A única luz que adentrava o quarto do hotel vinha do poste da rua, que passava pela janela de vidro. A princípio o local parecia vazio, mas então uma risada ecoou, deixando os heróis à postos.

— Vieram me deter? – Fu saiu das sombras e sentou-se sobre a cama de casal de maneira casual. – Admito que são corajosos, sim. E eu fui idiota de achar que Chan seria leal. Essa coisa de "fazer o que é certo" o levará direto para a morte, assim como vocês.

— Não tenho medo de você. – Marinette disse com uma expressão impassível. Podia estar machucada, mas não baixaria a guarda e nem hesitaria.

— Eu sei. Consigo sentir a sua determinação. – Adrien e Luka se entreolham, não agiriam antes de Marinette autorizar, porém estavam confusos com a reação calma do ancião. – Os Miraculous são joias muito poderosas para simplesmente usa-las para proteger pessoas que sequer merecem. Com o poder que vocês têm nas mãos, poderiam trazer a sua mãe de volta, Marinette. – ela ponderou por alguns segundos. Sabia dessa possibilidade, embora sempre a descartasse. Mas agora, sabendo que sua mãe estava morta e somente uma força mística poderia traze-la de volta, mudava as coisas. Marinette engoliu em seco e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Por mais que doesse, não era isso que sua mãe queria.

— Eu não precisaria trazer a minha mãe de volta se você não tivesse tirado ela de mim.

— Sabine fez sua própria escolha. Foi ela quem escolheu seu destino. – a expressão de Marinette se tornou puro ódio e então ela avançou, achando que pegaria Fu despreparado, afinal, ele não esperaria que machucada do jeito que estava, Marinette o atacaria. Mas ele não só esperava, como tinha sido essa a sua intenção ao fazer o comentário sobre Sabine, queria provocar Marinette. Então a heroína avançou e Fu segurou o seu braço com uma das mãos e com um movimento rápido, afundou a lâmina curta de uma adaga no estômago de Marinette. – Você também fez a sua escolha. Esse é o seu destino.

Marinette caiu de joelhos e Adrien correu para ela, enquanto Luka estava prestes a ativar seu poder e voltar antes que entrassem no portal. Mas Fu avançou na direção dele, iniciando uma luta.

— Marinette! Não! Não! – o loiro de agitou, ao notar que Viper não conseguia uma brecha para voltar no tempo.

— Cata... Clism... – a azulada murmurou com dificuldade e ele demorou um pouco pra entender. – Vai. – Adrien assentiu e correu na direção de Fu. Desferiu um soco no velho, que estava distraído com Viper, porém o mesmo virou bem na hora e segurou o punho dele. Antes que Fu conseguisse dizer algo, o loiro abriu a mão ainda em contato com a dele.

— Cataclysm! – os olhos de Fu se arregalaram e logo o Guardião se dissolveu. Foi tudo tão rápido, que quando notaram, estavam cobertos pelas cinzas de Fu. – Volta logo, Luka! – gritou enquanto corria de volta para Marinette.

— Second Chance! – os três estavam prontos novamente para ir até Fu – Pode abrir o portal, Chan. – a voz de Luka saiu em um fio de voz, lembrando do que tinha acontecido. Não sabia se avisava Adrien e Marinete, ou se ficava quieto e tentava mudar o rumo dos acontecimentos por si mesmo. Ambas eram escolhas arriscadas.

— Esperem! – todos encararam Adrien novamente – Só por precaução. – tirou o anel do bolso do traje e colocou como da primeira vez – Plagg, claws out!

— Voyage! – Chan abriu o portal.

— Um momento! – Luka os interrompeu, não poderia ficar quieto – É a segunda vez que fazemos isso.

— O que houve da primeira? – ele nem precisou dizer, pois os dois entenderam somente com o olhar.

— Ele vai dizer coisas pra vocês. Só não se precipitem. – assentiram e adentraram novamente no quarto de hotel.

— Vieram me deter? Admito que são corajosos, sim. E eu fui idiota de achar que Chan seria leal. Essa coisa de "fazer o que é certo" o levará direto para a morte, assim como vocês. – Marinette permaneceu calada, lembrando do que Luka tinha dito. Não ia se precipitar, tinha sonhado com esse momento por muitos anos. Seus olhos percorreram a extensão do local, estudando as possibilidades. Adrien e Luka permaneceram parados, não agiriam até Marinette disser para que façam isso – Saibam que os Miraculous são joias muito poderosas para simplesmente usa-las para proteger pessoas que sequer merecem. Com o poder que vocês têm nas mãos, poderiam trazer a sua mãe de volta, Marinette. – sentiu um leve abalo emocional. Pensou em avançar, mas se segurou. Ela sabia que Fu queria isso. Olhou ao redor novamente, a resposta para o confronto era simples. Bem diferente do que Fu tinha imaginado.

Marinette retirou uma pena do leque e envolveu com a mão, fazendo com que ela ficasse em um tom de azul escuro. Wang Fu riu.

— Está pensando em me amokizar? Boa sorte com isso porque eu... – antes que ele terminasse a frase, Marinette lançou a pena na cama, a transformando em uma criatura. Fu fez menção de levantar, porém os cobertores o envolveram, o prendendo. – Me solte! Você não pode... – os cobertores se enroscavam nele, cobrindo sua boca e logo toda a extensão do seu corpo. Luka e Adrien se entreolharam. O primeiro aliviado, por todos estarem bem até o momento e o segundo, um pouco chocado.

