Miraculous - Decisões de um Coração Partido escrita por Lia Araujo


Capítulo 2
Despedida




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POV Adrien

Todo o percusso para casa foi silencioso, minha mãe me abraçou. Como eu senti falta dela, dos abraços, dos carinhos, dos cuidados. Meu pai estava sentado ao lado da minha mãe, ele parecia triste e ao mesmo tempo em paz. Não troquei uma palavra com ele, desde que ele se revelou como Hawk Moth. Quando chegamos na mansão descemos do carro, meu pai me devolveu o celular e minha mãe me acompanhou até o meu quarto, praticamente me joguei na cama e minha mãe se sentou ao meu lado.

— Sinto muito, meu filho - minha mãe falou fazendo carinho no meu cabelo e me permiti relaxar com os carinhos dela

As minhas lagrimas não paravam, descobri que a garota que eu era apaixonado e minha melhor amiga eram a mesma pessoa, apenas para perde-la. Ela se sacrificou por Paris, mas principalmente por mim, para que minha família estivesse completa novamente. Pensei no meu pai, então essa era a dor que ele sentiu quando a mamãe entrou em coma? Agora eu consigo entende-lo um pouco, mas não faria o que ele fez, se eu fizesse certamente a Marinette reprovaria a minha decisão, mas é tentador. Como eu queria que ela estivesse aqui, nem que eu tivesse que ir até a casa dela para vê-la.

Doí saber que não a verei mais na escola, saber que não verei mais a Ladybug, que não veremos mais o por do sol na Torre Eiffel. Será que o Mestre Fu já contou aos pais dela? Tanta coisa ao mesmo tempo.

— Tenta se descansar um pouco - Minha mãe falou e eu assenti

Ela saiu do meu quarto me deixando sozinho. Não tive como me despedir do Plagg, será que ele tá bem? Meu celular tocou, me tirando dos meus pensamentos.

— Oi - falei com a voz embargada

— Adrien? - ouvi a Kagami falar, tinha esquecido totalmente que ia encontra-la - Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, a Mari... ela... - voltei a chorar - Ela se foi, Kagami

— O quê? - ela perguntou surpresa - Não pode ser.

— Eu vi - foi tudo que respondi soluçando

— Onde você está? - ela perguntou

— Em casa - respondi simplesmente

— Estou indo - ela falou e encerrou a ligação

Sentei na cama encostado na cabeceira, vários minutos se passaram, minha mente presa nos últimos momentos com ela, o beijo de despedida. Ela sabia que provavelmente não teria volta, mas mesmo assim ela fez. Ouvi leves batidas na porta, olhei a tempo de vê-la ser aberta pela minha mãe.

— Você tem visitas - ela falou dando espaço

Kagami, Nino e Alya entraram. Kagami parecia conter as lágrimas, Alya parecia estar em choque e Nino deixava algumas lágrimas escorrerem.

— Eu os encontrei saindo da casa da Mari - Kagami falou me olhando

— Diz que é mentira - Alya pediu se aproximando - Por favor.

— Queria muito que fosse, mas ela se foi - falei me levantando, Alya começou a chorar e eu a abracei forte

Não demorou muito pra Nino e Kioko se juntassem e ficamos nós quatro lamentando a perda da nossa amiga. Quando nos soltamos fomos sentar no sofá.

— Como aconteceu? - Nino perguntou tentando acalmar a namorada

— Ela... ela fez por todos nós - falei abaixando o olhar - Era poder demais, até mesmo pra Ladybug.

— O quê? - Alya sussurrou a pergunta

— A Mari era a Ladybug - respondi e Alya ficou surpresa

— Era por isso que a Ladybug confiava na gente - Alya falou olhando o Nino que assentiu

— Como assim? - perguntei olhando-os

— Rena-Rouge e Carapace - Nino respondeu simplesmente

— O que ela fez realmente? - Kyoko perguntou

— O uso errado dos Miraculous do Pavão e da Borboleta de alguma forma desequilibrou o universo e ela deu a vida pra restaurar isso e tirar a minha mãe do coma - respondi secando as lágrimas que não paravam de cair - Ela fundiu os nossos Miraculous e usou o poder

— Os seus? - Alya perguntou

— Eu era o Chat Noir - falei sem ânimo - Eu não consegui impedi-la

— Ela era apaixonada por você - Alya sussurrou encostada no Nino - Mas morria de medo de não ser correspondida.

— Você sabia? - perguntei olhando-o

— Desde o primeiro dia que você pisou na escola - Alya respondeu e deu ar de riso em meio ao choro - Ela sempre escrevia cartas pra você, mas desistia de entregar e eu tentei ajudar.

