Abra Seus Olhos escrita por Lilindy


Capítulo 3
Capítulo 3 - Sam, Dean e apuros na floresta - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura para todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/782665/chapter/3

 

 

Mais uma vez naquela noite Sophie se encontrava ali, dentro da cabana. Ela parou em frente à porta, a mesma aberta do jeito que a Marshall havia deixado após fugir do homem que passou a persegui-la pela floresta adentro. Dean foi o primeiro a entrar, vasculhando o local com a luz de sua lanterna.

— Foi aqui que eu vi o homem. — Diz a enfermeira, ainda do lado de fora.

— Deve ser a cabana de caça da família ou de um deles. — Fala o mais velho ainda em sua observação. Ele carregava uma arma na outra mão e uma mochila pendia em um dos seus ombros.

— É. Ele se vestia como um caçador. — Comenta a garota enquanto dava alguns passos para dentro da cabana. Seus olhos circulavam o interior do local com cautela, a sensação de que tal homem poderia surgir ali para lhe perseguir novamente era iminente. Lembrou-se do sangue em sua camisa, do ferimento.  Quem havia feito tal coisa á ele?

— Parece que ele era gente boa. — A voz de Dean a tira de seu estado de divagação. Sophie olha para ele, o cinismo, ironia e sarcasmo do Winchester pairavam no ar e a garota se perguntou se Dean era sempre assim.

Foi então que Sam entrou. A luz de sua lanterna fazendo o mesmo percurso que a lanterna do irmão. Ele também segurava uma arma em sua mão livre.

— Não tem nenhuma lápide lá fora. — Tal declaração faz Sophie encarar o homem ao seu lado, os cenhos dela franzidos.

— Vocês estão procurando os túmulos dos Miller?

— Sim. — Responde Sam, olhando para ela de forma breve.

— Por quê?

Dean vira o torso, olhando para Sophie.

— Para desenterramos os corpos, jogar sal sobre eles e queimá-los. — O mais velho foi direto em sua sentença.

— Ah, claro. Isso é o mais lógico a ser fazer. — Diz ela com ironia. A Marshall já não curtia muito aquele jeito dele.

Sam, notando isso em seu tom de voz, leva sua atenção para a outra.

— É uma forma de despachar um espírito.

Sophie era grata por, pelo menos, um daqueles dois irmãos ter mais paciência e calma para explicar a situação. Ela não estava acostumada com tudo aquilo, na verdade, talvez não se acostumasse nunca.

— E isso pode salvar o meu irmão? — Ela indaga. Achar seu gêmeo era tudo que ela queria.

— Bom, tal coisa pode ajudar vocês dois. Mas precisamos achar os cadáveres. — Fala Sam, Sophie alternando seu olhar entre ele e Dean. O mais velho ainda vasculhava a cabana.

— E como vamos encontrar os corpos? — Seus olhos azuis focam em Sam.

— Eu não sei. — O mais novo vira o rosto, olhando para frente. — Nem todos os Miller morreram no ocorrido há dez anos. A senhora Miller reclamou os corpos dos dois filhos e do marido e ninguém nunca mais a viu. — Sam olha para Sophie. — Achamos que ela os trouxe de volta para cá.

— Dois filhos e um marido. — Repete ela, um tanto pensativa. — Então o homem que vi aqui e a garota que avistamos na estrada são...

— Isso. São os filhos. Charles e Caroline Miller.

— Mas e o marido? Não o vimos.

— Lawrence pode ter parado o carro e mandado a mensagem pelo rádio para gente. — Diz Dean, mencionando o nome do patriarca. O Winchester mais velho ainda checava o ambiente em busca de alguma coisa.

Sophie olha para o mais velho por alguns instantes e depois se volta para Sam. Ele assente.

— Nosso problema agora é que eles possuíam uns quinhentos hectares. Os corpos podem estar enterrados em qualquer lugar. — Sam leva sua atenção para o irmão.

