Marinette estava concentrada na aprovação dos croquis feitas pelos estagiários, quando seu celular toca e a tela exibe um número desconhecido. A azulada olhou para os lados, tendo certeza de que estava sozinha e atendeu.

— Alô?

— Marinette, precisamos conversar. — era Fu. A simples frase, fez Marinette estremecer. – Estarei na sua casa esperando. Quando sair do trabalho vá direto para lá.

— Tá bom.

— Até logo. — dito isso, desligou a chamada. Marinette mordeu o lábio inferior.

Fu estava em Paris. Exatamente como tinham previsto que o guardião faria, contudo, não imaginariam que ele viria tão rapidamente.

Precisavam fazer algumas mudanças no plano, mas com certeza ainda seguiriam com ele.

***

— Então, conseguiu?

— Consegui. – Luka disse. – E eu e a Chloé vamos nos encontrar na sexta. Não tenho certeza de como me sinto sobre isso. – suspirou dramaticamente.

— Olha só, o Luka tem um encontro! – Adrien comemorou, dando um tapinha nas costas dele.

— É, mas não vou criar muitas expectativas. Não quero quebrar a cara... De novo. – os outros dois riram.

— Cauteloso.

— Tenho que ser. Se vocês soubessem quantos encontros ruins eu tive ao longo da minha vida, teriam pena de mim. – eles sabiam, Luka já tinha contado todos pra eles. Principalmente quando ficava bêbado.

— Ah tá. – Nino se escorou no balcão – Falando nisso, eu também tenho um encontro. O nome dela é Alya, conheci quando fui buscar a minha avó no bingo. – Luka e Adrien trocaram olhares e o encararam.

— Só uma perguntinha, quantos anos ela tem?

— Ela tem a mesma idade que nós. Ela também foi buscar a avó no bingo e a gente se encontrou, trocou uma ideia e marcou um encontro.

— Fico feliz por você, cara. – disse o loiro, aliviado. – E mais feliz ainda por ela ser da nossa idade. – os três riram.

— Tem razão.

O celular de Adrien tocou, indicando uma mensagem de Marinette. Rapidamente o garoto foi checar e era a azulada avisando sobre a ligação que tinha recebido de Wang Fu.

— Gente! Gente! – chamou a atenção dos amigos – Marinette recebeu uma ligação do Fu. Ele veio a Paris e quer conversar com ela.

— Sim. É parte do plano, não é?

— É, mas ele veio um pouco cedo demais. E eu fico preocupado em imaginar a Marinette conversando com ele sozinha.

— Não podemos fazer nada. Ir lá estragaria o plano. – Adrien pensou na fala de Luka por alguns segundos.

— Não precisamos ir. Podemos ficar meio que observando de longe. Como heróis, é claro. – Adrien sugeriu. Não gostava da ideia de deixar Marinette desprotegida, por mais que ela fosse capaz de se cuidar sozinha. Fu era um homem muito perigoso e sabia como mexer com as emoções de sua amada – Se acontecer algo, estaremos perto pra ajudar.

— Tá, pode ser.

— Eu topo. – os três fizeram um toque.

— Valeu pessoal. – Adrien olhou no relógio – Já é o meu horário de almoço. Volto já. – falou, se encaminhando para o vestiário dos funcionários.

— Pra que essa pressa toda pra encontrar a Marinette? – Luka brincou. – Não é como se você visse ela pouco!

— Não vou encontrar ela. Vou fazer... Um favor pra minha mãe. – piscou e saiu, não dando chance para seus amigos questionarem mais.

— Eu hein! Garoto estranho! – Nino brincou.

— E você é normal por acaso? – o moreno empurrou o de cabelos azuis e foi limpar as mesas.

— Vê se não me enche!

***

Marinette estava nervosa. Por mais que soubesse como conduzir a conversa com Wang Fu, tinha medo de que o Guardião fizesse algum movimento imprevisto – embora achasse difícil, na condição desesperadora que ele se encontrava.

Sem contar que lá no fundo, a azulada tinha esperança de conseguir resgatar a sua mãe, por mais impossível que parecesse.

— Por que não liga para o Adrien? – Duusu sugeriu, ao notar a inquietação da portadora. – Ele sempre te deixa mais calma.

— Eu sei, mas não quero que ele saiba que eu estou nervosa. – suspirou – Não que eu esteja escondendo algo dele, é que... Eu não quero que ele pense que o plano pode dar errado por algo estúpido. Agora todo cuidado é pouco.

— Estar nervosa não é algo estúpido. É bem normal, considerando a sua situação. – Marinette sorriu para o kwami.

— Tem razão, Duusu. Mas o Adrien já está envolvido até demais nisso, não quero encher mais ainda a paciência dele.

— Quem sabe apenas converse com ele um pouco? Sobre qualquer coisa. Assim você fica mais tranquila. – a garota pensou por alguns instantes.

— Vou fazer isso.  

Marinette pegou o celular e ligou para Adrien. Não queria falar especificamente sobre o plano, apenas ouvir a voz dele. Certamente a deixaria mais tranquila, como Duusu havia sugerido.

Chamou algumas vezes, porém Adrien não tinha atendido.

— Ué? – Marinette engoliu em seco, sentindo seu coração apertar levemente. – Será que aconteceu alguma coisa? – questionou depois da terceira tentativa.

— Tente ligar pra os amigos dele, ou pra mãe. Tirar conclusões precipitadas, só vai te deixar mais nervosa. – o kwami falou em um tom calmo, não querendo repreender sua mestre.

— É. É uma boa ideia. – a azulada ligou para Luka, que foi o primeiro nome que veio a sua cabeça quando Duusu sugeriu. – Alô?

— Marinette?

— Sim, é... O Adrien está com você? Ele não atendeu o celular.

— Não, agora é hora do almoço dele. Ele saiu e disse que ia fazer um favor pra mãe, deve ser isso.

— Entendi. – ficaram em silêncio. Luka tinha notado que ela ainda parecia inquieta.

— Se ele não voltar no horário, eu aviso. Mas por enquanto, acho que ele só está ocupado. Não precisa se preocupar.

— Tá bem, obrigada.

— Não há de quê. Vai... Dar tudo certo hoje. — ela sorriu. Luka e Marinette nunca se deram tão bem, contudo, o objetivo em comum de salvar as pessoas e o carinho que ambos têm por Adrien, fez com que eles se unissem de certa forma.  

— Eu espero. Até logo.

— Até. — desligou a chamada e suspirou pesadamente.

— Ele está bem, não se preocupe. – Marinette sorriu de leve.

— Está sim, eu só fico preocupada. Ainda mais com Fu na cidade. Não me perdoaria se ele fizesse alguma coisa com Adrien. Já estou cansada de perder as pessoas que eu amo. – caminhou até a entrada da sala e verificou se havia alguém próximo, em seguida, fechou as portas. – Agora vamos focar no que dizer hoje. Nada pode dar errado. Tem que ser perfeito.

— E será. Se você ouvir o que eu tenho pra dizer. – Marinette deu um pulo, batendo as costas na porta.

— Quem é você? – questionou ao se deparar com um cara, com trajes da Ordem, parado em frente à sua janela. Provavelmente teria entrado por ali.

— Eu sou alguém que pode te ajudar.

— Trabalho com nomes. – pontuou, sem baixar a guarda.