Apenas o tempo escrita por Peggie


Capítulo 10
Capítulo 9 - Quase lá


Notas iniciais do capítulo

Hey hey everybody! Tudo bom?
Primeiramente, gostaria de deixar o meu "muito obrigada" aos que acompanham a história. "Apenas o tempo" é importante, pois é minha última história então cada interação é muito importante pois torna esse momento mais "acolhedor" não sei se essas seriam as palavras, mas a experiência é boa de ser compartilhada. Obrigada pelos favoritos, comentários e acompanhamentos. De verdade, saber que existe alguém lendo isso é muito importante, obrigada.

PS: EU NÃO REVISEI O CAPÍTULO, qualquer detalhe aqui feito que vocês estranhem ou achem parágrafos desconexos ME AVISEM. Sério.
PS*: O capítulo estava "pronto" há 12 dias, mas eu precisava colocar o diálogo da Clary falando sobre o Jace para a Izzy...Mas não rolou, fica para o próximo mesmo, sem falta. Prometo. Postei sem para que o capítulo saísse.
Desculpem qualquer erro.
PS**: Vocês assistiram Julie and the Phantoms?



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Leiam as notas!

Primeira semana de Março.

Uma semana depois. 

 Segunda feira, dia 03

m.e.d.o

d.f: estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência

Palavras têm significado. Peso. Além de uma carga inexplicável quando pronunciadas. Izzy contou-me que sentia medo do futuro e temia o fracasso como ninguém. Nós, como adultos em formação compartilhamos da mesma ideia. As inseguranças não são novidades em parte alguma do mundo. Entretanto, assumi-las exige uma enorme quantidade de coragem ou desespero. Talvez ambos. Pois há uma exposição tremenda ao compartilhá-las. 

Sebastian comprova minha teoria cada vez que desvia do assunto “faculdade”, afinal, desejar um dos cursos mais concorridos enquanto não existe confiança em si a respeito de notas, empenho e bolsa de estudos… Sem mencionar a ausência uma questão financeira favorável… Não é fácil. Conversamos sobre pouquíssimas vezes, pois seu desconforto é palpável. Às vezes, enquanto observo ao redor e enxergo os percalços de cada um de meus amigos me pergunto se existem razões reais para minhas chateações e medos tão pequenos.

Durante anos comparei meus problemas com os de outras pessoas. “Por que você está triste com isso? Louise perdeu os pais. Ela tem o direito de estar triste, você não” “Por que você está chorando? Não há razão coerente.” Por alguns períodos longos de tempo, incontáveis vezes me questionei se tinha o direito de sentir o que sentia, e empurrava as sensações para bem fundo do meu cérebro, ignorando-as, o que com certeza não era saudável.

A questão é que comparações não devem ser feitas. Aprendi com o tempo. Dorothea me lembra constantemente que pessoas sofrem de acordo com a própria vivência e personalidade. Não posso comparar sofrimentos, pois isso invalida os meus.

“É o que você sente, não deve se envergonhar disso. É a sua vida, está tudo bem”

“Não esqueça Clarissa, pessoas são diferentes e manifestam suas sensações a partir disso”

É um trabalho diário. Faço há tanto tempo que às vezes esqueço o propósito, é automático, felizmente. Mas às vezes é inevitável desviar da ideia principal. Validar meus sentimentos é importante, entendê-los também. Mas é um processo. 

Assim como compreender os próprios temores. A possibilidade de que meus medos se concretizem é aterrorizante. Jocelyn encaixava-se em minha lista, como medo materializado e concreto, contudo desde minha conversa com Dorothea tento desmistificar nossos causos familiares. Então, atualmente compartilho “apenas” dos mesmos que Izzy, por exemplo, de não ser aceita em algum programa, medo de falhar. É comum, pessoas erram, às vezes as situações não são favoráveis para que o sucesso seja alcançado, mas é frustrante. Dedicar tanto esforço e tempo a troco de nada. Tenho medo de desperdiçar meu tempo em uma faculdade que não me trará nada. Arquitetura é minha ”segunda opção”, embora não fosse meu plano inicial é seguro e estável. Porque a simples possibilidade de andar em círculos é de matar. 

