Pov. Anna

Finalmente estou de volta!!

Faz um quase um mês que viajei às pressas para BH depois da confusão no hospital. Passei esse tempo todo na casa da Olivia, minha amiga da faculdade, tentando entender e descobrir o que fazer com essa situação com a Luana.

—- Acorda Anna!! Eu quero chegar logo no apartamento, to morta de fome. Hoje em dia as companhias aéreas não dão mais nada pra gente comer, é um absurdo.

—- Desculpa, eu me perdi pensando.

—- Tu passou o mês inteiro se perdendo pensando

—- Nem foi tanto assim

—- COMO É??? Até parece que não foi tanto assim

—- Claro que não Oli, eu só parava de vez em quando pra pensar no que fazer

—- Anna, você não reparou nem nas 500 garotas que deram em cima de ti porque quando elas flertavam tu tava ocupada demais pensando na tua garota

—- Primeiro: ela não é minha garota!! Segundo: Eu não tava com cabeça pra ficar com ninguém e Terceiro: Nem vem reclamar que eu te vi consolando todas essas 500 garotas depois que eu não dei bola

—- Claro!! Não podia deixar elas na mão

Durante o mês que eu passei na casa da Olivia, consegui convencer ela a vir para o Rio trabalhar comigo. Nós nos conhecemos no primeiro dia da faculdade e a partir daí não nos afastamos mais. Ela estava doida pra sair de BH e eu estava doida pra ter um apoio no Rio, então tudo se encaixou como uma luva no final.

Eu não sei exatamente como nós vamos fazer, principalmente porque eu estou morando com o Vini e sei que não posso levar mais ninguém para o apê. Mas pelo menos por esse primeiro mês ela vai ficar lá comigo enquanto nós procuramos algum lugar pra ela.

Eu não penso em sair da casa do Vini, sinto que nós nos demos muito bem e lá é um lugar que eu realmente consigo chamar de casa. Eu não sei explicar exatamente como é o sentimento, mas posso dizer que a nossa energia bateu, eu penso nele como um irmão e sei que ele pensa a mesma coisa.

—- Você já decidiu o que vai fazer sobre ela?

—- Já! Eu vou continuar indo nas aulas, mas não quero me envolver com ela. É muito complicado sabe?

—- Sei sim, mas tu acha que vai conseguir não se envolver?

—- Eu tenho que conseguir.

—- Eu não to reclamando, até porque não vou com a cara dela desde já. Quem ela pensa que é pra fazer todo aquele teatro brigando por ti e depois sumindo totalmente

—- Ela não sumiu totalmente. Depois ela me ligou e me pediu desculpas

—- Ela não fez mais do que a obrigação. O certo era ela ter sido honesta e ter te falado que não queria nada sério ou que não queria ficar contigo. Mas ou invés disso, ela decidiu criar um teatro onde ela era o príncipe no cavalo branco só que ao no lugar de resgatar a princesa da torre, ela bateu na porta e saiu correndo.

—- A gente já teve essa conversa várias vezes Oli, eu sei que ela errou, mas eu criei as expectativas por conta própria.

—- Expectativas baseadas na falsidade dela. Mas mudando de assunto, você ainda não falou com o bonitão que eu vou ficar com vocês por um mês né?

—- Ainda não, é melhor você ficar uns dias no hotel e depois vai lá pro apê. Quero falar sobre isso pessoalmente com o Vini.

—- Tudo bem, eu acho que é melhor assim mesmo. Pede o uber com duas paradas, pode ser?

—- Tudo bem

Nós seguimos para o hotel, mas graças a burrice da Olivia ela não pode se hospedar. Infelizmente ela marcou a reserva para o dia 20 do mês seguinte. Mesmo brigando e implorando o gerente disse que só teria um quarto dois dias depois, o que fez com que ela fosse comigo pra casa.

—- Olivia se o Vini não concordar eu vou te mandar pra dormir de baixo da ponte.

—- Desculpa!! É eu não prestei atenção na hora que fiz a reserva

—- Eu percebi. Mas sério, eu me mudei a pouco tempo por apê e já to levando gente pra lá

—- Relaxa, qualquer coisa eu durmo no quarto dele

—- VOCÊ NÂO É DOIDA

—- Credo!! Ta vendo que péssima amiga, mora com um boy lindíssimo e nem que me apresentar.

—- Claro, eu sei que você vai ficar com ele e descartar depois

—- Como se ele quisesse mais do que isso.

