Celine a trois escrita por lljj
Só mais uma semana, pensou Celine ao acordar naquela manhã nublada. Olhou pela janela do quarto e viu Max, o cachorro do vizinho, perseguir um esquilo pelo quintal. Na calçada mais a frente, as crianças Downey caminhavam balançando as lancheiras escolares. O carro prateado do pastor Isaac cruzou a rua e a senhora Bailey, que regava seu canteiro de margaridas, acenou para ele.
Apenas mais um dia para a tranquila Paramus.
Celine amava aquela cidade. Sua família morava ali há gerações, seus amigos de infância ainda viviam nos arredores. A biblioteca abria durante a semana, as piscinas públicas, aos sábados. Havia uma boate no centro que só os jovens frequentavam; os mais velhos, curtiam passeios no parque ou partidas de golfe. Nova York, o grande polo internacional, ficava a trinta minutos de distância. Emprego, estudo e diversão se encontravam por lá.
Por que, então, Celine estava tão afoita para partir? Nem ela sabia explicar. O sentimento surgiu em seu peito há meses. De repente, tudo o que lhe era familiar se tornou sufocante. Tentou ignorar, abafar, mas cada dia presa à rotina a empurrou mais e mais perto do limite.
Paramus se tornou pequena demais para contê-la.
Quando Dominic, um conhecido de um conhecido, lhe ofereceu trabalho como organizadora de eventos em São Francisco, Celine não hesitou ao dizer sim.
Era a oportunidade que esperara.
Agora faltava uma semana para que seu voo zarpasse. Precisava embalar a mudança!
Sorrindo, arregaçou as mangas e se pôs a trabalhar. As roupas iriam para as malas; os objetos, para as caixas. Levaria consigo o indispensável, o que sobrasse guardaria no sótão da casa.
Começou pelo mais importante: sua coleção de filmes em DVD. Eram itens da categoria indispensáveis. Os filmes lhe dariam um senso de lar quando estivesse decorando o futuro apartamento. Seria sua primeira vez morando sozinha.
Enquanto ordenava os DVDs na caixa, sua mente saltou para uma lembrança recente. Aquele estranho trio de irmãos a convidara para ir ao cinema assim que chegasse em São Francisco.
Que figuras!
Chamavam-se Pardo, Panda e Polar — o que os deixava ainda mais estranhos. Após o malfadado encontro virtual, Celine sugerira que eles mantivessem contato como amigos, porém não voltaram a trocar mensagens desde aquele dia.
Ela refletiu por alguns segundos antes de pegar o celular. Tirou uma selfie ao lado da caixa, as malas estavam no plano de fundo. Enviou a foto para o número de Panda junto com a mensagem: Preparando as malas. Como vão as coisas?
Sorriu para si mesma. Talvez nem recebesse resposta. Toda a situação do encontro foi constrangedora o suficiente para que nenhum deles... Seu celular vibrou. Mensagem recebida. Do Panda.
Oká, Celine!
Olá*, Celine!
rs rs rs
Ficaremos felizes em recebê-la!
Estamos jogando videogame
Pardo e Polar mandam oi
Uma foto carregou. Nela, os três rapazes acenavam amigavelmente.
Pareciam boas pessoas, apesar das óbvias esquisitices. Não faria mal dar uma chance a amizade, afinal, amigos também seriam indispensáveis nessa nova fase da sua vida. Decidida, digitou:
O que vocês estão jogando?
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