Faça Seu Pedido! escrita por Mali


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Tive um bloqueio mas já deu certo.
Ainda tô sem computador, então desculpa qualquer erro.
Boa leitura !



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Os últimos dois dias foram relativamente normais.

Mikoto precisou ir ao hospital fazer uns exames pra checagem de medicação e eu comecei a procurar um rumo na minha vida.

Depois de insistir muito, muito mesmo, Tsunade aceitou me auxiliar na tentativa de conseguir uma bolsa de mestrado, então eu mal via o tempo passar já que passava o dia inteiro dentro do quarto tentando achar o início da pesquisa.

Além da Tsunade ser bastante exigente admito, estava enferrujada.

Minha mãe tinha aceitado que eu estava sendo útil e também me deixou em paz sobre tarefas do dia a dia.

Aladdin era o que mais me incomodava, ele não tinha se acostumado com a casa nova e os moradores estranhos então não era incomum vê ele deitado em cima das minhas anotações ou me acordando cedo pedindo comida.

Tudo uma paz.

Já era mais de meia noite, tinha passado o dia enfurnada no quarto, estava naquele momento fazendo anotações em um bloco sobre a literatura medieval portuguesa quando batem na porta.

Autorizo e quem entra no quarto é meu pai, com uma caneca do Mickey nas mãos.

—Sakura, ainda estudando essa hora?

A presença do meu pai me faz relaxar, sinto os meus ossos estalando quando me estico e respiro fundo, cansada.

—É que a Tsunade não tá facilitando, os livros que ela mandou eu ir atrás não são fáceis de achar na internet. Tudo bem como senhor?

—Sim. Trouxe pra você- Ele coloca a caneca na escrivaninha onde eu estava, ao lado dos meus livros. – Chocolate quente, não sei se ainda gosta tanto quanto antes.

Olho para caneca e em seguida para meu pai.

É estranho que a gente não nota que enquanto crescemos eles envelhecem.

—Obrigada pai, eu ainda gosto muito.

—Ah, e a caneca é pra você também. Vi que a sua estava quebrada então..Não sei se acertei o gosto do personagem.

—Tá perfeita, eu adorei, juro.

Pego a caneca e tomo um pouco do chocolate, o gostinho da infância. Era costume ele trazer chocolate quente pra mim antes de dormir.

—Então, não vou te atrapalhar mais. – Ele segue em direção a porta- Ah, Sakura, nunca duvide, eu tenho muito orgulho de você.

A nostalgia toma conta de mim. Ele tinha costume de me falar isso toda vez que eu ficava até tarde estudando, como uma forma de motivação.

—Ah pai, eu...Obrigada. Isso é importante pra mim.

Ele dá um sorriso e passa a mão pela minha cabeça e abre a porta, prestes a sair.

—Ah, Izumi pediu pra avisar que ela vai passar aqui cedo pra vocês saírem, então é melhor ir dormir.

E a porta se fecha.

Confiro a hora, 00:24.

Organizo o que tenho que organizar, acaricio o meu gato e vou dormir.

*X*

Eu estava arrumando meu cabelo em um rabo de cavalo meio solto quando as batidas na porta começaram.

—Tá aberta! – Izumi entra como um furacão assustando a mim e ao Aladdin.

—Oi Sakura, tudo bem?- Ela se aproxima e me dá um abraço.- Que bom que já está arrumada, tá atrasada.

Confiro a hora.

—Eu nem sabia que horas você vinha, são 8:30, tá cedo. E aliás, vamos pra onde? A roupa tá boa?

Estava de tênis azul claro, macacão jeans e baby look verde. O básico para qualquer lugar.

—Sim, está perfeita mas vamos se não o Sasuke vai se atrasar.- Diz enquanto puxa minha mão pra sairmos do quarto.

—O que o Sasuke tem a ver com isso?- Ela para no corredor e coloca as mãos no meus ombros.

—Você tem compromisso hoje?

—Bom, na hora do almoço eu preciso ir na escola vê minha orientadora.

—Tudo bem, ele te leva lá.

Descemos a escada apressadas, não vejo meus pais no caminho até a saída.

—Será se ele já não foi já que tá tão atrasado? E ele sabe que eu tô indo também?

—Vamos dizer que eu esqueci que a chave do carro dele estava na minha bolsa- Ela suspende a bolsa preta- Então ele não pode sair sem mim .

