Filhos da noite 2 – Sozinha escrita por CM Winchester


Capítulo 11
Capítulo 10 – DISTRAÇÃO




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Eu mudei de assunto e passei o resto da tarde andando pela fazenda. Minha cabeça estava a milhão.
Quando retornei para casa eu não sabia o que fazer. Tinha medo de fazer pesquisas. Tinha medo de ficar mais louca do que já estava. Já era umas 7 horas quando resolvi ir até a casa de Ben.
Assim que coloquei o pé para fora do elevador me arrependi automaticamente. Caroline estava sentada no sofá usando um micro vestido e ao seu lado estava Ben com uma taça de vinho. Os dois estavam conversando e rindo.
Eles se viraram para mim e Ben ficou sério.
— Nikki? - Ele levantou deixando a taça em cima da mesa de centro e veio até mim.
Recuei batendo nas portas do elevador.
Se eu não tivesse saído poderia ter fugido.
— O que aconteceu? Tudo bem?
— Melhor impossível.
— Então você é a famosa Nicolle. - Caroline se aproximou sorrindo.
— Não tão famosa assim. - Falei.
— Mas para ele é. Ele só fala em você.
— Claro, é meu anjo da guarda e eu dou muito trabalho. - Debochei sorrindo.
Coloquei as mãos nos bolsos do moletom e a encarei.
Eu não poderia competir com aquilo. E não queria ter que competir!
— Por que está aqui? - Ben perguntou, seu rosto mostrava preocupação.
— Foi um engano. - Falei.
— Caroline se importa de nos deixar a sós?
— Claro. - Ela seguiu para a escada e eu arregalei os olhos.
Lancei um olhar para Ben que estalou a língua.
— Ela precisa de um lugar para ficar.
— Que comovente. - Falei apertando o botão do elevador.
— Não precisa ir embora.
— Então escuta essa. Tire aquela vadia daqui e eu volto. Do contrário não coloco mais meus pés aqui. - Resmunguei lançando a ele um olhar antes de entrar no elevador.
Ele entrou no elevador também.
— Nikki, Caroline e eu não temos nada.
— Não me interessa. - Resmunguei olhando os números baixarem até o térreo.
— Nikki...
— Tire aquela cadela de lá. - Mandei.
— Por que você veio aqui afinal?
— Por que eu sou uma idiota. - Respondi saindo do elevador.
Sai do prédio e entrei no carro.
Quando cheguei em casa de novo só o que eu tinha era ligações perdidas de Nora no meu celular.
— Oi. - Falei.
— Estou na casa da Vee.
— O que aconteceu?
— Fui drogada.
— Drogada? Como assim drogada? - Parei no corredor para o quarto.
— Patch entregou um envelope para Vee me entregar. E tinha um perfume. Eu desmaiei na biblioteca e acordei 2 horas depois. E alguém me perseguiu pela escola.
— Você está bem?
— Estou. Mas para finalizar a noite encontrei com Detetive Basso no caminho para a casa de Vee.
— E?
— Ele quase me multou. Eu vou dormir aqui. Você vai ficar bem?
Lancei um olhar para a casa vazia e prendi o suspiro.
— Vou. - Respondi. - Boa noite, Nora.
Subi as escadas sufocando o choro. Eu odiava ficar sozinha. Na verdade eu odiava me sentir sozinha.
Eu já estava acostumada todo esse tempo. Desde o acidente de carro eu sempre me senti vazia mesmo estando rodeada de pessoas. Mas quando Ben entrou na minha vida parecia que aquele vazio tinha sido completado.
Subi as escadas e fui para o meu quarto. Sentei no chão do quarto e me permiti chorar.
Chorar por que eu não tinha culpa de nada.
E tudo de ruim sempre acontecia comigo. Eu nunca tinha nada na vida. E quando tinha os céus sempre arrumavam um jeito de tira-los de mim.
Eu odiava tudo. Eu odiava a minha vida.
Eu não sei em que momento ou hora eu adormeci no chão do quarto.
Mas acordei deitada na cama coberta pelo meu edredom.
Na terça feira eu estava mexendo no meu armário enquanto Nora estava ao meu lado.
