A Namorada Do Papai escrita por Thay Paixão


Capítulo 18
A Consequência da Insegurança


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas lindas do meu coração! >< Primeiro eu gostaria de pedir que ao lerem o capitulo tenha o coração aberto para ter empatia com a Renesmee. Não julguem as atitudes, tentem ver pelo lado dela. afinal estamos no ponto de vista dela.

segundo, a conversa com a psicologa aqui é tudo coisa da minha cabeça, não pesquisei nem nada como ocorre, ok? É só com base em conversas que tive com amigas que cursaram psicologia, faz tempo.

Terceiro: Se você está em alguma situação vuneravel, ou que se sinta assim, por favor procure ajuda especializada. Não tenha medo de pedir ajuda, ok?

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/782863/chapter/18

Renesmee.

 

—Sua avó vai recebê-la agora senhorita Cullen. - A recepcionista finalmente se dignou a olhar para mim.

—Levando em consideração que ela me chamou aqui, nem era para eu estar esperando. - Falei com um sorriso simpático ao qual ela respondeu com uma careta. Que bom, ela não era um robô!

—Sua avó é uma mulher muito ocupada como deve saber, com todos esses processos… Senhora Danali, sua neta Renesmee. - A mulher me anunciou assim que abriu as portas dupla que davam no escritório da velha Danali.

—Deixe-nos, Cintia. -Minha avó tirou os óculos de leitura. - Sente-se querida.

—Por que me fez esperar vinte minutos? Eu tenho compromissos. - Reclamei deixando minha bolsa da Louis Vuitton em uma cadeira e me sentando em outra.

—Eu realmente precisava analisar esses documentos. 

—O que quer Sasha? - Fui direta.

Ela pareceu contrariada com meu tom, mas não reclamou.

—Quero fazer um jantarzinho em casa. - Ela começou. - Foi o seu aniversário recentemente…

—Eu amei o presente que me enviou. - Ela sempre enviava presentes no meu aniversário, não devia ter sido diferente dessa vez mesmo que eu não fizesse ideia do que fosse.

—Que bom que gostou, mandei fazer especialmente para você.

Ela disse o que atiçou a minha curiosidade.

—Como eu ia dizendo, quero fazer um jantarzinho para a família, mas a família não está muito satisfeita comigo.

Isto era porque ela tinha mostrado a totalidade de sua faceta racista no último chá com os netos.

—Posso convencer Tanya a comparecer, só isso. - Me encostei na cadeira, desde o dio do meu aniversário em que minha mãe havia aparecido de surpresa na casa do meu pai com um bolo, nossa relação havia melhorado e muito, mas eu continuava morando com o meu pai.

—Eu estava pensando em Maggie, e seus primos. Sou muito boa em lidar com minhas filhas.

—Não sei se Maggie vai querer aparecer. -Finge lamentar, eu mesma faria o possível para não ir. 

—Preciso que convença aos meninos também. Paul e Sam. - Ela continuou a falar como se eu fosse alguma de suas funcionárias.

—Olha, vovó. Eu não sou muito próxima de nenhum deles, você deveria saber. Não tem nada que eu possa falar que os faça ir.

—Eu preciso dar uma notícia, preciso que todos estejam reunidos. 

—Não pode você mesma ligar para eles?

—Acho melhor você mesma falar com seus primos.

—Por que eu faria isso? - Suspirei.

—Porque… -ela prolongou a frase. - Não tenho um bom motivo para te dar, querida. Mas de todos os meus netos, você é de quem me sinto mais próxima.

Aquilo me pegou de surpresa. Sasha estava dizendo que era mais próxima a mim? A mim?

—Se eu sou sua neta mais próxima, isso quer dizer que nunca fala com os outros. - Falei em tom de piada, o qual ela percebeu e riu um pouco.

—Eu não te pediria isso se não fosse importante.

Eu estava me sentindo muito boazinha pelo visto.

—Vou falar com eles, mas não prometo nada.

—Obrigada.

—Era só isso? Você poderia ter me ligado.

—Não posso querer ver minha neta?

—Sua neta branca? - Não perdi a oportunidade. Sasha fechou a cara.

—Eu não sou a racista que você pinta.

—Eu não, suas atitudes de merda que pintam isso.

—Eu nasci em um mundo diferente, Renesmee.

—Mas não vive mais nesse mundo, e se não aprender isso, vai perder a família que tem.

Me levantei, peguei a bolsa.

—Te aviso se eles confirmarem. - Dei as costas. Sasha não disse mais nada. 

—Boa sorte com a fera. - Falei para a recepcionista, Cintia que sorriu para mim. Minha atenção foi imediatamente para um homem alto, magro, com uma expressão doentia, branco com uma tez pálida. Ele sorriu para mim como se me conhecesse e eu me senti invadida por aquele olhar, meu coração acelerou, meu estômago deu um nó. Quando olhei em seus olhos, de um azul frio, em volta deles eram meio avermelhados, eu vi. A imagem veio rápida e foi embora do mesmo jeito em minha mente; uma sala marrom, uma cadeira e um sofá. Um cavalo de madeira, um pote com marshmallow. 

E os olhos dele. E eu tinha uma ideia muito boa do tom de sua voz, fria, baixa, calma...

—Renesmee Cullen? Você cresceu, está uma moça! - Esse não era o tom correto da voz dele. ‘’Nada disso aconteceu, criança. Você imaginou tudo isso.’’ A lembrança era mais exata ao rosto diante de mim.

Mas eu fui a cozinha…. eu peguei a faca…

Porque você precisava dela para abrir um pacote de doces. 

