redor.

Antes que pudesse tentar se erguer, algo cai em cima dele, o empurrando de volta para o chão. A pessoa rapidamente retira-se de cima de Nico, gritando “Eu sinto muito!"

O rapaz tinha cabelo loiro brilhante e bagunçado, pele bronzeada com um respingo de sardas em seu nariz, olhos cor do céu e estava usando um chinelo desgastado, shorts de surfista e uma jaqueta frouxa. Por alguma razão, em vez de Nico ficar irritado por ter sido derrubado, ele cora.

— Está tudo bem – gaguejou, se retirando do chão e encostando na parede em uma tentativa inútil de ganhar  equilíbrio.

— Não, não está, eu não te vi. Normalmente não sou tão atrapalhado, eu prometo – ele diz com um rosto igualmente vermelho.

— De qualquer jeito, por que você estava correndo? – Nico pergunta, tentando coletar suas malas do chão.

Ele encara Nico por um segundo, antes de notar a varinha que saia do seu bolso. – Os clones de cabeça vermelha ali disseram para correr em direção a parede para chegar ao trem, mas acho que eles podem ter me enganado. Eles pareciam o tipo de pessoa que faria isso. – Ele divaga, nervosamente passando a mão pelo cabelo.

Nico retira seu bilhete para ver plataforma 9 ¾ escrito claramente.

— Tente de novo então – o moreno diz a ele.

— Mas e se é, realmente, apenas uma parede de tijolos? – , diz ele – o impacto poderia me dar uma concussão que poderia levar a…

— Apenas corra, se você receber uma concussão considere uma vingança por ter esbarrado em mim.

Ele faz uma careta, antes de segurar seu carrinho e correr diretamente para a parede e, assim, desaparecer por inteiro.

Nico leva um momento para se recompor antes de fazer o mesmo.

De repente, estava cercado por dezenas de pessoas com vestes estranhas em volta de um grande trem vermelho, algumas das quais carregando gaiolas de corujas. Nico observava um conjunto de pessoas sendo seguidas por criaturas estranhas com grandes orelhas como as de um morcego.

O menino é puxado para fora de seus pensamentos pelo garoto loiro da plataforma pegando sua mão – VAMOS! Nós vamos chegar atrasados – e o arrasta para o trem.

Nico retira a mão do seu aperto, mas por alguma razão continua seguindo-o.

— Chamo-me Will – ele se apresenta – Isso não é excitante? Vamos a uma escola de magia. Magia.

— Nico – responde desajeitadamente. – E sim, eu acho… – Não pôde deixar de se relacionar à sua excitação. Tinha agido da mesma quando descobriu sobre os Deuses. Essa experiência foi decepcionante, para dizer o mínimo.

  – Acho? É extraordinariamente incrível! Eu sou americano, e você? Você não parece muito britânico.

— Porque eu não sou.

— Os compartimentos parecem bem cheios, devemos encontrar um antes de todos eles serem preenchidos – Will diz.

Ele quer sentar comigo?, pensou Nico. Por que em nome de Hades alguém quereria isso?

Antes que pudesse dizer alguma coisa, ele o arrasta para um dos compartimentos. Como alguém  consegue ter tanta energia?

— Há algum lugar aqui? – Will pergunta aos gêmeos idênticos de cabeça vermelha, Nico supôs serem os mesmos de quem Will estava falando mais cedo.

— Primeiros anos não são permitidos – eles gritam juntos –, mas como nossas mais profundas desculpas… – o gêmeo da esquerda começa. – Oferecemos-lhe alguns doces deliciosos! – o outro termina, oferecendo-os alguns doces suspeitos.

Esses gêmeos de expressão travessa o lembram dos irmãos Stoll.

— Não, obrigado – Nico diz instantaneamente, mas Will concorda, pegando um doce embrulhado e colocando-o no bolso do casaco.

— Obrigado! –, ele diz. Quando saem do compartimento, o doce explodiu, fazendo com que um buraco gigante aparecesse em sua jaqueta. Will grita e seus olhos se alargam em proporções cômicas

— Oh, Fred, ele deveria ter colocado na boca! – O gêmeo da direita geme.

— Eu sei, Jorge. Você não mudou de ideia por acaso? – , O gêmeo da esquerda se dirige a di Angelo.

— Acho que eu gostaria de manter meu senso gustativo, obrigado – diz sarcasticamente, antes de deixar o compartimento depois de Will.

— Cinco segundos no mundo bruxo e já arruinei um casaco – ele ri.

