Isso era algo inimaginável para o próprio Richard, o cara que apesar da boa postura em sala de aula e os olhos atentos ao quadro, estava se imaginando em um algodão doce gigante, resumidamente, sua criatividade era um de seus pontos fortes, dando ênfase no um. Ele jamais imaginou alguém lhe pedindo uma troca de favores, jamais imaginou que Bryan Williams fosse tão audacioso, jamais imaginou que estaria em frente á uma casa mais chique do que a sua, e ele sentia que tinha muito mais coisa por trás.

  Richard aceitou o acordo sem pensar muito, estava tecnicamente boiando, simples assim. Depois da aula, Bryan veio para o seu lado, sua postura ereta e aquele suéter duas letras maior do seu próprio tamanho. Aquela dupla foi alvo de muitos cochichos.

— Ok brother, para onde vamos agora? – Perguntou Richard depois de alguns passos.

— Para minha casa.

E a conversa acabou ali.

Voltando para o primeiro paragrafo, Richard nunca imaginou que teria uma casa mais chique do que a sua na cidade, mas tecnicamente falando, sua casa ainda era, pois Bryan morava longe pra caramba, quase fora da cidade.

—Porra, por que você não usa o ônibus? – Mal apreciou a casa e Richard se sentou/jogou no meio-fio e suspirou de cansaço.

— Eu gosto de caminhar, então eu nunca o peguei antes. – Bryan fala e logo depois se aproxima do portão, digitando números em um cadeado digital.

— Nem para ir para escola?

— Eu chego à escola antes dele, não vale a pena.

O ônibus passa por volta da 6:30 da manha por essa casa, então que horas esse maluco sai de casa? Pensou Richard. Olhando de relance para Bryan, percebeu que seus olhos castanhos agora refletiam a luz do sol com um tom esverdeado, uma coisa que Richard achou incrivelmente lindo, não era um verde de tom claro, parecia que tinha um mar vivo de cor esverdeada dentro daqueles olhos, algo que Richard achou magnifico.

— Magnifico... – Ele acabou falando em voz alta seu ultimo pensamento.

— Eu sei, minha mãe realmente se esforçou por mim, não? – Bryan disse, surpreendendo Richard que quase babou, mas só depois percebeu que Bryan olhava em direção á casa, então ele estava falando da casa...Ufa. – Vai entrar ou continuar babando? Temos um longo capitulo para resumir.

— Ah, sim! – Sentindo uma terrível dor nas pernas, Richard se levanta e entra pelo portão de Bryan.

O que se podia ver por fora daqueles muros enormes não chegava nem perto da beleza que havia por dentro. Os jardins, as fontes, tudo era incrivelmente belo.... Eles conversavam enquanto caminhavam numa trilha de pedras que ia do portão até a porta de entrada.

— Minha mãe é arquiteta, ela que fez as plantas dessa casa. – Bryan disse antecedendo a pergunta.

— Ela realmente sabe o que faz, olha essas arvores, essas flores, tudo combina, a casa....wow...tudo incrivelmente tradicional e belo.... – Richard se sentiu como uma criança na Disney.

— Sim, ela é uma incrível mulher, e uma incrível... Mãe... – Bryan deu certa pausa na frase, fazendo Richard se sentir um pouco culpado.

— Se não quiser me responder, não tem problema, mas o que aconteceu com ela? – Richard olhou no fundo dos olhos de Bryan, percebendo que eles brilhavam por causa das lagrimas que estava prestes a cair em seu rosto.

— O que aconteceu com ela? O que aconteceu comigo... – Bryan se ajoelha no chão, lagrimas caiam, mas nenhum som á mais vinha dele.

— Cara, sei que pode ser difícil, mas agora eu estou aqui, não se preocupe. – Richard se ajoelhou na frente de Bryan e o abraçou, sendo contribuído logo depois com um abraço forte.

Eu não posso entende-lo, minha mãe ainda está lá em casa, colocando meus videogames em seu quarto, Bryan não teve a chance de experimentar algo como amor adolescente com mãe- Seu pensamento foi interrompido pelo chamar de uma voz calma e solene.

— Bryan? O que raios voce esta fazendo ai? – Uma mulher muito bem vestida e arrumada passa pelo portão da casa de Bryan. Ela vestia uma calça preta um pouco apertada, uma camiseta branca bem passada e por cima um jaleco estilo detetive.

 Bryan rapidamente enxuga seu rosto e se levanta, seu rosto voltando ao normal rapidamente, como se não conhecesse o significado de tristeza. Olhando para trás, deu a mulher um belo sorriso.

 - Bom dia, mãe. Como foi o serviço?

 - Sua mãe não havia morrido? – Richard pergunta extasiado e rapidamente se levanta.

— Eu virei seu Deus agora Bryan? Eu estou bem viva, rapaz, como pode ver. – A mãe de Bryan caminha com passos firmes sobre o salto até eles. – Veio fazer o trabalho escolar? – Ela lhe deu um sorriso amistoso, se é que um sorriso com olhos fechados e os lábios de uma orelha á outra possa ser chamado de amistoso.

 - Ele começou a conversar comigo esses dias, dai me seguiu até em casa hoje, dizendo que queria ver onde eu morava.

Mentira.

Lógico, Richard não se arrependia nem um pouco de ter vindo, a mãe de Bryan parecia divertida, Bryan era muito mais do que ele esperava, e conhecer lugares tradicionais assim não era de todo ruim, mas ainda sim se perguntava o que foi toda aquela encenação de Bryan agora a pouco, mas se havia um motivo para aquilo tudo, tinha.

— E o que foi aquilo de agora pouco? – Ela pergunta, suas sobrancelhas franzidas eram exatamente igual ás de Bryan, só que mais claras.

— Coisa de Brothers, tia. – Richard se sentiu rapidamente intimo daquela mulher, sua postura mais confiante que a sua o fazia querer segui-la, fazendo Richard sentir-se um simples Ômega, e ela a Alfa pura. 

— Hm... Hahaha. – Ela de repente começa a rir. – Gostei de você, sinta-se em casa. – Ela bate de leve no ombro de Richard e se afasta, caminhando pelas pedras até dentro de casa.

— Então... – Richard estava preste a perguntar o motivo das lágrimas exageradas, mas Bryan o interrompeu.

— Depois explico. Você avisou sua mãe que viria aqui? – Bryan começa a caminhar lentamente pelo caminho de pedras.

— Sim, tenho que estar em casa antes das 17h.

— Ok. Está com fome? O almoço já deve estar pronto.

Richard só agora percebeu que estava com o estomago vazio, suas lombrigas já haviam começado a brigar entre si.

— Sim...

Richard também percebeu que Bryan é bastante educado, carregando as duas bolsas escada acima até seu quarto, oferendo várias coisas á Richard, sempre mantendo conversa com ele, Richard se sentia mimado e feliz.