Eu tentei me cortar com ela…

Não Renesmee. -Os olhos dele eram profundos, eu não conseguia desviar a atenção deles.- Você não conseguia dormir naquela noite, e não quis acordar sua prima ou sua avó. Queria comer um pacote de balas da cozinha, não conseguiu abrir o pacote por isso pegou a faca…

—Para abrir o pacote de balas. - Sussurrei petrificada no lugar. De onde eram aquelas lembranças?

—Senhor Vladimir, a Senhora Danali vai recebê-lo agora. - A secretária da minha avó nos interrompeu, o homem, o tal Vladmir, me libertou do poder pesado do seu olhar, e eu respirei aliviada assim que ele seguiu para a sala da vovó. 

Eu me senti tonta.

O que eram aquelas imagens na minha mente? Uma lembrança?

—Senhorita Cullen, está tudo bem? - Cintia segurou meu braço.

—Eu… não sei. - Sussurrei.

—Vem, sente-se. Vou pegar um pouco de água para a senhorita. 

Minhas mãos tremiam.

—Está tudo bem? - Ela me perguntou assim que me trouxe um copo com água que eu apenas beberiquei.

—Quem era aquele homem? - Perguntei.

—O Doutor Vladimir?

—Apareceu outro por aqui ao mesmo tempo que eu? - Eu estava sem paciência.

—Claro que é ele… ele é o teurapeuta da sua avó.

—Terapeuta? 

—Sim… um psiquiatra. Terapeuta, tudo junto, eu não sei bem, ele tem várias formações e diplomas na área da psiquiatria. 

—Ele parecia me conhecer… - sussurrei.

—Você deve ter sido uma paciente dele. - A mulher deu de ombros.

Paciente?

—Não mesmo, eu me lembraria.

—Quer que eu liga para alguém? 

—Não precisa, já me sinto melhor.

Me levantei, querendo apenas sair o mais rápido possível daquele lugar. Eu ainda precisava falar com Maggie e combinar de irmos ao jantar da nossa avó. Talvez ela pudesse também me dizer algo sobre o tal Vladimir. 

Eu: Oi Maggie, a vovó quer que você, Paul e Sam compareçam a um jantar de família. Ela me pediu para amolecer o seu coração, parece que quer nos dar uma notícia.

Maggie: Oi prima, eu realmente não quero passar um tempo com a vovó.

Direta ela.

Eu: Não é sobre passar um tempo, ela quer dar uma notícia e quer todos lá.

Maggie: Vou falar com meus pais, se eles forem eu vou.

Eu: Pode garantir que Sam e Paul vão?

Maggie: Claro.

Eu: Outra coisa, conhece algum Vladimir? Parece que ele é terapeuta de Sasha ou algo assim.

Maggie: Acho que ele era seu psiquiatra na infância. Não se lembra? 

Fiquei olhando para a mensagem. Era o meu psiquiatra na infância? Então aquelas imagens eram reais. Porque eu não me lembrava com clareza daquilo?

Eu: Não me lembro de ter um psiquiatra. 

Maggie: Sorte sua, sempre achei aquele cara assustador.

Eu precisava de mais informações sobre isso. Era hora de confrontar meus pais.

 

 

—Eu não acho que qualquer coisa batida com couve fique bom. -Falei olhando para o suco ou vitamina duvidosa que o meu pai tinha colocado na minha frente.

—Você ouviu a médica. Está com uma leve anemia e para corrigir…

—Preciso comer coisas que parecem vindas de outro planeta. Um planeta verde. -Fiz uma careta pegando um copo e derramando um pouco da bebida dentro.

—Tome tudo. -Ele disse sério. Experimentei um pouco do troço tapando o nariz. Felizmente meu medo se mostrou algo bobo, o gosto era bom.

—Viu? Não doeu.

—Só porque você é mágico. -Sorri para ele. -Então… tem falado com a Isabella?

Ele fechou a expressão.

—Não.

Aquilo era toda a resposta que eu teria?

—Ela ainda está muito brava comigo sobre o cabelo?

Perguntei e voltei a tomar minha bebida.

—Tenho certeza que ela já te perdoou.

—Então porque ela não está aqui ou você está lá?

—É complicado filha.

Suspirei. 

—Relacionamentos sal muitos complicados.

—Está falando de Jacob Black?

Opa.

—Não… o relacionamento com ele não é complicado.

Brinquei com minha pulseira que ele havia me dado.

—Então há um relacionamento.

Lá vamos nós…

—Eu não tenho certeza.

—Talvez eu devesse conhecê-lo.

—Pai, isso seria uma caretice.

—Não seria. Preciso saber com quem a minha filhinha anda saindo e se ele é bom o bastante para ela.

—Isso é muito lindo pai, mas não tem nada sério entre nós dois.

—Sério o bastante para ele te dar uma pulseira de diamantes.

—Ele é rico. -Dei essa resposta que justificava. Não era grande coisa uma pulseira de diamantes para quem era rico.

—Ness, eu não quero ser chato e mandão, você sabe o quanto eu odeio isso, então apenas facilite.

Tomei ar para ouvir a sentença.

—Ou você cria a oportunidade para eu conhecer esse tal Jacob, ou eu mesmo crio.

—Tudo bem. - Soltei o ar. Aquilo poderia ser humilhante.

—Viu? Não vai doer nada. 

—Isso é o que você diz. - Resmunguei. Passamos mais algumas horas juntos até que ele teve um call com o pessoal da produção do filme e eu aproveitei para escapar de casa. Eu poderia ter perguntado sobre o psiquiatra Vladimir a ele, mas algo me dizia que ele não seria completamente sincero sobre isso. No meio de uma tarde de quinta feira eu só poderia encontrar Tanya enfiada em algum julgamento ou pelo menos dentro do fórum e eu não queria ir até lá, resolvi esperar minha mãe no apartamento dela. Era estranha, mas eu pensava cada vez mais naquele apartamento como sendo dela, e a casa do meu pai como minha, mesmo que nossa relação estivesse mais ‘’normal’’.