— Use um encanto reparador – Nico encolhe os ombros, sem pensar.

— Boa ideia. – Will sorri. – E então, esse compartimento?

O moreno assentiu e o segue para o interior do compartimento onde duas  crianças já estavam sentadas.

Uma delas é uma menina pequena já vestida em seu uniforme de cabelo castanho escuro frisado com grandes dentes frontais e inteligente olhos castanhos.

— Oh, oi – ela cumprimenta com seu forte sotaque britânico com um tom ligeiramente superior – Sou Hermione, Hermione Granger, e você é?

— Will Solace. Está tudo bem se nos sentarmos aqui?

— Você é bem-vindo. – Um pequeno garoto loiro cuidando de um sapo respondeu nervosamente – Sou Neville Longbottom.

— Obrigado – Nico respondeu, sentando ao seu lado – Nico di Angelo.

•••

— E aí, alguma ideia de qual casa vocês vão entrar? – Neville pergunta.

— Hmm, eu não tenho certeza – , Hermione respondeu, inclinando a cabeça para o lado em pensamento profundo – Pelo que eu li, Grifinória parece a melhor casa, embora Corvinal também possa me servir.

— Alguém em sua família já foi para Hogwarts? – Neville pergunta.

Ela balança a cabeça. – Eu sou a primeira, meus pais ficaram tão surpresos.

— Você é uma nascida-trouxa então? – Neville questiona excitado. – Surpreendente! Como são os trouxas?

Ela parece pensativa por um momento – O estilo é bastante diferente, e não dependemos de magia, portanto, tivemos que encontrar outras maneiras de fazer tarefas.

— Eu também ainda não conheço muitos bruxos – diz Will

— Vocês são ambos crianças nascidas-trouxas? – Neville perguntou, seus olhos se alargando em excitação. – E você, Nico?

— Não, eu sou de uma família mágica italiana – Ou pelo menos penso que sou.

— Sabia que tinha ouvido um sotaque! – Will afirma.

— Em que casa você deseja estar? – Nico pergunta à Neville, ignorando Will.

Ele parece encolher em seu assento – Eu quero ser um grifinório como meus pais, mas sou a coisa mais distante que tem de bravura. Acho que o Lufa-lufa seria okay.

As pessoas realmente se preocupam com as casas tanto assim? É só uma casa escolar, pensou Nico.

Neville ficou em silêncio por um momento, olhando cuidadosamente para janela.

— Em que casa vocês desejam estar? – Hermione pergunta.

— Eu não tenho certeza. – Will diz a ela – do que eu li todos eles têm boas qualidades, embora haja definitivamente alguns ruins estereótipos sobre cada casa.

Hermione acenou com a cabeça em compreensão – Talvez você seja um Corvino.

  – Talvez – ele encolhe os ombros. – Nico?

— Eu não me importo. – O moreno diz em uma voz monótona. Ele provavelmente não ficará por tempo o suficiente para se importar, ele nunca fica.

Neville saiu de seu transe com um olhar horrorizado – E se você acabar na Sonserina?

Nico ergueu as sobrancelhas. – Então eu serei um Sonserino.

Antes que alguém pudesse questionar mais, Neville solta um grito confuso, olhando ao redor freneticamente – Onde Trevo foi?

Todos procuram o sapo nas malas e embaixo das cadeiras em vão.

— M-melhor eu verificar em os outros compartimentos – Neville gagueja, parecendo assustado.

— Nós vamos ajudar a procurar – Hermione oferece.

— Claro – Will concorda e lança um olhar expectante a Nico. 

O moreno geme. Lá vai a esperança de tirar uma soneca. A viagem nas sombras tinha o deixado totalmente exausto. – Vamos – resmungou, saindo do compartimento.

•••

Depois de verificar vários compartimentos em busca do sapo, Nico estava pensando em voltar para o compartimento e desmoronar.

— Você viu um sapo? – pergunta com uma voz sonolenta, parado na porta de outro compartimento.

  – Nico? – , perguntou alegremente um familiar rapaz de cabelos negros.

— Olá Harry. Sapo?

— Nós não vimos o maldito sapo – um garoto de cabeça vermelha responde bruscamente – Granger já perguntou.

O moreno assentiu, se movendo para sair.

— Espere Nico, você pode ficar por um tempo? – Harry pergunta.

— Eu suponho – suspira, sentando na borda do assento.

— Este é Ron Weasley. – Harry introduz. Ron dá um aceno de mão fraco, não parecendo muito feliz com sua presença. – Nico e eu fomos ao Beco Diagonal juntos.