Sophie fica em silêncio, vendo os dois trocarem um olhar breve após Dean assentir as palavras do outro.

— Então é isso? Vocês estão nessa mesmo? São caçadores de fantasmas? — A Marshall tinha que perguntar. Aquilo tudo estava sendo demais. E os irmãos pareciam muito familiarizados com tudo aquilo.

Sam pensa em responder as questões lançadas, mas o mais velho foi mais rápido.

— É, somos. Mas não vestimos os macacões. — Dean aproxima-se dos dois, ele olha para o irmão antes de voltar-se para Sophie. — Olha moça, essa nossa conversa está sendo fantástica, mas essa estrada só é assombrada uma vez por ano. Só temos até o amanhecer para resolvermos esse caso. O que acha de irmos á luta? — O mais velho olha de Sophie para Sam e não espera uma resposta da garota quando volve seu olhar para ela. — Ótimo.

Dean passa pelos dois e sai da cabana. A Marshall cruza os braços e solta um suspiro curto antes de segui-lo. Aquela cara era chato, mas estava certo.

A floresta ainda era banhada pela luz da lua quando Dean dobrou para a esquerda e Sam seguiu um pouco para a direita. Sophie, ainda próxima á porta da cabana, resolve acompanhar o último. A situação já estava bem complicada para ela receber o cinismo e comentários nada amigáveis de Dean.

— O que vamos procurar afinal? — Seus passos tinham o mesmo ritmo dos de Sam.

— A casa dos Miller. — Responde o Winchester, a luz de sua lanterna invadindo os espaços escuros entre as árvores. — Eles podem estar enterrados lá. Procure estradas, trilhas ou algo parecido. — Ele olha para ela. — E não se afaste.

Sophie anui com um gesto de cabeça e a busca começa.

***

O som da fricção entre os solados dos calçados e o solo da floresta ecoava ali, fazendo companhia á melodia da brisa e outros sonidos produzidos naquele ambiente. Sophie acompanhava Sam e ela não saia de seu encalço. A Marshall não queria se perder ali, não com uma família de possíveis fantasmas a perseguindo.

A garota seguia no ritmo do outro quando murmúrios sobressaem os outros sons da floresta, chamando sua atenção.

Sophie.

Ela para, virando o corpo na direção do chamado.

Ajude-me Sophie.

Os chamados tornaram-se mais audíveis e a garota tinha certeza sobre quem estava pedindo auxílio.

— Zack? — Em um ato impensado Sophie segue para o lado oposto, se afastando de Sam. — Zack? Zack? — Virando seu rosto para os dois lados enquanto andava á passos apressados, a Marshall procura pelo seu gêmeo. Sua procura se encerra após mais alguns passos.

Contudo, não foi Zack que seguiu ao seu encontro. Saindo entre as árvores e entre a escuridão para envolver Sophie em um aperto firme, estava Lawrence. O patriarca da família mantinha os braços em volta da garota enquanto a Marshall não conseguia evitar que os gritos de medo saíssem de sua garganta. Semelhante ao homem mais novo que Sophie havia avistado na cabana, a figura que agora a rendia possuía vestimentas típicas das que um caçador usaria. Suas roupas eram pesadas e serviam para proteção assim como seus calçados. O homem tinha ferimentos em seu rosto e Sophie podia sentir o cheiro de sangue emanar de alguns pontos de seu corpo enquanto ela se debatia e tentava se libertar.

Suas tentativas seguem até que Sophie nota um desvio de olhar da parte do mais velho, sua face um tanto enrugada vira para o lado e a Marshall segue na mesma direção. Dean estava lá, á frente dos dois, apontando sua arma na direção da cabeça do Miller. Sophie só teve tempo de fechar os olhos, em um ato instintivo, ao ouvir o disparo dado contra Lawrence. Em seguida, seu corpo encontra o chão em um baque. Seus olhos se abrem apressadamente, avistando apenas Dean ali. O Miller tinha sumido.