—Maria? Estou em casa. - Gritei da porta.

—Menina Renesmee! Se soubesse que estava vindo teria preparado um lanchinho. - Maria me abraçou, seu abraço tinha cheiro de biscoitos, misturado ao seu próprio cheiro que sempre me trazia calma.

—Eu almocei faz pouco tempo. - Menti. Só tinha tomado a vitamina verde do meu pai cedo. - Te ajudo a preparar um lanchinho daqui a pouco.

Ela olhou para mim em dúvida, contudo assentiu.

—Um milagre a senhorita em casa. 

—Agradeça a escola por ter começado o fim de semana mais cedo. - Estar no último ano vinha cheio desses pequenos mimos.

—Vou ver algumas coisas no meu quarto, Maria. - Anunciei.

—Fique a vontade, a casa é sua. - Ela fez uma reverência engraçada, sorri para a mulher e segui pelas escadas para o segundo andar.

Quando eu era criança, lembro me de não poder ficar sozinha com frequência fosse onde fosse, porque algo me impelia a mexer nas coisas dos outros. Vasculhar armários e encontrar caixa de fotos, abrir gavetas e encontrar documentos que eu não fazia ideia do que significavam. Eu era uma xereta de marca maior, e tendia a tomar broncas e mais broncas da minha mãe por isso e às vezes até mesmo do meu pai. Com os anos de experiência na função adquiridos na infância, andei para o quarto da minha mãe para procurar alguma menção ao doutor Vladimir. Sim, eu poderia e ainda iria perguntar a ela, só que tudo aquilo parecia muito estranho quando eu não me lembrava de ter sido paciente do homem, quando minha prima apenas um ano mais velha do que eu parecia se lembrar com perfeição. 

A minha mãe merecia um prêmio pela arrumação do seu quarto, nunca era possível encontrar roupas pelo caminho, ou sapatos. Isso quando ela precisava deixar, deixava lá em baixo mesmo na sala. 

O escritório da minha mãe era uma sala adjacente ao seu quarto, se ela tivesse documentos importantes e pessoais, colocaria lá sem dúvidas.

Adentrei o espaço amplo, lindo em suas cores brancas e bege, e arrumado. Eu não deveria mexer no computador dela e era pouco provável que eu encontrasse uma menção ao homem por ali. Talvez por mais óbvio que fosse, eu deveria procurar na pastinha com meu nome, onde ficavam meus documentos, certificados de cursos (a maioria voltado para moda) e exames que fiz no decorrer da vida. 

Tanya gostava de guardar tudo, e tia Alice costumava a dizer que ela tinha meu cordão umbilical guardado em algum lugar da casa. Eca. Esperava não encontrá-lo.

Na pasta ‘’Renesmee Carlie Danali Cullen’’ meu arquivo estava enorme, cheio de ramificação, e eu não deveria ter ficado surpresa ao encontrar o título ‘’sessão com o psiquiatra’’ em uma das divisórias.

Meu coração acelerou, senti minhas mãos suarem. Como era possível eu já ter feito algum tratamento do tipo e não me lembrar absolutamente de nada?

Haviam muitos relatórios ali, todos eles pareciam descrições exatas de sessão minha com aquele homem.

A paciente mostra um desligamento da realidade…

.... dessa forma entendemos que a paciente em questão se desligado do mundo externo…

Ao se ferir ela buscou acabar com um grande sofrimento que lhe afligia.

A opção mais viável é fazê-la esquecer do episódio em questão, e tudo que a levou a ele, dessa forma sua infância e integridade mental se manterão intactos.

Eram páginas e mais páginas de relatórios sobre mim. Minhas mãos estavam suando, minha respiração entrecortada.

Mais imagens como as de mais cedo invadiram a minha mente.

O cavalo de madeira, era para brincar.

As folhas em uma mesa pequena de centro onde eu devia desenhar.

—Por que você pegou a faca, Renesmee?

—Eu só queria tirar a minha bochecha. E a minha barriga, a vovó disse que são grandes demais.

Eu não sentia nada ao dizer aquilo, eu me lembrava. Era como falar de uma mancha no chão que eu tinha que tirar antes que um adulto visse a minha bagunça.

Os olhos daquele homem! Eles pareciam ver a minha alma.

Eu me afastei dos papéis começando a chorar.

Minha infância não era algo claro na minha mente, não como eram para a maioria dos meus amigos. Haviam lacunas que eu tendia a ignorar. Até aquele dia, quando tudo voltou. 

Sentei no chão do escritório, trazendo meus joelhos para meu peito e chorei com tudo que vinha a minha mente.

Eu era uma criança gordinha. Não gordinha do tipo obesa, eu só era fofa, muito normal. Mas Sasha me achava gorda. Eu era sua neta perfeita e ela me achava gorda. Agora eu entendia porque eu era a neta perfeita; eu era sua neta branca, a que ela levava aos concursos de beleza, junto da neta negra, a qual não dava tanta atenção, mas foi a que continuou carreira.

A minha mãe não gostava quando Sasha não queria que eu comece chocolate. Não gostava que ela inventasse uma dieta para mim. Mas permitia tudo que a mulher impunha.

Eu me lembrava agora, me lembrava do sentimento de lartegia. 

Maggie era uma criança magra, sem bochechas e eu devia ser como ela. Maggie não tinha barriguinha nenhuma, era toda magrinha e elegante e vovó queria que eu fosse como ela.

