Filho, Meu Filho escrita por unalternagi


Capítulo 2
Capítulo II. Um por um


Notas iniciais do capítulo

Com saudades de Bella?



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Capítulo II. Um por um

Do lado de fora da pequena janela do avião, eu começava a enxergar as nuvens se sobreporem ao avião, a cidade começava a aparecer e senti a inquietação tomar todas as minhas terminações nervosas. Quis saber logo quem estaria esperando-me no aeroporto, mas logo me agitei com a esperança de ter um grande comitê por lá.

Tratei de sozinho, acabar com todas as expectativas criadas em minha mente irresponsável. Esme deveria estar ocupada e Carlisle era um neurocirurgião importante. Até mesmo Vic e Lau deveriam estar lotados com coisas da escola, afinal estávamos em Maio, era fim do ano letivo. Afastei todo o pensamento de minha mente e tentei concentrar minha comoção interna apenas na respiração que entrava, enchia meus pulmões e saía. Como deveria ser, dentro de toda a simplicidade daquele ato.

Bella se movimentou do outro lado de Riley e eu fiquei superconsciente, percebendo que ela começava a ter um mau sonho, de novo.

—Bella, Bella – chamei apreensivo para tirá-la daquele mártir.

Os grandes olhos relampejaram contra mim. Antes solitários, eu os tomaria sob os olhos amedrontados que apareciam sempre que eu a acordava de algum sono que a deixava abalada daquela forma.

—Estava tendo maus sonhos novamente – eu expliquei e ela corou.

—Desculpe – ela falou rapidamente se ajeitando.

—Não tem problema algum, só não gosto de te ver assim – expliquei e ela assentiu, claramente querendo acabar com o assunto, olhou pela janela e eu saí de seu caminho para ela ter uma visão melhor.

—Nós chegamos? – perguntou preocupada e eu assenti.

—Devemos aterrissar logo – contei e ela suspirou, desafivelou o cinto e saiu de sua poltrona.

Pinguei o soro nos ouvidos de Riley que ainda dormia pacificamente e eu, simplesmente, torci para que ele tivesse um pouso menos traumático do que foi a decolagem.

—Estou bem? – perguntou Bella sobre sua aparência.

Reparei que os cabelos loiros estavam presos em um coque ligeiramente bagunçado, a roupa confortável de viagem estava bem alinhada e o rosto limpo mostrando a pele translúcida de minha esposa parecia ainda mais bonita sem maquiagem. Olhei novamente para a aliança dourada em seu dedo anelar da mão esquerda e, inconscientemente, toquei na minha para ter certeza que estava em seu devido lugar.

—Você está ótima, não se preocupe com isso – falei sorrindo.

Ela bufou se sentando de volta em sua poltrona.

—Como poderia não me preocupar? Estou indo conhecer a sua família – ela falou realmente nervosa e aquilo mexeu comigo e certa forma.

Ela estar preocupada em causar uma boa impressão em meus pais e irmãos era o que me dava certa esperança de que, quem sabe, talvez, ela poderia gostar de mim naquele tanto, queria fazer parte da minha vida. E novamente minha mente andou para muito mais longe que meu corpo, eu tinha que parar de tomar esses devaneios infundados.

—Eles vão te adorar – prometi sem poder.

Ela franziu os lábios da forma que fazia quando não acreditava no que eu dizia, mas o sorriso que seguia depois, quando eu me provava certo, fazia o franzir de lábios, apenas pequenas nuvens nublando o céu quando, na verdade, o tempo seria tão ensolarado quanto o poderia ser.

O desembarque foi mais tranquilo para nós três. Fizemos a imigração também sem grandes problemas, como uma família, pegamos as bagagens nas esteiras e, finalmente, saí do portão empurrando o carrinho com nossas bagagens e Bella seguindo-me de perto com Riley aborrecido em seu colo.

Ele estava grande, já com quase cinco anos e era pesado, mas eu sabia que Bella não trocaria comigo as tarefas, ela odiava quando eu inferia que ela deveria parar de carregar Riley, então fiquei quieto, apenas procurando pelo local qualquer indicação de que eu não teria que tomar um táxi para ir para a casa de Carlisle e Esme.

—EDWARD – escutei ao longe e virei para a jovem garota saltitante que tomou-me em um abraço antes que eu pudesse sequer pensar em qualquer coisa.

Ela estava tão grande, uma verdadeira moça e eu sorri para a minha irmã.

—Como está linda, Vic – falei a abraçando de volta e então o garoto de porte atlético e quase já da minha altura se juntou a nós fazendo o abraço melhor ainda.

Soltei-me deles, apenas para consegui-los abraçar melhor. Laurent não falou nada, reparei que ele respirava devagar e eu sorri, sabendo que eu mesmo fazia aquilo quando queria me acalmar.

—Desculpe pela falta, mas estou aqui agora e amo vocês – sussurrei e senti o abraço se intensificar.

Ao longe, eu reparei Carlisle.