O coração da Marshall parecia querer sair do peito enquanto ela se levantava, arquejando.

— Ei, vocês estão bem? — Sam se aproxima á passos rápidos. Não demorou para que ele parasse ao lado de Sophie.

Ela ainda ofegava, olhando de forma breve para Sam e depois para o lugar onde o Miller havia a atacado. Como pôde ser tão burra? Tinha caído em uma armadilha.

— O que eles... O que eles podem ter feito ao Zack? — Sua voz lutava para sair de forma controlada, Sophie ainda estava em choque.

— Fique calma Sophie. Você verá o Zack novamente. — Os olhos dela volvem para Sam, ele a encarava. — Eu juro. — A Marshall assente com um movimento trêmulo de cabeça, ainda se recuperando do susto.

— Ei, vocês dois. — Sam e Sophie olham para Dean. — O mais velho vira o torso para encará-los. — Só precisamos seguir a trilha sinistra. O Miller veio dali. — Ele volta sua atenção para frente, sua lanterna apontando para uma trilha um pouco escondida entre ás árvores.

Sam olha para a Marshall.

— Pode ir.

Sophie começa a andar, seguindo Dean que prossegue na frente. Sam fica atrás, verificando a retaguarda enquanto trilhavam o novo caminho.

                                                    ***

Um corredor vivo de vegetação cercava os três enquanto seguiam pela trilha. O posicionamento permanecia o mesmo: Dean na frente, Sophie no meio e Sam atrás. Os olhos da jovem percorrem tudo que o tinha para ser visto no ambiente e então, em silêncio, Sophie leva sua atenção para a arma que o irmão posicionado á frente tinha em uma das mãos.

— Aquele tiro que ele deu no Miller... — Inicia ela, diminuindo um pouco o ritmo para deixar que Sam a alcançasse, ficando ao lado dela. — Balas funcionam em fantasmas? — Sua face não escondia sua dúvida. Talvez ela estivesse perguntando demais.

Sam olha para ela.

— Não. Usamos sal. — Diz ele, antes de volver o rosto para frente.

— Sal? Sal comum afasta espíritos? — Seus cenhos franzem, Sophie estranhou tal informação.

— Os remédios mais simples são os melhores. — Ele começa. Seu olhar atento ao o que os cercava e a Marshall procurou fazer o mesmo. E de certa forma, ele poderia estar certo quanto á sua declaração. Ás vezes os remédios mais simples são os melhores, como enfermeira ela sabia disso. — Em várias culturas, o sal é símbolo de pureza. Repele impureza e coisas anormais. — A luz da lanterna seguia de um lado para o outro durante a caminhada. Sophie passa a prestar mais atenção no que Sam dizia, olhando para ele. O irmão mais alto também olha para ela. — É por esse mesmo motivo que se joga sal por cima do ombro.

— Sabe, — A voz de Dean chama a atenção dos dois. Ele estava parado, encarando o que se tinha no final da trilha. — para variar, eu queria virar a esquina e avistar uma bela casa. — Ele vira o torso e olha para os dois antes de volver sua atenção para frente e seguir na direção da residência. Ela tinha uma aparência nada agradável.

Sam faz o mesmo e Sophie não teve alternativa á não ser segui-los.

***

A poeira era abundante no interior da casa. As teias de aranha cobriam praticamente quase tudo e o ambiente era escuro. A visibilidade se dava por conta da lanterna de Sam e a luz da lua.

Um rangido breve e um bater de porta fazem Sophie olhar na direção da entrada, seu coração já querendo acelerar. Ao avistar Dean ali, ela se acalma um pouco. O Winchester havia saído por alguns instantes para verificar uma coisa.

— Alguma lápide lá fora? — Questiona Sam, olhando para o irmão.

— Até parece que é fácil assim.

