Adrien, Luka e Nino voltavam da escola caminhando e conversando. Tinha chovido e ventado pela manhã, então a rua estava cheia de poças d’água e folhas. Os amigos saltavam por elas, enquanto falavam sobre seu assunto favorito.

— Tá, e o que acha dessa... Batman versus Thor? – Luka questionou.

— Batman.

— Ah, cara! Você é o maior fanboy! – deu um soco no ombro de Nino.

— Não, eu só acho que o Batman venceria o Thor.

— Desculpa, Nino, mas vou ter que concordar com o Luka. Você está exagerando. – disse Adrien.

— Vocês têm é inveja do Batman! – os três riram. Luka parou de andar assim que passavam na frente de um beco.

— Ei, saca só! – chamou os amigos.

— Por que você está nos chamando para um beco? É estranho, não é estranho? – Nino assentiu.

— Venham logo. – os dois foram até ele e se depararam com uma caixa preta grande com alguns detalhes em vermelho. – Parece aquele item promocional de Chinese Combate X. – o jogo de videogame favorito do três.

— Parece mesmo! – Adrien pegou – Será que é? – abriu a caixa e automaticamente várias gavetinhas foram se abrindo.

— Certeza que não. – o moreno se manifestou.

— Deve ser só uma caixa de joias. – pegou a presilha dourada com o desenho de uma abelha.

— Será que são caras? – Luka pegou um bracelete esverdeado e Nino um outro bracelete, só que com o elástico preto e um desenho em verde. Só haviam esses três na caixa – Podemos vender e comprar nossos ingressos pra Comic Con!

— Boa! – fizeram um toque.

— Eu vou dar esse de presente pra Marinette. – Adrien sorriu, imaginando que ela gostaria.

— Ah! – Luka e Nino trocaram olhares de tédio – Esqueci que temos alguém apaixonado entre nós. – o loiro deu de ombros.

— De qualquer forma, eu e você vamos ganhar dinheiro. – o moreno fez outro toque com o de cabelos azuis.

Enquanto falavam sobre vender as joias, Adrien olhava admirado para a presilha de cabelo, pensando se Marinette iria gostar tanto quanto ele tinha gostado.

O que os três amigos não imaginavam, é que naquele mesmo dia depois que chegaram em casa e resolveram experimentar as joias sem motivo específico, suas vidas mudariam de maneiras inimagináveis.

***

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— Desgraçado! – Marinette murmurou, abrindo a porta do quarto de Adrien.

— Que raiva toda é essa, my lady? – perguntou em um tom pretensioso, enquanto estava deitado na cama lendo um livro – Acordou com o pé esquerdo, foi?

— Eu vou é meter o meu pé esquerdo no meio da sua cara, se continuar com esse sorrisinho! – parou aos pés da cama, com os braços cruzados.

— Vejo que você está um pouco alterada.

— Como descobriu?

— Descobri o quê?

— Ora, não se faça de sonso. Como descobriu que eu sou a Lady Paon... Bumblebee?

— Você não é muito discreta, Marinette. – ela ergueu a sobrancelha – Tá bom, sem querer eu peguei a Pollen e o Duusu conversando.

— Hum, entendi. E eu imagino que o Luka seja o Viper e o Nino seja o Tortue. – suspirou – Bem clichê.

— Agora que você sabe quem nós somos, poderia se juntar a nós e combater o crime. – Marinette riu.

— Acha mesmo que eu faria isso? Se enxerga, Adrien! – o loiro revirou os olhos – Eu vim para dizer pra você não se meter no meu caminho, ou eu serei obrigada a tirar você e os seus amigos à força.

— Sinceramente, o que você ganha sendo má?

— Eu não sou má. E outra, o que eu faço não é da sua conta.

— Vai ao menos me dizer então como conseguiu o seu Miraculous?

— Não. – Adrien levantou e foi até ela, parando em sua frente e fazendo uma postura intimidadora. Porém, Marinette não recuou em nenhum momento, muito menos hesitou.

— Ok, você venceu. – ele admitiu, levantando as mãos em sinal de rendição – Mas saiba que eu, Tortue e Viper vamos te impedir, caso faça algo ruim.

