Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 3
Por Euskadi!




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Capítulo 1

Por Euskadi! 

 

San Sebastián, Espanha

2 de fevereiro de 2015

 

I

 

— Sentido! — disse uma voz feminina.

Uma fileira de homens e mulheres estava perfilada diante de um homem de armadura vermelha como sangue. Ele tinha cabelos finos, lisos e rosto magríssimo. Ele passava diante deles inspecionando cada um, com sua capa escarlate ondulando no vento frio do inverno. Uma espada de duas mãos enorme estava em suas costas. Um silêncio total estava também presente naquele pátio, quebrado de vez em quando pelo andar do homem na neve e o farfalhar dos galhos. Assim que terminou de inspecionar, a mulher que falou “sentido” saiu da formação e fez uma continência para o homem.

— Permissão, Interventor! Subinspetora Lara Madinabeitia apresentando tropa pronta!

— Apresentado, inspetora! Descansar! 

Os soldados enfileirados relaxaram. 

— Vocês estão cientes da nossa missão? — perguntou o homem.

— Sim senhor! — respondeu a tropa.

— Nossa missão é proteger as muralhas deste castelo! Se a gente perde Donostia, a gente perde Euskadi. Se Euskadi cair, toda a Espanha cai. Entendido?    

— Sim senhor! 

— Ótimo! Aos seus postos! 

Os soldados bateram as mãos nas coxas e saíram andando pelo pátio coberto de neve. 

 

II

 

— Mikel! Mikel! Ainda temos o castelo de Bizkaia, de Arabá. Euskadi Ainda  é forte e aguenta porrada. — disse um homem rechonchudo de cabelos castanhos claros. Ele correu atrás de Mikel e segurou-o pelo braço. 

— Aitor? o que você está fazendo aqui? Você devia estar em Álava! — disse Mikel, exasperado. 

— A Gotzone tá aqui, cara. 

— A Goti tá aqui? — Mikel deu um tapa na própria testa, preocupado. — Coko é que ela veio? Eu não posso nem garantir a minha segurança, imagina a de vocês… 

— Laguna (amigo), a gente sabe o que você tá passando… Vamos trocar uma ideia? — perguntou o Homem sorrindo, estendendo a mão para o colega.

 

III

 

Os dois foram para um dos escritórios daquele grande castelo da Ordem do Dragão. A neve havia parado de cair, mas o vento frio ainda batia no vidro daquelas janelas, oscilando a ikurriña hasteada numa das torres da muralha.

— Mikel, tem alguma coisa te incomodando? — perguntou Aitor.

— 50 sargentos… Perdemos 50 sargentos da Ordem em quatro anos… Isso já tá virando uma guerra! Uma guerra contra a gente! 

— Se acalma, homem! Se a Torre quer guerra, então…  

— O pior é que não é a Torre! É gente de armadura vermelha como sangue! Mandei um batedor pra fronteira com a cantábria e ele nem voltou… Aliás, o que voltou dele só dizia “vermelho, vermelho como sangue…”

Aitor se calou.

— Será que… A Torre entrou na Ordem mesmo? — Perguntou Aitor.

— Aquele velho da Cantábria não é de fiar! Ele não dá as caras faz anos! — disse Mikel.

— Vai lá saber… — comentou Aitor.   

A porta do escritório se abriu e uma mulher loira de tranças apareceu. Era Gotzone. Os dois se levantaram de imediato da mesa onde estavam, em um gesto de respeito. 

— Podem voltar a se sentar, gente! Pelo que eu sei, eu ainda sou a companheira de vocês… 

— Eu acho outra coisa, Goti! Com o sumiço do Zigor e… A senhora cumprindo tão bem o papel dele nesses anos todos, nada mais certo do que chamar a senhora de Comandante da Ordem… — disse Aitor, com o rosto corado.

— Comandante? — disse Gotzone, surpresa. — Bem, só vim dar uma passada aqui com o Aitor, pra saber se você tá precisando de pessoal, Mikel… Conseguiu mais gente com o Lorenzo… 

Mike sorriu e ficou um pouco mais aliviado.

— Goti, são esses pequenos gestos que fazem da senhora é a nossa comandante… Pelo menos da parte da Ordem que é leal à sua majestade… — disse Mikel.

— Gentileza sua, Mikel! Já vou avisando que sou casada e muito bem casada! Estou cheia de responsabilidades! — disse Gotzone.

Aitor e Mikel sorriram. 

— Junto com as da Ordem então… já não dá nem tempo de namorar um pouquinho… — comentou Aitor.