— Acho que não. — Diz Sam enquanto Dean despacha sua bolsa sobre o sofá velho e sujo, seguindo da sala para a cozinha.

 Sophie coloca as mãos dentro dos bolsos de sua calça, alternando o olhar entre os dois antes do mais velho se afastar. Os irmãos eram bem diferentes um dos outro, ela entendia isso. Mesmo quando se tem um gêmeo com características físicas e até algumas características de personalidade semelhantes, as diferenças ainda faziam parte dela e de Zack. Eram as diferenças que os faziam únicos.

A Marshall e o Winchester mais novo acompanham o caminho do outro, indo para o próximo cômodo. A cozinha era pequena e tinha uma aparência comum, exceto pelo fato de estar imunda. O grupo olha em volta, Dean se posicionando de frente para a janela existente no lugar. Do lado de fora, a noite reinava soberana. Movendo seu corpo um pouco para o lado, o mais velho se põe á frente do eletrodoméstico velho e sem utilidade. Em um ato de curiosidade ou talvez de algo mais, ele abre a porta da geladeira.

— Urgh! — Dean vira o rosto quando o aroma fétido invade suas narinas. Seu rosto se contorce e seus olhos se fecham.

O mau cheiro faz Sophie e Sam contorcerem suas expressões, enojados.

— Mas o quê... — Sophie coloca a mão sobre a boca e se afasta o máximo que pode, indo para os fundos.

— Pelo visto a teoria estava certa. — Diz Dean, acompanhando a Marshall em sua ação após fechar a geladeira em um gesto rápido.

Sam segue até os dois. Todos ainda sentindo o aroma nada agradável que pairava no ar.

— Que teoria? — Pergunta a garota, arriscando tirar a mão da frente de sua boca. Sua expressão ainda mostrava seu incômodo. A Marshall podia ser enfermeira e estar acostumada com certos cheiros, mas o odor de decomposição ali era enorme.

— Antes dos Miller morrerem, boatos sobre pessoas desaparecidas eram bem comuns nas redondezas. — Inicia Dean. — Quando Lawrence e os filhos faleceram, os desaparecimentos acabaram. Junte os fatos.

Sophie franze a testa, absorvendo as novas informações dadas.

— Vocês acham que...

— O que vi dentro da geladeira não era comida, não para mim. — Completa o mais velho fazendo a garota levantar as duas sobrancelhas em espanto.

Sam olha para o irmão, lançando-lhe uma repreensão silenciosa. Tal informação nova só aumentaria o pânico de Sophie.

— E se fizeram isso com o Zack? — Seu tom de voz saiu urgente. Ela lembrou-se da cabana, do sangue seco sobre a bancada, das vestimentas, e das ferramentas. E agora tinha o conteúdo, que segundo Dean, era suspeito.  Oh céus! E se ele estivesse certo? — Eles... Eles podem ter o matado, ele pode estar morto agora!

— Sophie se acalme. — Sam estende a mão que segurava a lanterna para frente, um gesto para tentar a tranquilizar. — Nós vamos achar seu irmão e tudo ficará bem, ok?

A respiração da jovem passou a acelerar assim como seu coração já pulsava de forma mais rápida.

— Nós vamos acabar com esses desgraçados, mas para isso você precisa se acalmar. — Fala Dean, a encarando. Seu olhar era sério.

Sophie alterna entre ele e Sam. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, procurando controlar sua respiração antes de assentir.

— Ok. Certo.

— Ótimo. — O mais velho deixa seu olhos sobre a garota por mais alguns segundos antes de trocar um olhar rápido com o irmão. Ele se afasta um pouco, dobrando a parede que dividia a cozinha do resto da casa. Dean nota a existência de uma escada, em um canto mais á direita, um minuto depois. — Olhem lá em cima. — Começa ele, seus olhos ainda sobre a escada. — Vejam se acham cartas ou registros que indiquem onde os corpos estão enterrados. — Ele olha para o irmão quando Sam se aproxima dele.  — Eu vou olhar aqui embaixo.