Saímos da casa e atravessamos correndo o jardim. Já era possível vê Sasuke na calçada andando de um lado pro outro, aparentemente preocupado.

Ele para quando vê a cunhada de longe, cruzando os braços e batendo o pé, impaciente.

—Izumi eu tenho horário!- Batuca levemente o relógio que estava no seu pulso esquerdo.

—Tudo bem, desculpa, esqueci que estava com a chaves, tá aqui- Ela pega rapidamente a chave que estava na bolsa e joga pra ele que a pega no ar- Mas eu não vou poder ir, leva a Sakura.

—O que? – Falamos ao mesmo tempo.
Ele se aproxima dela.

—O que você tá querendo fazer Izumi?

—Tô te ajudando.

—Em que?

—Sou sua madrinha.

—De casamento.

—Gente- Interrompo a discussão e me viro para ele- Foi um engano Sasuke, tudo bem, eu vou voltar pra casa.Tchau.

Me viro frustada em direção a minha casa e começo a andar rápido, pensando na minha cama e que não seria nada ruim voltar a dormir.

—Não Sakura, espera.- Ele segura meu cotovelo delicadamente- Eu realmente precisava falar com você.Vou só pegar minha pasta correndo que eu tô atrasado, já volto.

Ele corre pra dentro da casa, deixando só eu e a Izumi.

—O que tá acontecendo aqui?- Pergunto desconfiada.

—Nada, juro. Eu ia com ele e depois pedir pra ele deixar a gente no shopping, mas meus pés estão pesando uma tonelada e o Itachi tá precisando da minha ajuda em um caso complicado, então preciso ficar.- Ela responde aparentemente sincera e frustrada.

Sasuke volta com uma pasta na mão e me estende.

—Segura pra mim, vamos.- Dá a volta e entra no carro, entro em seguida e dou um tchauzinho para Izumi antes dele partir.

—Espero que não tenha muito trânsito...- Sussurra.

—Depende de onde estamos indo.

—Hospital Geral de Konoha . Vou fazer uma visita técnica e assinar uns papéis.

Isso explica por que ele estava bem arrumado, tênis polo azul marinho, calça jeans preta e camisa social cinza.

—Então fica tranquilo, não tem trânsito pra lá.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, só o som do GPS era ouvido. Nem música nem nada.

—E o que você queria conversar comigo?

Ele demora um pouco pra me responder, noto seus dedos batucando na direção do carro, parecia nervoso.

—Quando você trabalhava na Marionette era na parte de literatura infantil, certo?

Trabalhar na Marionette, meus dias de glória.

Concordo.

—Eu estava pensando em desenvolver um projeto sobre literatura na ala pediátrica, o que você acha? -Ele me pergunta ansioso.

Eu adorava os dias de apresentação dos livros para os pequenos e seus pais, a magia nos seus olhos, o auxílio na alfabetização com uso de figurinhas.

Era simplesmente mágico.

Eu amava toda aquela fantasia, a leitura pode mudar de verdade a vida das pessoas.

—Eu acho incrível Sasuke! De verdade. Pode não ser a cura para enfermidades físicas mas vai ajudar no processo de recuperação. Genial.- Ele sorrir com minha empolgação.

—Está de tênis?

—Sim.

—Então você vai entrar comigo lá.

*X*

E com um atraso de 3 minutos e meio entramos na recepção da ala infantil do hospital.

Eu já tinha estado nesse hospital umas duas vezes por causa de amigdalite mas minha entrada foi numa área mais assustadora, toda cinza com um cheiro fortíssimo de Éter e um corre corre rotineiro de um lugar assim.

Mas essa ala não.

Perto das cadeiras verde da área da recepção tinha alguns tabuleiros no chão, quebra cabeça, lego, giz e papel.

As paredes tinham desenhos educativos, ensinando desde lavagem das mãos até o alfabeto em forma de figura de animais.

Não era tão assustador quanto um hospital.

—Doutor Uchiha- Uma figura dos cabelos prateados e óculos redondo se aproxima de nós. Dr. Kabuto Yakushi está escrito no seu jaleco.

Dou uns passos para trás, ficando atrás de Sasuke, afinal, nem deveria está aqui.

Sasuke se apressa em cumprimentar o homem.

—Olá Kabuto, me desculpa a demora, o trânsito me atrasou um pouco- Meu nome agora é trânsito?