— Marinette?

— Eu estou bem. – respondeu, sem desviar o olhar de Fu, que se debatia. – Acabou.

Segundos depois, um novo portal se abriu. Chan apareceu e em seguida guardas da Ordem adentraram o cômodo. Uma mulher alta estava no meio deles, usando uma capa, era claramente diferente dos outros. Ela olhou ao redor, seus olhos pousaram nos três heróis e depois foram para a cama, aonde o antigo guardião agora estava preso.

— O que você se tornou, Fu? – balançou a cabeça e encarou os três heróis novamente – Não temos muito tempo para formalidades, mas eu me chamo Ann e sou a Mestre suprema da Ordem. – Marinette, Luka e Adrien estremeceram de leve – E em nome da Ordem, sou muito grata pelo que fizeram. Minha gratidão a você também, Chan, por ser leal a Ordem e não a um homem cujas ambições o fizeram sucumbir. – o aprendiz assentiu – Em breve enviarei Chan novamente para conversar com vocês, por ora, vamos levar o traidor.

***

***

***

Marinette sentiu seu coração doer ao se despedir de Duusu. Mas não podia manter mais os Miraculous em sua vida, pois agora eles estavam em segurança na Ordem, como deveria ser.

— Não se preocupe, vou cuidar bem deles. – Chan sorriu. Agora, o aprendiz tinha se tornado o Guardião da caixa de Miraculous, que antes era guardada por Fu. Este último teve um destino menos amigável, já que, baseado nos costumes da Ordem, alguém que cometeu os crimes que Fu tinha cometido, seria executado. A Ordem não faz prisioneiros. – E vocês podem nos visitar, se decidirem dar uma passadinha na China.

— Nós iremos, com certeza. – Adrien concordou, segurando a mão de Marinette, a confortando. Mal podiam acreditar que tinha acabado. Alívio era o grande sentimento que preenchia o coração dos grupo de amigos.

— Até mais pessoal. E obrigado por todo. – Chan fez menção de entrar no portal, mas antes que o fizesse, Marinette o abraçou.

— Eu é que agradeço. Sem você, não teríamos conseguido. – eles sorriram um para o outro e por fim, o mais novo Guardião adentrou o portal, levando a caixa de Miraculous consigo.

— Então quer dizer que eu não vou mais ser super-heroína? – Alya, a nova amiga do grupo, e namorada de Nino, indagou desanimada. O moreno sorriu e a abraçou. Para falar a verdade, todos estavam meio cabisbaixos pelo mesmo motivo. Todavia, era o certo a se fazer. E heróis devem fazer o certo, pelo bem de todos.

— Cara! – Luka exclamou depois de soltar um enorme suspiro – Depois dessa eu preciso seriamente de uma bebida. De preferência alcoólica.

— Tem razão. – Chloé se aproximou dele – Precisamos comemorar. – a loira segurou o braço de Luka, fazendo ele sorrir tímido. Marinette e Adrien se encararam com um olhar cúmplice. Estavam felizes por eles.

— Também acho, mas antes eu preciso muito agradecer a todos vocês. – Marinette ficou de frente para o grupo. Estava triste por perder seu companheiro kwami e por ter descoberto o destino de sua mãe. No entanto, não teria conseguido passar por isso sozinha. – Finalmente eu estou livre das chantagens e mentiras de Fu. E os Miraculous estão seguros, exatamente como a minha mãe queria. – Adrien apertou o ombro da namorada de leve – Obrigada.

Os seis começaram a falar juntos e se abraçarem, comemorando o momento e tudo que fizeram juntos. Em seguida, decidiram fazer o que qualquer um faria nessa situação: comer um lanche de no estacionamento de algum fast-food, enquanto falam sobre a vida e planos futuros.

— Posso falar com você? – Adrien chamou Marinette, antes que fossem para a “comemoração”.

— Claro.

— Todos esses momentos de quase morte que passamos, me fizeram pensar muito. – segurou a mão dela – E eu sei que durante a nossa missão, eu deveria estar focado. Mas eu meio que fiz um desvio. – Marinette o fitou, com a expressão de confusão – E eu juro que eu imaginei isso de várias formas, pensei no melhor momento. Mas quer saber? Não há melhor momento, pois todos os momentos com você são perfeitos. Por isso eu quero saber... – Adrien se ajoelhou, fazendo a azulada ficar boquiaberta – Marinette Dupain-Cheng, você quer se casar comigo? – o loiro retirou do bolso da calça, o anel mais bonito que Marinette já tinha visto. Com os olhos marejados e sem nem pensar duas vezes, ela assentiu. – Sei que não é tão chique...

— Sim, Adrien Agreste. Eu aceito me casar com você. – o interrompeu. Marinette se casaria com ele até com um anel de lata.

Adrien ficou de pé e colocou o anel no dedo dela, com um sorriso gigante estampado no rosto.

— Eu te amo, my lady. – os dois se aproximaram mais. Adrien envolveu o rosto dela com as mãos, a fitando com um olhar intenso. E antes dos lábios se tocarem, Marinette sorriu em meio às lágrimas, finalmente deixando todas as emoções intensas dos últimos dias transbordarem.

— Eu também te amo, honeyboy.