Nós chegamos no prédio e subimos com as malas. Fui o caminho todo rezando para o Vini não estar em casa e eu poder conversar com ele mais tarde e com calma. Até pq fica difícil alguém dizer não quando a visita já está com as malas na sala da sua casa. Então a ideia era tomar um banho, ligar pra ele e conversar.

Na porta de casa percebi a luz acesa e comecei a amaldiçoar a Olivia por ser tão burra e não fazer a reserva certa. Quando abri a porta quase enfartei.

—- SURPRESA!!!!!  -- Os quatro meninos estavam no apartamento cheio de balões com uma faixa dizendo “seja bem vinda de volta” e no meio da sala estava o maior dos meus problemas. E pense num problema lindo, meu Deus do céu!

Assim que eles gritaram, por instinto, eu segurei a mão da Olivia e me agarrei ao braço dela. Assim que fiz isso senti o clima estranho se instalar quando os olhos da Luana focaram as nossas mãos e a imediatamente as feições dela mudaram.

Pov. Luana

“QUEM É ESSA??”

Isso é tudo que eu consigo pensar. Eu jurava que ela estava se recuperando do estresse de um mês atrás e pensando no que fazer sobre nós, mas quando a Anna finalmente volta pra casa, ela chega com uma mulher a tira colo. Elas de mãos dadas na porta da casa eram uma visão que eu não conseguia encarar.

Assim que o clima amenizou eu pedi licença e saí para a cozinha, afinal, não sou obrigada a ver a garota que eu gosto agarrada com outra mulher. Normalmente eu não sou ciumenta, quer dizer, nunca fui. Mas a Anna me faz sentir umas coisas diferentes do que eu to acostumada.

—- Ta tudo bem? – Só percebi que ela estava na cozinha quando ela falou comigo

—- Tudo bem, eu só vim.... Pegar uma água

—- Haa sim – E ficou em um silencio extremamente constrangedor

—- Como você ta? Não é melhor você voltar pra sua namorada? Ela deve estar te esperando na sala – Tudo bem, talvez eu seja péssima escondendo meus ciúmes

—- Ela não é... Luana, você ta com ciúme? – Falou mudando totalmente a postura e chegando mais perto de mim, talvez perto demais

—- Eu não! Não tenho porque ter ciúmes – Dei um passo pra trás

—- Então porque você ta falando assim? – Ela me acompanhou

—- Eu não to falando de jeito nenhum, só acho que não é legal deixar a tua namorada esperando assim

—- Só pra sua informação, ela não é minha namorada – Agora ela tava perigosamente perto, uma inclinação e eu podia beija-la

—- Não?

—- Não

—- Desculpa... é que pareceu...

—- Sempre tirando conclusões precipitadas

Ela simplesmente jogou isso na minha e deu meia volta indo pra sala. Sem perder tempo fui atrás dela para saber do que ela estava falando e pra minha surpresa a sala estava vazia. Fora os balões jogados pelo chão e a faixa no teto, não havia mais ninguém.

—- Cadê eles?

—- Não sei, quanto tempo nós ficamos na cozinha? Pra mim foi super rápido

—- Eu to ligando para a Olivia, espera um pouco

Só de ouvir ela falar da garota o meu sangue ferveu um pouco, talvez não tanto quanto antes, mas ainda assim não tirei a imagem delas agarradas do meu cérebro.

Enquanto ela falava no telefone eu me sentei no sofá e aproveitei pra olhar pra ela um pouco. Depois de um mês distante ela parecia mais linda do que nunca... sem brincadeira. Ela estava com uma roupa simples e confortável, mas ainda assim devia estar mais bonita do que qualquer modelo de passarela.

Quando voltei a realidade ela já tinha desligado estava parada na minha frente muito vermelha.

—- O que foi??

—- Eles foram para uma festa

—- O que?

—- O Pedro chamou eles pra uma festa na casa de um amigo e a Olivia se convidou para ir junto! Da pra acreditar?

—- Eles não vão voltar pra cá?

—- Não, parece que vão dormir na casa do Pedro depois

—- Ótimo

—- Como assim ótimo? Eu precisava falar com o Vini sobre...

Ela seguiu falando e andando de um lado para o outro visivelmente estressada, mas tudo que eu conseguia pensar era que eu esperei um mês pra ter ela tão perto assim, não ia fazer a mesma burrice que fiz da outra vez. Eu devia tê-la beijado naquele dia na cama. Sei disso e me arrependo profundamente.

Então eu levantei do sofá e não dei tempo pra ela pensar muito sobre o que estava acontecendo. Coloquei uma mão de leve na sua nuca e com a outra a puxei pra perto, antes que ela falasse mais alguma coisa eu a beijei.