—Tudo bem, mal é atraso. Entendo que você não mora nessa cidade e é comum não conhecer os caminhos mais rápidos.- Depois do aperto de mãos seus olhos notam minha presença- E quem é essa mulher adorável? Sua esposa?

Ate ignorei o “mulher adorável ”.

—Não não, ela é minha...amiga. – Antes que eu pudesse falar algo, Sasuke se apressou a explicar pra ele- Eu gostaria de saber se ela tem permissão de entrar junto comigo. Sakura já trabalhou anos numa editora na especialidade infantil e é professora, eu queria desenvolver um projeto com ela na área da pediatria e seria interessante se ela conhecesse o local.

Vê o meu trabalho sendo reconhecido por alguém incrível como ele fez meu coração aquecer. Até parecia que eu era alguém importante.

—Claro, vamos lá.- Diz rápido e humorado, sem nem ter pensando muito a respeito.

Kabuto começou a conversar com Sasuke algo sobre papéis e burocracia enquanto iam em direção a uma porta dupla no canto direito da recepção e eu claro, os acompanhei calada.

Os profissionais dali tinham em seu jaleco alguma figura colorida, seja um animal ou personagem da animação. Nas paredes os mais tipos de desenho em tons pasteis, nada chamativo mas sim bem harmonioso.

—O que você está achando na nossa ala Sakura?- Kabuto me perguntou atraindo minha atenção.

Não preciso pensar muito na resposta.

—Na verdade eu tô achando bem diferente. Não parece ser um hospital...Digo, não que seja uma coisa ruim claro. Mas não tem a cara de doença.

Kabuto concorda, parece que ficou satisfeito com minha resposta.

—Sim, nessa área especifica a gente precisa que a nossa equipe seja mais que médicos e enfermeiros, sejam humanos acima de tudo. A gente sabe que é necessário manter uma distância profissional para o bem de ambos, mas ao trabalhar com crianças, especialmente debilitadas, não tem como ser um robô. Você tem prática com criança, entende o que eu falo.

Uma prática bem traumatizante mas eu tinha mesmo e sim, tinha ideia do que ele falava.

Continuamos seguindo o longo corredor, Kabuto não entrava em nenhuma sala específica, conversava com o Sasuke sempre de fora delas e mostrava algo escrito na prancheta que ele carregava. Eu continuava atrás, atrasando meus passos propositalmente a medida que passávamos na frente de uma enfermaria para conseguir olhar para dentro.

Eles só param no final do corredor. Apresso o passo para acompanha-los.

—Sasuke, foi muito bom revê-lo. Fico feliz que tenhamos conseguido acertar tudo. Qualquer coisa pode entrar em contato, sempre tô aqui. A gente se vê depois das suas férias- Aperta a mão de Sasuke e vira se para mim- Foi um prazer conhece-la Sakura, espero que o projeto dê certo.

Agradeço e me despeço junto de Sasuke, já Kabuto segue em frente e entra em outra porta dupla.

—Vem, quero te mostrar uma sala.-Sasuke segura minha mão e começa a voltar o corredor em passos rápidos.

Já na metade dele, paramos em frente a uma porta também dupla, porém menor que a de entrada. Tinha um arco íris enorme na porta e em cima uma plaquinha “Hemodiálise” .

—No dia que eu cheguei na cidade eu vim aqui pra assinar os primeiros papéis da minha transferência e falar com o responsável por ela, então eu fiz a visita demorada em cada enfermaria da pediatria. Normalmente as crianças que frequentam esse espaço vem três vezes por semana e fica de 3 a 4 horas aqui sem fazer absolutamente nada, tanto por que se sentem indisposta quanto a própria saúde mental. Enfim, quero te mostrar uma pessoa. Imagino que ela já esteja aqui hoje.

Sasuke entrou na sala de hemodiálise, tinha em torno de 5 crianças acompanhada de seus pais. Dessas somente uma estava acordada e aparentemente disposta, e foi exatamente nela que Sasuke foi.

—Olá Naoko.- Disse indo até a menina de cabelos longos castanhos que estava deitada na cadeira lendo um gibi qualquer.

Ela solta o gibi em suas pernas e sua atenção se prende a Sasuke.

—Sasuke! Fico feliz que tenha voltado, mas porquê demorou tanto?- Ela cruza os braços em uma falsa raiva enquanto ele se abaixa para ficar da altura dela.

