Pouco Além 2 - Harry Potter: The New Marauders escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 5
No Expresso de Hogwarts - parte 2




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                        Após quase meia hora andando, eles avistaram uma cabine vazia. Mas, quando estavam prestes a entrar, dois garotos apareceram no corredor, aparentemente também buscando uma cabine, levando seus malões.

                        O que vinha na frente era da mesma altura que Matt, um pouco mais baixo que Guga. Tinha a pele morena e o cabelo, negro, era curto e liso; tinha uma expressão séria como à de Matt, mas os braços à mostra (pois usava camiseta de trouxa com manga curta) eram grossos e fortes. O outro também era moreno e da mesma altura, mas era um pouco mais gordo e tinha uma expressão divertida no rosto, bem parecida com a de Guga. Era como se os dois Weasley tivessem encontrado seus correspondentes de cor negra.

                        Os dois garotos vinham rindo quando entraram no corredor, mas pararam de rir quando viram Matt e Guga. O mais gordo olhou para a cabine vazia e depois para a dupla de ruivos, e pareceu ligeiramente encabulado. O mais magro não corou, mas também ficou estranhamente sério. Os dois pareciam procurar algo para dizer; Matt, querendo deixar tudo resolvido, disse:

— Olha, eu acho que tem espaço pra todos nós aí dentro.

                        Os dois garotos morenos encararam os ruivos, e assentiram silenciosamente. Matt abriu a porta e fez sinal para eles passarem, em parte porque não via modos de como ele e Guga poderiam disputar a cabine pela força contra o garoto magro.

                        Em silêncio os quatro garotos entraram, guardaram as malas e se sentaram; Matt e Guga num dos dois bancos e os garotos morenos no outro. Guga sentou-se defronte ao garoto gordo, e Matt sentou-se defronte ao garoto magro. Eles ficaram se encarando, em silêncio, por alguns instantes, até que Matt, outra vez, quebrou o silêncio.

— Ah, desculpem, meu nome é Matt Weasley.

— Sou Guga Weasley.

                        Os dois garotos arregalaram os olhos para os Weasley.

— Weasley? – indagou o garoto magro, falando pela primeira vez (Matt reparou que a voz dele era muito parecida com a sua). – Quer dizer... Vocês são parentes de Rony Weasley?

— Ah, somos, ele é nosso tio – disse Guga, sorrindo levemente.

— Incrível... – disse o garoto gordo, fascinado (a voz dele era aguda como a de Guga). – Digo, ele sempre está no jornal, com a esposa e com Harry Potter... Também é tio de vocês?

— Claro – respondeu Matt. – É casado com a minha tia, Gina Weasley, que foi jogadora do Holyhead Harpies e que agora tem uma coluna no Profeta Diário.

— Já ouvi falar dela e da coluna – disse o garoto magro. – Sempre leio quando tenho tempo. Nosso pai trabalhou com seus tios, aliás, meu nome é Thiago Felton.

— E meu nome é Beto Felton – disse o garoto gordo.

— Filhos de Eriberto Felton, auror – informou Thiago. – Mas podem chamar meu irmão de Betinho...

— Não me chame de Betinho, é Beto – insistiu seu irmão. – É mais macho.

— Tanto faz – retrucou Thiago rindo. – É só porque ele tem o mesmo nome do nosso pai, por isso que é Eriberto Felton Junior, depois virou Betinho e agora...

— O que você quis dizer com “trabalhou”? – indagou Matt. – Nossos tios ainda são aurores, que eu saiba.

— São? – indagou Thiago, parecendo surpreso. – Engraçado, meu pai diz que não os vê mais no departamento há anos, disse que foram transferidos...

— Que estranho – disse Guga. – Bom, não vamos encher nossas cabeças com isso agora, podemos averiguar isso no Natal.

— Não sabem o quanto esperamos para ir para Hogwarts – disse Thiago. – Somos mestiços; nossa mãe é trouxa e insistiu que fossemos educados como trouxas até os 11 anos, mesmo quando aconteciam coisinhas estranhas conosco, como ficar flutuando alguns centímetros sobre o chão...

— Meu pai tinha que ir na direção inventar as maiores desculpas – disse Betinho. – Se a diretora não se convencesse, ele a confundia com um feitiço, ou alterava a memória dela.

— Que máximo! – exclamou Guga, maravilhado.

— Mas não pensem que era legal – continuou Thiago. – Esses trouxas até inventam coisinhas legais, mas a maioria das matérias da escola eram muito chatas. Papai nos tranquilizou durante esses anos dizendo que em Hogwarts iríamos aprender muitas coisas legais que compensariam, como fazer poções, aprender feitiços e conhecer criaturas fantásticas.

— Nós também ficamos ansiosos para ir para Hogwarts, só que por outro motivo – disse Matt. – Temos vários primos, sabe...

— Vocês são irmãos? – perguntou Betinho de supetão.

— Ah, não – disse Guga. – Primos. Meu pai é irmão do pai dele, Bill e Charlie/ Carlinhos Weasley. Eles são irmãos de Rony e Gina Weasley, e também tem outros dois irmãos.