Eu acordei no meio da noite, fui para a cozinha e peguei a faca…

—Meu Deus… porque… porque eu fiz aqui… - Passei as mãos na minhas bochechas procurando por cicatrizes, levantei a minha blusa que escondia minha barriga agora plana. Não havia marcas nenhuma, mas eu lembrava de ter me rasgado com a faca. Lembrava da dor…

um chiado invadia a sala, como de uma chaleira fervendo, eu tampava minha boca com o horror das lembranças.

Doutor Vladimir me fizera esquecer. Ele me fez esquecer aquele dia em questão e me fez esquecer como eu me sentia em relação ao meu corpo.

—Filha, você está aqui? - Ouvi a voz de Tanya parcialmente, porque o chiado da chaleira que fervia, não me deixava ouvir muito bem.

—Filha?! -Sua voz agora estava alarmada. Ea correu para perto de mim me abraçando.

—O que houve, Renesmee? Shii calma meu amor, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. - Ah, o chiado de chaleira era meu.

—Eu vi esse homem...mãe...eu vi ele. - Balbuciei. -Os olhos dele são azuis, mãe, e eu lembrei… lembrei sim..

—Calma, Nessie. Que homem meu amor? 

Eu não conseguia responder a ela como deveria.

—Eu tentei me cortar. Eu me cortei. Mas eu não queria me machucar, eu prometo que não queria! Eu queria ficar igual a Maggie, mamãe…

a respiração de Tanya ficou mais pesada, parecia que ela estava entendo o que me afligia.

—É claro que não queria meu amor. Esquece isso, ok?

—Não posso esquecer… eu esqueci antes, e você não entende…

minha mãe parecia convencida de que eu não entendia. Ela me pedia calma, me abraçava e dizia que tudo ficaria bem, que eu esqueceria isso.

—Eu não quero esquecer… - sussurrei. Maria apareceu com um copo de água e alguns comprimidos.

—Toma, filha. você precisa descansar.

—Não quero, preciso entender porque eu não me lembrava, mamãe…

—Precisa descansar, Renesmee, depois nos conversamos.

Ela apertou minha boca e colocou os comprimidos dentro. Tomei a água para ajudar a descer. 

Minha mãe e Maria me levaram para a cama da primeira, me deitando entre as cobertas e travesseiros. Eu continuava a chorar, mas lentamente um torpor parecia me envolver.

—Odeio remédios. - Reclamei, Tanya fez um som que parecia uma risada.

—Eles são ótimos para tirar um cochilo. Descanse, bebê.

Eu queria discutir que aquela não era hora para descansar, mas não consegui, o torpor era forte demais.

Cai na inconsciência, e se ao acordar eu pudesse me lembrar do que sonhei, teria dito ‘’faca, cavalo de madeira, uma sala, e os benditos olhos azuis de doutor Vladimir.’’

 

Quando acordei minha boca tinha gosto de área, como quando você toma um caldo na praia e rola até a área e bebe a água do mar, engole área… todo aquele cenário horrível.

—A Bela adormecida acordou sem um beijo. - Reconheci a voz antes de ver o rosto de tia Rosalie. Ela parecia preocupada, mas controlada como era de se esperar vindo dela.

—Quando tempo eu dormir? - Sussurrei e minha voz saiu horrível. -Água.

—Aqui, querida. - Ela me estendeu um copo com canudo que bebi devagar.

—Dormiu por quase doze horas, não gostei nada da sua mãe ter te dado remédios para dormir. - Ela reclamou.

—Foi porque eu lembrei. Do que eu fiz. 

Falei com vergonha.

—Ah minha princesa. Tudo isso deve ser tão confuso não é? Eu nunca concordei com aquilo, mas Sasha convenceu a todos de que aquele médico estranho era o melhor, a única forma de você ter uma infância normal…

—É por isso que eu não gosto de comer? - Sussurrei. Agora parecia clara a minha aversão a comida, algo dentro de mim parecia ter medo de comer. De forma inconsciente eu tinha medo de engordar.

—Como assim ‘’não gosto de comer’’?

Opa.

—Eu não sinto fome. Quase nunca.

Ela franziu a testa parecendo muito preocupada agora.

—Eu sabia, naquela época que os métodos daquele cara não podiam ser boa coisa. -Ela resmungou. - Mas você parecia tão bem…

Parecer bem e estar bem são coisas muito distantes.

Me encolhi mais na cama, parecia que eu tinha estado durante muito tempo debaixo d'água.

—Onde está a mamãe?

—Lá embaixo conversando com seu pai.

—Você pode chamá-los?

—Tem certeza?

—Claro, estou ótima.

Ela fez uma careta que com certeza significava que eu não estava otima.

—Vou falar com eles que você acordou.

Ela me deu um beijo na testa e se afastou. Me perguntei vagamente como tia Rosalie estava lidando com tudo, o término com tio Emmett e as mentiras dele, ela parecia muito bem e no controle da situação.

—Que bom que acordou querida. - Tanya foi a primeira que vi. Atrás dela meu pai parecia tenso.

—Eu sinto muito. - Falei sentindo vontade de chorar. - Sinto muito pelo o que fiz, devo ter deixado vocês em pânico, mas eu não queria…

—Ei, isso já passou, filha. - Tanya se sentou na cama, me puxando para seus braços.

—Eu sinto como se fosse ontem, e ao mesmo tempo fizesse parte de outra vida. Por que eu não me lembrava disso?

—Sua avó achava que os métodos de hipnose do doutor Vladimir eram ótimos, e que o melhor era fazer você esquecer. - Meu pai explicou.

—Deu certo. - Tanya afirmou. -Você parecia tão triste antes daquilo, e depois do hospital… você ficou fria, e silenciosa. Não parecia a nossa menina cheia de vida. E depois das sessão com ele…

—Era a nossa garotinha de novo. - Papai completou.

