O dia 31 de outubro, popularmente chamado de Dia das Bruxas, era quente, o calor subia do asfalto e queimava. A sede era insuportável. Atravessava as ruas correndo, querendo chegar rápido em casa, ansiava pela trilha arborizada que dava em meu lar, cheia daquelas árvores frondosas.

Foi assim, que do nada, subiu um peso na minha garganta. Não conseguia falar, não conseguia respirar. Meu corpo inteiro tremia, como se estivesse nevando. Cai no meio da rua, os carros buzinavam e quase passavam por cima de mim. 

Tentava pedir ajuda e socorro. Tentava me levantar, mas meus pés não funcionavam. 

"Eu vou morrer", me veio esse pensamento, como uma certeza absoluta.

Coloquei minhas mãos no meu rosto, e me encolhi no meio da estrada. 

"Não quero morrer hoje", gritei em meus pensamentos. "Pare", supliquei, vendo um carro se aproximar em alta velocidade. 

Ele se desviou do caminho, eu suspirei, e finalmente, consegui me mover. 

Levantei com músculos doloridos. 

Ouvi uma batida bem forte, e corri atrás do som, vendo logo em seguida o motorista com seu carro destroçado em um poste de luz. 

Aproximei-me e seu rosto tinha batido no vidro, sangue corria por sua cabeça, manchando seu terno cinza. Chamei, desesperada uma ambulância, mas foi em vão, ele já havia morrido. 

Meu corpo tremia de novo, não daquele modo convulso e compulsivo, e sim, de apreensão, incredulidade e medo. O que tinha acontecido?