High School Blindspot escrita por blindrepata


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que estavam todos ansiosos por esse capítulo, que demorou um pouco. Carla com certeza escreveu toda a parte de Jane e Kurt. Se não fosse ela não sei o que seria dessa história.

Estamos na reta final, então peço um pouco mais de paciência. E vamos ver o que nos espera!



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Edgar

Dirijo à toda velocidade na tentativa de chegar rapidamente ao local indicado por Patty e Rich. Por que Natasha não me chamou? Agora ela está sozinha por aí, correndo risco. Que mulher teimosa ela é! Mas isso não é novidade pra mim, porque a conheço bem, já faz tempo. Mas ela grávida se arriscando assim me dá nos nervos. Espero que nada aconteça com os dois.

Claro que estou preocupado com tudo o que está acontecendo com Jane. Eu não sou nenhum insensível como pensam. Apenas vejo as coisas com clareza, e sei que quando fazemos algo impulsivamente temos que pagar o preço. E as vezes o preço pode ser bem alto. Não quero pensar no que pode estar acontecendo com Jane. Kurt deve estar cuidando disso com Nas e Mayfair. Agora preciso me concentrar em Natasha e na garotinha.

Não sei se quero encontrá-la para repreendê-la ou para segurá-la e abraçá-la com força. Eu não suportaria se algo acontecesse com ela. Pode parecer egoísmo meu, mas não consigo imaginar minha vida sem ela. E agora, tem uma vida dentro dela. Um bebê que nós dois fizemos. Eles são tudo pra mim.

Tento falar com ela durante o trajeto e não consigo. Paro de tentar ligar porque não sei onde ela está e posso acabar a colocando em risco. Chego ao endereço indicado na coordenada e é uma casa muito grande com um muro muito alto.

— Patty, Rich! Preciso encontrar uma forma de entrar aqui. – Falo com os dois nos comunicadores.

 

Natasha

Está tudo escuro aqui dentro. Eu tive um pouco de dificuldade pra entrar. Poderia ter trazido Reade comigo. Pensando bem ele nunca toparia. Ele acha que tudo tem que ser preto no branco. É muito difícil pra ele se arriscar. Eu não consigo nem imaginar deixar uma criança indefesa nas mãos de terroristas loucos.

Reade é sempre estrategista. Gosta de tudo cronometrado e conforme os planos. Eu sou mais direta e objetiva. Quero logo chegar à solução do problema. Levo na cara às vezes por esse meu jeito, mas não consigo esperar tanta burocracia. Posso acabar me queimando, mas jamais deixarei de lutar pra salvar uma vítima.

Consigo me adentrar mais à casa. O local é bem grande e as luzes estão apagadas o que dificulta a busca. Ouço um barulho e congelo. Quando dou por mim sinto braços me segurando e me viro para lutar quando sinto a mão em minha boca.

 

Reade

Ouço as orientações dos dois e vou pelos fundos da casa onde existe uma passagem para o interior. Vejo alguns guardas e sinto muito medo por Natasha que chegou aqui primeiro e pode ter sido pega por eles. Não quero nem pensar. Só preciso arrumar uma forma de tirá-la daqui. E, com sorte com a filhinha de Jane e Kurt.

Estou dentro da propriedade. Faço o possível para não fazer barulho. A casa parece bem velha e tirando os dois guardas que vi perto da entrada principal não vejo nenhum por aqui. A porta da cozinha está arrombada. Natasha! Ouço conversas e fico quieto escondido atrás da porta.

Assim que as vozes cessam consigo me adentrar um pouco mais. Tem um corredor logo à frente e consigo derrubar um homem que estava de vigia. Ouço um barulho e entro em estado de alerta.

 

Natasha

 — Sh! Sou eu. Fica quieta.

— Edgar! – Ele faz sinal e ficamos em silêncio.

Continuamos juntos a busca. As portas estão fechadas. Continuamos pelo corredor e paramos onde ouvimos um barulho vindo de dentro do quarto. Faço sinal e Ed abre a porta com cuidado enquanto espero com a arma em punho.

No interior da casa a garotinha está sentada na cama e uma mulher de meia idade está em uma cadeira em frente. A garotinha de quatro anos estava com os cabelos negros ondulados, soltos na altura dos ombros. Ela era linda. Parecia uma cópia da mãe.

A menina se assustou quando nos viu e a mulher se levantou para segurá-la.

— Solte ela! – Ordenei.

— Você está presa e tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal. – Reade dizia enquanto prendia a mulher.

Eu peguei a garotinha que chorava assustada. A segurei no meu colo e falei palavras doces na tentativa de acalmá-la. Ela pareceu entender que eu não faria mal e se agarrou no meu pescoço. Não vi sinais de maus tratos. Ela parecia bem, apenas assustada.

Os reforços haviam chegado e invadiram a casa. Nós permanecemos no quarto até que um dos policiais veio nos chamar.

Saímos os três juntos da casa. Eu segurava Avery no meu colo e Reade apoiava minha cintura com um gesto de proteção. Só queríamos ir embora dali e levá-la para um lugar seguro.

