Magia Literária escrita por Emiko


Capítulo 13
Grades Marinhas


Notas iniciais do capítulo

Sugestão de música: Get Free, Lana del Rey



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No início de outubro, as águas estavam calmas e solitárias, somente o Cruzeiro do Sul navegava, pacificamente, pelos mares cobertos de névoa, na rota entre Inglaterra e Brasil. Trouxas e bruxos estavam, finalmente, presenciando uma nova era, confortável e tranquila, sem guerras no continente, ou batalhas entre civilizações. Sem dúvidas, as coisas estavam para melhorar, ou pareciam.

Para essa viagem, Nagini procurava não criar grandes expectativas. Desde que foi deixada por Newt e Tina do porto, ela não quis comunicar-se com alguém, refugiando-se em uma cabine estreita e empoeirada, que ficava debaixo do nível do mar. Estava se sentindo terrivelmente enjoada com o simples choque entre as águas e a parede do navio, e não parava de pensar na possibilidade de morrer naquele lugar. Mas, o que seria dela, se continuasse na Inglaterra? 

“Se ao menos Credence estivesse vivo.”, era o pensamento que mais lhe atormentava. Nem ao menos conseguiram se despedir, do que dirá ela fazer uma homenagem digna. Afinal, não estava preparada para expressar as emoções na frente de tantos estranhos presentes no enterro. Eram funcionários do ministérios e parentes desconhecidos, que a encaravam com expressões relutantes e atormentadas. Foi grande a sorte que Nagini teve por não se transformar e também por ser acompanhada por Dumbledore até Londres, sendo aconselhada a arrumar as malas para viajar assim que fosse possível.

Não foi difícil fazer todos os preparativos e segurar aquela única chance ofertada para viver, mas era angustiante para a mulher fazer tudo aquilo sem o apoio ou a companhia de alguém que a entendesse, ou, pelo menos, que a fizesse acreditar que a cura para seus males pudesse existir. E, ainda pior, eram frequentes as faltas de consciência, fazendo-a sentir que havia uma guerra acontecendo dentro de si...e que, a cada dia, estava sendo perdida.

De súbito, uma das crises, que fazia Nagini se contorcer ao máximo e até perder a consciência, atacou-lhe, no momento em que, finalmente, conseguiu passar do enjoo para um estado quase de sono. Ao passo que as ondas chocavam nas paredes, o corpo da mulher debatia contra o chão e o móvel próximo da cama. Tentava, com todas as forças, respirar profundamente e retomar o controle do corpo, porém, a única coisa que foi capaz de perceber, nos últimos instantes de sanidez, fui um breu em volta do quarto e um feixe claro de luz azul.

— Acho que o pior já passou - disse um homem, com um sotaque esquisito. 

Lentamente, Nagini despertava, continuava no quarto, porém com uma companhia desconhecida. O homem de sotaque esquisito tinha uma aparência delicada, e um ar descontraído. Ajudou a mulher a se sentar na cama e lhe fazia perguntas sobre o que ela lembrava de ter acontecido e se sentia alguma dor. Ambas as respostas foram um sonoro murmúrio de negação, afinal, o que mais a deixava frustrada além de não se lembrar do que acontecia, ou de não sentir nada, era ter alguém perguntando, principalmente um desconhecido. 

— Imaginei que algo assim aconteceria - disse o homem, retirando alguns instrumentos de médico e começando a examinar Nagini, que, de longe, parecia confiante com isso - Dumbledore me falou sobre sua situação...a propósito, sou o Dr. Henriques, ex-chefe do departamento de Cuidado Extensivo do St. Mungus e agora Prof. de Ervas e Unguentos da Castelo Bruxo, irei acompanhá-la nesta viagem para seu tratamento. 

Hum - disse Nagini, meio relutante por ter de que acatar os pedidos de Henriques, sendo avaliada dos pés à cabeça, nem as entranhas passaram despercebidas. - Vai demorar mais quanto tempo isso? Nem mais um minuto...mas você permanecerá em análise e, por precaução, deverá ficar no quarto, até que possamos reconhecer os sinais de sua transformação e quando são mais susceptíveis.Isso é mesmo possível? - perguntou Nagini, descrente, enquanto arrumava a cama e procurava algo para comer na mala. Com o avanço das pesquisas e soluções mágicas, tenho 70% de certeza...só demandará um pouco mais de trabalho e cooperação. Por isso, pode confiar em mim e se tiver alguma dúvida, ou necessidade, é só me falar...ficarei na cama ao lado.

Ao dizer isso, o homem se deitou na outra cama do quarto, que estava vazia e sem roupas de cama, puxou um livro da maleta que carregava e, por breves instantes, se ausentou daquele lugar. Observando tudo aquilo, Nagini ficara ainda mais desconfortável e, para piorar, impaciente, pois não havia sinal algum de comida na mala, muito menos naquele quarto. Por alguns instantes, ela se manteve imóvel na cama, controlando a vontade de sair do quarto.E relembrou que era a mesma história que viveu de quando era uma atração do circo, não tinha permissão para fazer nada e quanto mais queria ser livre, mais presa ela ficava. 

E viver aquilo novamente era tão estressante, a ponto de deixar Nagini, por alguns instantes inconsciente, até se despertar ao lado do corpo do Dr. Henriques, cheio de sangue e cortes. Parecia mais do que um peso morto. Era mais uma prisão que a bruxa precisaria se livrar...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários e compartilhamentos são bem vindos...
Até a próxima o/



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