— Está bem. — Diz Sam, olhando para o mais velho por mais alguns instantes antes de seguir para o lugar onde Dean estava olhando antes.

Sophie se direciona para onde Sam estava indo logo depois. Guiados pela luz da lanterna, os dois jovens sobrem os degraus sujos com poeira e outros tipos de sujeira presentes ali.

***

Sendo cauteloso e precavido, Sam abre uma das portas encontradas no corredor do primeiro andar da casa. Em uma das mãos a lanterna e na outra, uma arma. O rapaz entra primeiro, relaxando um pouco mais sua postura defensiva ao notar que o cômodo estava vazio. Os olhos do Winchester percorrem o local, detendo-se em um ponto específico no chão instantes depois. Ele direciona a lanterna para tal lugar.

— Certo. — Após tal frase Sophie passa pela porta. Ela segue o olhar de Sam, avistando vários papéis espalhados no chão.

O Winchester se agacha próximo aos papéis, deixando a arma sobre um puff, localizado no pé da cama presente no cômodo. Sua atenção se volta para o que estava distribuído sobre o chão enquanto a Marshall passa a procurar pelo restante do quarto. Talvez achassem alguma coisa.

Sophie começa sua procura na cômoda perto da janela á esquerda. Os objetos presentes ali estavam desgastados pelo tempo assim como toda a casa. No centro do móvel, um grande e um tanto grosso livro se sobressai, chamando atenção da garota. Estendendo suas mãos até o objeto, Sophie não demora para verificar seu conteúdo.

— Olha só isso. — Solta ela, seus olhos ainda sobre as páginas amareladas do livro.

Sua frase faz Sam tirar sua atenção sobre o papel que estava lendo e lançar seu olhar para Sophie. O rapaz se levanta quando a garota troca um olhar com ele antes de se sentar no puff ao pé da cama. Sam segue sua ação, sentando ao seu lado.

— É um álbum de família ou algo do tipo. — Diz ela ao entregar o livro para Sam. Ele o coloca sobre suas coxas e usa a luz da lanterna para enxergar melhor o conteúdo.

As páginas são passadas. Fotos da família Miller reunida em diversos momentos descontraídos e felizes encontravam-se dispostas pelo álbum. Os sorrisos e expressão alegres faziam Sophie querer sorrir também.

Até que Sam passa uma página, uma espécie de divisória dentro do álbum.

A sensação boa de contentamento sumiu dentro do peito da garota tão rapidamente quanto surgiu. As fotos seguintes mostravam um cenário diferente do exibido anteriormente. Os Miller ainda sorriam, contudo, Sophie sentiu um certo pavor e mal estar ao vê-los tão satisfeitos e contentes ao lado de... corpos humanos.

— Céus. — A jovem coloca uma das mãos sobre o peito. Á medida que Sam folheava o álbum, mais imagens chocantes inundavam os olhos dos dois jovens. — Eles caçavam seres humanos. Isso é...

— Eu sei. — Diz Sam, ele ainda encarava o conteúdo do álbum. Sophie olha para ele. A sensação de familiaridade com aquele assunto estava estampada em sua face mesmo que o rapaz não mostrasse frieza ao encarar os fatos. Notando que estava sendo observado, Sam vira seu rosto para Sophie. — Nós já lidamos com um caso parecido antes. — Diz ele, sentindo que a Marshall precisava dessa explicação. — Não é a primeira vez que vemos isso. — Sam recordou-se de como foi aprisionado em uma jaula, como um animal. Lembrou-se da sua surpresa ao descobrir que nenhuma criatura foi responsável por tal captura e sim humanos, uma família.

Sophie pensou em perguntar como esse caso havia terminado, mas preferiu não prolongar tal assunto. Já tinha outra pergunta para lançar e foi o que ela fez.