Mas essa decisão é minha. Não posso incentivar ninguém a tomá-la. Nem mesmo minha melhor amiga. Desiludi-la dessa forma seria horrível e nem ao menos é uma possibilidade. Isabelle precisa de apoio, porque ela é capaz de alcançar qualquer um dos próprios objetivos. Assistí-la no palco é energizante, todos precisam experimentar a sensação de ver Izzy Lightwood sob os palcos. 

Então desde a última semana berry e eu começamos a procurar por cursos gratuitos ou pagos de atuação que pudessem enriquecer não apenas seu currículo como aumentar a atenção recebida pelas faculdades. Hoje seria mais um daqueles dias onde dormir não seria prioridade. Afinal, não existiam muitas maneiras de ajudá-la, contudo oferecer o incentivo necessário seria útil, ao menos espero que seja.

Entrei, passando pela porta da frente o mais rápido que podia enquanto tentava organizar meus pensamentos sobre minhas obrigações durante a noite.

Terminar a tarefa de Biologia. 

Dar uma olhada nas minhas notas e procurar bolsas de faculdade.

Conferir sobre os trabalhos extracurriculares para ajudar no boletim.

Adiantar a pesquisa de literatura sobre romances clássicos

Entre outras que não conseguia me lembrar, mas com certeza algo estava faltando, pois era costume meu confundir prioridades e me atolar depois por acrescentar mais deveres do que o “necessário” para aquele período de horas. Encontrei Jocelyn ao passar os olhos rapidamente pela sala.

— Oi mãe. To subindo, tá bom? A Izzy tá me esperando lá em cima — falei rápido caminhando em direção às escadas. Contudo, seu olhar me seguia avidamente e soube que talvez fosse melhor esperar para ouvir o que Jocelyn teria a dizer. Mesmo que não desejasse que minha amiga nos ouvisse em uma provável discussão. — O que foi? Está tudo bem?

— Eu quero saber o porquê de você estar mentindo, Clarissa. — fiquei confusa ao vê-la cruzar os braços. Queria gelar com suas palavras, pois isso significaria que ao menos eu reconheceria a razão de estar sendo acusada. A semana tinha sido conturbada pois alguns trabalhos começaram a acumular e precisava fazê-los para manter a média que favorecesse minha carta de aprovação da faculdade. Consequentemente, reduzir os encontros com Jace foi necessário. Conversávamos sempre por sms, mas nos vimos fisicamente fora da escola apenas duas vezes, logo, sua reclamação parecia infundada e incoerente. 

Jocelyn não soava brava, apenas cansada. Desde a última vez que temi encontrar meus objetos remexidos conversei com Dot, que me disse que talvez o medo estivesse na minha cabeça. Não fosse real. Pois de alguma maneira, eu enxergava a situação da forma que eu queria e não como acontecia quando tratava-se de Jocelyn.

“— A sua mãe ainda é uma ameaça para você? Você a enxerga dessa forma?

 Como alguém que possa fazer mal à você?

— Eu acho que não. Não mais. Não como era antes. Quero dizer, ela não fez nada nos últimos anos.

— Então talvez você esteja mantendo os receios de anos atrás. Está tudo bem, é compreensível. Contudo, existe a possibilidade de o medo estar na sua cabeça. A chateação de Jocelyn pode ser proveniente das suas mentiras e omissões. Ela não é onipresente, acredito que não exista uma maneira d’ela saber que você anda saindo com o Jonathan sem que você conte, ou alguém descubra. Entende? Nas próximas semanas tente enxergá-la sem esse ressentimento. Escutar o que ela diz, focar nisso. Tom e postura. Se de alguma forma o medo for real e não estiver aqui — apontou para a própria cabeça — Nós falaremos sobre isso. Tudo bem?