— Vão tentar, você quis dizer. – Adrien riu.

— E sobre as identidades...

— Minha boca é um túmulo. – ela se aproximou.

— A minha também. – sorriam de lado, logo Marinette passou os braços ao redor do pescoço dele e o puxou para si, o beijando. Adrien segurou a cintura dela, apertando um pouco o local. O garoto foi cambaleando e a conduzindo até a parede mais próxima, sem tirar os seus lábios dos dela.

— Adrien querido, o jantar está pronto! – Emilie chamou, fazendo com que eles se separassem.

— Já estamos indo!

— A mamãe fez a sua comidinha, bebê? – debochou, com um sorriso divertido.

— Mais tarde você vai ver que de bebê, eu só tenho a aparência adorável. – puxou a azulada pela mão, indo na direção da cozinha.

— Marinette está com sorte, fiz o seu prato favorito hoje.

— O cheiro está incrível, Sra. Agreste. – a garota elogiou, enquanto Adrien puxava a cadeira para ela sentar.

— Obrigada. Espero que o gosto também. – as duas riram. – Sabe Marinette, eu fico muito feliz que meu filho tenha alguém como você. É tão difícil encontrar uma pessoa especial assim. – um semblante triste tomou conta do rosto dela, ao lembrar do seu falecido marido. Em seguida, balançou a cabeça, afastando os pensamentos melancólicos – De qualquer maneira, vocês são um belo casal.

— Tem razão, mãe. – Adrien segurou a mão da namorada – Marinette e eu somos um ótimo casal.

***

Lady Paon acertou um chute em Bumblebee, que o jogou longe. Adrien fez uma nota de mental de conversar com a namorada sobre isso depois.

— Formação alfa dois! – disse Tortue.

— Pela última vez, nós não fazemos ideia do que seja isso! – Viper explicou, se distraindo por alguns segundos, tempo o suficiente para Lady Paon conseguir acertar o leque nele.

— Vocês falam demais! – abriu o leque na frente do rosto – É por isso que sempre são derrotados por mim. – sorriu de lado.

— É mesmo? Eu apostaria nos nomes de formações confusos do Tortue. – Bumblebee ajudou Viper a ficar de pé.

— Ei!

— Você é o que mais fala, loirinho. Devia ficar de boca fechada se quisesse vencer.

— O que acha de tentar fechá-la? – disse em um tom sugestivo.

— Espera, você está flertando com ela? – Luka questionou. – Não, isso não é legal. – fez careta, afinal, o amigo tinha namorada.

— Espero que não, porque se a resposta for sim, sou obrigado a dizer que é um flerte bem ruim, cara.

— Eu não estav... Gente?

— O quê? – disseram em uníssono.

— Ela fugiu.

— Fala sério!

— Droga! – Tortue chutou um galho de árvore que estava no chão – Dá próxima vez eu prometo não tentar emplacar os meus nomes de formações.

— Tudo bem cara, acontece.

***

Bumblebee entrou pela janela do seu quarto e se deparou com Lady Paon dentro do cômodo, escorada na parede. Ao menos tinha a ideia que fosse ela, pois a pouca luz que vinha da janela e iluminava o quarto, era a da lua.

— Fugiu da batalha só para esperar por mim aqui, my lady? – se aproximou dela.

— Eu não fugi da batalha. Meu intuito não era lutar. Não quero machucar você.

— Você não conseguiria me machucar. – ela sorriu de lado. – Buzz off! – desfez a transformação e sentou na cama, retirando os tênis. Pollen estava exausta, então foi até sua cama e logo dormiu – Aliás, eu me sinto mal escondendo dos meus amigos quem você é.

— Pode contar.

— Sério? – virou o rosto, olhando para ela.

— Sim. Eu sei quem são eles, nada mais justo que eles descubram quem eu sou. – deu de ombros.

— Não tem medo que eles venham atrás de você em sua identidade civil?

