Ao sair passeando pelo castelo depois que todos já haviam ido dormir. Lily estava aguardando no salão comunal da grifinória até que sentiu mãos a abraçarem sua cintura por trás. Soltou uma exclamação de susto e olhou para trás, não encontrando nada. Ficou assustada até que a compreensão a atingiu e deu um leve grito segurando as mãos invisíveis e a empurrando para longe de si:

—Potter! – deu mais um socos no ar (alguns atingiam o alvo) ainda lutando para se soltar enquanto escutava a risadinha de James, que depois de um tempo se divertindo com a situação resolveu sair debaixo da capa de invisibilidade.

—Há quanto tempo que você não me chamava de “Potter” – Disse rindo ainda mais ao ver ela dando soquinhos em seu peitoral – Cuidado com esses socos, pode matar alguma poeirinha da minha camisa.

—Argh! Você não presta mesmo, James! – Ia se afastar dele, mas sentiu os braços dele a puxando de volta.

—Que bom que eu já voltei a ser “James”. Não está mais mais brava comigo, pelo visto –Riu novamente.

Lily sentiu suas bochechas ficarem vermelhas. Ele era mesmo um idiota. Mas ela amava esse idiota. Lembrava que fazia três meses essa noite desde que ela finalmente aceitou um dos milhares de convites para sair que Potter jogou nela desde que ela entrou em Hogwarts. Eles já estavam no sétimo ano, que era o último ano deles, ele estava diferente. Mais maduro. Nunca mais havia visto ele atazanando os outros, incluindo Severus. A maneira dele me abordar para pedir que saísse com ele também mudou. Não era mais um moleque insistente, era mais educado, apesar de ainda manter um ar divertido e galanteador, eu sabia que ele estava mudado. O convite era um convite para ir a Hogsmeade no dia dos namorados. Nunca ia se esquecer da expressão que ele fez quando ela disse “sim”. Primeiro ele parecia que ia continuar falando como se insistisse para ela aceitar, ele estava esperando tanto mais um “não” que nem se tocou na resposta dela. Ai ele congelou e fez uma cara de espanto, em seguida abriu o mais bobo e largo sorriso que já havia visto. Também era o sorriso mais lindo que ela tinha visto em sua vida. Nesse momento soube que havia tomado a decisão certa ao dar uma chance ao Potter.

Desde o momento que ela aceitou seu convite para irem juntos a Hogsmeade, toda hora não importa onde estivesse, o Potter parecia brotar ao seu lado, dando mais sugestões de aonde poderiam ir, o que poderiam fazer, ou o que ela gostaria de fazer. Alegria dele era contagiante, ela não podia negar, estava se apaixonando por esse jeitinho de James. O quanto esse encontro parecia especial para ele.

[...]

No dia da ida a Hogsmeade, assim que ela desceu de seu quarto para o salão comunal para ir tomar café, no final da escada encontrou James com um gigante buque de lírios. “Lírios para um lírio” foi o que ele disse. E por mais que ela tenha debochado um pouco dessa frase dele, ela não pode evitar ficar vermelha, coisa que não passou nada despercebida pelo rapaz que sorrio vitorioso.

Naquele dia nevava. Os dois usavam cachecóis da grifinória e gorros e luvas. Andavam de mãos dadas, James não podia estar mais feliz, e Lily tentava a todo custo conter o sorriso, que teimava em aparecer em sua expressão. Foram primeiro na Dedos de Mel comprar vários doces, depois passeavam por toda Hogsmeade olhando para as lojas, James comprou alguns acessórios de quadribol em um loja e comprou para ela um livro que Lily ficou namorando na vitrine, apesar dela insistir que não precisava.

Assim quando faltava mais ou menos uma hora para o passeio acabar, eles foram no Três Vassouras tomar cerveja amanteigada e parar para conversar. Nesse momento o primeiro encontro foi o mais especial possível. Foi a primeira vez desde que se conheceram, há  tantos anos atrás, que conversavam civilizadamente, sem brigas pedidos de encontros rejeitados com insultos, sem “o Seboso fez isso ou aquilo”, sem “Potter idiota”. Eles finalmente conversavam sobre cada um, se conheciam mais. De vez enquanto riam e viam o quanto tinham em comum. James apoiava a cabeça em uma mão e olhava fixamente para ela com uma expressão sonhadora. Lily segurava o copo nas mãos, bebendo um gole, com ele quase cobrindo todo seu rosto e olhava para os lados, tentando fugir do olhar do outro. Em outra vez que riam juntos Lily acabou por descansar o copo na mesa e deixar a mão ali apoiada, James aproveitou a oportunidade para colocar a mão sobre a dela. Primeiro contato direto de mãos, já que antes estavam de luvas. Lily se sobressaltou um pouco mas acabou segurando a mão dele e não conteve o sorriso dessa vez.

[...]

Enquanto todos os alunos voltavam do passeio, vários casais apaixonados de melação afinal era dia dos namorados, James e Lily de mãos dadas também voltavam a Hogwarts.

—Vamos para o lago da lula gigante, antes de voltar pro castelo? – James perguntou. Lily concordou com a cabeça e decidiu brincar:

—Não tem medo que eu te troque por ela? Afinal eu já disse que preferia sair com ela do que com você.

—Pelas barbas de Merlin é mesmo! Nada de lago da lula gigante, vamos voltar pro castelo agora. –James  a puxou de brincadeira como se estivesse dando meia volta. Os dois riram, Lily riu de verdade sem se conter, diferente das as outras vezes. James parou de rir para observa-la.

—Essa é a primeira vez que eu vejo você rir assim de algo que eu faço. -James parecia mesmo feliz, Lily ficou encabulada e tentou disfarçar. Assim que chegaram ao lago apoiaram em um grande arvore que havia ali perto e ficara ali deitados. Conversaram um pouco, mas a maior parte do tempo ficaram em silêncio, não constrangedor, estavam só ali aproveitando a companhia do outro, não havia necessidade de palavras, James ficou deitado no colo dela enquanto ela passava a mão para acariciar e despentear seus cabelos já naturalmente despenteados.

Já na semana seguinte a esse encontro, James e Lily começaram a namorar.