— Mentindo? Sobre o que? 

— Sobre encontrar aquele garoto. — respire, entenda como tudo está acontecendo. Ela parece calma, talvez… decepcionada? Não há motivos para que você se sinta mal.  

— Que garoto? O Jonathan? Isso não faz sentido. — fui sincera — Eu não o vi durante essa semana. — Ela usa roupas casuais. Significa que está em casa há um tempo. Ter me esperado para conversar é bom ou ruim? Comecei a andar em sua direção, desviando-me do caminho que fazia anteriormente.

— Mas ele esteve aqui semana passada. Não apenas uma vez. Eu sei disso. — suspirou longamente, sentando-se no sofá — Por favor. Não minta para mim mais uma vez. — Um tom de amarelo pastel em sua blusa, cabelos presos e uma calça. Talvez tenha acabado de chegar de algum lugar, mercado quem sabe? Ela está de folga nos próximos dois dias.

— Como assim? 

— Eu o vi, estava saindo quando você chegou. — soava tão comedida, que me dava arrepios. Preste atenção, no que está acontecendo. Ela está calma, você não precisa se alterar — Ouvi vozes. Vocês subiram as escadas. Eu vi. Se você estiver saindo com ele...

— Foi por mim. — diz Izzy me surpreendendo, enquanto descia os degraus — Eu pedi para a Clary falar com o Jace por mim nas últimas semanas. Mas eu não queria que ninguém soubesse — tá essa parte não faz sentido — Porque você sempre foi tão gentil comigo e com a minha família, não queria que pensasse que estava sendo ingrata enquanto você me recebia aqui — respirou fundo, parando ao meu lado. — Quando minha mãe precisou sair a trabalho eu me senti sozinha, eu não podia perguntar sobre o Alec para o Jace. Eu me senti muito sozinha. — Como é?

— Mas, querida…? — começou Jocelyn, contudo Izzy não permitiu.

 — O Alec não quer mais falar comigo, desde o ano novo  — a encarei surpresa. Como isso tinha acontecido?  — Não entende minhas ligações. Não responde meus emails. Nada. Só mantém contato com o Jace e com Maryse. — piscou forte, desviando o olhar — E eu sinto tanta falta deles, tanta. — parecia estar em um princípio de choro com a voz embargada — Então, eu pedi para que a Clary perguntasse porque eu fiquei com medo d’ele cortar contato com todo mundo daqui. — O Jonathan não gosta de mentir, então se a peaches perguntasse ele não estaria mentindo pro’ Alexander sobre mim e minha tentativa de manter contato. — respirou fundo e mexeu em seus cabelos — Eu também não podia contar pra’ minha mãe, ela já está lidando com coisas demais… Eu só precisava de ajuda

— Izzy, eu… — tentei aproximar minha mão de seu ombro, mas fui impedida por ela que continuou a falar. 

— Tudo bem, Clary — sorriu, com o rosto um tanto avermelhado — Desculpe me meter assim do nada, é que eu não queria que vocês brigassem por algo meu. — olhava para Jocelyn que apenas assentiu, talvez tão embasbacada quanto eu.

— Eu sinto muito, Isabelle. Você e seu irmão voltarão a se falar, pode ter certeza. — a abraçou — É só um momento. — tentou consolar, apertando sua mão ao se afastar — Podem subir meninas… Eu vou pedir o jantar. — saiu em direção à cozinha. 

Subimos em silêncio. Meu choque era imensurável, como ela não teria me contado? Conversamos sobre nossas inseguranças a respeito do futuro há menos de sete dias. Como eu poderia ter deixado passar? Talvez aquela reação fosse proveniente do acúmulo de sentimentos não expressados. Izzy tinha a capacidade de esconder problemas muito bem, facilmente poderia ter evitado de me contar, mesmo que eu a conhecesse, Isabelle era uma excelente atriz. Deveria ser cansativo mentir, mas… Não impossível. Adentrei meu quarto pronta para perguntá-la sobre o que tinha acontecido, contudo, ela fora mais rápida.