— Como eu nunca percebi isso? - perguntei a mim mesmo

— Você é meio tapado, cara - Nino falou e apesar da situação Alya e Kyoko sorriram - Só você não percebia.

— Eu tava apaixonado pela Ladybug, por isso não conseguia ver a Mari como mais que uma amiga - respondi e Alya bufou

— Você era apaixonado pela Mari com máscara e ela era apaixonada por você sem máscara - Alya falou e abaixe a cabeça

— Vocês viram como os pais dela estão? - perguntei e Alya assentiu

— Incontroláveis - Nino respondeu - Mas eles disseram que foi um acidente.

— É melhor assim - Kyoko falou - Acredito que a Marinette não iria querer que todos soubessem quem ela era.

— Mas sem a Ladybug, como iremos lidar com os akumas? - Alya perguntou preocupada

— Ela cuidou disso. O Miraculous do Pavão e da Borboleta estão com o Mestre Fu, assim como o do Chat Noir e o dela - respondi simplesmente

— Ela conseguiu derrotar o Hawk Moth e a Mayura? - Alya perguntou surpresa

— De certa forma - falei sem ânimo

— Vou sentir falta dela - Kyoko falou e vi uma lágrima escorrer - Ela foi a minha primeira amiga.

— Todos nós sentiremos falta dela - falei com pesar - Ela era uma pessoa especial.

— Sempre colocou os outros a frente de si mesma - Alya falou com um sorriso triste

— Enfrentando os problemas de frente - Nino falou fazendo carinho na namorada

— Ela era a Ladybug com e sem máscara - falei olhando a janela e fechei os olhos lembrando das minhas provocações com a Ladybug, não consegui conter o soluço e as lágrimas

Senti a Alya apoiar a cabeça no meu ombro chorando, Kyoko tocar meu ombro se permitindo chorar também e Nino se juntou a nós.

Passamos um bom tempo ali nos permitindo chorar na tentativa de aliviar a tristeza. Quando anoiteceu eles saíram e voltei para cama, a porta foi aberta e meu pai entrou.

— Vim te chamar pra jantar - ele falou se aproximando

— Estou sem fome - falei olhando na direção da janela

— Adrien - ele falou se sentando na cama - Eu lamento pela morte da Ladybug. Eu nunca quis que isso acontecesse.

— Então não pedisse pra ela fazer aquilo - falei com raiva

— Eu não pedi - meu pai falou e eu o olhei - Só falei que tudo que fiz foi pela minha família e queria os Miraculous pra salvar sua mãe. Pedi os Miraculous, mas ela não me entregou, disse que como usei o da borboleta de forma errada, poderia destruir mais do que salvar se usasse.

— Então pra garanti que tudo não se destruísse ela preferiu fazer - falei e ele assentiu

— Sinto muito por não ter tido mais tempo com ela - ele falou me olhando - Espero que um dia possa me perdoar

— Sei como doi perder a pessoa que ama - falei encostando a cabeça na cabeceira - Tô passando por isso agora. Então entendo como se sentiu quando a mamãe ficou em coma.

— Amava a Marinette? - meu pai perguntou e eu assenti - Sinto muito, Meu filho.

— Eu também - falei simplesmente

— Vou pedir pra te servirem um suco - meu pai falou me olhando e assenti

Ele saiu me deixando sozinho novamente, me deitei, logo fui consumido pelo cansaço e adormeci.

Na manhã seguinte, acordei me sentindo fraco, me levantei para ir ao banheiro, fiz minha higiene e sai do quarto. Desci as escadas, fui em direção a sala de jantar e me surpreendi ao ver a mesa posta, meu pai e minha mãe estavam tomando café.

— Bom dia, meu menino - minha mãe falou sorrindo pra mim e a abracei

— Bom dia, mãe - sussurrei e ela deu um beijo em meu rosto

Como era bom tê-la aqui novamente, sentia falta da vida que ela trazia pra essa casa.

— Bom dia, Adrien - meu pai falou me olhando

— Bom dia - falei me sentando na cadeira ao lado da minha mãe

— Pedi pra Natalie ligar pra família Dupain - ele falou chamando minha atenção - O enterro será essa tarde.

— Vou avisar pra Alya e pro Nino - falei simplesmente

— Nós iremos prestar nossas condolências à família - minha mãe falou segurando a mão do meu pai que assentiu - Seu pai me contou que só estou aqui graças a ela.

— Ela me devolveu você - falei baixo - Não teria palavras pra agradecer a ela.

Minha mãe segurou a minha mão, notei meu pai dar um discreto sorriso, eu tinha a minha família de volta, não posso deixar que o sacrifício dela tenha sido em vão, tenho que aproveitar essa chance de ser feliz, por ela.

