Celine a trois escrita por lljj


Capítulo 1
Un


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Antes de mais nada, saibam que o episódio que originou essa história está disponível no meu blog. São só dez minutinhos e eu super recomendo assistir para ter uma base prévia para a leitura.

Link: https://www.lljj.com.br/2019/11/a-saga-de-uma-escritora-outro-desafio.html

Me desejem sorte! :)



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Celine não sabia o que estava acontecendo. Devia ser um tranquilo encontro virtual com o cara bonitinho do site de namoro, mas os sons saídos do notebook eram dignos de filme de terror. Vidro estilhaçando, coisas caindo, pessoas gritando e... Mon Dieu, era uma motosserra?!

— Panda, está tudo bem? — perguntou, o sotaque francês marcando cada sílaba.

Na tela, o rapaz arfava e olhava para os lados. Folhas se entremeavam ao seu cabelo preto, a pele clara estava arranhada e suja de terra. Parecia ter acabado de correr uma maratona no meio do mato. Celine queria encerrar a chamada de vídeo tanto quanto queria descobrir o motivo daquele caos.

Era de se esperar algo assim.

Panda era fofo, falava um francês impecável e gostava de Parceiros da Ação, seu filme preferido. Ou seja, bom de mais para ser verdade.

— Celine, eu... — falou ele, mas foi interrompido por outros dois homens que invadiram a tela. Ambos usavam as mesmas roupas de Panda. Entre empurrões, tapas e rosnados, tentavam pegar o notebook.

Por alguns segundos, Celine apenas assistiu, incrédula.

— Para, para, para! — gritou ela, e o trio congelou. — O que está acontecendo? Agora tem três Pandas! É uma brincadeira?

O Panda do meio, com folhas no cabelo, se manifestou:

— Não, é que eu fiquei tão nervoso com nosso encontro que... — suspirou. — A culpa é minha. Desculpa. Meus irmãos só queriam me ajudar.

O Panda da direita retirou o chapéu e o casaco, revelando o cabelo crespo e a pele negra.

— Nós fingimos ser ele — disse, em tom culpado.

O Panda da esquerda também despiu o disfarce. Sua pele era a mais clara, seus cabelos de um pálido loiro.

— Polar est désolé — murmurou, cabisbaixo.

Ok, uau! Como não notou as diferenças antes? E eles ficaram trocando de lugar o encontro inteiro? Que sacanagem! Mas, ah, do que ela podia reclamar?

— Gente, também tenho que fazer uma confissão — contou. — Eu também estava fingindo... não sou francesa.

Os três exclamaram em surpresa. Vergonha invadiu Celine. Abandonou por completo o sotaque estrangeiro ao dizer:

— Sou de Nova Jersey. O autocorretor do site mudou a minha cidade Paramus para Paris e eu fui na onda. Acho que também fiquei nervosa.

Não era toda a verdade, mas era um bom início.

— Isso quer dizer que você topa um segundo encontro? — perguntou o Panda do meio.

— Ou terceiro? — sugeriu o cara negro.

— Polar quer quatro — falou o loiro. — Ou dez.

O absurdo dos convites trouxe a tona uma risada. Essas loucuras eram típicas na vida dela. Talvez porque Celine fosse mesmo meio louca. Não era o que seus amigos sempre diziam? Eles sequer se surpreenderam quando ela aceitou um emprego em São Francisco, Califórnia, do outro lado do país, distante do lar onde viveu a vida inteira.

Celine queria aventura. A mudança lhe daria isso. Ter uma companhia mais íntima para dividir o momento era atrativo. O localizador do site indicou Panda para a posição.

Agora, três homens lançavam olhares esperançosos pela webcam.

Loucura, mas...

— Acho que podemos conversar, rapazes.


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Notas finais do capítulo

Rápidas explicações:

O desenho Ursos sem Curso é ambientado nos arredores da baía de São Francisco, na Califórnia. Nova Jersey, estado de origem da Celine, fica no extremo oposto do país. É longe pra caraca.

Estou trabalhando com uma versão humana dos ursos livremente inspirada em fanarts como essa:
https://i.pinimg.com/originals/a3/5a/48/a35a482b67a1643b1194be5410c17b40.jpg



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