— O curso de atuação vai rolar? — perguntou ao fechar a porta do quarto. Abri minha boca em espanto.

Puta merda! Meu Deus.

Minha boca se abriu e testa franziu. Quis rir de surpresa. Era um sentimento estranho de preocupação por suas palavras anteriores, alívio por não se passar de uma mentira e até mesmo certa raiva mínima e contida por ter ficado preocupada. Isabelle quis me proteger. Evitar que Jocelyn e eu entrássemos em uma discussão, pois após elas eu sempre estava cansada demais até para chorar. Mas… parando para analisar friamente há muito tempo não discutimos verdadeiramente. Nem mesmo durante o embate recente quando descobriu minha ausência em algumas aulas no Instituto. A voz soou brava, mas… O que poderia esperar de alguém com que não se fala há tempos e de repente recebe notícias que sua filha “sumiu” do ambiente escolar por um dia inteiro?

Desde quando nos distanciamos de uma forma tão brusca?

Obviamente nosso relacionamento não beirava o saudável. E tal posicionamento era necessário. Contudo, pensando no agora nossa comunicação era tão simplista que discutir ou qualquer outra coisa era impossível. Era quase como viver com um desconhecido.

— Vai super rolar — me aproximei para abraçá-la, enquanto sorria anestesiada. — Como…? — me afastei. Uma parte de mim estava radiante, querendo pular de alegria, mas a outra estava genuinamente confusa. A abracei novamente tentando transmitir minha gratidão e alegria por sua tentativa de proteção.

— É o dom da mentira! Você nunca esquece — sorriu abertamente, pedindo em gestos para que eu me acalmasse, talvez para manter a mentira — Além do mais, você estava precisando de ajuda lá embaixo. Não é a primeira vez que ela implica com o Jace, não é mesmo? — sentou-se na cama, jogando o corpo para trás em seguida, o que incentivou a fazer o mesmo. 

— Você é foda, sabia? Muito obrigada. — embora uma parte minha desejasse saber o que Jocelyn diria, era inegável que Izzy havia sido uma grande ajuda.

— Você é minha melhor amiga, peaches. Eu vou sempre te ajudar. — olhou em minha direção. 

— O Alec realmente não fala mais com você? — perguntei, apesar de ela ter dito ser uma mentira, talvez não fosse uma por completo

— Agora ele fala. 

— Como assim? — levantei o tronco para poder olhá-la melhor.

— Quando Simon e eu começamos a namorar e contamos a você. Eu achei que você fosse ficar brava, na época o Alec não estava falando comigo, não quis te contar porque não queria que isso atrapalhasse seu julgamento sobre como se sentia a respeito de nós dois, sabe?

— Eu sinto muito… Mas você deveria ter me contado… Isso não mudaria o que eu...

— Nem adianta. Mudaria. Você iria ignorar tudo apenas para focar que o Alec não respondia mais minhas mensagens. — respirou fundo — Tá tudo bem agora. Foi antes do Natal, por isso eles vieram. Caso contrário duvido muito que ele ao menos tivesse saído de onde ele está agora. Magnus me ajudou muito, ele também discutiu com meu irmão. Disse que ele não poderia interferir nas minhas escolhas me forçando a tomá-las. Alec queria cortar contato porque acreditava que trazia muitos problemas. 

— Aposto que você o mandou à merda várias vezes.

— Você não faz ideia. Eu lotei a caixa de mensagens por dias. Eu sabia que ele ouvia, caso contrário teriam continuado cheias. — ri de sua afirmação — Ele não pode escolher o que acha que é melhor para mim. 