Depois do café, avisei a Kagami, Alya e Nino o horário do enterro. Meia hora antes, minha mãe, meu pai e eu entramos no carro e Gorila nos levou para o cemitério. O caixão fechado sendo carregado pelos funcionários da funerária, se aproximaram da lápide, os pais da Marinette não conseguiram falar nada, apenas assentiram, o caixão foi baixado e coberto pela areia. Minhas lágrimas caiam grossas e pesadas.

Quando terminaram de enterrar, todos foram falar com o senhor e a senhora Dupain-Cheng. Meus pais se aproximaram dando os pêsames pela perda. Todos começaram a sair do cemitério, mas não me movi.

— Vamos pra casa? - meu pai perguntou

— Eu vou daqui a pouco - respondi olhando-o - Quero ficar um pouco sozinho

Meu pai olhou para a minha mãe que assentiu.

— Tudo bem, meu filho - meu pai respondeu - Estaremos te esperando no carro.

Quando tive certeza de que estava sozinho me aproximei da lápide.

— Me perdoa, My Lady - falei olhando a foto na lápide - Se eu não tivesse tão obcecado pela sua versão mascarada, as coisas poderiam ter sido diferentes, poderíamos ter sido muito felizes no tempo que esteve aqui, mas não quero apenas lamentar, quero te agradecer. Você me deu mais uma oportunidade de ser feliz, devolveu a minha família, palavras não são suficientes para te agradecer, princesa. Você deixou um mundo um pouco melhor pra viver, mas pra mim ele estaria perfeito se estivesse aqui comigo. Você foi e sempre será meu primeiro amor, minha melhor amiga, minha companheira, minha aliada, minha Lady.

Deixei que mais alguma lágrimas caíssem quando toque a fria pedra de mármore da lápide.

— Eu te amo, Princesa - falei começando a me afastar ainda olhando a lápide - Nunca vou te esquecer, meu Amor.

Após dizer essas palavras caminhei em direção a entrada do cemitério, segui em direção ao carro.

— Como você está, Adrien? - meu pai perguntou me olhando

— Eu irei ficar bem - respondi olhando-o - Por ela. É o que ela iria querer.

Meu pai assentiu e tocou o meu ombro em sinal de apoio. Retornamos para casa e fui para o meu quarto. Queria dormir um pouco, me deitei na cama e olhei em volta no meu quarto. Aqui fica tão vazio sem o Plagg, sinto falta até do mal humor dele, dos resmungos, do jeito irritante e da obsessão por queijos fedorentos. Ele era um bom amigo, apesar de tudo, sempre esteve do meu lado, em todos os momentos. Acabei adormecendo depois de algum tempo.

Quando acordei, já era umas 9h, a escola havia cancelado as aulas essa semana devido a morte da Marinette, fui ao banheiro, fiz minha higiene e quando estava saindo a porta foi aberta pela Natalie que trazia uma bandeja.

— Bom dia, Adrien - ela falou me olhando

— Bom dia, Natalie - respondi me aproximando.

— A senhora Agreste pediu que trouxesse seu café - Natalie falou colocando a bandeja sobre a cama

— Obrigado - falei simplesmente e ela assentiu se retirando

Sentei a cama e comecei a comer, peguei meu celular e comecei a mexer para distrair a mente. Recebi uma notificação do Ladyblog e abri, era um texto em homenagem a Ladybug, agradecendo pelo sacrifício. Em cada palavra lida era notável a sinceridade e o carinho delas, Alya com certeza se superou, tenho certeza que Marinette se emocionaria com essas palavras.

Em outro site, havia a nota oficial da prefeitura que dizia, que uma estátua da Ladybug será colocada no parque como um símbolo de gratidão e um um lembrete de que jamais a esqueceríamos todo o bem que ela fez a Paris.

Passei a olhar as fotos da Ladybug e da Marinette que eu tinha no celular. Ela era única, era doce, carinhosa, dedicada, inteligente, protetora, corajosa, ela era perfeita.

— Acho que nunca irei encontrar alguém como você, Princesa - falei vendo uma foto que ela sorria - Mas tentarei seguir em frente, ser feliz como me pediu.

Depois de mais alguns minutos, terminei de comer e desci com a bandeja deixando na mesa de jantar, algum funcionário da casa iria passar ali e pegar em algum momento, decidi caminhar um pouco pelo Jardim.

Depois de alguns minutos vejo minha mãe sentada em um dos bancos lendo um livro.

