Remember This escrita por Foreign Fox


Capítulo 11
Flashback




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— Emma!!!!!

O grito desesperado de Yuri Nishikawa e o som de um corpo caindo no lago coexistia pela eternidade nos pesadelos de Emma. Mesmo agora, após um ano desde que caiu da canoa e se afogou em Incheon, Emma delirava durante todas as noites. Em suas lembranças, Emma se encontrava imersa, debatendo-se constantemente em direção a superfície. 

"Eu quero respirar, eu odeio essa noite

Eu quero acordar, eu odeio este sonho

Estou preso dentro de mim, estou morrendo..."

"Não me deixe morrer, por favor", Emma implorou em seus pensamentos, para Deus ou qualquer força maior que a estivesse escutando. 

Porém, por mais que rezasse ou lutasse contra o peso de seu próprio corpo, Emma nunca conseguira subir. Era como se alguém ou algo, além da gravidade, a puxasse pelos pés; assim como duas mãos geladas, galhos, ou até mesmo uma corrente. 

Emma nunca soube distinguir, já que, em seus tormentos, toda vez que olhava para baixo o que enxergava era apenas uma imensurável escuridão. 

Naquela vez, no entanto, algo mudou. Em meio ao breu e toda aquela massa liquida que a engolia aos poucos, uma melodia abafada das teclas de um piano alcançaram seus ouvidos e, ao seu lado esquerdo, Emma pode ver um rosto entre os raios solares que penetravam a água.

"Você é a luz dentro dessa imensa escuridão,

Estenda a sua mão, e Me salve, Me salve.

Preciso do seu amor antes que eu caia."

Com os pulmões encharcados, Emma deu o último grito; (ou tentou), a água entrando com abundância pelas suas narinas e traqueia. Sabendo que seu fim estava cada vez mais próximo, Emma procurou pelo rosto do homem por quem era apaixonada, queria vê-lo por uma ultima vez...

Mas ela não o encontrou.

 Não, não, não, não, não, não!!!

— Emma?

— Me salve, por favor!

— Emma?!

— Yuri???... Pai?... Pai?!!

— Emma?!! – Emma sentiu duas mãos frias segurando seus braços e debateu-se contra elas. 

— Me solte, Socorro!!

— Emma, é um pesadelo, acorde! 

Emma abriu os olhos de repente e deparou com aquele mesmo rosto que vira em seu pesadelo, segurando-a firme pelos ombros. Os olhos de Emma estavam dilatados de pavor, o corpo trêmulo e a respiração desconcertada, como se estivesse recuperando o folego após ter corrido uma maratona de três quilômetros. 

Yoongi ainda estava paralisado em frente a ela, o olhar travado em sua expressão atormentada. 

— Yoongi? – a voz de Emma falhou quando ela virou a cabeça para olhar o espaço. Reconheceu as cortinas cinzas, o computador, alguns equipamentos de som, o sofá de couro preto e, por último, o teclado digital. Eles estavam no estúdio. 

— Você está bem? – Yoongi quis saber, estudando-a com um olhar preocupado. — Você estava gritando e parecia não conseguir respirar. Pensei que estivesse passando mal. Eu já estava pensando em te levar para um hospital.

Emma mordeu o lábio e focou toda a sua atenção em um copo com resto de coca-cola.

— Estou bem. Me desculpe por isso.

Yoongi ficou em silêncio por um momento, lembrando-se da vez em que Jungkook jogou-a na piscina, em Tongyeong. A reação fora a mesma.

— Isso sempre acontece? 

Emma endireitou os ombros e forçou um sorriso para dar mais credibilidade a sua mentira.

— Não, foi a primeira vez.

Não muito convencido, o olhar de Yoongi desceu para as mãos dela. Emma mantinha os dedos entrelaçados sob as coxas inquietas.

Sentindo-se nervosa de repente, ela ficou em pé. Atrapalhou-se um pouco quando moveu-se até a mesinha de centro, trupicando na ponta do tapete. Tentando disfarçar seu nervosismo, perguntou:

— Você está com fome?

Yoongi negou com a cabeça e olhou-a de onde estava, como se estivesse avaliando-a.

— Devo continuar a praticar? – perguntou ela, sentando-se de frente para o teclado. Posicionou seus dedos finos sob as teclas brancas, mas então, paralisou, por um tempo que parecia uma eternidade. Atormentada mais uma vez pelas imagens do seu passado, Emma escondeu o rosto atrás de seus cabelos e passou os dedos na bochecha para secar uma lágrima.

Ela não queria que Yoongi a visse chorando. Não queria que ele conhecesse o seu lado fraco, de jeito nenhum. Mas ele percebeu.

Quando virou-se e viu que Yoongi diria algo, Emma se levantou rapidamente. 

— Eu preciso ir, está muito tarde. 

Yoongi não queria que Emma fosse embora. Queria que ela passasse a noite no estúdio outra vez, ao seu lado. Então, ele deu passos largos para frente e alcançou a porta primeiro, barrando-a. Emma era alta, os dois tinham a mesma altura, por isso foi difícil para ela esconder o rosto vermelho. Sem saber muito como reagir, Emma apenas ficou de olhos baixos, esperando que ele saísse de sua frente.

Yoongi estava tão corado quanto Emma, mas a vergonha não o impediu de esticar o braço e colocar uma mecha do cabelo dela para trás da orelha. Inclinando a cabeça para o lado, Yoongi olhou silenciosamente para ela. 

— Antes de ir... – Yoongi começou e, sentindo seu estômago congelar, soltou de uma vez: — Eu posso te beijar?

Emma disparou a cabeça para ele, corando até a raiz dos cabelos.

— O-o que disse???

— Eu quero te beijar. – Yoongi parecia mais confiante, mas o seu nervosismo podia ser detectado por qualquer um que olhasse o modo como ele segurava com força a maçaneta da porta atrás de si.

Emma começou a gaguejar e a piscar os cílios descontroladamente.

— C-omo é que você me pergunta isso a-assim de repente?

Ela nunca atreveu-se a acreditar que aquilo algum dia aconteceria. Permitiu-se apenas a imaginar, porque, para Emma, era impossível que um cara como Yoongi a olhasse com outros olhos.

Com o coração acelerado, ela desceu involuntariamente seu olhar para os lábios vermelhos de Yoongi e imaginou – pela milésima vez desde que o conhecera – como seria beijá-lo.

Não querendo dar a ela uma chance de objeção, Yoongi pôs as mãos em concha na curva de sua bochecha, acariciando-a com o polegar, enquanto seus lábios aproximavam-se um do outro. Ansiosa, Emma conseguiu fechar os olhos antes que sua boca perfeita encontrasse com a dela.

Ela flutuou.

Emma perdeu toda a capacidade de pensar e se afogou em sentimentos. Os lábios de Yoongi foram acolhedores e convidativos, e ele cobriu sua boca com cuidado. A boca dele estava quente, seus lábios estavam molhados e eram suaves. 

Esse beijo não era bem o que Emma esperava. O Yoongi de suas imaginações era mais desesperado, a beijava com urgência e era muito safado. Mas no mundo real, Yoongi manteve as mãos onde estavam: uma acariciando a parte de baixa de suas costas e a outra no rosto. Yoongi a beijava como se ele a conhecesse, como se ela lhe pertencesse. 

E sim, Emma Nishikawa pertencia a Min Yoongi e mais ninguém.


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