Nunca havia sido muito afetuoso com ele, porque nunca enxerguei verdade em suas atitudes. Eu não o compreendia porque nunca tinha amado alguém de forma tão pura e gratuita, até Riley entrar na minha vida. Até eu mesmo ver-me na posição de Carlisle.

Foi aquilo que me fez, ao soltar os gêmeos, apressar-me para o lado do meu pai e abraçá-lo com o amor e saudade que sentia. Eu não conseguiria dizer nada, mas queria que ele entendesse que aquela era minha oferta de paz, que era meu pedido de desculpas, que era minha forma de dizer que eu o entendia e respeitava ainda mais que antes e era tão grato a tudo o que ele fez por mim desde que se sentou na frente do garotinho assustado que estava embaixo da cama de sua mãe tão machucada que quase foi morta.

—Oi, pai – falei com a voz engasgada.

Os braços de Carlisle rapidamente abraçaram-me mais fortes e eu sorri ao sentir aquilo. Ele tinha entendido e aceitado tudo.

—Bem-vindo de volta ao seu lar, meu filho – ele falou pacificamente como era de seu costume e eu senti-me realmente em casa ao perceber a honestidade em seus atos.

Eu era aceito, estava sendo acolhido.

Ouvi um resmungo e lembrei-me da parte mais difícil da visita.

Não contei a ninguém sobre Riley ou Bella, não sabia como contar uma coisa daquelas por telefone, então resolvi que chegar com eles seria mais simples. Bella não sabia que ela não era esperada e reparei que ela não ia gostar nada quando ela começou a me encarar abismada.

—Bem, eu trouxe uma surpresa... Quero dizer, duas – falei bem-humorado indo para o lado dela.

Riley estava acanhado, se jogou para o meu lado quando fui para perto deles e eu o segurei no colo, ele escondeu o rosto em meu pescoço e eu sorri, sentindo que era seu ponto de segurança.

—Filho, não tem que ter vergonha, são seus tios e avô – falei baixinho acariciando as costas dele – Bella, esse é o meu pai, Carlisle, e os meus irmãos Victoria e Laurent – apresentei e ela sorriu contida – Gente, essa é a minha família. Isabella e Riley Cullen, minha esposa e meu filho – falei com o orgulho explodindo em meu peito, eu sempre me sentia completo quando podia expor aqueles títulos e nomes.

—Esposa? Filho? – meu pai repetiu meio duvidoso.

—Podemos conversar em casa? – pedi.

Ele apenas assentiu. Vic estava sorridente, Lau parecia meio surpreso, mas ele era mais tímido, então era mais refreado. Victoria foi beijar e abraçar Bella e depois meu filho.

—Isabella, espero que se sinta confortável em nossa casa. Você é muito bem-vinda – meu pai disse e Bella sorriu, agradecendo.

—Não sabia que não tinham conhecimento da minha visita, eu peço desculpas e...

—Ora, uma surpresa tem que ser surpresa, não há inconveniente algum com isso. Estamos felizes que vieram para a festa dos gêmeos – meu pai disse e eu enrubesci.

—Podemos conversar mais tarde? – pedi, novamente, sentindo o olhar acusador de Bella em mim.

Carlisle assentiu percebendo o clima entre Bella e eu. Ele veio para o meu lado para falar com Riley que não deu muito papo, o garoto era desconfiado igualzinho à Bella, mas logo se soltaria, ou era para o que eu torcia enquanto íamos para o carro deles.

As malas couberam no amplo porta-malas do carro do meu pai, um modelo mais novo do que ele tinha quando fui embora. Victoria se sentou a frente com nosso pai e Laurent foi à janela, Bella no meio e eu não outra com Riley que não queria me soltar por nada, o deixei deitadinho em meu colo enquanto nós dois apreciávamos as vistas da minha cidade natal. Bella deitou em meu ombro e reparei que ela também encarava tudo com maravilha.

Beijei sua cabeça e ela sorriu, ainda sem olhar para mim. Era uma linda visão mesmo, o começo da primavera. Não foi completamente planejado, mas eu sabia que só aquilo seria ótimo para fazer Bella querer ficar, eu esperava que o fosse.

—... Sabe como Laurent é, ele queria uma festa só para nós, mas o que eu falaria para os meus amigos na escola? Logo começamos o high school já temos que chegar com boa fama, certo? E mamãe sabe dar festas como ninguém – Vic falava initerruptamente e eu ri da minha caçula.

—Por isso ela não veio? – perguntei.

Meu pai pigarreou antes de concordar. Resolvi deixar a questão para lá, Laurent disfarçava entre olhar Victoria, pela janela, e meu filho. Sorri para ele quando o peguei encarando e ele sorriu de volta. Ele tinha uma alma boa, um coração puro, pude perceber a admiração com que ele olhava para o meu filho.

O silêncio de Riley começou a se tornar uma questão para mim, porque não era comum para ele, que sempre falava mais do que Bella e eu juntos, então passei a mão em suas costas enquanto apontava para a janela.

—Está enxergando as flores, filho? O papai sempre gostou de todas, quanto mais coloridas mais bonitas, não acha? – perguntei apenas a ele para ver se conseguia fazer ele dizer algo.