— Aquele soco foi meu jeito sutil de dizer que eu não iria a festa. - Resmunguei fechando o armário e a encarando. - Você também não deveria ir!
— Mas ela nos convidou. E faltar a uma festa dela é como...
— Bla, bla, bla. Se eu quiser ser popular eu sou e não preciso mostrar meu corpo para isso. A questão é que eu não quero. - Respondi. - O que realmente você quer?
— Nada. Só ir a festa. Somos parceiras de química.
— Nora, você mente muito mal. - A encarei. - Isso é por causa do Patch não é?
— Não!
— Você é muito masoquista. - Murmurei.
— Por favor. Vamos.
— Ok. - Respondi.
— Onde você vai?
— Para o ginásio. Hoje tem ensaio para a Ginástica Artística.
— Ainda não consigo entender. Não é você que estava dando graças a Deus por não ter mais aulas de música. E ter um tempo livre.
— Se eu tiver um tempo livre entro em pânico. Preciso manter minha mente ocupada.
— O que você está escondendo de mim?
— Não é nada demais, Nora. Agora eu tenho que ir.
— Você sabe que não precisa de aulas para isso. Faz isso desde os 4 anos de idade.
— Sim. Mas treinar sempre é bom.
— Desde quando você ficou responsável e com sede de ter alguma coisa para fazer no futuro?
— Você errou nas duas. Estou mantendo meu presente ocupado. O futuro que se dane. - Respondi antes de me afastar.
Assim que soube que teriam aulas de Ginástica Artística na escola me inscrevi. Eu precisava esquecer da história de Lillity. Precisava esquecer de Ben.
Claro que esse último era mais difícil já que ele estava sempre por perto e era meu anjo da guarda.
Coloquei um vestido com o decote fechado, apertado no busto e cintura marcando bem, o busto ele era azul escuro com um tipo de renda preta por cima e para baixo era um tecido preto. A saia era rodada. Coloquei uma sandália preta simples e deixei meus cabelos soltos, mas os deixei lisos.
Peguei minha bolsa carteira e desci as escadas. Nora estava no carro com Vee me esperando. Mas eu iria de Skyline.
Quando chegamos perto da casa de Marcie a música tocava alto. Estava cheio de carros. O jipe de Patch estava ali. Eu nem queria pensar o que seria esta festa. E o Dodge Charger de Ben também estava ali por isso fui a primeira a estacionar.
Vee estacionou em seguida e nós seguimos para a porta aberta. Tinha muita gente, alguns estavam dançando ao som de Jay-Z.
— Preciso de um tempo para me preparar mentalmente para isso. - Vee falou parada na porta. - Quero dizer, o lugar vai estar infestado com coisas da Marcie. Fotos Marcie, móveis Marcie, odores Marcie. Falando em retratos, podemos tentar encontrar fotos velhas da família. Eu gostaria de ver como o pai da Marcie se parecia há dez anos atrás. Quando vejo seus comerciais na TV eu não consigo decidir se é a cirurgia plástica que o faz parecer tão jovem ou apenas uma quantidade enorme de maquiagem. - Nora a puxou pelo braço.
— Você não vai me abandonar agora. - Nora falou e Vee olhou em volta franzindo a testa.
— Tudo bem, mas estou te avisando se eu ver um único par de calcinhas caio fora daqui. O mesmo vale para uso de preservativos.
Marcie apareceu segurando uma taça de ponche e nos encarou.
— Eu convidei vocês. - Ela falou encarando Nora e eu. - Mas eu não a convidei.
— É bom ver você também. - Vee falou e Marcie a encarou de baixo a cima.
— Você não está fazendo uma daquelas estúpidas dietas de cores? Parece-me que desistiu antes mesmo de começar. - Ela encarou Nora. - E Você simpáticos olhos negros.
— Você ouviu alguma coisa Nora? - Vee perguntou. - Pensei ter ouvido alguma coisa.
— Você certamente ouviu alguma coisa. - Nora falou.
— Poderia ser um... Pum do cachorro que eu ouvi? - Vee perguntou e Nora assentiu.
— Eu acho que sim. - Nora respondeu e Marcie semi cerrou os olhos.