— Em todo o caso – continuou Matt -, podem imaginar como é chato ver seus primos e primas indo para a escola e você ficar esperando os seus 11 anos roendo as unhas pra se juntar a eles..., mas nós queremos mais, queremos ser conhecidos, não queremos a sombra dos nossos pais, tios e primos...

— Queremos que as pessoas se lembrem dos nossos nomes – disse Guga com um brilho nos olhos.

                        Os irmãos Felton olharam impressionados para os Weasley.

— Mas não precisam ter medo de nós – disse Matt, fingindo preocupação.

— Não se preocupe, não estamos – disse Beto, e Matt riu.

— Mas a coisa se resume no seguinte – disse Guga. – Queremos aprontar.

— Nosso tio Jorge tem uma loja de logros, a Gemialidades Weasley – começou Matt, mas Thiago o interrompeu.

— A Gemialidades Weasley? Aquela loja é o máximo, fomos lá nesse verão, mas nosso pai não quer a gente aprontando, então só deixou a gente comprar um saco de Bombas de Bosta...

— Que é isso! – exclamou Guga, pasmo. – Esperem até chegarmos na escola; vamos mostrar a vocês o arsenal que adquirimos lá, vocês irão adorar.

— Podemos fazer uma sociedade – disse Matt. – Sabe, de criadores de caso, meu tio Jorge tinha uma quando estava na escola.

                        Os Felton e os Weasley se entreolharam, pensativos.

— Acho que isso esclarece tudo – disse Guga. – Topam?

— Claro – disse Thiago, apertando a mão de Matt enquanto Guga cumprimentava Beto.

— Mais tarde nós pensaremos num nome – disse Guga. – Estou com fome agora...

— Não é pra menos, já é quase meio-dia – disse Thiago olhando o relógio no braço.

— Tenho uns sanduíches que a minha mãe fez – disse Matt, metendo a mão no bolso e tirando um saco de sanduíches.

— A vovó fez pra mim também – disse Guga tirando os seus – mas não estou com vontade de comê-los, não gosto muito... – ele notou as caras tristonhas de Beto e Thiago. – Vocês querem? Posso pegar um pedaço dos do Matt.

                        Ele entregou os sanduíches para Thiago e Beto; porém, eles mal haviam desembrulhado quando uma mulher com rosto de covinhas parou à porta, conduzindo um carrinho com lanches.

— Querem alguma coisa, queridos? – perguntou gentilmente.

                        Os Felton recusaram, mas Matt e Guga meteram as mãos nos bolsos e tiraram suas carteiras. Compraram quatro varinhas de alcaçuz, quatro caldeirões de chocolate, quatro tortinhas de abóbora, quatro chicles de bola, quatro sapos de chocolate e quatro pacotes de feijõezinhos de todos os sabores; Matt e Guga dividiram tudo com Thiago e Beto, e os sanduíches ficaram de lado.

                        Eles ficaram comendo por um tempo, animados, pensando em nomes para sua sociedade, mas sem encontrar um que lhes satisfizesse. O trem agora passava por campos verdejantes, e a tarde avançava. Tanto os Weasley quanto os Felton pareciam felizes por terem feito amizades logo no trem. Já tinha comido quase tudo quando Guga falou para Matt.

— Ei, Matt, por que não compra mais caldeirões de chocolate? Estavam ótimos, esses que a gente comeu, e acabei de ver a mulher do carrinho passar por aí.

— Está bem – disse Matt. – Dois com meu dinheiro e dois com o seu, fechado?

                        Guga fingiu irritação, mas passou o ouro ao primo. Matt abriu a porta da cabine e olhou para os lados à procura da mulher com o carrinho. Localizou-a quase no fim do corredor, à direita, atendendo uma garota, de costas para Matt.

                        Matt foi andando em direção ao carrinho. Quando estava a poucos passos, a garota recebeu o troco da mulher e virou-se, de modo que Matt viu o rosto dela pela primeira vez.

                        A garota tinha uma pele excessivamente clara, mas tinha um rosto bonito que pareceu a Matt esculpido por anjos. Os olhos dela eram castanhos, claros, diferentes dos escuros de Matt, e era um pouco mais baixa do que ele. Quando viu Matt, a garota hesitou um instante e corou, mas em seguida deu uma risadinha e passou por ele encostando de leve no braço dele.

                        Matt ficou ali, parado, aturdido e encantado com o que acabara de ver. A mulher do carrinho notou o garoto, que olhava fixamente o chão, e disse:

— Vai querer alguma coisa, filhinho?

— Quê, ah, sim – respondeu Matt, ainda meio desconcertado. – Quatro caldeirões, por favor.

                        Matt voltou à cabine com os quatro caldeirões, e entregou cada um aos amigos. Todos comiam animados, menos Matt, que segurava seu chocolate, olhando fixamente o chão.

— Que houve, Matt? – perguntou Guga, percebendo a cara estranha do primo. – Está bem? Parece que viu um fantasma...

