Lei da Marca escrita por Donna Dan


Capítulo 2
Parte 2




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Sasuke não demorou muito para entender que não era como as outras pessoas de seu bairro.

Antes da lei da marca, o gene entrou na intocada linhagem Uchiha através de sua mãe. A matriarca protegeu seu irmão mais velho, enquanto foi possível. Mas, com a obrigatoriedade das tatuagens pouca antes do nascimento de Sasuke, a verdadeira surgiu. Ele, seu irmão e sua mãe eram portadores, e os três foram obrigados a carregar as marcas pretas em torno dos pulsos. 

 

Os grilhões do século.

 

Crescer com a marca não foi fácil. A violência, tanto pequenas quanto grandes, eram cotidiana. Dizia-se que era um bom dia quando a violência era pequena.

 

Olhares de repúdio, isolamento, ofensas gratuitas, esbarrões que o levavam ao chão “sem querer”. Todos o tratavam assim.

 

Todos, menos Naruto Uzumaki.

 

Desde criança Naruto era uma incógnita para Sasuke. Ele não agia como todos que tinham os pulsos limpos. Ele queria brincar consigo, não importava que os outros os vissem juntos, e acabava dividindo as ofensas que o Uchiha recebia. 

 

Alguns tentavam forçá-lo a ficar longe. Mas, se o colocavam de castigo na escola, Naruto pulava uma janela e estava novamente ao seu lado. Se Sasuke era suspenso das aulas, Naruto aparecia em sua casa, já que conseguia andar pelo bairro normalmente.

 

O Uchiha tentava não se afetar com toda aquela situação estranha. Seguindo os ensinamentos de sua mãe, aprendeu a meditar e a respirar corretamente para acalmar a mente e o coração. Havia a crença de que a doença demorava mais a se manifestar em pessoas calmas. E os Uchihas eram conhecidos por não se abalarem por nada.

 

Mas aquilo não era verdade para nenhum ser humano. Mikoto Uchiha, mãe de Sasuke, teve mais um quadro de pneumonia, bem grave daquela vez. Sasuke fazia seu melhor para não se abalar, entretanto Naruto sabia que algo não estava certo.

 

Apesar de achar que o amigo não entendia como era viver em sua condição, acabou abrindo-se com ele. Nunca em sua vida, Sasuke havia experimentado um abraço tão acolhedor e caloroso e ao mesmo tempo perturbador.

 

Naquele dia, descobriu-se apaixonado por Naruto.

 

A ideia do amor como algo bom e puro, não era tão comum em uma época que as pessoas conferiam os pulsos antes de se relacionar com alguém. 

 

Aos portadores não cabia o amor que Sasuke sentia por Naruto.

 

Em primeiro lugar porque o Uzumaki estava livre daquela desgraça; em segundo lugar, porque Sasuke era um homem. Ninguém ligava para um relacionamento homossexual entre portadores, ninguém ligava o suficiente para elas para que aquilo fosse um problema. Mas entre um saudável e um portador era inadmissível.

 

Sasuke voltou para casa extremamente cansado aquele dia.

 

Decidiu que o melhor era ignorar Naruto, acabar com a amizade com ele e esperar que aquele amor morresse aos poucos para não prejudicar o Uzumaki. Entretanto, o outro não facilitava. Não aceitava a mudança em seu comportamento e continuava o perseguindo.

 

Sasuke sentia-se extremamente cansado naqueles dias, mesmo mantendo sua rotina sem muito esforço físico, e atribuiu aquilo à sua inquietude mental.

 

A primeira vez que que sentiu a manifestação de sua má formação no coração de forma mais severa, sentiu também desespero. Sua turma ia a uma excursão. Os lábios roxos, a falta de ar e a tonteira o pegaram no meio da rua.

 

Ninguém pareceu disposto a ajudá-lo, por mais que nada daquilo fosse contagioso. O único a se mover, mais uma vez, foi Naruto. Não fazia idéia do porque Naruto carregava nebulímetro com ele, mas o alívio foi instantâneo.

 

Fez seu melhor para afastá-lo, foi rude, mal agradecido. Mas o Uzumaki sempre voltava ao seu encalço, sorrindo, querendo saber se estava bem.

 

Foi em um momento de silêncio, que fingia ignorá-lo que ele lhe confessou.

 

Guardava o remédio de sua mãe. Naruto era um caso raro de não portador filho de dois portadores. Era quase um milagre. Fazia um pouco mais de sentido para Sasuke, o jeito de Naruto. Ele não cresceu na melhor parte da cidade, e mesmo não tendo o destino da marca, conheceu de perto a realidade. Sasuke queria que ele tivesse parado por ali, mas ele nunca foi uma pessoa de muita sorte. 

 

Naquele dia deu seu primeiro beijo, e aquilo entorpeceu seus sentidos. 

 

Quando voltou a realidade, o rejeitou mais uma vez. Mas acreditava que algo em seu olhar normalmente impassível devia tê-lo denunciado, porque Naruto não abalou-se nem um pouco.

 

Sasuke perdeu o chão depois daquele dia. Por mais que não fosse amado em sua família, a obrigação forçava que seu pai pagasse pelo seu tratamento e o do irmão. Essa situação mudou depois que o beijo dado pelo Uzumaki chegou ao conhecimento de Fugaku.

 

Ele não admitia que, além de portador, seu filho prejudicasse a vida dos já escassos saudáveis.

 

Era estranho o que diziam sobre sua vida passar como um filme na hora da morte. Sasuke, conferiu as horas e, apenas por vias das dúvidas, checou sua oxigenação uma segunda vez aquela noite.

 

Não sabia quanto tempo estava parado vendo o Uzumaki dormir, mergulhado em todas suas lembranças do tempo que tentou fugir dele. Discutiram mais uma vez pela cirurgia que o Uzumaki insistia que ele fizesse, ignorando o quanto aumentaria a dívida que já tinham por causa de sua saúde.

 

E Naruto parecia que ignorava absolutamente tudo: todas as cicatrizes em seu peito, das tentativas de controlar uma doença sem cura (que um dia chegaria em um ponto fatal), as vezes que fugiu dele e negou o que sentia, as críticas constantes que recebia por estar com um portador, as tatuagens em seus pulsos…

 

“Você pensa demais.” - O Uzumaki disse sonolento, de olhos fechados.

 

“Você que é um cabeça oca” - Respondeu com a clássica provocação.

 

Naruto puxou Sasuke para seu peito, esperando que ele dormisse devido ao aconchego de seu corpo. Mas o Uchiha não conseguia desligar sua mente para adormecer. O Uzumaki podia ter uma vida tão mais sossegada se não fosse por sua causa, ele tinha esse direito de nascença. 

 

“O que há de errado com você? Por que simplesmente não desiste e me deixa sozinho?” - Perguntou em seu tom mais baixo, achando que Naruto já havia dormido novamente.

 

“Você já sabe a resposta, não é?” - Naruto o surpreendeu, ainda acordado. “Porque você é meu amigo. E eu te amo.”


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Notas finais do capítulo

TINHA QUE TER ESSE EU TE AMO NO VALE DO FIM E EU NÃO ME CONFORMO. Então tá aí!

Espero que tenham gostado!



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