—É que ser adulto é complicado.- Ele se vira para mim- Sakura, essa é Naoko, ela tem 10 anos e estava aqui na minha última visita.-Aceno pra ela que acena de volta para mim alegremente. Minhas experiências com crianças não são exatamente as melhores.

—Naoko, essa é a Sakura, uma amiga que eu queria te apresentar.

—Oi Sakura- Me cumprimenta educada. Fiquei até com vergonha. A cumprimento de volta.

—Naoko, minha passagem é rápida, quero que me diga o que fizemos quando eu vim da última vez.

Ela coloca a mão no queixo pensando e responde Sasuke em seguida.

—Eu estava triste, aí ele veio conversar comigo e perguntou se eu queria alguma coisa. Eu disse que queria ler uma história e ele leu pra gente.- Abriu os braços, sinalizando a enfermaria inteira.

—Você gostou Naoko?- Sasuke perguntou docemente. Ela concordou com a cabeça.

—Tô esperando o livro que você prometeu. -Ela cruza os braços, emburrada. Sorrio com a situação.

—Ah sim, eu trago quando puder. Tá sentindo alguma coisa? Precisa de ajuda? Alguma dor?

A garotinha só nega com a cabeça, aparentemente ela realmente está bem.

—Então posso ir?

— Pode, eu permito. -Ela diz divertida. Sasuke se levanta e bagunça os seus cabelos. Nós despedimos da garota que volta a ler o gibi.

—Tá vendo como a pediatria é linda?- Ele diz empolgado depois que saímos da sala e seguimos em diferença a saída- Que saudade de trabalhar.

Nada digo, só o admiro. Sua felicidade me aquece, realmente é possível vê seus olhos brilhando de empolgação enquanto saímos de lá.

Ele se despede educadamente das recepcionistas que discretamente (Pra ele, não pra mim) suspiraram com seu gesto e saímos do hospital em direção ao carro.

—Entendeu mais ou menos o que aconteceu?-Ele pergunta retoricamente enquanto entramos no carro- Sakura, no dia que eu vim aqui a Naoko estava em sessão com mais 8 crianças e todas elas estavam impacientes em sua cadeira. Conversando com ela, ela perguntou se eu tinha tempo pra ler uma história, então eu baixei no meu celular um livro e comecei a ler pra ela. Acontece que chamou atenção de todas as outro crianças e eu li para todas em quase uma manhã inteira.

—Então você quer fazer um clube de leitura?

—Basicamente sim. Eu imaginei que os que vocês faziam com crianças em geral poderia ser feito com essas crianças. Entenda, elas são especiais.Pode ser feito alguma dramaturgia sobre livros, não sei.

A ideia realmente era boa, mas a equipe precisava inteiramente ser definida e eu imaginava que isso levaria tempo.

—E a seleção de livros? A leitura e etc?

—Então..- Novamente ele batuca as mãos na direção do carro- Aí que precisamos da Marionette. Minha equipe não tem exatamente tempo e conhecimento pra fazer tudo isso, mas a Marionette é especialista nisso, não é?

Suspiro olhando pras minhas mãos.

Sim, Marionette era especialista nisso.

—Você quer que eu fale com o Sasori né.

—Não.. exatamente. – Ele fica um pouco desconcertado- Digo, se não for tudo bem quero que fale que eu preciso falar com ele e que o assunto é sério, eu resolvo.

Apesar dele falar com tranquilidade noto o desconforto em sua voz.

—Tudo bem, não se preocupe, eu falo com ele sobre o projeto. Só preciso da formalização para apresentar pra ele.

Não queria demonstrar, mas mencionar o Sasori me deixou abalada, imagino como seria falar com ele mas já tinha errado muito com o Sasuke, se falar com o Sasori é ruim pra mim imagine para ele.

—Assuntinho complicado né -Ele fala humorado, cortando o silêncio quase palpavel- Até consigo sentir o cheiro do ensino médio .

Ensino médio.

—Ah, Sasuke..

—Sim?

—Cê' pode me levar em um lugar?

*x*

Sasuke fecha a porta do carro praticamente junto a mim e encara a nossa antiga escola.

—Eu não sou agressivo, mas o ensino médio me faz querer bater em alguma coisa. – Ele diz cruzando os braços e balançando a cabeça.

—Coé, nem foi tão ruim.