— Por que eu teria? – Marinette disse com convicção. Não tinha medo de Adrien, Luka ou Nino. Seu único medo era não conseguir alcançar o seu objetivo. E é claro, perder o seu namorado. Adrien não sabia, mas era muito importante para Marinette – Fall my feathers! – o brilho azul tomou conta do quarto. Duusu olhou para sua portadora, que estendeu um doce para ele.

— Devia tomar mais cuidado, my lady.

— Você também, honeyboy. – a garota caminhou até o namorado e se ajoelhou na cama ao lado dele. Adrien sorriu, segurando a cintura dela. – Eu te amo, Adrien. – ele se surpreendeu com a fala. Marinette nunca tinha dito isso para ele.

— Eu também te amo. – segurou o rosto dela e beijou intensamente. Em seguida, o loiro girou seu corpo e deitou Marinette delicadamente na cama, ficando por cima dela. Sua mão percorreu a extensão do corpo da namorada, enquanto ela suspirava em meio ao beijo.

Aquela noite seria muito especial para os dois, ainda mais depois do “eu te amo” dito por Marinette. Pois foi ali aonde Adrien teve certeza, de que ela era muito mais do que aparentava ser. E que, é claro, estava perdidamente apaixonado por ela.

***

— Está bom assim? – Chloé questionou e sua mãe fez uma careta.

— Ficou horrível. Refaça. – a mais nova bufou irritada. Estava encarregada de desenhar um logotipo novo para a marca de roupas A. Bourgeois, o que estava lhe rendendo mais dor de cabeça do que o previsto.

— Bom dia! – Marinette entrou no cômodo sorridente, fazendo Chloé lançar um sorriso sugestivo para ela.

— Ah, bom dia querida. – Audrey deu um meio sorriso – Eu preciso ir a uma reunião agora. Qualquer coisa me ligue.

— Tudo bem, até. – a mulher saiu, enquanto Chloé fazia caretas para ela. A Bourgeois mais velha dava mil vezes mais atenção para Marinette, do que para a própria filha. Mas obviamente, não culpava a azulada por isso.

— Parece que alguém teve uma ótima noite. – Marinette parou.

— Está tão na cara? – a loira riu, enquanto a outra colocava as coisas em sua mesa.

— Como você consegue namorar alguém como o Adrien, Marinette? – questionou – Ele é todo nerd. – a azulada sorriu de lado.

— É, mas é o meu nerd.

— Romance, bleh! – colocou a língua para fora, o que fez a amiga rir. – E antes que diga que eu preciso achar alguém e aí eu vou achar incrível, eu estou fora. Preciso me preocupar com essa droga de logotipo.

— Ainda não conseguiu nada? – parou ao lado dela, analisando os desenhos.

— Não que fosse o suficiente para Audrey Bourgeois.

— Eu gostei.

— Obrigada, Srta. Cheng. – brincou – O que vai fazer agora?

— Rabiscar a coleção de outono. – sentou-se à sua mesa – Acordei inspirada.

***

— Wow, wow, wow! – Luka ergueu as mãos na frente do corpo e Nino estava paralisado, encarando Adrien. – Você está me dizendo que a sua namorada é a Lady Paon? – cochichou indignado.

— Sim.

— E que ela sabe que nós somos o Viper, Bumblebee e Tortue?

— Aham.

— E que ela não se importa que a gente saiba quem ela é?

— Isso mesmo.

— Mano... Isso é loucura! – Nino se manifestou – E se ela contar pra alguém?

— Ela não vai. – Adrien se escorou no balcão da lanchonete, enquanto seus dois amigos trocaram olhares preocupados.

— E se por acaso vocês terminarem, não que eu deseje isso, mas você sabe... Ela pode contar.

— Ela não vai falar nada. – riu do desespero deles.

— Então vai ser assim? A gente continua fazendo a mesma coisa, só que sabemos as nossas identidades? – Luka indagou, sem entender o sentido.

— É.

— Mas porque ela é uma vilã?

— A Lady Paon não é uma vilã.

— Ontem ela te jogou contra um carro e acertou um murro no meio da minha cara. Sem contar que ela quase amokizou o Nino duas vezes.

— Ok, admito que ela passou dos limites. Mas ela não quer me dizer o porquê disso. – admitiu, dando um longo suspiro – Tenho esperança que agora que sabemos um do outro, ela possa mudar.