— Bom dia, mãe - falei me aproximando e ela levantou os olhos do livro e sorriu

— Bom dia, meu filho - Ela falou fechando o livro - Como você está?

— Vou sobreviver - respondi me sentando ao lado dela

— Gostava muito dela, não é? - ela perguntou e eu assenti

— Desde a primeira vez que a vi - falei e ela me abraçou

— Vai ficar tudo bem - minha mãe falou com carinho

— Posso ir na casa dos pais dela? - perguntei olhando-a

— Tem certeza de que quer fazer isso? - ela perguntou incerta

— Tenho - falei e minha mãe assentiu

— Tudo bem - ela falou com um sorriso discreto

Fiquei um bom tempo ali com a minha mãe, desfrutando do último presente da Mari.

— Senti sua falta - sussurrei e ela sorriu

— Sinto muito, querido - ela falou fazendo carinho no meu cabelo - Prometo que de agora em diante estarei sempre ao seu lado e nada vai me tirar de perto de você.

Ela me abraçou forte e eu retribui. Antes do almoço, mandei uma mensagem para Alya pedindo pra que ela me acompanhasse até a casa dos pais da Marinette. Ela confirmou e marcamos de ir no meio da tarde. No horário marcado nos encontramos na praça e fomos caminhando até lá, a padaria estava fechada e tocamos a campainha, a senhora Dupain-Cheng abriu, ela estava visualmente abatida, assim como a senhor Dupain.

— Oi crianças - Ela falou com um sorriso triste

— Desculpe o incômodo, mas poderíamos entrar? - perguntei olhando-a

— Claro, fiquem a vontade - ela deu espaço e entramos

— Oi senhor Dupain - Alya falou e foi abraça-lo

— Oi Alya - ele falou a abraçando de volta - Como vai?

— Bem, na medida do possível - Ela respondeu e ele assentiu

— Ela faz muita falta - O senhor Dupai  falou e a esposa se aproximou - Ela era tudo que mais amávamos.

— Compreendo essa dor - falei e eles me olharam

— Minha filha gostava muito de você - a senhora Dupain-Cheng falou

— Lembro que ela ficava vermelha só de falar sobre você - O senhor Dupain falou com ar de riso - Ou ficava com um olhar todo apaixonado vendo alguma foto sua.

— Também gostava muito dela - falei olhando-os - Mas fui tapado demais pra não perceber isso antes

— Acho que ela também não teve chance de se abrir com você - a senhora Dupain-Cheng falou

— Podemos ir até o quarto dela? - Alya pediu olhando-os

— Fiquem a vontade - o senhor Dupain permitiu e subimos

Entrei no quarto seguindo a Alya. Ela foi em direção ao guarda roupa e eu me aproximei do mural de fotos dela, havia muitas fotos dela com os amigos, assim como várias fotos minhas, na mesa tinha vários desenhos alguns esboços de peças, alguns concluídos e outros não, desenhos que jamais seria finalizado.

— Acho que isso pertence a você - Alya falou com uma caixinha de madeira nas mãos.

— O que é isso? - falei pegando

— Todas as cartas e poemas que ela nunca teve coragem de entregar - Alya respondeu se sentando no divã

Me sentei na cama dela, abri a caixa e comecei a ler cada uma das cartas, ela se declarava pra mim em várias delas, mas também falava das inseguranças dela em relação a mim por não se achar suficiente.

— Eu que não seria suficiente para ela - murmurei de deixei uma lágrima escorrer

— Ela ficaria feliz em saber que você também gostava dela - Alya falou se sentando ao meu lado na cama.

Corri meus olhos pelo quarto e vi em um canto alguns bonecos de pano, havia um da Ladybug, do Chat Noir, LadyWifi, Ilustrador do Mal, Rena Rouge e Carapace. Me aproximei dos bonecos e peguei o da Ladybug, fiquei olhando e acabei abraçando a boneca.

— Ela adorava fazer esses brinquedos para distrair a Manon - a senhora Dupain-Cheng falou entrando no quarto - Podem levar como recordação, se quiserem.

— Obrigado, senhora Dupain-Cheng - falei olhando-a

— Tem algumas cartas da Mari pro Adrien, a senhora se importa se... - Alya nem precisou terminar a frase

— Se as cartas tem destinatário, elas possuem um dono - ela falou dando um sorriso triste.

Escolhi os bonecos da Ladybug e do Chat Noir e as cartas, Alya o da Rena Rouge e do Carapace

— Vou entregar esse pro Nino - Ela falou olhando os bonecos

Alya e eu descemos e ficamos mais um bom tempo conversando com os pais da Marinette. No final da tarde, nos despedimos e voltamos para nossas respectivas casas.


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