 

Jane

 O dia se arrastava e aquele aperto no meu peito só aumentava com as horas. Minha filha voltava ao meu pensamento a cada instante por mais que eu tentasse afastar isso e me concentrar na tarefa que estava executando. Se eu acreditasse em algo sobrenatural, pensaria que algo ruim podia estar acontecendo com ela. Kurt chamava essas reações que eu tinha diante das coisas de instinto.

“É seu instinto materno.” A voz dele soou tão vívida na minha cabeça.

Empurrei as coisas na mesa, sufocada pela sensação que me consumia e pela lembrança dele. Por que meu amor por ele tinha que ser tão forte? Preciso superar isso. Arruinei qualquer possibilidade de um relacionamento com ele quando voltei pra Shepherd.

Fui ao banheiro e joguei a água gelada da torneira no rosto, tentado sair daquele universo de sentimentos para voltar ao real. O movimento brusco disparou sensações de dor por todo meu corpo. As tatuagens em cicatrização cobrindo boa parte da minha pela não me traziam vantagem alguma. Mas a esperança de redenção num futuro mesmo que eu não estivesse viva valia a pena. No presente, Kurt estava perdido de vez. Toda e qualquer felicidade pra mim também. Avery precisava ter uma chance de ser levada aos braços pai para crescer em segurança, rodeada de carinho. E isso dependia de mim.

Voltei para a mesa e me concentrei no dispositivo que teria que montar e acionar para Shepherd na Times Square. A engenhoca era grande e instável demais para ser transportada pronta. Então, iríamos numa van. Assim que estacionasse, faria a montagem e abasteceria com ZIP a bomba difusora. Uma mala garantiria o disfarce necessário para descarregar no local estratégico. Uma vez que tudo estivesse no lugar, eu teria três minutos para retornar a van e me afastar ao máximo dali.

Shepherd disse que o ZIP era uma substância que apagaria a memória de todos na Times Square por 72 horas. Também disse que o raio de difusão não era grande, assim eu conseguiria me afastar a tempo.

Acoplar, rosquear, conectar... Eu repetia a operação diversas vezes. Precisava fazer aquilo sem erro algum na Times Square. Um deslize e Avery pagaria por meu erro. Isso não podia acontecer.

A medida que esse ciclo se repetia, meu cérebro insistia em escapar da ação mecânica para cálculos que pareciam mais certos a cada repetição. Essa bomba difusora era grande demais assim como era enorme a quantidade de ZIP com a qual eu a abasteceria. A pressão colocada na detonação espalharia a substância numa área muito maior que a Times Square. Muito, muito maior.

Puxei meu celular e fiz um cálculo simples usando a calculadora do celular. Isso não era nada bom. Provavelmente toda NYC acabaria coberta pela nuvem de ZIP.

Eu precisava fazer alguma coisa. Mas como agir sem por em risco a vida de Avery?

 

Kurt

 Passei hora mergulhado em todas as informações que tínhamos sobre Shepherd e a Sandstorm. Por mais que eu tentasse encontrar uma pista concreta, não havia conexão nenhuma para onde aquilo apontasse.

— Merda! – falei empurrando o arquivo sobre a mesa da sala de reuniões. Uma porcaria de pista seria o bastante para que eu deixasse esse escritório e fosse atrás de Jane. Eu odiava isso aqui. Gosto de estar em campo. Isso aqui é coisa pra Patty e não pra mim.

Foi então que o copo de café deslizou na mesa em minha direção.

— Café e companhia talvez te ajudem a ver as coisas com mais clareza. – Nas me disse com aquele sorriso que eu preferia fingir não entender.

— Obrigado. – tentei ser educado sem disfarçar minha irritação com todo o contexto que eu vivia nesse momento.

— Kurt – Nas disse após um longo suspiro. – vamos resolver isso. Há anos que investigo a Sandstorm. Acredite, as coisas não mudam da noite para o dia porque Shepherd é muito cuidadosa. Tenho uma fonte lá de dentro. Ele desapareceu há alguns meses, mas acredito que a volta de Remi o fará me procurar. É uma questão de tempo. Ele odeia ela.

— Tempo é algo que não temos, Nas. Talvez Jane mande alguma informação. Ela sabe o que temos e como uma simples chave pode juntar as peças do quebra-cabeças. E ela é discreta, não deixa rastros. Eu a procurei por anos e não havia nada lá sobre ela.

— Kurt, pare de se enganar. Ela é o inimigo agora. Jane não mandará nenhuma informação porque ela já escolheu um lado e não é o nosso. O quanto antes você aceitar isso, menos sofrerá. Saia do conto de fadas. Mesmo se considerarmos que Jane tentaria agir contra Shepherd, tudo que conseguiria era terminar morta. Para seu bem, encare ela como passado, Kurt. E nada mais que isso.

— Você conseguiu alguma pista sobre Avery? – mudei de assunto para não deixar a sala e Nas falando sozinha. Ainda precisava dela.