—É a primeira vez que eu lembro? - Perguntei. Eles trocaram um olhar ao invés de me responderem. - Por favor, chega de segredos!

—Não. É a primeira vez em muitos tempo. - Papai esclareceu.

—E o que vocês faziam quando eu lembrava… - parei no meio da pergunta, é claro que eu sabia o que eles faziam, me levavam de volta ao doutor para ele me hipnotizar e fazer esquecer.

—Tentamos fazer o melhor por você. -Tanya esclareceu.

—Fugir da realidade nunca é o melhor. - Sussurrei.

—Desculpe, filha. Nós… só queríamos o melhor. -Papai disse cheio de pesar. -E como sempre víamos como você ficava bem depois, achávamos que estávamos fazendo o certo.

—Vocês vão chamar aquele homem de novo? - Eu tinha que saber.

—Não. Conversamos sobre isso, e você deve tomar essa decisão. 

Eles estavam deixando a decisão de ter minha mente alterada em minhas mãos? Eu poderia esquecer meus medos com meu peso, o trauma de ter tentado me ferir na infância, bastava eu dizer as palavras. Só que esquecer aquilo não fazia as coisas irem embora, eu ainda tinha medo de comer, e agora eu sabia o porque. Talvez isso explicava meus ataques de raiva também.

—Não quero fugir. Quero melhorar, por favor, não chamem aquele homem.

—Não vamos, nunca mais. -Meu pai me garantiu. Assenti mais calma. Agora eu tinha todas essas lembranças e assombros dentro de mim, e precisava lidar com elas. Sem hipnose, sem esquecimento mágico. Apenas um dia de cada vez.

 

 

—Eu tinha pavor do doutor Vladimir. - Maggie disse. - Tive sorte pelo meu pai não deixar ele cuidar de mim, como era da vontade de Sasha. 

—Aparentemente meus pais não fizeram esse bom papel. - Reclamei. Eu estava passando o sábado na casa da minha prima Maggie no Brooklin. Eu contei tudo a ela sobre o que me lembrei de nossa infância.

—Acho que seus pais eram novos demais, por isso era fácil para Sasha controlar eles. - Ela tentou justificar.

—E o fato de eu parecer uma criança melhor sem lembrar das minhas loucuras ajudou. - Fiz uma careta.

—Ninguém quer ter um filho problemático, Ness. Essa é a grande verdade. Então você vai ver um psiquiatra agora? Para lidar com tudo isso…

—Vou, mas ainda não sei qual. Não vai parecer que eu sou louca? - Brinquei, mas meu medo era verdadeiro.

—Todo mundo deveria ver um médico de cabeça. - Ela revirou os olhos. -Não fique com vergonha disso ou coisa assim. Posso te dar o contato da minha psicologa, e se for o caso de você ver um psiquiatra, ela pode indicar um aos seus pais. 

—Por que você… vai a uma psicóloga?

Maggie respirou fundo.

—Eu sentia que não me encaixava. Demorei um tempo para acreditar que Irina era minha mãe.

—Como?!

Maggie riu. 

—Eu não pareço com a minha mãe, Nessie. Na escola, as crianças perguntavam onde estava a minha mãe quando viam a Irina e ficavam chocadas quando eu dizia que ela era minha mãe. Até que começaram a dizer que eu era adotada.

—Isso é um absurdo!

—Nem tanto. Eram crianças que falavam, sem maldade. Elas apenas viam a diferença entre minha mãe e eu, e não entendiam. Olhe para minha mãe, loira natural e olhe para mim.

—Você se parece com o seu pai!

—Isso! -Ela olhou para o espelho de sua penteadeira, mexendo nos seus cachinhos. - Eu não via nada de Irina quando me olhava no espelho e isso me incomodava. Então tinha Sasha que claramente preferia você, a neta branca a mim, os concursos de beleza, as competições… enfim, ter um psicólogo desde pequena me ajudou muito.

—Essas coisas não te ferem mais? - Perguntei. Maggie sorriu.

—Não. Hoje eu vejo Irina em mim, na sua teimosia e ciúme. No formato da minha maçãs do rosto…

—Seu jeito de olhar. O jeito que você olha me lembra a tia. - Contei.

—Isso. Eu sou uma mistura dos meus pais, e eu amo a cor da minha pele. Crescer conversando com uma profissional só me ajudou, eu amo fotografar, mas não acho que ainda estaria no ramo se não tivesse ajuda. - Ela fez uma careta.  - Chega de temas pesados! Olha só, minha mãe deixou essa caixa comigo quando eu disse que você viria, tem várias fotos nossas de infância!

—Não brinca!

Começamos a ver fotos, muitas das irmãs Danali durante a infância e adolescência, até que chegamos a nossas desde de bebê.

—Olha! Você era mais alta que eu! - Apontei uma foto onde eu estava abraçando Maggie por trás, seus cachinhos tampando seu rosto parcialmente. -Onde será que foi parar essa boina? Eu amava ela!

Reclamei.

—Olha essa! - Ela me mostrou outra onde nós duas sorrimos uma para a outra. - Acho que foi uma campanha para uma loja de roupas que sua tia Rosalie nos levou.

—Sim, lembro que eu chorei porque queria levar essas roupas para casa! - Confirmei. Nós rimos mais um pouco, fizemos uma montagens das fotos e postamos em nossos instagram.

—Eu tinha inveja de você. - Ela sussurrou, seria de repente.

—Maggie…

—Eu queria que Sasha olhasse para mim como olhava para você. -Ela esclareceu. - Quando alguém perguntava para ela quem você era ela sempre dizia ‘’É a minha neta’’. Quando perguntavam de mim ela dizia ‘’Filha de Irina.’’ 

—Eu sinto muito Maggie. - Sussurrei.