— Ha ha.
— Olha só, ouvi novamente. - Vee falou. - Aparentemente este cão tem sérios problemas de gases. Talvez nós devêssemos alimentá-lo com sal de frutas. - Marcie colocou uma tigela de ponche na nossa frente.
— Doação. Ninguém entra sem fazer uma doação.
— O quê? - Perguntamos juntas.
— Não. Vocês realmente não acharam que convidei vocês aqui sem nenhum interesse não é? Eu preciso do seu dinheiro. Pura e simplesmente.
— E para o que é o dinheiro? - Nora perguntou.
— Novos uniformes de líderes de torcida. O time quer aqueles que deixam a barriga de fora, mas a escola não terá dinheiro até Primavera por isso estou angariando fundos.
— Isso deve ser interessante. - Vee falou. - O termo Slut Squad (esquadrão de putas) terá um significado completamente novo.
— Isso, faz isso! - Marcie ficou vermelha. - Você quer entrar? É melhor ter uma nota de vinte. Se você fizer outro comentário vou aumentar o valor para quarenta. - Vee cutucou Nora e eu.
— Eu não vim aqui para isso. Vocês pagam.
— Dez cada um? - Nora perguntou.
— De jeito nenhum. Esta foi ideia sua. Você paga.
— Vinte dólares é muito. - Nora falou.
— Sim, mas vai ser incrível me olhar no uniforme. Eu tenho que fazer quinhentos abdominais todas as noites para que eu possa manter a minha cintura de 60 centímetros. Não posso ter um centímetro de gordura, pois como poderia deixar o umbigo à mostra.
— Que tal quinze?
Marcie ameaçou bater à porta na nossa cara.
— Ok, calma, vamos pagar. - Vee falou tirando algo de dentro do bolso e colocando na taça. - Você vai me dever por muito tempo.
— Você deveria me deixar contar o dinheiro primeiro. - Marcie falou olhando para dentro da tigela.
— Eu só presumi que vinte era uma quantia muito alta para que você pudesse contar. - Vee falou. - As minhas desculpas. - Ela virou as costas e saiu.
— Quanto você deu a ela? - Nora perguntou.
— Eu nada. Joguei alguns preservativos. - Nora ergueu as sobrancelhas e eu arregalei os olhos.
— Desde quando você anda com preservativos?
— Peguei aqui fora no gramado quando caminhávamos até aqui. Quem sabe talvez Marcie vá usá-lo. Então eu já teria feito a minha parte para manter seu material genético fora de circulação.
— Um ponto para você. - Falei sorrindo e ela riu.
Nos encontramos na parede para observar o local. Haviam casais se beijando por todo lado.
Patch e Ben apareceram na entrada da cozinha. Uma garota foi conversar com Patch e Ben ficou me encarando.
Anthony Amowitz sorriu e acenou para Nora do outro lado da sala. Nora sorriu de volta.
— Porque é que Anthony Amowitz está dando seu sorriso de xaveco para você? - Vee perguntou e Nora revirou os olhos.
— Você está apenas reparando porque ele está aqui na festa de Marcie.
— Sim e daí?
— Ele está sendo legal. - Nora cutucou as costelas de Vee. - Sorria de volta.
— Sendo legal? Ele está excitado. - Anthony ergueu uma taça de plástico e gritou algo.
— O quê? - Nora gritou de volta.
— Você está ótima! - Ele gritou sorrindo.
— Oh cara. - Vee falou e eu gargalhei virando de lado na parede e apoiando meu ombro. - Não é apenas um xavequeiro, mas um xavequeiro bêbado.
— Então talvez ele esteja um pouco bêbado.
— Bêbado e com a esperança de ficar sozinho com você em um quarto lá em cima.
— Ugh. - Eu gargalhei mais.
— Meninas? - Fiquei ereta e virei para Ben que tinha se aproximado. - Preciso roubar essa moça de vocês!
— Ela é toda sua. - Vee falou sorrindo e Ben agarrou meu pulso.
Uma corrente elétrica passou por todo o meu corpo.
Sabe aquela coisa da distração? Ela tinha ido pro espaço.


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