— Investiguei tudo que podia e não encontrei nada. Como eu já te disse antes, essa criança provavelmente não existe. Foi só mais uma estratégia criada por Jane para te manipular. Pensei comigo: primeiro ela teve um menino que morreu no parto, depois uma garotinha que ela não sabia onde estava...

Tomei um grande gole do café sentindo o líquido quente castigar minha garganta. O sentimento de traição me machucava mais do que isso.

— Kurt, vem rápido! – Patty invadiu a sala de reuniões sorridente.

Não pensei em nada. Só a segui. Eram boas notícias, eu tinha certeza.

Quando cheguei a sala de interrogatórios me deparei com Reade também sorridente. E Natasha tinha nos braços a garotinha mais linda que eu já vira:

— Avery, tem alguém muito especial que você precisa conhecer. Esse é seu pai. – ela disse e senti meu coração pulsar como uma força até então desconhecida.

Eu queria puxá-la para meus braços, mas sabia que não seria prudente. Avery parecia assustada, mas tinha a força da mãe e não chorava. Devagar fui me aproximando e conversando com ela. De repente, ela se jogou nos meus braços. Que sensação maravilhosa! Envolvi meus braços em torno dela. Era como ter Taylor de volta. Eu faria de tudo para protegê-la.

— Alguém aí pediu um Maclanche Feliz? – Rich entrou apresentando o pacote.

— Por Deus, Rich, ela precisa comer coisas saudáveis. – Natasha retaliou, mas era tarde. Os pezinhos agitados de Avery ansiavam pelo lanche.

Vencer a parte burocrática levaria alguns dias. Mas Mayfair me autorizou a levá-la pra casa. Isso me deixou bem confiante. De agora em diante, eu viveria por minha filha e afastaria todo e qualquer perigo que pudesse colocá-la em risco. Inclusive Jane. 

 

Roman

 

Remi é tão impulsiva! Não sei como ela me convence a fazer essas coisas. Sempre digo que vou barrar a influência dela sobre mim e onde acabo? Executando os planos dela.

Como se fosse fácil criar enigmas sobre tudo que ela descobriu e enviar para nossos amigos da High School sem Shepherd nos descobrir...

Passei a noite acordado trabalhando com tudo que ela me forneceu: a bomba, o ZIP, a data que estava bem próxima agora. E os hábitos de cada um deles: Reade, Zapata, Rich, Patty.

Foi trabalhoso, mas consegui chaves de disparo perfeitas. Claro que a única que será capaz de juntar as peças desse quebra-cabeças será Patterson. Confio nela pra isso.

Faltava a oportunidade para dispersar os enigmas. Foi então que Shepherd me pediu para buscar uma encomenda com a gangue Viber Kings. Era tudo que eu precisava. Kat Jarrett era um antigo affair meu. Com certeza ela me arrastará para um momento privado em seu quarto onde terei acesso ao seu notebook e usarei o chip para dispersar as informações.

Em poucas duas horas, tudo estaria feito.

Em dois dias, Jane executaria o plano na Times Square. O Team tinha pouco tempo para decifrar os enigmas e agir. Caberia a mim resgatar Avery se ela não sobrevivesse. Chegou a hora de virar o jogo. Não posso falhar, mas o medo me define nesse momento.

 

Natasha

— Tasha. – Estou no vestiário organizando minhas coisas pra ir embora quando Ed chega. – Sobre mais cedo...

— Ed! Não  precisa vir com sermão! Por favor. – O repreendo porque imagino o que ele veio me falar.

— Não é nada disso. – Ele se aproxima e fica bem perto de mim. – Eu só queria te falar que você foi muito corajosa hoje.

Eu o encaro tentando entender se ele está sendo sincero. O que vejo em sua expressão é amor e carinho. Eu não esperava que ele me dissesse essas coisas. Esperei por repreensão.

— Não esperava ouvir isso. – Falo com um sorriso fraco.

— Estou sendo sincero. – Ele continua. – Tive muito medo de te perder hoje. Eu fiquei muito aflito quando soube que você havia ido sozinha. Eu só queria ir até você e te trazer com segurança.

— Eu agi por impulso, mas não podia deixar Avery...

— Eu sei. – Reade me puxa pela cintura e toca em meu rosto. – Quando vi a garotinha. Tão sozinha e sem ninguém para protegê-la. Eu pensei em nosso filho e sei que faria de tudo para deixá-lo seguro.

Edgar afasta a mão do meu rosto e toca meu ventre com delicadeza. Sinto as lágrimas molharem meu rosto.

— Ei! Não chora. – Ele seca meu rosto com a ponta dos dedos e rio em meio às lágrimas. – Só não faça mais isso, por favor! Nem quero imaginar a possibilidade de perder você e nosso filho.

Edgar me abraça forte e eu me aconchego em seus braços. Eu não gosto de parecer uma garota indefesa, mas tenho que confessar que amo a maneira como ele cuida de mim. Me faz sentir segura.

— Eu te amo. – Ele sussurra enquanto beija meus cabelos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e me deixe saber o que você está achando!



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