—Não deveria, nada disso é culpa sua. Lamento pelo tempo que isso nos afastou, Ness. Eu tenho muitas primas do lado do meu pai, mas você só tem a mim.

—É verdade! - Eu ri. -O há de errado com os Cullen que não se reproduzem?

—Espere só até eles começarem, serão pelo menos dois bebês de vez! Por aqui é assim, sempre tem dois bebês nascendo por ano!

O resto do dia foi bom e tranquilo com a minha prima, e por um momento eu quase mandei uma mensagem para Isabella. Talvez eu estivesse pronta para pedir desculpas. Mas não passou do quase mesmo.

Mais dias se passaram e eu vi meu pai mergulhar de cabeça no trabalho e a distância o que não era o feito dele, ele gostava de acompanhar a produção, gravações dos filmes para os quais compunham, essa distância dele não era algo normal. Ele parecia a minha babá, sempre mandando mensagens me lembrando de comer e querendo saber como eu estava. Eu nunca tinha visto meus pais tão empenhados em mim e estava feliz com a atenção que recebia. Além disso meu pai parecia bem, feliz, inteiro. Não o via bebendo como antes o que era um bom sinal. Também não o vi sair com nenhuma mulher o que me levava a acreditar que a cabeça dele continuava cheia de Isabella, que por sua vez estava vivendo muito bem em L.A, era vista direto com o elenco do filme. Meu pai odiava esse tipo de atenção. Então tudo devia estar bem, Isabella era página virada em nossas vidas.

—Não cabe a você decidir isso. -Alec, o irmão de Jane me disse. Eu havia encontrado com ele totalmente por acaso na lanchonete - tão por acaso quanto poderia ser, eu estar em uma lanchonete longe da minha casa e perto da dela -  e despejado meus últimos dias, ocultando todo meu drama psicológico.

—Mas eu sei que o meu pai odeia isso. Ele poderia ser um cantor famoso, sabia? Ele vende música para vários desses artistas aí. Ele é bonito, canta muito bem, toca vários instrumentos…

—Mas não gosta da fama. -Alec completou. -Eu entendo seu pai.

—É Isabella agora é quase uma celebridade. Eles não tem mais nada em comum.

—De novo, você não tem nada a ver com isso. -Ele me olhou como que reprimindo um sorriso. Aquilo, o seu sorriso provocou algo estranho dentro de mim. Não de uma maneira ruim.

—Eu só quero que o meu pai seja feliz. -Dei de ombros.

—Não ao ponto de ser feliz demais.

—Eu só não quero que ele se esqueça de mim. Ou que fique com alguém que eu sei que não é para ele.

—Ele não vai. -Alec me olhou sério. -Foi ótimo encontrar você aqui, totalmente por acaso.

—Totalmente por acaso. -Confirmei com um sorriso.

—Eu tenho que ir para a faculdade e entregar esses relatórios. -Ele sacudiu umas folhas para mim.

—Mande lembranças a Jane.-Acenei para ele assim que se levantou.

—Como se você mesma não falasse com ela muito mais do que eu. -Ele revirou os olhos, e num gesto totalmente inusitado, se inclinou e beijou a minha testa. Senti minhas bochechas esquentarem e ele pareceu ter notado o meu embaraço. Se afastou passando as mãos pelos cabelos.

—Desculpe por isso, acho que…

—Me viu como sua irmã por um momento. -Tentei ajudar.

—Isso. Até… qualquer hora.

Alec saiu da cafeteria apressado e eu fiquei olhando suas costas, pensando em como aquele sentimento dele por mim poderia ser um incesto.

Ah por favor que seja um incesto! Alec ainda era e sempre seria meu crush número um, quase impossível, quase intocável. E Jacob era… eu não sabia como definir a minha relação com Jacob. Eu estava evitando vê-lo e falar dele, para que meu pai não criasse a oportunidade de conhecer ele, mas estava ficando cada vez mais difícil. Jacob queria vir até a minha casa, e seria impossível ele não conhecer o meu pai no processo, e o que eu diria?

Pai, então esse é o Jacob, meu namorado.

Como eu poderia apresentar um garoto que não me pediu em namoro como meu namorado?!

Nós estávamos ficando a quase um mês. Teríamos que dar um nome a nossa relação ou por um ponto final nela, e eu não estava nada animada com nenhuma das opções.

Por um lado eu queria continuar solteira e investir meu tempo e graça no meu crush, Alec. Mesmo que não desse em nada no final.

Por outro eu queria continuar a ter alguém me mandando mensagens fofas pela manhã, se preocupando comigo, sendo super carinhoso e dando uma sessão de amassos no intervalo da escola, ou na saída das aulas. 

Era uma decisão muito difícil a minha!

—Renesmee, já se perguntou o que o Jacob quer? - A psicóloga me perguntou depois de ouvir todo o meu drama adolescente. Todo mundo tinha razão, aquilo de falar com uma psicóloga era muito bom. Ela não podia me criticar ou rir de mim.

—Ele me quer. Isso está claro. - Falei como se fosse óbvio.

—A forma como você diz isso, dar a entender que só você importa nessa relação.

Hum. A forma como ela falava essas coisas sempre parecem muito importantes.

—Eu devo refletir sobre o que Jacob quer? - Experimentei.

—Vamos fazer assim, essa semana você vai escrever o que você quer de um relacionamento, e tentar descobrir o que Jacob quer. ouvi-lo mais.

—É que a gente se beija a maior parte do tempo. - Confessei.

—Talvez devessem conversar um pouco, descobrir coisas em comum. 

—Tudo bem. Uma lista. Ok. Posso fazer isso.

Parecia muito chato ter que descobrir o que Jacob queria.

