Hermanos Continuação escrita por Leh Linhares


Capítulo 11
Vida Normal ou quase




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Pov. Lu

Finalmente recebi alta, e ao contrário do que esperava não estou tão feliz, na verdade estou com bastante medo. Entendam bem saber que não vou estar mais no hospital é ótimo, mas o mundo real me assusta.

Tenho medo dos velhos pensamentos voltarem com mais força e eu acabar tentando isso mais uma vez. Não quero mais morrer, porém não sei quanto tempo isso vai durar, esse é o grande problema da depressão é como se ela estivesse sempre pairando, esperando o melhor momento para voltar com tudo. Parte dos pensamentos ruins seguem aqui, surgem do nada vinda de uma fala aleatória do Valério ou da TV, e é difícil afastá-los, mas tenho conseguido.

E não quero mais permitir que isso aconteça, não estou bem ainda, mas quero acreditar que posso ficar. Ter Valério por perto é sem dúvida um motivo de alegria, Samuel também por incrível que pareça. Não ter meus pais me deixa triste, porém não me surpreende, e isso me deixa mais triste do que tudo. Queria ter tido pais melhores, acho que merecia...

De todo modo, em parte é bom estar longe deles. Deus sabe que eles causaram muitos dos meus problemas e até quando não causaram não lidaram de um jeito positivo. Não os odeio nenhum pouco, porém espero não precisar vê-los nunca mais. Esses poucos dias sem eles foram traumatizantes nos primeiros quinze minutos e aliviantes no resto.

Valério me leva no seu carro para a casa, ele parece feliz, tenta conversar comigo, mas não estou muito disposta e acho que isso deve preocupá-lo, porque Val me questiona em seguida.

— Está tudo bem, Lu?

— Está sim, Val. Só estou um pouco cansada, não dormi bem. – É uma mentira, mas sem dúvida é melhor que a verdade, ele não quer ouvir a verdade ninguém quer.

— Você pode descansar um pouco na casa do Samu se quiser, mas vai precisar me contar a verdade em algum momento. Sei que está mentindo, nunca olha pra mim quando faz isso. – Sorrio não pensei que ele ainda se lembrasse.

— Estou bem, Val. Nada com que se preocupar, nada a mais pelo menos. Só estou pensando, Val. Se for algo que você precise se preocupar vou te dizer. – Falo e não é mentira. Pelo menos não agora, não tenho interesse em abandoná-lo, porém também não quero compartilhar tudo o que penso com ele e honestamente isso não pode ser um problema. Tenho direito a um pouco de privacidade, certo?

— Ok, Lu, mas saiba que estou aqui para o que precisar. Pode me falar qualquer coisa.

— Sei disso, Val. Prometo te dizer se precisar de ajuda, preciso que você confie em mim.

— Eu confio, mas tenho medo. Não quero te perder.

— Você não vai, Val. – Seguro sua mão na marcha e dou um meio sorriso. Me odeio por tê-lo feito passar por isso, se eu pudesse voltar atrás voltaria, mas não posso. Me resta lidar com seu medo.

Chegamos na casa do Samuel e ele nos recebe bem empolgado, nos mostra nosso quarto, eu e Val decidimos ficar juntos pelo menos por enquanto. Como Valério sugeriu fico algumas horas descansando no meu quarto e depois saio, Valério está tomando banho e Samuel está rindo de algum reality show bobo que está assistindo na sala.

— Você assistindo um reality? Essa eu não esperava!

— Fazer o que? Sou surpreendente, às vezes assisto pra passar o tempo. Quer ver? – Ele pergunta apontando o lugar vago do seu lado. Sorrio e me sento ali. Valério demora um pouco para sair do banho e isso permite que conversemos um pouco mais.

— Obrigada de novo, Samuel. Se não fosse você não estaria aqui.– Digo encarando a televisão sem olhar para ele.

— Você já me agradeceu ontem, Lu. Fiz o que qualquer um teria feito... – Fica um silêncio desconfortável por algum tempo até eu quebrá-lo.

— E a Carla, Samu? Como andam as coisas? – Samuel fica vermelho na hora, sem dúvida não esperava por esse assunto.

— Não tem andando. Ela tá saindo com um outro cara.

— Azar o dela. Mas bem você deveria tentar falar com ela de novo, não conheço esse outro cara, mas assim Carla estava claramente envolvida com você.

— Se alguém me dissesse que receberia conselhos de você na minha sala ia dizer que a pessoa estava completamente louca. – Samuel fala rindo e entro na brincadeira.

— Provavelmente em uso de ecstasy ou cocaína... Que bom que as coisas mudam, Samu. Fico feliz de estar aqui... de verdade.

Valério se une a nós e conversamos por algumas horas, vou dormir cedo. Amanhã é minha primeira consulta com a psicóloga, não tenho ideia de como vamos pagar por isso, mas não pergunto muito não é hora de me preocupar com isso.Como Valério mesmo disse devo focar em mim, ainda não estou completamente bem e ele sabe disso.

Mas tem algo que não saí da minha cabeça, não sei porquê tenho a impressão que ele está me escondendo alguma coisa. Deve ser apenas coisa da minha cabeça, mais uma das minhas paranoias com certeza, mesmo querendo perguntar fico quieta, não quero ser injusta, Valério já fez muito por mim e se ele realmente estiver escondendo algo deve ter alguma razão.

 


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