— Eu só não entendo. Quer dizer, como uma família aparentemente comum pode ser tornar um bando de assassinos? — Ela aponta para as fotos.

Sam para, olhando para um ponto fixo, parecia ponderar as palavras.

— O ser humano pode ter comportamentos complicados. Eles podem ser bem cruéis quando necessário ou quando querem. Ás vezes entender a mente humana pode ser uma tarefa cansativa. — Talvez Dean estivesse com a razão quando dizia que Sam curtia casos envolvendo psicopatas ou assuntos afins. O mais novo talvez não pudesse negar tal afirmação dele.

— Eu sei, mas isso é tão... surreal. — Sophie olha para as fotos. Em seu trabalho já tinha visto vários casos complicados. Alguns envolviam maridos machucando gravemente suas esposas, mães que tratavam seus filhos com descaso, resultando em alguns acidentes graves. Ela até já presenciou ferimentos provenientes de tentativas de assalto que acabavam dando errado. Mas seres humanos que caçavam outros seres humanos para comer... Isso era algo novo para ela. Algo novo e extremamente chocante.  A Marshall volve seu olhar para Sam. — Por que eles estão aqui?

O Winchester pondera, focando seu olhar sobre as fotos.

— Bom, há uma parte deles que os prende aqui. — Ele vira o rosto para Sophie, a olhando por uns instantes. — Os seus restos mortais... — Uma pausa, sua face volvendo para o interior do álbum. — ou assuntos pendentes.

A Marshall une as sobrancelhas.

— Assuntos pendentes?

O rapaz olha para ela, vendo sua expressão de dúvida.

— Sim. Hã, — Ele pensa sobre a melhor forma de explicar. — pode ser vingança. Pode ser amor ou ódio. Seja o que for não conseguem se libertar ou desapegar. E ficam presos. — Sam olha para frente e Sophie faz o mesmo, balançando a cabeça de forma positiva uma vez, compreendendo. — É um círculo vicioso. — Quando seus olhos alcançam a face de Sam, Sophie nota a expressão pensativa presente no rosto do rapaz. — Repetem as mesmas tragédias sem parar.

— Você parece ter compaixão ou pena deles. Digo, dos fantasmas em geral. — Explica Sophie, estranhando as sentenças que ela estava usando. Estava conversando sobre fantasmas com um desconhecido que os caçava.

A frase da garota faz o Winchester a encarar.

— Bom, na maioria dos casos, eles são pessoas boas. Essas pessoas eram do bem, é só que... Alguma coisa ruim aconteceu á elas. — Ele faz uma pausa. Sophie podia sentir o quanto Sam acreditava em tais palavras proferidas por ele. — Algo que elas não controlaram.

— Sammy sempre dá uma de J. Love Hewitt quando se trata desse tipo de coisa. — A presença de Dean na entrada chama atenção dos dois. Ele estava apoiado no batente esquerdo da porta. — Eu já não gosto deles. E não gosto de arranjar desculpas para eles. — Sophie vê o olhar de Sam para o irmão. Por que ele não dava uma resposta á altura? O jeito machão e invencível de Dean já a estava enchendo. O mais velho parecia notar o desconforto dos dois, pois logo voltou a falar. — Eu não achei nada lá embaixo além daqueles pedaços pobres na geladeira. — Falar que tais pedaços pobres eram partes de seres humanos mortos parecia um tanto pesado, até para Dean. Ele se desencosta do batente e entra no cômodo. — Encontraram algo?

— Apenas todas as cartas e recibos que eles tiveram. — Sam responde enquanto Dean averigua o local com sua lanterna, olhando para os papéis sobre o chão. — Olhei dois, mas nenhum indicava algum túmulo. — Os dois ainda estavam sentados no puff ao mesmo tempo em que Dean fazia sua verificação.

O mais velho para sua lanterna em uma região da parede atrás de outra cômoda á sua frente.

— O que foi? — O mais novo indaga, notando a ação do outro.