— Não acredito que o Alec quis se excluir da sua vida. Ele ainda estava com o Max. Perder os dois assim é horrível. Porque é sobre… É quase como… — tentei escolher palavras melhores do que as que passavam em minha mente. 

— Eles não me desejarem por perto, não é? — completou — Tudo bem, pode falar. Eu também achei isso. — sua voz soou conformada — Mas Alec deu o braço a torcer quando eu ameacei gastar o dinheiro guardado para a faculdade em passagens para vê-lo. Hospedagens. Alimentação. Até que ele decidisse falar comigo. Depois disso ficou mais fácil. — riu — Ele achava que dessa forma ele protegeria minha relação com o meu pai, mas… Não é só sobre isso. Ambos são da minha família, e precisam urgentemente parar de querer tomar minhas decisões por mim. 

Concordei silenciosamente. Os ânimos se acalmaram e a quietude se estabeleceu. Nossas respirações ocupavam o lugar como o único som presente. Já não estava com a sensação de surpresa em meu peito devido à sua mentira com um toque de verdade dita. Senti-me tranquila. Calma. A quietude do ambiente era confortável, não precisávamos sempre estar em um diálogo entusiasmado anos de amizade a fio permitiam tal possibilidade. Contudo, existia a necessidade de expressar algo que passava na minha cabeça e compartilhar com ela o que sentia a seu respeito.

“Eles precisam parar de querer tomar minhas decisões”

— Sabe... às vezes eu queria ter um terço dessa sua atitude. — pausei, tentando concluir minha linha de pensamento — Essa determinação, certeza das coisas. Entende? Você impõe sua decisão, porque você está certa delas. Ninguém tem dúvidas que você faria. — ri ao terminar

— Você tem — manteve o tom brando que se estabeleceu quando a conversa foi retomada, inclinando seu rosto para que pudesse me ver — Eu aprendi com as melhores — encostou em meu ombro de leve.

— Ah, para Izzy. — desviei nossos olhares, encarando o teto — Isso é seu. Não tente diminuir esse aspecto.

— E eu não estou diminuindo. É claro que isso é mérito meu, porém, não quer dizer que você não tenha uma parcela de culpa nesse resultado que são minhas atitudes. Aprendi muito com as mulheres da minha vida, minha mãe, sua mãe e com você.

— Minha mãe? — perguntei surpresa

— Ela não é de todo ruim. — eu sei disso

— Nem parece que você desceu as escadas para me ajudar há menos de quinze minutos.

— A sua mãe pega no seu pé, é acontece. A maior parte das mães faz o mesmo — antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Izzy continuou — Não é como se eu não soubesse o que aconteceu, não precisa me contar.

— Eu não ia — fui sincera. Berry sabia que ao eu costumo entrar na defensiva ao tocar no tópico “Jocelyn”, contudo, desta vez não diria nada.

— É só que… — pareceu pensar — Ela te criou sozinha depois do…

— Depois que meu pai morreu? — arqueei as sobrancelhas ao interrompê-la — Tá’ tudo bem, pode dizer — repeti o que me dissera mais cedo.

— Depois do acidente. — frisou a palavra, dando ao entender que preferia se referir desta maneira ao ocorrido — Ela começou novamente. Isso exige muita coragem. — fiquei em silêncio — Não tô dizendo que ela ficou estável, mas ela partiu do zero. — me mantive quieta aguardando que continuasse, contudo remexeu-se incomodada — Você fica chateada quando eu falo da Jocelyn? — soou preocupada

— Não. — respondi calma

— Vocês têm histórico. Eu pensei que talvez você fosse se decepcionar quando eu falasse dela dessa forma. 

— Minha mãe foi uma mulher admirável. 

— Ela ainda é… — minha feição não pôde ser vista, mas meus olhos se fecharam e a cabeça se inclinou para esquerda, em uma concordância duvidosa. Izzy não parecia saber se aquela era uma área de assunto segura. Mesmo que ela soubesse sobre nossa situação, era um tópico não recorrente de conversa por decisão minha, logo sua incerteza era coerente.. 

