Celine a trois escrita por lljj


Capítulo 17
Dix-sept




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Era quase meia-noite quando Panda entrou em casa. O barulho da TV sinalizou que seus irmãos jogavam videogame. Era uma atividade comum deles, porém a falta de gritos e vibração durante o jogo só revelava o quanto andavam para baixo.

Se tudo desse certo, a apatia acabaria hoje.

Assim que chegou na sala, ouviu Pardo perguntar:

— Aonde você foi, Pan-pan? Ficamos te esperando pra jantar.

— Polar deixou seu prato no microondas.

— Valeu, manos, é que eu... — sua voz minguou ao ver a súbita tensão que invadiu seus irmãos quando notaram que havia visita.

— Oi, rapazes — cumprimentou Celine.

Os dois se aprumaram no sofá, afastando os joysticks e os pacotes de batatinha.

— Oi, Celine — disse Pardo, numa mistura de nervosismo e animação. — Puxa, você... está aqui...

Um silêncio carregado cresceu entre eles. Mesmo que Panda odiasse se sentir excluído, agradeceu por não fazer parte daquele assunto em específico.

— Gente, eu comi bastante bolo e essas coisas, então só vou ir pro meu quarto mesmo. O dia foi tão cansativo... — encenou um grande bocejo. — Boa noite pra vocês.

Saiu pelo corredor rapidamente. Ninguém pareceu se importar — e aquilo era irritante —, mas ele compreendia. O momento era exclusivo de Celine, Pardo e Polar. Seu orgulho não podia ser maior que o carinho por eles. Desejou de coração que pudessem se resolver.

 

Após a retirada apressada de Panda, o incômodo silêncio perdurou mais alguns segundos até Polar oferecer uma xícara de chá. Celine aceitou, e assim eles acabaram sentados à mesa da cozinha, o perfume de erva-doce flutuando no ar.

Pardo foi o primeiro a se manifestar.

— Nós sentimos muito pelo que aconteceu.

Ao seu lado, Polar concordou.

Ela prometeu a Panda que daria uma chance para conversa, por isso forçou-se a abaixar as defesas. Era só ser sincera.

— Me deixou mal ver vocês brigando por minha causa... Não, Pardo, não tenta argumentar — cortou o protesto dele. — Eu não sou burra de pensar que era por outro motivo.

— Celine está certa — confirmou Polar. — Brigamos pelo direito de te pedir em namoro.

Derrotado, Pardo repousou a cabeça nas mãos.

— Tá bom, foi por sua causa, mas não é sua culpa! — disse a ela. — Eu e o maninho que erramos na hora de lidar com isso. Por favor, nos perdoe. Sentimos sua falta.

Uma ardência no fundo dos olhos alarmou Celine. Também sentia falta deles, dos três.

— Só posso perdoar se me prometerem que isso jamais vai se repetir — declarou, e esboçou um sorriso apertado. — Vamos voltar a ser bons amigos.

O opressivo silêncio reverberou novamente.

— Polar não quer ser seu amigo — falou ele, encarando-a com intensidade.

Pardo jogou os braços para alto em frustração.

— Eu também não! Nós dois temos alguma coisa, não é? — indagou ele, afoito. — Você também sente, certo? Por isso que... que me beijou... né?

Ela queria confirmar, porém a expressão de Polar ao escutar sobre o beijo a deteve. Ele abaixou a cabeça e se encolheu ao redor de si mesmo.

— Você disse que gostava do Polar — murmurou. — Era mentira?

Foi o empurrão final para que as lágrimas transbordassem.

— Eu me apaixonei por vocês — confessou, escondendo o rosto nas mãos. — Gosto dos dois e quero estar com os dois. Se não pudermos ser amigos, prefiro ir embora, porque não posso escolher só um.

Dessa vez, o silêncio foi infindável. Polar pôs uma caixa de lenços diante de Celine enquanto Pardo segurou uma das mãos dela em apoio. O cuidado de ambos a deixou hipersensibilizada. Pareceu a irmã mais nova em um dos seus ataques de choro. Como resolveria aquilo?

De repente, Pardo questionou:

— Pode escolher nós dois?

Celine fungou.

— O que?

— Você disse que não pode escolher só um, mas e os dois, pode?

Ela ficou em dúvida se Pardo realmente sabia o que estava sugerindo.

— Não sei...

Ele entrelaçou os dedos nos dela, então se dirigiu a Polar.

— O que acha, mano?

— Polar é ciumento e possessivo — respondeu.

Os ombros de Pardo despencaram.

— Ah...

— Mas acho que poderia tentar — continuou o irmão, fixando o olhar em Celine.

— Isso! — comemorou Pardo, e voltou-se para ela. — O que você acha?

A cabeça dela rodopiou.

— Estão falando sério?

— Eu quero ficar com você — afirmou Pardo, e acanhamento sombreou seu rosto. — Quero tanto que nem me importaria se você também saísse com o meu irmão.

— Polar também não se importaria... contanto que tivesse exclusividade às sextas à noite.

— Beleza, fico com os sábados — anuiu o mais velho.

Celine arfou.

— Vocês são doidos.

— A escolha é sua, de qualquer jeito — disse Pardo. — Quer tentar?

Ela olhou de um para o outro. A ideia era sem precedentes e o receio ameaçou rasgá-la ao meio. Um sentimento semelhante ao que sentiu quando deixou sua cidade natal, sabendo que o caminho a sua frente seria instável.

Tudo podia dar errado.

Tudo podia dar certo.

Respirou fundo.

— Vamos tentar.


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Notas finais do capítulo

É isso aí!

Não posso dizer que estou totalmente satisfeita, porque perdi no Desafio de Novembro - tanto na temática quanto no limite de palavras -, porém estou feliz por ter concluído outra história.

Obrigada Kokoro Osen e Ren por terem dado uma chance a essa fanfic. Também agradeço quem decidiu acompanhar. Um beijo especial para Yurievna por ter dado tanto apoio ao longo do mês. ♥

Desculpe por não entregue tudo o que prometia no início. Pretendo fazer um post no meu blog explicando as mudanças ao longo do enredo. Visitem depois: www.lljj.com.br

Obrigada pela atenção,
lljj



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