Marinette nasceu em uma época em que o máximo que podia almejar era um bom casamento. Nem sequer podia querer que esse bom casamento fosse com uma pessoa que amasse, visto que não era garantido que tal amor poderia sustentá-la com estabilidade.
Ao menos ela tinha mais sorte que suas amigas. Vários dos homens com quem encontrou durante a vida caíram em suas graças e, agora mais velha, tinha várias propostas de casamento. Ela poderia escolher o que mais gostasse, um luxo para poucas.
Seu sonho era trabalhar como alfaiate na corte, um posto que dificilmente teria chance visto que a garota era filha do padeiro da vila e por isso não tinha muitas posses. Apesar disso, no meio de muitos miseráveis, ao menos eles tinham comida mais regularmente e uma fonte de renda quase fixa.
Todos os pretendentes de Marinete eram artistas, talvez isso fosse reflexo da personalidade da garota. Ela sempre demonstrou aptidão para desenho e se o pai tivesse mais dinheiro, mandá-la-ia para estudar pintura na Igreja. O pai sorria ao ver a alegria da filha desenhando roupas, afinal essa era uma atividade na qual ela poderia ser feliz em paz por não ir contra o único ofício que lhe era garantido o aprendizado.
...
Era um dia chuvoso e ninguém saia de suas casas, porém um jovenzinho estava sentado em silêncio perto da calçada com uma cara tristonha. Ao olhar para ele, Marinette podia enxergar abandono em seus olhos e ao mesmo tempo via muita vontade e determinação.
Curiosa para saber o que ele fazia ali, a garota saiu e se aproximou. Logo percebeu que seu olhar estava fixo em algum ponto não muito longe, que ela percebeu ser uma casinha onde uma sombra estava perto da janela. Seria a casa dele?
—Por que está tão triste e sozinho? - ela perguntou docemente, mas ele pareceu não escutar -Olá! Você me escuta? - perguntou mais alto, gesticulando
Foi então que ele girou a cabeça parecendo finalmente notar a presença da garota.