—Então vai ter esse show do Imagine Dragons e nós temos que ir. - Jane declarou. Estava sentada no colo de Seth, que não parava de apertar as coxas dela, descobertas já que ela usava apenas biquini. Como todas nós na sala da casa de Jacob. O clima em Nova York não estava dos melhores para uma piscina, mas na casa do meu quase namorado havia piscina coberta e com aquecedor. 

—Princesa, é em Los Angeles. - Seth reclamou.

—E daí? Ainda é neste país! -Ela reclamou. Jane era uma grande fã do Imagine Dragons e eu também.

—Devemos ir, estamos precisando de uma diversão antes que comecem as provas. -Ajudei.

—Bree é a única que não é uma super fã dos caras? - Jacob debochou já que ela era única que continuava em silêncio ao lado de Diego. Bree só iria se manifestar se Jane ou eu declararmos que ela iria, como sempre, já que ela só iria se nós a bancarmos. Ela ficou visivelmente desconfortável com o comentário de Jacob.

—A Bree ama o Imagine Dragons. Tem uma conta de fã no twitter e tudo. - Contei. - E claro que vai comigo e Jane pra L.A, é tão certo que ela está do nosso lado que nem precisa se manifestar. 

Bree sorriu para mim aliviada. Eu não era exatamente a favor dela estar namorando Diego, um herdeiro milionário de um empresário e mentindo para ele sobre ser pobre, mas eu não iria deixar a minha amiga ser desmascara ou passar vergonha.

—Ah, alguém me ajude aqui! Seth? Diego? Eu não quero ir a um lugar onde nossas mulheres vão ficar gritando que outro cara é gostoso. - Jacob fez uma cara sofrida.

—Não posso fazer nada, as garotas vão, então eu também vou. - Seth deu de ombros recebendo um beijo estalado nos lábios de Jane. 

—Eu não vou poder ir a Califórnia, tenho que me concentrar nas provas da faculdade. - Diego declinou.

—Ah gatinho. -Bree o abraçou pelo pescoço.

—Diego, você vai herdar as empresas do seu pai. -Revirei os olhos.

—E precisarei manter aquilo dando lucro. - Ele piscou para mim. Dei de ombros sem dar importância.

—Podíamos aproveitar e irmos a Disney. - Sorri.

—Não mesmo, Apenas iremos ao show. - Jane reclamou.

—Eu quero ir a Disney. - fiz bico.

—Eu quero fazer compras, e… - Jane me deu um sorriso maníaco e tive medo do que ela fosse dizer. - Podemos pedir a Bella para nos deixar visitar o set de filmagens de ‘’Vampiros da meia noite’’!

A menção da palavra ‘’Vampiros’’ os meninos fizeram som de vômito.

—Você e a ‘’Bella’’ são amigas por algum acaso? - Perguntei.

—Não seja má, sei que se você pedir…

—Eu e ela não temos nada, ok? Ela e meu pai terminaram até onde eu sei. - Fechei os olhos. - Mas posso pedir ao meu pai, você sabe que ele ainda tá na produção do filme…

Bree e Jane deram um gritinho animado.

—Vamos conhecer estrelas do cinema! - Bree gritou.

—Vamos, Jane, Bree, Nessie e eu? - Seth pegou o celular.

—E eu. - Jacob se incluiu.

—Vou fazer nossas reservas. -Seth franziu a testa para o aparelho em sua mão e imaginei que ele estivesse um pouco alto de álcool.

Não éramos os únicos na casa, haviam alguns amigos de Jacob, era uma festinha particular. Ainda era um mistério para mim como Jacob podia fazer o que quisesse na casa sem que um adulto mais velho que ele aparecesse. Diego e Bree foram para a pista de dança, Jane e Seth foram para a piscina.

—Aqui, linda. - Jacob me ofereceu uma bebida colorida, num copo com guarda-chuvinha.

—Não deveria estar me oferecendo bebida. - Falei, mas aceitei.

—Não tem alcool ai. - Ele piscou e beijou meu rosto. De fato não tinha gosto de álcool.

—Vai mesmo com a gente para a Califórnia? - Perguntei. 

—Claro, achei que o convite fosse estendido a mim. - Ele sorriu.

—Foi, claro. Só não… - lembrei do que a psicóloga disse, sobre saber mais sobre Jacob ou coisa assim. - Vai ao show de uma banda que você não gosta?

—Você gosta. - Ele sussurrou com o rosto muito perto do meu. -Eu… adoro ver essa expressão de felicidade no seu rosto.

—Vai só para me agradar?

—Para estar com você. - Ele sussurrou e me beijou. Beijei ele de volta, Jacob me fazia sentir tão especial, tão única. Coisas que eu não sentia com Riley, com ele eu sempre sentia que não era boa o bastante ou que estava fazendo algo errado. Nos beijamos por um bom tempo no sofá, eu sabia que haviam pessoas passando por ali e vendo nosso amasso nada comportado, mas eu não podia me importar menos.

—Vamos pra outro lugar. - Ele disse de repente, me puxando pela mão e eu fui com ele sem resistência alguma, ele me abraçava por trás beijando meu pescoço, as mãos nos meus quadris, barriga, roçando meus seios muito expostos pelo biquíni.

Subimos uma escada, parando o tempo todo para nos beijarmos. Eu estava em chamas. Jacob abriu uma porta no corredor, e me empurrou para dentro, os lábios nunca se afastando demais dos meus. Notei que havia uma cama ali, grande, com lenços brancos, claramente um quarto de hóspedes. 

A visão da cama fez minha ficha cair sobre o que estava acontecendo ali, quase ao mesmo tempo em que ele tentou desfazer o laço da calcinha do meu biquíni. Segurei a sua mão a trazendo para minha cintura. Ele se afastou de mim.