—Você era popularzinha, bonitinha...Foi ótimo. Agora pro nerd aqui.

O ignoro enquanto entro no colégio com Sasuke acompanhado. O porteiro não fala nada, ele sabe que tenho passe livre e que Sasuke é meu acompanhante.

Não tem nenhuma criança no pátio, era horário das aulas. Pra mim olhar para aquele colégio era algo comum, até chato, mas o mesmo não era para Sasuke.

Ele encarava cada ponto com nostalgia, desde os bancos pertos do bebedouro, uma gangorra que devia está ali desde a fundação da cidade e até o sino que fica no alto do colégio.

Claro que tinha coisas novas como um balanço e playground já que atualmente aquele colégio recebe desde o jardim de infância até o ensino médio.

—Nostálgico né?

—Bastante.- Me responde aéreo.

—Agora vamos, preciso falar com a Tsunade. Será se ela lembra de você?

—Provavelmente não, eu era esquecível.

—Tá mas andava comigo e ela ainda hoje lembra de mim.

—Mas que eu lembre bem você trabalhava aqui até o início da semana.

—Mas eu não sou esquecível Sasuke, tenho o cabelo rosa- Ele dá de ombros enquanto o arrasto até a diretoria.

Bato na porta entrando em seguida. Tsunade estava praticamente escondida atrás de pilhas de papel. Ao me vê entrando ela suspira alto e relaxa na cadeira.

—Não me diga que você trouxe mais papel.

—É exatamente o que eu trouxe- Coloco o dossiê na sua mesa- Culpa sua que não quer nada digital. Um email não ocuparia espaço.

—Garota, olha a quantidade de coisa. Você acha que eu estaria no mínimo enxergando alguma coisa depois de ler isso tudo na tela de um computador? – Ela massageia as têmporas – Mas fico feliz que terminou em tempo recorde. E você não está adiantada? Era pra gente se vê no horário do almoço.

—Pois é, mas vim de carona.

Sasuke estava na porta, parcialmente ao lado de fora ainda. Quando menciono a palavra carona ele me olha e coloca o indicador sobre o lábio, pedindo silêncio.

—Lembra do Sasuke, Tsunade? – Sinalizo para Sasuke que bate a mão na testa. Tsunade se vira para ele ao mesmo tempo que ele entra na sala.

—Claro que eu lembro do meu aluno modelo. Como vai garoto, não soube muitas notícias suas- Tsunade se levanta e estende a mão para Sasuke que aperta firmemente.

—Mudança de cidade. Voltei pra Konoha essa semana praticamente.

—Então naquela época escolheu medicina mesmo?

—Peraí- Interrompo- Todo mundo sabia que você ia se mudar menos eu?

—Eu estava em dúvida e vim conversar com a senhora Tsunade na época- Volta a atenção a Tsunsde- E sim, fui pra medicina mesmo. Obrigada Tsunsde, por toda orientação.

—Que isso, eu gosto de ver meus alunos bem sucedidos. Alguns precisam de um empurrão maior que outros, não é Sakura?-Reviro os olhos com as indiretas.

—Tsu, semana seguinte trago a parte dois.

—Parte dois?-Ela pega o dossiê que tem mais de 20 paginas manuscrito- Olha o quanto tem aqui.

—Mas não tá pronto, ler e me diz se gostou e eu trago o resto. Dá muito trabalho.

Tsunade se joga na cadeira e suspira novamente.

—Eita Sakura, para de me dá dor de cabeça.

Sorrio.

—Quem vê jura que você me odeia.

—Quem vê não tá mentindo garota.

Atormentei mais um pouco Tsunade antes dela praticamente me expulsar e se despedir delicadamente de Sasuke.

—É bem irônico você virar colega de trabalho da sua antiga professora, não acha?- Sasuke diz enquanto entramos no carro.

—Irônico é eufemismo. Mas eu adoro a Tsunade, ela me dá uns esporros as vezes mas eu sei que é pelo meu bem.

—O que dá pra notar também é que você ainda funciona a base de esporro.Quer ir pra mais algum lugar?

—Não que eu lembre.

—Ótimo, então podemos ir almoçar?

—Almoçar?- Pergunto debilmente.

—É, ir em restaurante, sentar, comer. Almoçar.- Sasuke me explica lentamente como se eu fosse uma idiota.

—Eu sei. Tá, vamos – Nem eu entendi direito minha lerdeza.