— Bem, boa sorte.

— Couffaine! Agreste! Lahiffe! – Sr. Jacque chamou a atenção dos três – O que estão fazendo parados aí?

— Ainda não tem clientes. – o loiro apontou para a rua, aonde uma chuva constante caía.

— Não interessa! Vão arrumar o que fazer. Parecem três velhas fofoqueiras, cochichando assim. – o homem foi até Nino e entregou os esfregão – Você vai limpar o banheiro. – o garoto deixou seus ombros caírem e foi – Couffaine, limpar a chão da cozinha e Agreste vai limpar as mesas.

— Sorte sua. – Luka murmurou para o amigo e foi para a cozinha.

Adrien assoviou e pegou o pano e o álcool, indo limpar as mesas do estabelecimento. Não demorou muito para que deixasse o trabalho de lado e fosse atender alguns dos clientes que entravam.

— Paguei os meus pecados. – Nino proferiu depois de terminar de limpar o banheiro, fazendo os dois rirem.

— Lahiffe, me ajude a limpar a chapa!

— E parece que vou pagar mais. – bufou e foi para a cozinha.

Luka estava no caixa, então Adrien aproveitou que havia umas cinco pessoas no local, que já haviam sido atendidas e foi até o vestiário dos funcionários. Pegou seu celular e discou o número de Marinette, olhando para a chuva que caía na janela enquanto chamava.

— Adrien? Aconteceu algo?

— Oi, não. – ele sorriu – Só liguei para saber como você está. – ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu estou bem. E você?

— Melhor impossível. – Marinette deu um risada fraca. O loiro começou a desenhar formas na janela, que havia ficado embaçada pela chuva. – O que acha de almoçarmos juntos?

— Aí na lanchonete?

— Não, não. Aonde você quiser. – sabia que ela não gostava do local, e não a culpava, pois nem mesmo ele gostava.

— Eu adoraria, mas eu tenho muita coisa pra fazer.

— E se eu levar a comida aí? – Marinette ficou em silêncio novamente. O garoto gostaria de poder saber o que se passava na mente dela.

— Você faria isso?

— É claro.

— Então nesse caso seria ótimo. – ele sorriu. – Só me avise quando estiver vindo.

— Tudo bem. Não vou demorar muito. Até logo, my lady.

— Até, honeyboy. — conseguiu imaginar ela sorrir ao dizer isso.

Adrien desligou a chamada com um sorriso, em seguida se surpreendeu ao notar que estava desenhando corações no vidro da janela. Riu em seguida.

— Fugindo do trabalho? – Nino adentrou o local.

— Não. Estava falando com a Marinette.

— Notei pelo sorriso besta na sua cara. – o loiro socou o ombro do amigo – Ei, eu pensei sobre o que conversamos mais cedo e acho que tá tudo bem. Mas mesmo assim a gente precisa tomar cuidado. Não estou falando mal da Marinette, não acho que ela seja uma pessoa ruim. Só que a gente não conhece ela direito. – Adrien o encarava atento às palavras ele – Digo, você que é o namorado não tem ideia do porque ela é a Lady Paon, ou como ela tem um Miraculous. Imagina eu e o Luka.

— É, eu entendo o lado de vocês. – admitiu – Mas eu prometo que vou tentar mudar isso.

— Ok, só não aposte todas as fichas nisso. Não é fácil mudar alguém. – Adrien assentiu. – De qualquer maneira, eu sou seu amigo e vejo o quanto ela te faz feliz. Só... Vá com calma.

— Tudo bem, obrigado Nino. – o moreno acenou com a cabeça, enquanto Adrien pendurava o avental no gancho do armário e pegava seu casaco – Vou sair pro almoço, qualquer coisa me liga.

— Certo.

Adrien saiu pela porta dos fundos e colocou o capuz na cabeça, para se proteger da chuva.

Enquanto caminhava, refletia sobre as palavras de Nino. Marinette era sem dúvidas, a mulher da sua vida, mas o Lahiffe tinha razão ao dizer que Adrien precisava ter cautela com ela.