—Desculpe gatinha, não vai rolar assim. -Me olhou com pena. Fiquei sem entender -Passei dessa fase de amassos adolescente. -explicou.

Ah. Foi rápido. Num momento era tudo muito perfeito, Jacob era o príncipe que eu nunca cogitei que ele poderia ser. 

E no outro...

Era como Riley. Era a droga da mesma história do Riley se repetindo, só que diferente do meu ex, Jacob estava sendo sincero sobre isso.

—Eu… eu não…- que merda porque eu estava gaguejando?!

—É virgem eu sei. Está tudo bem. -Ele segurou meu rosto com carinho. Eu estava muito envergonhada. -Isso só não serve para mim. Eu amei todo o nosso tempo junto até aqui, mas essa coisa de sexo a seco… não dá pra mim. Vamos voltar para a festa, te aconselho a dar uns amassos com o Quill.

Ele piscou. Ele estava me dispensando? Ele me tratou como uma princesa e agora… estava mandando eu dar uns amassos com o amigo dele?

—Eu não sou uma puritana, Jacob. -falei engasgada, desesperada com a rejeição.

—Ninguém disse que era. Mas é sério Renesmee? -Ele apontou para a ereção óbvia através da bermuda.

—Eu quero mais do que você possa dá. Você é muito linda e eu adoro ficar com você, beijar você, só que eu preciso de mais.  Vamos voltar para a festa, ok? É muito legal estar com você, só que eu sou homem. Não vou te iludir, ou te enganar, desfilar com você por aí e me aliviar com outra como o babaca do seu ex. 

Aquilo doeu. Ele estava sendo completamente verdadeiro comigo, me magoando com a verdade.

Ele me deu as costas.

Não. Isso não podia acontecer, eu não podia ficar sozinha mais! Estava indo tudo bem, minhas amigas e eu tínhamos… namorados. Era isso que Jacob era meu, mesmo sem um pedido! Ele não podia me deixar agora por algo tão bobo quanto… sexo.

Aquilo era uma grande bobagem afinal. 

O que eu estava esperando? Não existia nada disso de o cara perfeito, o momento perfeito. Existia apenas o sexo, o tesão e uma forma de você ter alguém na sua vida. E Jacob estava na minha vida agora, e dependia de mim que ele continuasse. 

—Jacob. -Chamei firme. Fiquei feliz pela minha voz não ter tremido. Eu podia fazer isso.

—Princesa… -ele continuava de costas com uma mão na maçaneta da porta. Fechei os olhos levei minha mão direita às costas, desfazendo o laço do sutiã. Deixei que a peça caísse aos meus pés.

Ouvi o assobio dele e abri os olhos.

—Uau… você realmente quer?

—sim. -falei.

—Tem certeza? -ele se aproximava devagar.

—Não me faça pedir por favor. -debochei.

—Não quero problemas com a polícia, não acho que a sua mãe iria me tirar da cadeia dessa vez.

Respirei fundo.

Você quer isso, Renesmee. Não seja covarde.

Puxei o laço de ambos os lados da calcinha deixando a peça cair aos meus pés.

Eu estava nua para um garoto. Pela primeira vez.

—Não vai me fazer implorar, certo?

—Nunca faria uma garota implorar por sexo. Mas… você tem certeza?

Ele afastou o cabelo que escondia parcialmente meus seios.

—Vamos fazer isso. -o puxei para um beijo forte.

Não foi ruim. Nem doeu tanto assim. Mas sangrou bastante, o que o deixou um pouco assustado. Ele foi muito carinhoso, atencioso. Eu me senti especial e querida. Até amada talvez.

Contudo, me senti incrivelmente vazia depois. 

Sexo não era nada demais mesmo.

Na mesma noite Jacob conheceu meu pai, quando foi me levar até em casa, insistindo para me levar até a porta que foi aberta por um Edward muito carrancudo. Tudo que uma garota não quer, é ver seu pai logo após ter perdido a virgindade. Jacob parecia muito seguro ao falar com meu pai, e pedir autorização para me namorar. 

—Isso é uma decisão dela, Jacob, não minha. -Meu pai disse me olhando. - Se Renesmee o julga digno de namorá-la, ela tem meu apoio. 

Papai passou um braço pelos meus ombros, e ficamos de frente para Jacob. 

—Então está tudo certo. Papai, Jacob e eu estamos namorando. Boa noite Jacob! 

—Ei. - Ele reclmaou quando o empurrei para fora de casa. -Boa noite senhor Cullen!

—Boa noite, Jacob. - Papai disse divertido da porta. 

—Ei, princesa, está tudo bem? - Ele sussurrou passando uma mão pelo meu rosto.

—Sim, só cansada. - Cruzei os braços, estava um pouco frio,  e minhas partes de menina estavam ardendo um pouco. Eu só queria outro banho, e dormir. 

—Foi incrível hoje. - Ele sussurrou. Se inclinou para me beijar e eu correspondi. 

—Tchau, Jacob. - O empurrei para o seu carro. Ele acenou para meu pai, buzinou e foi embora finalmente. 

Voltei para dentro, papai passou um braço pelos meus ombros.

—Você realmente gosta desse rapaz, filha? - Perguntou. 

—Sim. - Afirmei, mesmo sem ter certeza.

—Vou ficar de olho nele. -Eu sei que meu pai estava pensando em Riley ao dizer isso, mas dessa vez era diferente, eu estava no controle. 

—Jacob não é como Riley, papai. Vai ficar tudo bem. - Garanti.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu queria ter levado esse capitulo até a parte em que eles chegam a L.A mas senti que ficaria meio perdido. Então no prox eu incluo, mesmo sendo cap da Bella, ok?
Vejo vcs nos comentários, Whatsapp e IG. ah no TT. vou adorar debater esse capitulo com vcs!
bjs