— Por que você não foi com seus pais? – Ron pergunta.

— Eu não tenho pais – Nico olha para ele, fazendo-o engolir nervosamente. –  Mas o que eu tenho é um sapo para encontrar – diz em uma voz monótona.

Ron cora tomate vermelho, gaguejando um pedido de desculpas.

Nico se levanta, acenando para Harry um adeus e sai do compartimento, se sentindo um pouco culpado por ter sido tão rude.

Quando volta para o compartimento Hermione, Will e Neville já estão de volta, mas sapo não.

— Nós não conseguimos encontrá-lo em lugar nenhum! – exclama Neville.

— Você tentou um feitiço convocatório? – di Angelo pergunta, sentando na cadeira.

Seus olhos se arregalam – Isso é uma ideia brilhante! Eu vou pedir para um monitor ajuda – Ele então desaparece mais uma vez.

Nico fecha os olhos, colocando os pés sobre a mesa na esperança de dormir um pouco. Infelizmente, os outros não parecem receber a mensagem, em vez disso decidem falar sobre o fato do incrível Harry Potter se juntar a eles este ano. No meio tempo Neville retorna, feliz, com seu sapo em mãos.

  – Ah, Longbottom! Eu não sabia que eles deixavam abortos entrarem em Hogwarts – uma voz pomposa, irritantemente familiar, zomba.

— Eu-eu não sou um aborto Malfoy! – Neville argumenta.

Nico relutantemente abre os olhos para ver Neville encarando o garoto loiro do Beco Diagonal na entrada do compartimento com grandes guarda costas em ambos os lados.

— Claro que não é – Malfoy diz a ele em uma voz paternalista, antes de se virar para o italiano – Di Angelo, ainda desonrando sua linhagem associando-se com... indesejáveis?

Nico arqueia as sobrancelha. – E você ainda é um idiota? Estou chocado.

— Vocês se conhecem? – Will pergunta, olhando para os dois.

— Tragicamente – suspira.

— E você é? – Malfoy perguntou, olhando para a roupa trouxa de Will com desgosto.

— Will Solace – Will relutantemente responde.

 – Eu teria cuidado se fosse você, Di Angelo – Malfoy sibila, desviando o olhar de Will. – Se você não começar a entender como as coisas funcionam aqui você vai acabar como o resto da família Di Angelo. Morta e esquecida.

Antes que Nico tomasse consciência do que estava fazendo, levantou e golpeou Malfoy em seu nariz anormalmente grande. Seus guarda costas o pressionam, mas ele rapidamente chuta suas pernas, derrubando os meninos no chão. Eles se levantam e correm para fora do compartimento com um grito "MEU PAI OUVIRÁ SOBRE ISTO!" de Malfoy.

— Eu geralmente não tolero a violência – Hermione diz, tentando esconder o sorriso malicioso de seu rosto – Mas ele merece depois do que disse.

Neville concorda com a cabeça.

— Você está bem? – Will pergunta.

—Eu estou bem – Nico sussurrou, mais uma vez tentando tirar minha soneca.

•••

 – Bianca... ela não conseguiu – Nico acorda balbuciando, ganhando olhares curiosos ​​dos outros.

— Sapo de Chocolate? – Neville oferece, segurando um pacote.

— Obrigado – diz, tirando-o de sua mão. Não tinha comido uma refeição adequada por um par de dias e a fome finalmente o alcançou.

— Você está bem? – Hermione me pergunta –Você parece ter tido um pesadelo.

— Eu estou bem. – Mente, abrindo o pacote só para ter o sapo pulando em sua cara. Nico facilmente o pega, arrancando uma perna. Os bruxos não podem ter doces normais?

— Bons reflexos – Will diz.

— O que é isso? – o moreno perguntou, tirando uma carta da embalagem.

— Eles não têm sapo de chocolate na Itália? – Neville pergunta.

Nico balançou a cabeça.

— Bem, cada sapo vem com um carta de uma bruxa ou feiticeiro famoso. Todo mundo os coleciona – Ele explica.

— Fascinante – Hermione murmurou em voz baixa.

— Você pode ficar com ela – di Angelo diz, entregando o carta para ela – Eu não gosto de jogos de cartas.

— Se você está certo disso, obrigada – ela responde, pegando o cartão e digitalizando as informações.

— Provavelmente você deveria se apressar e trocar a roupa. Vamos chegar em breve – Will diz.

Então Nico percebe que estão todos vestidos com o uniforme de Hogwarts. Acena, tirando suas vestes da mala e sai para se trocar.