— Acho que eu só esqueci de enxergar isso com o tempo. Me perguntei por anos onde estava a minha mãe de verdade e não a mulher com TEP. Talvez tenha isso que mais me… Afastou dela, eu não sei. — fui sincera

— Vocês já tentaram conversar?

— Não. Há menos de dois meses eu disse que nosso relacionamento era uma merda. Acredito que nada mude tão rápido… Principalmente sem diálogo — pus a mão na testa — Mas hoje… antes de você descer ela insinuou algo, sobre o Jace. Não parecia brava ou irritada só cansada. Eu nunca fiquei tão curiosa — ri ao completar — A Dot disse que eu preciso pensar e respirar fundo antes de falar, pra’ poder analisar a situação. 

— Sua mãe também faz terapia, né? — apenas concordei com a cabeça — Depois de ter visto o que ela viu… Qualquer um precisaria.

O som de nossas respirações ocupou o ambiente, provavelmente Isabelle estava inquieta com o silêncio, porém não se pronunciou até que eu retornasse à um assunto que martelava em minha mente.

— O que vocês quis dizer com imparcialidade? — demorou até que Iz entendesse ao o que exatamente eu me referia, porém quando o fez logo respondeu

— Seus dois melhores amigos juntos há meses. Fora que ele era seu ex. Você tinha o direito de ficar chateada, se eu falasse sobre o Alec você iria ignorar o resto e focar nessa parte.

— Mas, Izzy…

— Além do mais Maia e Jordan namoram. Fiquei com medo de você se sentir excluída.

— Isso é ridículo. — interrompi — Meu ciclo social não é resumido em vocês. — me silenciei. 

— Você está brava? Por eu não ter contado?

— Acho que não. Só um pouco chateada. Queria ter te ajudado. 

— Não tinha nada que você pudesse fazer, de verdade — tentou. — Eu sei que nós costumamos contar tudo uma para outra, mas… Aconteceu — suas palavras ressoavam em minha mente, um arrepio deixou-me tensa. 

Contar tudo uma para outra.

Contar tudo uma para outra.

— Você tem razão. — me silenciei outra vez. Izzy pareceu satisfeita pois calou-se igualmente e relaxou ao meu lado, enquanto eu encarava o teto pensando em que palavras usar, cogitando se seria esse o melhor momento. Duvidei tantas vezes se seria a atitude certa a se tomar, inúmeras vezes me questionei sobre por quais razões escondia algo tão bom quanto meu relacionamento justamente dela. Minha melhor amiga. 

É natural que nem tudo seja dito, porque é consideravelmente impossível saber absolutamente tudo sobre o outro, é saudável em partes. Entretanto, existe uma relevância no que evito contar há algumas semanas. Meu relacionamento com Jace consolida-se a cada dia que passa, afinal, ele demonstrou estar interessado em levar isso adiante algumas vezes, principalmente ao confidenciar que desejava entender o motivo de eu não contar à ninguém.

Embora eu queira contar tenho medo, medo da reação e das consequências. Mas… mesmo que tema tais fatores preciso fazer o que acho importante, preciso contar à Izzy. Não porque sinto-me pressionada, mas porque eu quero que ela saiba, pois quero compartilhar com ela o que venho sentindo há tanto tempo.

— Isabelle, acho que nós precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

HEY GENTE.
Me digam o que acharam.
CURIOSIDADE: Essa parte onde a Isabelle mente inicialmente a Clary ficava muito feliz pela mentira, porque a relação com a Jocelyn ainda não estava completamente definida na minha cabeça, mas agora estamos caminhando, então ficou assim.
Conforme for ao fim da história eu salvo alguns rascunhos feitos pela história e deixo o link disponível, caso alguém queria ler.

Comentem e compartilhem comigo suas impressões ♥
Beijos e abraços
Pegs



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