—Ou se você quiser podemos ir pra casa, mas queria pelo menos começar a bolar o projeto e Itachi é barulhento. – Se explicou, mas senti que isso foi mais uma afirmação para si do que para mim .

— Tá tudo bem, vamos almoçar .

*X*

Sasuke escolheu um restaurante muito bonito na zona leste da nossa cidade, conhecida por ser a área mais nobre .

O lugar era bem arejado e em tons pasteis. Cortinas brancas na parede de vidro e várias plantas distribuídos pelo local.

Esperei ele pedir primeiro e somente disse que queria o mesmo, mas me arrependi em seguida, Sasuke é muito saudável e come mais planta do que carne.

—Como tá a tia Mikoto?- Pergunto depois que o garçom anotou os pedidos.

—Ah, ela tá bem. A gente foi no hospital ontem e tá dentro dos limites- Ele suspira fundo- Minha mãe é forte por todo mundo.

Quando a gente soube que a Mikoto estava doente foi uma coisa tão utópica que a ficha demorou bastante para cair.

Quando descobriram estava pequeno e sem lesão alguma, o da mama foi curado mas ele se alastrou para os linfonodos. Os tratamentos não surtiam mais efeitos e com o tempo começou a fazer mais mal do que bem, até que a poucos meses foram parados.

Ela toma medicação basicamente para diminuir sintomas, principalmente a dor que sente mas que raramente demonstra.

Realmente, a Mikoto era mais forte do que todo mundo .

—Como foi pra você?

Sasuke suspira fundo.

—Quis largar tudo e voltar pra casa imediatamente. Ela que me motivou a continuar estudando. Praticamente não deixava eu vim pra Konoha porque sabia que eu ia acabar ficando. Foi muito duro.

Encaro seu rosto pálido e liso. O assunto claramente o incomodava.

—Porque mentiu dizendo que tinha um cachorro?- Mudo de assunto falando a coisa mais idiota que veio na minha cabeça. Ele me olha estranho, com a sobrancelha levantada.

—Que cachorro?

—O que comeu os convites do meu casamento. Aliás, parabéns Sasuke, do seu casamento eu não recebi convite.-Aponto o dedo de forma acusatória.

—Você estava incomunicável! Eu tentei entrar em contato mas era quase impossível, imaginei que não queria falar comigo. Eu vinha pra Konoha mesmo, ia fazer o convite pessoalmente.

—Bom, ainda não fez.

—Precisa mesmo de toda formalidade?

Ele tira uma caneta do bolso, pega um guardanapo e começa a anotar.

—“Sasuke Uchiha e Karin Uzumaki convidam para seu casamento...” – Ele parou de falar e escrever e ficou batendo a caneta enquanto eu observava divertida.

—Que foi? Esqueceu do próprio convite?

—Vou ser sincero que mal dei o trabalho de aprender. Pra mim um SMS bastava.- Sasuke guardou a caneta novamente, dobrou o guardanapo e me entregou- Está aí dona Sakura, o seu pedido formal.

Revirei os olhos e peguei o guardanapo, o abrindo só para ter a certeza que a fala dele coincidia com sua escrita.

Que aliás continuava bem bonita diferente do estereótipo.

—E o projeto Sasuke?

Ele endireita a postura antes de me responder.

—Esse final de semana vou tá mais livre, imagino eu né, depende da minha madrinha de casamento, aí eu faço o planejamento inicial, você revisa e enviaremos pro Sasori. O problema é que eu queria começar o projeto logo, depois do casamento, tá começar a trabalhar com tudo..-Ele divaga.

—Sasuke, relaxa, eu falo pessoalmente com Sasori. Creio que isso acelere o processo..

Desculpa, mas um ano não foi o suficiente pra superar 13 anos.

Eu nunca mais tinha visto Sasori, evitava vê televisão local e não ia mais em projetos da Marionette. Não tinha ideia de como ele estava.

Sasuke pega minha mão que estava estendida sobre a mesa e aperta. Olho pra ele e dou um sorriso de leve e recebo de volta um mais aberto.

Estava tudo bem, meu amigo estava de volta.


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Notas finais do capítulo

O Sasuke não odeia a Karin, só é desligado pra casamento.
O enredo da história já tá todo feito e o próximo capítulo também.
E então, o que acharam?
Comentem e se cuidem!



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