— Fantasma, não, parecia mais um anjinho – murmurou Matt, e contou aos amigos o que vira.

                        Guga escutou silenciosamente, mas quando Matt terminou de falar, abriu um largo sorriso.

— Ado, ado, ado, Matt está apaixonado – cantarolou ele, e Thiago e Betinho riram.

— Ah, cala a boca – disse Matt, fechando a cara para o primo e comendo enraivecido o chocolate.

                        A tarde caía lá fora. Um monitor passou pela cabine instruindo os garotos a vestirem logo as vestes da escola. Os garotos abriram os malões e trocaram as roupas de trouxa pelas vestes pretas. Sentaram-se novamente, esperando o trem parar.

— Meu pai disse que seremos divididos em Casas – disse Thiago.

— É, já sabemos – disse Guga.

— Tomara que fiquemos na mesma Casa – disse Matt, e os Felton concordaram.

— Em qual Casa vocês preferem ficar? – perguntou Beto.

— Ah, nossa família inteira foi da Grifinória – disse Matt. – E me parece a melhor Casa.

— Nosso pai também era de lá – disse Thiago. – Só queria saber como eles fazem para dividir os alunos.

— Parece que há um tipo de teste – disse Guga.

— Teste? – disse Beto, parecendo preocupado.

— Não sei ao certo – disse Guga.

                        O trem foi parando rapidamente, ao mesmo tempo em que a noite caía. O monitor voltou a aparecer, dizendo aos garotos para deixarem sua bagagem no trem, pois seria levada para a escola. Em seguida disse aos garotos para o seguirem.

                        Os monitores abriram as portas do trem para os novatos, que desembarcaram numa estação em meio às matas. Enquanto os novatos olhavam ao seu redor, uma voz grave chamou:

— Alunos do primeiro ano aqui, por favor!

                        Matt, Guga, Thiago, Betinho e os outros alunos novos se viraram. Um homem de mais de dois metros de altura com uma barba desgrenhada que lhe cobria parte do rosto e do peito, com cabelos negros enormes, segurava uma lanterna e vinha na direção deles, acompanhado de um cão cinzento enorme.

                        Guga e Matt já conheciam aquele rosto; era Rúbeo Hagrid, meio-gigante que sempre aparecia nas festas de aniversário dos membros da família Weasley, se embebedava e contava histórias sobre seu trabalho de guarda-caça em Hogwarts, muitas vezes lembrando das aventuras de Harry, Rony e Hermione. Os garotos Weasley se adiantaram e disseram:

— Oi, Hagrid!

— Lembra de nós?

                        Hagrid apertou os olhos para vê-los; quando os reconheceu, abriu um largo sorriso.

— Ora, é claro, não é, o Matt e o Guga, pestinhas dos Weasley... Brincadeirinha – apressou-se ele a dizer, quando os dois ruivos deram sorrisinhos desconfiados. – Só espero que não sigam os passos dos seus tios no mal sentido, sabem como eles eram...

                        Guga e Matt forçaram risadas. Thiago e Beto, assim como os demais novatos, estavam impressionados com o físico de Hagrid. Este se voltou para olhar os alunos novos.

— Muito bem, alunos novos, por favor, me sigam – disse ele, e virou-se, levando os alunos a uma estradinha. A estradinha dava para um enorme lago escuro; ao longe, eles viam um penhasco com um castelo imenso, cheio de torres. – Meu nome é Rúbeo Hagrid, sou o guarda-caça de Hogwarts, e vou levá-los à escola, passando pelo lago.

                        Ele indicou uma flotilha de barquinhos à margem do lago. Matt, Guga, Beto e Thiago acomodaram-se num dos barcos; Hagrid foi na frente com seu barco exclusivo, e outros nove barquinhos, cada um com quatro alunos, o seguiram pelas águas do lago.

                        Rapidamente, os barquinhos foram atracando numa espécie de cais. Hagrid abriu as portas do castelo e deixou os alunos defronte a uma escadaria de mármore.

— Subam – disse ele, acenando para Matt e Guga ao passarem. – Quando virem as portas grandes, parem e esperem.

                        Os alunos subiram as escadas, alguns comentando sobre a viagem no trem, nos barcos, e como seria a abertura do ano letivo. No topo da escada eles depararam com um saguão largo e amplo, com duas portas enormes de mármore à frente deles.

— É isso aí, né? – comentou Matt com Guga, que assentiu sorrindo. Matt virou-se e sorriu para Thiago e Beto atrás deles. Matt voltou-se para falar com Guga, mas o primo estava com os olhos fixos à frente, para as portas enormes, que se abriram ruidosamente.

                        Matt olhou para frente. As portas de mármore haviam se aberto e estavam se fechando; uma mulher de vestes pretas saíra por elas.

                        Matt e Guga arregalaram os olhos. Não havia como confundir aqueles cabelos castanhos um tanto lanzudos, mesmo estando presos num pequeno coque, nem os olhos castanhos profundos nem aquele rosto severo e rigoroso que eles sabiam que somente Hermione Granger Weasley possuía.


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