Kako no Iro - A Cor do Passado escrita por Kochira


Capítulo 1
O ar é pesado para você e para mim




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"Ao som de trovoadas intensas, a criança ajoelhada na lama gritava aterrorizada o nome daquela que estava dentro do lago... já completamente morta."

 

Capítulo 1 - 'O ar é pesado para mim e para você'

 

Hikari acordou do pesadelo com gotas de suor caindo de seus cabelos negros.

"Aconteceu de novo" — Soltou suspirante.

Ela tira a fina coberta que estava parcialmente em cima de si e permanece na cama olhando para o teto. Em seu pequeno quarto, a única coisa organizada é a escrivaninha que contém a foto de três crianças rindo abraçadas, o resto do ambiente é como o reflexo de um cômodo abandonado e sem vida. O armário é todo empeirado com roupas jogadas de qualquer jeito, os cadernos se encontram no chão, a mochila foi parar embaixo da cama... A tristeza se acumulou em todos os objetos dali. Hikari sente o ar como se ele estivesse o tempo todo a machucá-la. Ela olha para a foto e sente sua agonia aumentar ao ponto de levar a mão direita sobre o peito em busca de alívio. Ao virar-se em rumo a foto, um rastro de lágrima surge em seu olho esquerdo.

"Se eu pudesse voltar no tempo" — Pensou alto.

Ela continua a olhar a foto, com uma mistura de ternura e melancolia enquanto mil pensamentos acelerados avançam em sua mente.

"Levanta logo Hikari, o café já tá pronto!" — Escandalizou uma voz atrás da porta, interrompendo os pensamentos de Hikari.

"Já vou"...

 

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Um som de carro a ligar ecoou do lado de fora da casa. Significava que o pai de Koshigaya havia saído bem cedo a trabalho, como de costume. Por ter uma cerimônia em sua casa naquele dia, a menina já estava acordada. Entretanto, é justamente em dias assim que sua agonia se torna mais expressiva. Sabendo que deve marcar presença na sala de estar em pouco tempo, ela se ajeitou com rapidez, mas a cada ação que fazia para ficar pronta, um suspiro brotava de sua boca. Saber que teria de interagir formalmente com dezenas de parentes distantes e sócios de sua família, "manter a postura", e o mais difícil: fazer de tudo para não desagradar sua mãe e ter de ouvir reclamações e comentários a diminuindo vindos daquela que lhe deu a luz pelo resto do dia. Cumprir tudo isso enquanto sente como se uma corda apertasse seu peito era muito para Koshigaya, mas ela não tem escolha e sempre o faz quando há de ir a algum evento ou quando o evento é em sua casa(que são frequentes). Contudo, nem sempre ela consegue, e hoje parecia que seria um dia assim.

Olhando por uma última vez no espelho antes de finalmente criar coragem de abrir a porta e sair do quarto, Koshigaya reflete sobre o semblante vazio em seu rosto e questiona-se qual foi a última vez que acordou com genuína vontade de sorrir, mas não se recorda.


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