— Vocês não sabem como eu daria tudo pra gente ser como era antes… Só nós três como sub Interventores… 

— Eu também… — disse Mikel. Os três se olharam com ternura e nostalgia. De repente, um alarme soou em todo o castelo:

— Ataque às muralhas! Hidras! Grandes Hidras no portão. Interventor ao longe! 

— Interventor ao longe? — perguntou-se Gotzone. Mikel e Aitor ficaram boquiabertos. 

— Eu vou ver… Se vocês não sentirem mais minha presença, fujam! — disse Mikel, colocando a espada longa de duas mãos nas costas. 

 

IV

 

— Tropas, reúnam-se num só ponto! Cada quatro ataquem uma hidra! — gritava Mikel. Estava montado num dragão vermelho menor. Ele percorria o campo nevado e atacava algumas hidras menores com a grande espada que carregava nas costas. A situação era de calamidade total. Mal os soldados da Ordem se aproximavam de uma das cabeças dos monstros, eles eram atacados pelas outras cabeças livres. Ninguém tinha experiência para lutar contra aquilo.

— Torres, levantar barreiras! — berrou Mikel. Alguns magos da Ordem vestiam por cima da armadura um robe escarlate cheio de inscrições mágicas. Dentro das torres, eles levantaram as mãos para o alto e uma cúpula escarlate envolveu o castelo Ninguém que estava fora podia entrar, mas quem estava dentro do castelo poderia sair para lutar. Muitos e muitos soldados da Ordem saíam armados pelas pesadas portas, indo direto de encontro aos monstrengos.

As hidras eram monstros enormes parecidos com dragões, mas não eram dragões. Eram monstros com couraças mais fracas com muita vitalidade e um ataque físico brutal. As grandes hidras cuspiam raios e fogo pela boca. As mais fracas tinham no mínimo três cabeças, mas quanto mais poderosas fossem, mais cabeças tinham.

— Essa não! — disse Mikel. De repente, seu corpo foi envolvido por uma luz vinda do céu. Era uma magia. O golpe matou o dragão menor que usava como montaria na hora. O Interventor de Bizkaia deu uma cambalhota e se deparou com o autor do ataque: uma hidra de couraça branca. Não era uma Hidra, era uma Tiamat. Aquelas criaturas eram um pesadelo, pois além de fazer tudo o que as outras hidras faziam, elas eram capazes de conjurar magia. As asas transparentes vermelhas apareceram nas costas de Mikel e ele voou rasante pela neve. A tiamat tentou atacar com chamas e fogo, mas ele desviou. Soltou um golpe de baixo para cima na criatura fantástica e cortou o corpo da coisa em duas bandas. As duas metades caíram na neve e se desfragmentaram no ar como pó. Mikel estava ofegante e suando. Enquanto descansava, um aplauso foi ouvido. Era um homem com cerca de trinta e cinco anos, cabelos negros curtos e uma barba rala que ia de ponta a ponta da costeleta. Ele usava uma armadura vermelha como sangue com capa nas costas. Ele sorria

— Bravo! Bravo! Nem mesmo quatro soldados da Ordem conseguem derrotar um bicho desses! Ele é terrível até para Interventores como nós, sabia? 

— Victor Delgado? Seu traidor de merda! — disse Mikel, tremendo de raiva. Ele pegou a espada longa com as duas mãos e pulou para cima do colega Interventor. — Por Euskadi! — gritou ele. Victor sorria e não fazia nada para se defender. Quando faltava pouco para acertar a espada no homem, uma lança apareceu do nada nas mãos de Victor. Ele perfurou a armadura de Mikel com facilidade. O Interventor de Bizkaia arregalou os olhos e deixou a grande espada cair das mãos, de tanta dor que sentiu com aquele golpe. Victor agitou o corpo dele no ar e arremessou-o contra uma árvore, como se o colega fosse uma bola furada.

— Isso é tudo o que você pode fazer por Euskadi, Mikel? — disse Victor, perfurando com a lança o peito do homem. — Cadê a Gotzone? Cadê o Zigor? 

— Vai pro inferno! — gritou Mikel. Victor parou de sorrir e viu dois raios vermelhos saírem das torres do castelo. 

— Entendi… Eu sempre odiei os bascos! Vocês não passam de um bando de gentinha arrogante que se acha melhor que os outros, mas na hora do vamos ver, fogem como ratinhos num navio naufragando… 

— Eu não ligo a mínima pro seu facismo de merda!

— Devia se importar, porque eu tenho o poder de decidir quando você vai morrer… Diga adeus pro meu pequeno amigo! — Victor tirou a lança do peito de Mikel e cravou-a na testa dele.

 

Continua…  

  

 


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