— Tem algo aqui atrás. — Dean se vira para o irmão. — Toma. — O Winchester joga sua arma para o outro. Sam a pega sem dificuldade e a coloca no mesmo lugar que depositou a sua arma. Ele se levanta.

Dean afasta o móvel enquanto Sam e Sophie se aproximam. O mais baixo se agacha perto de uma espécie de entrada secreta presente na parede. Ele usa uma de suas mãos para pressionar a madeira que revestia a entrada.

— Está trancada por dentro. — Dean se vira para os dois, ficando de costas para a entrada baixa, retangular e de largura mediana.

Ele levanta um pouco sua perna esquerda, a posicionando um pouco para frente antes de usar seu pé para chutar a madeira. O material sente o impacto, mas não se move. Dean repete o gesto com mais força e então a mini porta se abre em um movimento brusco.

Agachando na altura da entrada, o Winchester verifica o pequeno corredor coberto por teias de aranha presentes em suas paredes. Do outro lado, o rapaz podia ver outro cômodo. Dean se volta para o irmão, o outro, já sabendo o que ele queria, entrega a arma para o mais velho. Usando o objeto para tirar as teias da sua frente, Dean segue pelo corredor, não demorando á chegar ao outro lado.

— Aqui tem cheiro de velho. — Comenta ele, ainda tirando as enormes teias de aranha de seu campo de visão.

Quando Sophie adentrou no lugar pôde sentir o odor de mofo e poeira ali. O lugar era escuro e parecia um tanto espaçoso. As luzes das lanternas de Sam e Dean percorriam as várias direções do ambiente. Em uma dessas buscas, a luz amarelada encontrou algo que para os irmãos era bem comum de ser visto.

— Oh! — Sophie deu um leve sobressalto ao se deparar com um esqueleto á sua frente. Ele estava pendurado pelo pescoço por uma corda.

— Isso explica o motivo do cheiro. — A Marshall ainda se perguntava como os dois estavam tão habituados com essa situação. Sam se aproxima do esqueleto. Os restos mortais estavam cobertos por um vestido branco e os vestígios do que antes eram cabelos, eram compridos e brancos.  — Agora sabemos por que a esposa do Miller desapareceu. — Diz Dean enquanto o outro examinava o esqueleto.

— Dean, me ajude aqui. — Sam pega uma cadeira de madeira que estava próxima e a coloca abaixo do esqueleto pendurado.

— Sério? 

Sam olha para ele e Sophie alterna o olhar entre os dois.

— O que vão fazer?

— Ela se matou, foi uma morte violenta. Precisamos cremá-la para evitar qualquer coisa. — Diz Sam, olhando para Dean que tinha uma expressão retorcida no rosto. — Dean?

Com um gesto desgostoso, o mais velho se aproxima enquanto o outro subia na cadeira. Dean olha para o esqueleto, o rosto ainda retorcido no momento em que ele pega o tronco do que antes era uma mulher. Sam usa um canivete, guardado em dos bolsos de seu casaco, para cortar a corda que mantinha o esqueleto suspenso.

— Que droga. — Resmunga o mais velho.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*J.Love Hewitt (Jennifer Love Hewitt): Atriz que interpretou Melinda Gordon na série "Ghost Whisperer". Melinda é capaz de falar com fantasmas no seriado.

*Fiz uma leve referência á Família Bender nesse capítulo através das lembranças de Sam. Como devem ter notado, a família canibal serviu de inspiração para um dos pontos da trama. Espero que eu não tenha viajado muito rsrs.

*Outra coisa que citei foi o fato que Sam curte casos envolvendo psicopatas. Vi isso em uma das temporadas mais atuais, onde Dean diz isso ao irmão, e achei interessante colocar tal coisa.

Espero que tenham gostado.
Qualquer erro de português, coerência ou algo do tipo, podem informar.
Bjus, Lili ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Abra Seus Olhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.