—Acha – ele concordou e escutei a risadinha de Carlisle.

—Você gostou disso tudo? – perguntei e ele assentiu. Sorri para o meu bebê – O que gostou mais?

—Cores, papai – ele falou e eu sorri. Ele adorava as coisas coloridas.

—Muitas né, meu amor? O papai também adora a primavera, desde que era pequeno como você. E as florzinhas são tão cheirosas – contei animado – Poderemos sentir o cheiro de todas e vê-las com calma até que você escolha a sua favorita, sabia que na casa do vovô tem muitos tipos de florzinhas para vermos?

Olhei para Carlisle que sorria, então Riley fez o mesmo.

—Pergunta a ele se é verdade, neném – sussurrei para Riley.

Ele me olhou amedrontado, acariciei seu cabelo ajeitando-o para fora de seus olhos e assenti para que ele o fizesse, então ele olhou para Bella que sorria para encorajá-lo, então ele olhou para frente.

—Vovô, tem florzinha na sua casa? – Riley perguntou com seu sotaque inglês impecável.

Bella e eu não sabíamos ao certo quando ele começou a pegar mais meu sotaque do que o dela, mas, por fim, o meu tinha vencido por completo e – fora uma palavra ou outra que ele puxava mais o sotaque americano –, seu sotaque era igual ao meu.

Reparei que Carlisle parecia que iria se derreter todo, e ali eu percebi que meu filho já tinha ganhado o afeto dele por completo.

—Ó sim, muitas flores – Carlisle concordou animado – Você vai adorar, e se quiser, podemos plantar mais ainda – meu pai prometeu e eu ri, sabendo que não mentia.

—Plantar?

—É, você coloca a sementinha na terra e tem que dar água e deixar o sol fazer ela ficar quentinha, aí a gente espera e nasce uma flor linda – contei e ele pareceu surpreso.

Voltou a se deitar contra meu peito e foi conversando comigo por todo o caminho, perguntando os nomes das flores e reforçando que sabia o nome de todas as cores. Eu ria do meu filho, enquanto sentia minha esposa relaxar ao meu lado. Para ela, Riley ser aceito era mil vezes mais importante do que ela o ser.

Pelo caminho entre o aeroporto até a casa de Carlisle o clima foi leve. Riley começou a tagarelar e eu ia puxando todos para a conversa, eu desejava que ele se sentisse bem naquele meio, que aceitasse bem sua família, a nossa família.

A angústia que Bella sentia para ser aceita por minha família era a que eu sentia para que os dois – ela e Riley – aceitassem meus pais e irmãos.

Deveria fazer uns trinta minutos que estávamos no carro quando Carlisle entrou na vizinhança na qual eu passei todo o meu ensino médio. Não parecia que fazia tanto tempo que eu tinha partido, tudo parecia intocado, as mesmas casas e árvores, tudo parecia me ter esperado voltar.

—Que casa linda, papai – Riley falou assim que o carro parou e eu ri.

—É a casa do vovô – contei como um segredo e Riley pareceu impressionado, Bella também, mas ela não falou nada.

A casa era mesmo linda. Grande e de ótimo gosto, Carlisle e uma arquiteta famosa quem fizeram o desenho de tudo. Era uma casa de dois andares muito ampla, do lado de fora era toda de tijolinhos e imensas janelas que nos deixavam ver toda a natureza que rodeava a casa, natureza essa intocada, exatamente como eu me lembrava.

Tinham cinco quartos, biblioteca, o escritório da minha mãe, sala de jantar, de estar, de televisão, a cozinha e três banheiros – sem contar os dos quartos que eram todos suítes.

Era uma casa que estava sempre preparada para dar festa, e eu reparei na grande movimentação que acontecia por ali, muito provavelmente dando os toques para que fosse um local apropriado para abrigar a festa de catorze anos dos gêmeos.

Respirei fundo e saí do carro. Bella veio logo depois e colou em meu braço, quase como um reflexo, assim que a mulher imponente saiu de dentro da casa.

Esme Cullen. Sempre bem vestida, o cabelo impecável, bem maquiada e o rosto na máscara impassível que era tudo o que eu conheci pelos últimos dezoito anos da minha vida. Ela olhava de cima para minha família, aquilo borbulhou dentro de mim e, delicadamente, coloquei Bella mais para trás de meu corpo enquanto Riley, sozinho, se escondeu novamente em meu pescoço.

—Não lhe ensinaram que é rude um convidado convidar pessoas? – foi a primeira coisa que Esme me falou depois de passarmos quase seis anos sem nos vermos.

Olhei de Bella para Riley e senti o peso no meu coração ao perceber que, talvez, eles não fossem se sentir tão bem aqui quanto eu gostaria, porque Esme provou desde aquele primeiro contato que ela não seria tão fácil de conquistar como meu pai e irmãos o foram.


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Notas finais do capítulo

Espero que comentem.
Apesar da história não depender dos comentários, ainda assim, eles me animam e inspiram.

Espero voltar logo ;)